Nos últimos 10 anos o jornalismo digital em Portugal ...
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FACULDADE DE LETRAS
UNIVERSIDADE DO PORTO
Fátima Martins
Mestrado em Ciências da Comunicação
Os Caminhos da Autonomia no Online
2012
Orientador: Prof. Doutor Hélder Bastos
Dedicatória
Um agradecimento muito especial ao Jorge, Inês e Gonçalo, o meu porto de abrigo.
À minha mãe, que, apesar de ausente, me ensinou o significado da palavra persistência e com isso o alento para continuar.
Agradecimentos
Ao Hélder Bastos pela disponibilidade e empenho com que orientou este trabalho.
Ao Alfredo Leite, ao João Paulo Meneses e ao Filipe Caetano pelo carinho com que me acolheram.
A todos os ciberjornalistas que contribuíram com as suas respostas ao inquérito.
Resumo
A história diz-nos que sempre foi assim, à medida que os avanços tecnológicos surgiam no jornalismo os reflexos faziam-se sentir nas alterações de rotinas, na produção noticiosa, na difusão da informação e nas formas de consumo pelo público. Hoje em dia assistimos a profundas mudanças que se intensificaram com o aparecimento das plataformas digitais. As alterações são tão profundas que proporcionam questionamentos de toda a ordem. A atuação dos jornalistas tem dado visibilidade a profundas transformações e interrogações sobre o atual papel social destes profissionais e até a sua identidade profissional. O modo de produção de notícias tem sofrido reestruturações e adaptações. Aos profissionais é exigida uma adaptação constