NORMAS EDITORIAIS - UFRGS



MEMÓRIA DO RÁDIO GRAPIÚNA

PAULA FREITAS, Ayêska (professora do Curso de Comunicação Social, UESC-BA/ doutoranda, UNICAMP-SP); MACIEL, Flávia (bacharel em Comunicação Social, UESC-BA); NASCIMENTO, Jade (bacharel em Comunicação Social, UESC-BA); CAVALCANTI, Anabel (bolsista PROIIC, UESC-BA); REIS, Tacila (bolsista FAPESB, UESC-BA); ANDRADE FILHO, Jorge (graduando, UESC-BA); NEVES, Eliane (graduanda, UESC-BA)

Resumo: O projeto Memória do Rádio Grapiúna foi uma iniciativa do Curso de Comunicação Social da Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus, Bahia) para resgatar a história do meio rádio na região dos municípios de Ilhéus, Itabuna e vizinhos, através da memória dos que fizeram essa história. O grupo responsável pelo projeto, constituído por uma professora e seis alunos/ex-alunos, está levantando, inicialmente, a história das seis emissoras pioneiras. Enquanto recupera documentos esquecidos em acervos particulares para digitalização e arquivamento, produz outros novos, como entrevistas, depoimentos, fotos e vídeos. O MRG tem contribuído para o diálogo entre a academia e a mídia comercial; entre alunos do Curso de Comunicação Social da UESC e profissionais do rádio formados na prática.

Palavras-chave: rádio; memória; Bahia; Região Grapiúna

O projeto

O Projeto Memória do Rádio Grapiúna vem sendo realizado por uma professora e seis alunos e ex-alunos do Curso de Comunicação Social da Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus, Bahia), com o objetivo de resgatar ao menos parte da história do rádio regional, através da memória de seus pioneiros – comunicadores e ouvintes. Embora tenha sido pensado para abranger os municípios de Ilhéus (onde se situa a UESC) e Itabuna (cuja sede fica a cerca de 10 km) o registro da história do rádio nesses municípios é, sem dúvida, uma contribuição para a construção da história do rádio brasileiro.

O MRG tem duas linhas de ação. Uma delas é a recuperação de materiais bibliográficos, fonográficos e iconográficos recolhidos em acervos particulares de comunicadores e ouvintes, para digitalização e arquivamento. A outra linha é a de produção de novos materiais, sejam sonoros (depoimentos e entrevistas), fotográficos ou audiovisuais. O resultado final será a produção de um livro com artigos de seus integrantes e de pesquisadores que desejem fazer uso do acervo constituído.

O que começou, em meados de 2004, como uma iniciativa solitária da professora Ayêska Paulafreitas no encalço de Armando Oliveira, um importante radialista e jornalista dos primórdios do rádio em Ilhéus que se encontrava doente em Salvador, aos poucos atraiu alunos que se mostraram radioapaixonados. Flávia Maciel e Jade Nascimento, formandas de 2005-1, pensaram seus projetos de TCC voltados para as pioneiras Rádio Cultura de Ilhéus e Rádio Clube de Itabuna, respectivamente. Em seguida, se aproximaram Tacila Reis (bolsista FAPESB), a quem coube pesquisar a segunda emissora implantada em Ilhéus, a Rádio Santa Cruz, e Anabel Cavalcanti (bolsista PROIIC/UESC), que ficou responsável pela Rádio Bahiana de Ilhéus. Jorge Andrade Filho, bolsista do projeto de extensão da Rádio UESC, também coordenado pela professora, se apresentou como voluntário para pesquisar a Rádio Jornal de Itabuna, onde fora estagiário, e foi seguido por Eliane Neves, aluna do IV Semestre com alguma experiência de microfone, que se interessou pela Rádio Difusora de Itabuna.

O texto de leitura obrigatória para quem deseja conhecer um pouco da história das comunicações da região é o livro De Tabocas a Itabuna; cem anos de imprensa, de Ramiro Aquino, incansável colaborador do MRG; mas, como está claro já no título, este livro dá ênfase à história de Itabuna, onde o rádio foi implantado seis anos depois do município vizinho. Assim, o texto que iluminou o caminho a seguirmos foi o da entrevista com Armando Oliveira, concedida em uma trégua da doença que o levou à morte. Perdemos Armando, perdemos Tony Neto, que não chegou a gravar depoimento, perdemos Dulce Conceição, em apenas um ano e meio de projeto. Mas quantas outras falas importantes foram irremediavelmente perdidas e quantas teriam sido, caso nossos gravadores não chegassem? Não é fácil recuperar a memória de um meio que se funda na oralidade.

Memória

Quando se trata de memória, a contribuição de Maurice Halbwach é fundamental e indispensável. Segundo este autor, a memória coletiva só retém do passado aquilo “que ainda é vivo na consciência do grupo para o indivíduo e para a comunidade”, ou seja, a memória coletiva se constitui quando o acontecimento é reconstruído a partir de dados comuns aos membros de uma comunidade. A memória, diferentemente da história, não resiste ao tempo, porque “não ultrapassa os limites do grupo” e, portanto, desaparecerá com os membros do grupo. Mas poderá perdurar se conseguir se estender além dos limites desse grupo que viveu o acontecimento.

Ao recordar, ao trazer de volta ao coração, o informante torna o acontecimento vivo novamente. Como se passaram cerca de cinqüenta anos desde a implantação do rádio na Região Grapiúna, o número de informantes – comunicadores e ouvintes - que guardam na memória acontecimentos relativos aos seus primórdios é pequeno e tende a diminuir com o passar do tempo. Portanto, para se reconstituir a memória do rádio grapiúna, baseada na memória coletiva de um grupo que vivenciou o meio rádio na região, da inauguração aos dias atuais, é preciso levar em consideração a passagem do tempo e o que ela representa para as pessoas. Nesses mais de cinqüenta anos, muitas testemunhas se perderam e, com elas, uma parte talvez irrecuperável da história.

No livro Sociedade e memória; lembranças de velhos, Ecléa Bosi afirma que as pessoas mais velhas têm a função social de lembrar; a memória delas não é só sua, mas pertence a um grupo. Já houve tempo em que se valorizavam essas histórias contadas por velhos; hoje, com o elogio da praticidade, da rapidez, do aqui-e-agora, e com o desenvolvimento de meios tecnológicos para registro dos fatos, quase nenhuma atenção se dedica a ouvi-los. No entanto, a memória do meio rádio na região grapiúna está, em sua maior parte, na memória de pessoas com mais de sessenta anos, devendo, assim, ser resgatada e preservada para que não desapareça, com elas, parte da história da região.

Os registros até então realizados, embora importantíssimos até mesmo pelo senso de oportunidade de seus autores, não dão conta de toda a extensão do campo a ser explorado. E, como adverte Adelino Kfouri Silveira, “um povo sem memória é um povo que não sabe avaliar seu presente e fica sem condições de vislumbrar seu futuro, tornando-se sem pontos de referências, sem balizas, sem identidade” (apud Aquino, p.15).

Além do resgate da memória via a oralidade, este projeto vem recuperando e organizando o material que se encontra nos arquivos particulares, a exemplo de documentos de emissoras, fotografias e recortes de jornais, uma vez que registros fonográficos, embora mencionados, não foram ainda encontrados. Assim reunido e organizado, esse material poderá facilitar o trabalho de pesquisadores e estimular o interesse dos alunos da UESC em realizar projetos que contribuam para o conhecimento da Região. Resta acrescentar que a UESC vem se mostrando atuante na preservação da história regional, mas, no que diz respeito à mídia sonora, esta é uma proposta pioneira. Embora existissem trabalhos esparsos, produzidos por alunos e professores do Curso de Comunicação Social, isoladamente, não havia uma ação que coordenasse e orientasse essas iniciativas particulares.

Resultados

Essa mobilização em torno do resgate da memória do rádio regional já produziu bons resultados, em menos de dois anos. Além das monografias de conclusão de curso já citadas, que têm como objeto as emissoras pioneiras de Ilhéus e de Itabuna, o formando Francisco Seixas abordou o programa “De fazenda em fazenda”, ação extensionista da CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), que permaneceu no ar por cerca de três décadas, tendo ao comando do microfone Odilon Pinto, hoje professor doutor do Curso de Letras da UESC, seguido de Luiz Fernando de Deus.

No que diz respeito ao acervo, foram recuperadas e digitalizadas dezenas de entrevistas, documentos e cerca de 60 fotos antigas, algumas em estado bem ruim de conservação. A equipe produziu dezenas de novas entrevistas, mais de 200 fotos e um vídeo caseiro.

No início do segundo semestre de 2005, a PROPP realizou um Seminário de Iniciação Científica, do qual participaram todos os seis integrantes, com pôsteres apresentando os resultados iniciais de suas pesquisas. Essa oportunidade, além de obrigá-los a organizar os materiais produzidos e suas idéias, fez aumentar o entusiasmo para o trabalho de pesquisa quando viram materializar-se o esforço de cada um.

Um dos grandes momentos do projeto foi a realização de uma Mesa dos Radialistas durante a III Semana de Comunicação da UESC, em dezembro de 2005. O evento foi organizado e apresentado pelos próprios alunos, e a mesa coordenada por Ramiro Aquino. Compareceram nove radialistas fundadores do rádio da região, que deram seu depoimento, muitas vezes emocionado. O evento foi importante para a aproximação da universidade com a comunidade de entorno; os radialistas compreenderam o convite para participar como uma demonstração de reconhecimento, por parte da UESC, de sua importância e da importância de seu trabalho. Contribuiu, também, para diminuir o fosso que geralmente se constrói entre os profissionais de comunicação graduados e aqueles profissionais formados na prática.

A face subjetiva desses esforços, à qual não cabe medida, diz respeito aos sentimentos das pessoas envolvidas. Em um encontro informal organizado pelos alunos em uma local aprazível, muitos contaram suas histórias, lembraram afetos e desafetos, resgataram o folclore da profissão, puderam dizer da sua alegria pelo reencontro. Riram, choraram, abraçaram-se, abriram seus corações. A TV local, que estava presente à Mesa dos Radialistas, apareceu para registrar o evento e colher material para um programa especial – o Rede Bahia Revista - que será levado ao ar ainda no primeiro semestre de 2006, com depoimentos também da equipe do projeto.

Atualmente, os integrantes estão em fase de análise do material recolhido para iniciarem a elaboração do artigo com que cada um deve contribuir para o livro.

História

O rádio chegou ao Brasil em 1922, mas só veio a se instalar na Região Grapiúna quase vinte e oito anos mais tarde, quando, em janeiro de 1950, foi oficialmente inaugurada a Rádio Cultura de Ilhéus, que funcionava em regime experimental desde o ano anterior. Itabuna teve que esperar ainda seis anos mais, pois só em 25 de setembro de 1956 pôde festejar o nascimento de sua própria emissora – a Rádio Clube de Itabuna. Até então, a mídia sonora da região se fazia através dos serviços de alto-falantes, como, aliás, registra a história do rádio em todo o país.

Justamente nessa época, por conta do advento da televisão em 1950, o rádio experimentava o início do seu declínio no eixo Rio-São Paulo, mas continuava a ser o principal meio de comunicação na Bahia, aonde a TV só iria chegar em 1960, quando foi inaugurada a TV Itapoan, em Salvador. A defasagem foi ainda maior na Região Grapiúna, que, embora tivesse acesso ao meio através de repetidora, só teve sua primeira emissora de televisão quase três décadas mais tarde, com a inauguração da TV Cabrália, afiliada da Rede Manchete de Televisão, em 12 de dezembro de 1987.

Esse descompasso tecnológico veio acrescentar um dado importante à história da mídia da região: por ser o meio mais abrangente e accessível, devido ao seu baixo custo de produção e de recepção, e por ter como concorrente apenas a imprensa, destinada a um público letrado, o rádio permanecia não só como o principal meio de obter informações, mas também como porta-voz da população, especialmente das minorias, aqui compreendidas não quantitativamente, mas como grupos de pessoas que lutam pelo direito à fala que lhes foi negada, se não no todo, ao menos em parte. Por outro lado, pelo fato mesmo de compreenderem essa penetração nas camadas populares, representantes do poder político e econômico – e mais recentemente o poder religioso – disputaram as concessões de emissoras radiofônicas, vistas como um instrumento de fácil manuseio para exercer práticas de dominação. No entanto, por sua característica de oralidade, que faz uso de uma linguagem coloquial desprovida de formalismos e muito próxima à utilizada nas situações presenciais, e por ser o meio que mais facilmente permite a participação do ouvinte na sua programação, o rádio propicia uma interação entre seus atores (comunicadores e ouvintes) não encontrada nos demais veículos de comunicação.

Através do rádio, sem dúvida o mais popular dos meios, foi criando-se um vínculo cada vez mais forte entre o locutor/aquele que fala e o ouvinte/aquele que ouve, entre “aquele que fala por mim” e “eu que me sinto por ele representado”. No entanto, o rádio é, também, o terreno do efêmero. Se não são poucas as histórias de afetos que envolvem ouvintes e radialistas, assim como não são poucas as de bastidores, aquelas que os radialistas costumam denominar de histórias de “rádio-corredor”, raros são os seus registros.

Rádio Cultura de Ilhéus

A Rádio Cultura de Ilhéus foi a primeira emissora a se instalar na região sul da Bahia. Sua fundação deu-se em 08 de janeiro de 1950 graças ao pioneirismo de Alceu Nunes da Fonseca, um capixaba, proprietário de uma cadeia de emissoras do Espírito Santo. A direção coube a Robert Assef, que trouxe Myrthes Petitinga, seu “braço direito”, da Rádio Industrial de Juiz de Fora para juntos montarem a equipe de trabalho.

Esses forasteiros encontraram grande resistência por parte de setores sentiram o rádio como um corpo estranho dentro da comunidade (Oliveira, 2005). Herval Soledade, proprietário do posto de gasolina localizado na praça Cayru, foi o único a aceitar a novidade e cedeu espaço no seu estabelecimento para que aqueles jovens tidos como aventureiros pudessem instalar os equipamentos e dar início à história do rádio na cidade.

A emissora funcionava com condições técnicas precárias, mas elaborou uma programação (programas de auditório, noticiários, esporte, radioteatro, novelas) que seguia a linha de emissoras do Sul e Sudeste, como a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a Rádio Mayrink Veiga e a Rádio Tupi, as preferidas dos ilheenses.

Para serem contratados, os locutores passavam por uma seleção minuciosa. Os aprovados no teste permaneciam um período em estágio, observando o trabalho dos locutores e técnicos já contratados, e só poderiam apresentar programas após comprovar aptidão para o ofício. Por conta disso, a emissora passou a ser considerada uma escola de rádio nas regiões Norte e Nordeste que “só faltava dar diploma” (Oliveira,2005). Foram importante locutores da emissora: Armando Oliveira, Luiz Cavalcante, Altamiro Viana, Fernando Costa Lino; Waldeny Andrade; Paulo Kruschewsky; Tony Neto, Dulce Conceição (primeira voz feminina da rádio), e tantos outros.

Ao longo de sua história, a Rádio Cultura de Ilhéus pertenceu a diversos donos. Alceu Fonseca passou o controle acionário, em 1952, para uma sociedade formada por Marílio Fonseca, seu genro Robert Assef e pela Diocese de Ilhéus (D. Benedito Zórzi).

Em 1960, passou às mãos de um grupo de agricultores e políticos liderado por Henrique Cardoso, então prefeito de Ilhéus. Sua sede foi transferida para um andar do edifício Wildberg, na rua Marquês de Paranaguá. Mas os radialistas, insatisfeitos com a liderança de pessoas que não possuíam vínculo com o rádio, passaram a criar problemas, deixando que mesas de som e transmissor quebrassem e permitindo que a estação ficasse fora do ar constantemente. Crises administrativa e financeira se proliferaram, implicando em constantes atrasos de pagamento de salários, o que os levou a buscar novas alternativas de trabalho. O radialismo deixara de ser uma profissão para tornar-se bico.

Com a eleição de Henrique Cardoso para deputado estadual, a rádio passou para a família do novo prefeito de Ilhéus, Nerival Rosa Barros, mas o golpe militar de 1964 cassou seu mandato e a emissora foi vendida para o radialista carioca Euler Amaral, que convenceu Lúcio Soub, comerciante casado com sua prima, a financiar a compra. Euler morreu pouco depois, forçando seu fiador a assumir a presidência da emissora. Muito ligado aos políticos locais, Soub usou sua emissora como um instrumento de persuasão para a campanha de Edmom Darwich para prefeito, cedendo os equipamentos de som da rádio para serem usados nos comícios. Em 1973, com o faturamento em baixa, decidiu vendê-la a Marcelo Gedeon, que também tinha pretensões políticas.

A Cultura ficou fora do ar por cerca de um ano até que seus novos donos providenciassem uma nova sede, uma casa na rua Coronel Paiva, onde hoje está localizado o camarim do Teatro Municipal de Ilhéus. Sua programação acabou sendo voltada para uma ação de evangelização, já que Gedeon era católico fervoroso e, segundo José Nazal Soub (2005) “todos os dias às dezoito horas rezava o terço ao vivo na Rádio Cultura”. Com a morte de Gedeon, a direção da Rádio ficou sob a responsabilidade de seus filhos, que posteriormente decidiram vendê-la para a Rede Record, emissora pertencente à Igreja Universal do Reino de Deus. Foi elaborada uma nova programação, e restringida a veiculação de músicas de duplo sentido ou de artistas de outras gravadoras que não fossem da Lyne Records, gravadora gospel da Rede Record. A situação financeira da emissora foi normalizada e sua sede transferida para a rua Joana Angélica, com estúdios modernos e equipamentos de última geração.

Rádio Clube de Itabuna

A primeira emissora de Rádio de Itabuna foi fundada por Ottoni Silva com a colaboração de sete empreendedores: Gerson Souza, Miguel Fernandes Moreira, Reinaldo Sepúlveda, Joel Nery, Armando Mendes, Zildo Guimarães e Raimundo Cravo. Também são considerados fundadores Altamiro Álvares dos Santos e Lourival Ferreira.

Antes da emissora ser efetivamente instalada, as negociações foram intensas. Para que pudesse funcionar, era preciso atender às exigências da Comissão Técnica de Rádio (CTR), organismo do Ministério de Viação e Obras Públicas encarregado do assunto. No dia 20 de outubro de 1956, Claudionor Ramos, o então Juiz de Direito da Comarca, inaugurava a Rádio Clube de Itabuna.

A Clube de Itabuna teve muitos donos e endereços. Do final da década de 1950 até meados da de 60 pertenceu a Ottoni Silva. Em seguida passou para Carlito Barreto, que a cedeu para a Congregação dos Frades Capuchinhos, então dona da Rádio Sociedade de Feira de Santana. Permaneceu cerca de 20 anos nas mãos dessa congregação. Durante o ano de 1982, esteve arrendada à Proplan, empresa de publicidade e promoções; foi um período de prosperidade para a emissora que chegou a enviar um repórter para cobrir a Copa do Mundo. A partir de 1983, passou às mãos do empresário e político Daniel Gomes e ainda hoje pertence à sua família. Mas entre 1993 e 1995, foi controlada pela Diocese de Itabuna, que a denominou Rádio Clube São José. Alegando que a Diocese não cumpriu algumas cláusulas contratuais, Daniel Gomes exigiu que a emissora passasse novamente para suas mãos.

Os programas de maior sucesso na emissora foram os de auditório, que aconteciam no Cine Teatro Itabuna ou no Cine Teatro Plaza (na época Cine Teatro Glória). Revelaram muitos artistas regionais, principalmente cantores e cantoras, como Norma de Assis, também locutora e rádio-atriz, e o grupo Os Namorados do Ritmo. Na década de 70, destacaram-se a Orquestra Joel Carlos e o Lorde Ritmos, hoje Banda Lordão.

Os programas de estúdio de maior prestígio na década de 60 foram “Você faz o sucesso”, de Lucílio Bastos; “Alvorada do sul”, de Romilton Teles e Pedro Lemos. O “Arraiá da burundanga”, criado por Romilton Teles em abril de 1957, tinha como apresentadores a dupla Martelo e Martelim, personagens vividos respectivamente por Teles e por Eurípedes Lopes da Silva. Eram caipiras que discutiam assuntos referentes ao campo, cantavam paródias, faziam noticiário caipira, atendiam reclamações do público. Inicialmente era apresentado às nove horas da manhã, mas, a pedido de vários fazendeiros, o horário foi mudado para as seis, porque às 9 horas os trabalhadores abandonavam o serviço para escutar o programa, o que acarretava prejuízo. Era o rádio mudando e influenciando a vida e a rotina das pessoas.

Rádio Santa Cruz

Em 12 de dezembro de 1959, Osvaldo Bernardes de Souza (conhecido como o homem do terno marrom) juntou-se a Joseth Negrão Bernardes, Ivo Lopes da Silva e F. Lopes da Silva e com eles fundou a Rádio Jornal de Ilhéus, a segunda da cidade. Sob o prefixo ZYN–34, a emissora implantou uma programação popular que é seguida até hoje.

Depois de pertencer ao Grupo Excelsior, foi vendida ao então prefeito da cidade de Itabuna Fernando Gomes, que tinha planos de formar o Estado de Santa Cruz, emancipando a região do país. A emissora era um meio de servir a este projeto e à política, por isso passou a chamar-se Rádio Santa Cruz. O projeto não foi aprovado, e como Fernando Gomes tinha interesse em comprar uma rádio em Itabuna, vendeu-a dois anos depois para Hamilton Fontes e José Góes e adquiriu a Rádio Difusora em Itabuna. Os novos proprietários continuaram com a filosofia de manter rádio para o povo. Em 1986, Hamilton Fontes, por divergência de interesses, comprou a parte de José Góes, tornando-se sócio majoritário da emissora, que ainda conta com mais dois sócios Magno Santos Silva e Otoniel Costa Júnior.

A princípio, a santa Cruz funcionou em um prédio na rua Marquês de Paranaguá. A partir de 1998, mudou-se para a Avenida Dois de Julho. Pela emissora já passaram grandes nomes do rádio regional como Edinho Nascimento, Ronaldo Santana e Jorge Raposo. Este último atua na rádio até hoje, fazendo um programa de entretenimento nas manhãs de segunda a sexta, que tem o seu nome e que é líder de audiência.

Outro programa que merece destaque é o Alerta Geral, no ar há mais de vinte anos, cujo propósito é, segundo o seu apresentador, “trazer a rua para o microfone”, atendendo aos propósitos da emissora de fazer uma programação popular. O programa, que atualmente faz parte do horário nobre da rádio (vai ao ar de meio-dia às duas da tarde), foi apresentado primeiramente por Paulo Rogério, e agora por Gil Gomes, que também é diretor de programação da emissora.

Atuando com um transmissor de apenas um kw, a Rádio Santa Cruz fica no ar de cinco da manhã até às dez da noite. É uma das três emissoras AM da cidade e goza de uma audiência significativa. Em 2005 ganhou nas pesquisas, pelo terceiro ano consecutivo, em várias categorias, inclusive a de emissora de maior audiência. E em breve, com o objetivo de estender o seu alcance, disponibilizará a programação ao vivo na Internet.

Rádio Difusora

A Rádio Difusora, a segunda de Itabuna, foi ao ar em 21 de abril de 1960, mesma data de inauguração de Brasília, o que ocasionou a ausência do prefeito, mas já estava em fase experimental desde 15 de março, com a locução de Romilton Teles Santos. Inicialmente, seguiu os passos da pioneira Rádio Clube, copiando desta os estatutos e tomando para si, mais tarde, alguns de seus funcionários. Começou transmitindo com uma potência de 1KW, mas logo passou para 5KW, tornando-se a mais potente do interior baiano. Sua primeira sede foi no Ed. Catalúnia, Av. do Cinqüentenário, mas passou por oito locais até chegar ao prédio no Jardim do Ó, onde se encontra. Também mudou de mãos nessas quatro décadas: inicialmente de propriedade da família Nunes, passou para o empresário Nicácio Figueiredo; no fim da década de oitenta, Fernando Gomes tomou posse, mas arrendou-a para Félix Mendonça e também para FTC- Faculdade de Tecnologia e Ciências, só voltando às suas mãos em 2004.

Nos primórdios da Rádio, a programação era voltada para entrevistas e comentários, mas dava-se destaque também aos programas musicais, entre os quais “Galeria da Saudade”, com José Timóteo, “Campeonato do Samba” com Germano da Silva; “Carnaval toda vida”, “Discoteca jovem de ontem” e “Curtição” apresentados por Orlando Cardoso; “Show da Alegria”, por Romilton Santos e Hercílio Nunes e “Ponta de Lança”, o primeiro programa de opinião apresentado por Lourival Ferreira, seguido do “Falando Francamente” com Lucílio Bastos. Mas o programa mais popular de todos era o do radialista Antônio Brandão de Jesus, o Titio Brandão, que havia começado na Rádio Cultura de Ilhéus, em seguida na Rádio Clube de Itabuna e só depois passou para a Rádio Difusora. Ele promovia festas chamadas de “Alegria dos bairros”, que eram verdadeiros carnavais de rua com gincanas e sorteios, nas quais arrecadava suprimentos para as famílias mais carentes. Seus programas produziram estrelas regionais como Norma de Assis, Lourdes Rodrigues, Margô Silva e José Moreira, mas também traziam atrações como Roberto Carlos, Luiz Gonzaga, Núbia Lafayete, Jorge Ben, Elza Soares e até o palhaço Carequinha.

A Difusora foi pioneira ao contratar uma locutora. Para seguir esta carreira, Maria de Lourdes Cirino enfrentou preconceitos por parte de sua família. Como o pai e o marido não aceitavam a profissão, criou personagens para não ser reconhecida pelo grande público: como cantora, passou a chamar-se Lourdes Rodrigues, e como apresentadora se tornou a Florentina Jirimum, Esta personagem é uma nordestina valente que nada teme; jerimum é um tipo de abóbora pequenininha que dá na terra dela. Então, não podia ser um nome melhor para definir uma mulher pequena, forte, determinada e destemida.

Rádio Bahiana de Ilhéus

A Rádio Bahiana de Ilhéus, ZYN 36, foi fundada em 10 de março de 1961, por Robert Assef, com potência de 250 w e freqüência no dial de 1490 Khz. A princípio, o controle acionário era de um grupo ligado à Diocese de Ilhéus, e sua primeira sede foi nas dependências da Catedral de São Sebastião. Assef e Myrthes Petitinga, recém-saídos da Rádio Cultura, fizeram na Bahiana uma programação mais leve e musical, que ampliava o esporte e se desvencilhava da política, privilegiada na outra emissora. Veiculava também alguns programas vindos de São Paulo em fitas cassete, como radionovelas e os horóscopos de Omar Cardoso. Segundo Edvaldo Oliveira, o que eles faziam ali “era um rádio AM, mas era muito... pré-FM”.

Tony Neto (Antônio Bispo da Silva) adquiriu a Bahiana em 1965, permanecendo seu diretor até 1986. Na sua gestão, o esporte se tornou a grande vedete da emissora. Equipes formadas por profissionais de diversas áreas - Paulo Kruschewsky, Jorge Caetano, Seara Costa, Moisés Bohana, Paulo Souto, Armanti Velloso, Joaquim Bastos, entre outros - transmitiam e comentavam jogos em Ilhéus e cidades vizinhas. Data da gestão de Tony Neto a “Gincana do Cacau”, promovida anualmente com intuito de beneficiar pessoas carentes. A gincana arrecadava alimentos que eram entregues a instituições sociais e premiava com um carro a equipe que conquistasse o primeiro lugar. Tony Jr. (Antônio Bispo da Silva Júnior), que assumiu a direção de 1986 a 1990, conta que, com o resultado das gincanas, seu pai construiu diversas casas para desabrigados.

A crise econômica que se abateu sobre a região cacaueira afetou o funcionamento da emissora, que teve seu quadro reduzido; e em 1990 a família decidiu pelo seu fechamento. Durante 4 anos a Rádio Bahiana de Ilhéus se calou, mas em 1994 o médico Milton Afonso adquiriu a concessão e a doou à Igreja Adventista. A emissora então passou a integrar o SISAC – Sistema Adventista de Comunicação, fazendo parte da Rede Novo Tempo de Rádio. Durante seis anos foi chamada Rádio Novo Tempo, mas o nome Bahiana persistia na memória de quem participou de seus quase 30 anos de vida. A Rádio Novo Tempo era administrada pela Igreja Adventista local, e seu diretor era Wilson Silva, vindo do Espírito Santo especialmente para exercer esta função. O SISAC proveu a emissora dos melhores equipamentos existentes na cidade.

A orientação adventista não permitia anúncio de produtos que contradiziam seus princípios doutrinários, como café, coca-cola, shows, bebidas alcoólicas ou jogos de azar. Embora a programação musical fosse essencialmente religiosa, não era restrita aos artistas adventistas; cantores evangélicos e até o Padre Zezinho tinham lugar, e a participação dessas outras vertentes conquistava a audiência de público evangélico em geral.

A grade de programação era alimentada por programas adventistas gerados pelo SISAC e também um programa da CEPLAC, mas escasso noticiário era, em geral, copiado de jornais e de releases: não havia repórteres de rua. Em um momento de crise, a emissora reduziu o horário de funcionamento e passou a veicular programas gerados em Salvador e pelo Sistema Novo Tempo de Rádio, transmitidos de Nova Friburgo, via satélite.

Em 2000, a Novo Tempo foi adquirida pelo grupo de Paulo Magalhães e Salomão Batista, voltou a se chamar Rádio Bahiana de Ilhéus e iniciou a reconquista de público e anunciantes. Relembrando o passado, o esporte foi escolhido para fazer esse resgate. Hoje, tem como carro-chefe o “Força Livre”, apresentado por Vilanova e Marinho Santos, um programa de prestação de serviços com denúncias e cobranças às autoridades, noticiário policial e político, reconhecido em 2003 e 2004 como o de maior audiência na região. Outro programa de grande audiência é o “Na Fumaça do Gongo”, apresentado pelo Cumpadi Zé Tiro Seco, personagem criado por Altamiro Viana há quase 50 anos.

Rádio Jornal de Itabuna

A ZYN-41 Rádio Jornal de Itabuna foi a terceira emissora de radiodifusão inaugurada nesse município. Sua trajetória começou no dia 27 de outubro de 1963 e teve como referência o slogan “Música, hora certa e notícia”. A Rádio Jornal foi um empreendimento de José Oduque Teixeira, empresário, fazendeiro e político, que almejava alavancar sua carreira política através da utilização de meios de comunicação como o rádio e o jornal impresso. Além de Oduque, o corpo diretor contava com Nestor Carlos Passos, Telmo Padilha, Eugênio José Assis Pereira, Milton Rosário, Celso Rocha, Carlos Spínola e Ricardino Batista.

No princípio, tinha a proposta de ser uma emissora “classe A”. Em sua programação era possível ouvir músicas eruditas, pouco populares, notícia e hora certa a cada intervalo musical. Funcionava nos moldes da rádio Jornal do Brasil, considerada o padrão nacional do bom gosto em rádio, que teve o prédio e até formulários reproduzidos pela Jornal de Itabuna. Os locutores, também selecionados segundo este padrão, deveriam ter uma voz possante e aveludada.

Nos primeiros três anos, a Rádio Jornal de Itabuna manteve o seu estilo de programação pouco popular, que não trazia retorno comercial, e José Oduque, como tinha pretensão de se eleger prefeito de Itabuna, decidiu mudar para atingir o grande público. A mudança exigia novas contratações, principalmente no segmento esportivo, mas também deveria transmitir programas musicais de apelo popular, o que implicava em equipamentos para transmissões externas e maior atualização com a industria fonográfica. Mudar o estilo da emissora exigia um determinado tempo que as aspirações políticas do proprietário não poderiam esperar. Assim, nove meses depois de implantada essa nova programação, a equipe foi dispensada. Mais uma vez a rádio teve que formar uma nova equipe de profissionais e contratou Lucílio Bastos para dirigir os destinos da emissora, mas sua permanência foi breve e, em 1969, Waldeny Andrade assumiu a direção, implantando uma nova programação que atingia a todas as classes sociais e consolidou de vez a emissora como popular.

A Rádio Jornal começou a perder a liderança na audiência quando seu proprietário José Oduque foi perdendo o gosto pela comunicação e parou de investir no rádio. Em 1998 passou às mãos de José Moreira Laythynher, que também investiu em reformas e melhoramentos da estrutura física, mas em março de 1999 desistiu do empreendimento e passou a rádio para Roberto Borges da Luz, conhecido na região como Duda do Poly Rodas. O novo proprietário não escondeu o fato de que comprou a rádio com interesses políticos e para a instrumentalização da opinião pública.

REFERÊNCIAS

Fontes primárias/entrevistas:

ARAÚJO, Héclinton. Entrevistadora: Anabel Cavalcanti. Ilhéus, fev. 2006

AQUINO, Ramiro.Entrevistador: Jorge Andrade. Itabuna, abr. 2005.

BARBOSA, Carlos R. Arléo. Entrevistadora: Flávia Maciel. UESC/Ilhéus, mai 2005.

BARBOSA, Walter Barbosa. Entrevistador: Jorge Andrade. Itabuna, jul. 2005.

BATISTA, Salomão. Entrevistadora: Anabel Cavalcanti. Ilhéus, fev. 2006

BRITO, Paulo Celso de Souza Brito. Entrevistadora: Flávia Maciel. Ilhéus, abr 2005.

CARDOSO, Orlando. Entrevistadora: Eliane Neves. Itabuna, 2005.

CIRINO, Maria de Lourdes. Entrevistadora: Eliane Neves. Itabuna, 2005.

CONCEIÇÃO, Aurelina Rodrigues. Entrevistadora: Tacila Reis. Ilhéus, jul 2005.

EDUARDO, Jorge Eduardo. Entrevistador: Jorge Andrade. Itabuna, dez 2005.

GOMES, Gil. Entrevistadora: Tacila Mendes Reis. Ilhéus, fev. 2006.

JACKSON, Raimundo. Entrevistadora: Tacila Mendes Reis. Ilhéus, jul 2005.

LIMA, Frankvaldo Lima. Entrevistador: Jorge Andrade. Itabuna, abr 2005.

MENEZES, Robério Menezes. Entrevistador: Jorge Andrade. Itabuna, nov 2005.

MORALES, Virgílio. Entrevistadora: Anabel Cavalcanti. Ilhéus, 2005

OLIVEIRA, Armando Costa. Entrevistadora: A. Paulafreitas. Salvador, ago.2004.

OLIVEIRA, Edvaldo Pereira de. Entrevistadora: Flávia Maciel. Ilhéus, 2005.

PINTO, Odilon Pinto. Entrevistador: Jorge Andrade. Itabuna, fev. 2005.

RAPOSO, Jorge. Entrevistadora: Tacila Mendes Reis. Ilhéus, 2006.

SANTOS, Soaldo Santos. Entrevistador: Jorge Andrade. Itabuna, jul 2005.

SILVA, Altamiro Viana. Entrevistadora: Flávia Maciel. Ilhéus, 2005.

SILVA, Antonio Bispo. Entrevistadora: Anabel Cavalcanti. Ilhéus, 2005.

SOUB, José Nazal Pacheco. Entrevistadora: Flávia Maciel. Ilhéus, mai.2005.

SOUZA, Laudelino Quinto de. Entrevistadora: Flávia Maciel. Ilhéus, abr. 2005.

TELES, Romilton. Entrevistadora: Eliane Neves. Itabuna, 2005.

VALENTE, Oscar. Entrevistadora: Tacila Mendes Reis. Ilhéus, 2006.

Periódicos:

Comunicação Total. Publicação comemorativa do XXV aniversário do programa Quinto de Souza Comunicação Total. Ilhéus: Vital Promoções e Publicidade.

Melhores do ano: Revista Comemorativa do XXVI Troféu Cacau De Ouro. Ilhéus: Art Graf-Computação Gráfica.

OLIVEIRA, A. C. “Memórias do Rádio”. Tribuna da Bahia. Salvador, 11 jun. 2004.

“Zé–tiro–seco. O rei do rádio regional”. Diário de Ilhéus. Ilhéus, 12 abr. 2005.

Bibliografia:

AQUINO, Ramiro. De tabocas a Itabuna: 100 Anos de Imprensa. Itabuna: Agora, 1999.

BARBOSA, C. R. A. Notícia histórica de Ilhéus. Itabuna: Colorgraf, 1994.

BOSI, Ecléa. Sociedade e memória. Lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

BRANDÃO,Arthur;ROSÁRIO,Milton.Estórias da história de Ilhéus.Ilhéus: SBS, 1970.

DAVALLON, Jean. “A imagem, uma arte de memória?” In: ARCHARD, P. et. al. Papel da memória. Trad. e introd. José Horta Nunes. Campinas: Pontes, 1999.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Trad. Laurent Leon Schaffter. São Paulo: Vértice, 1990.

SILVEIRA, K. Itabuna minha terra. 2ª ed..Itabuna: Editora Gráfica Santa Elena, 2002.

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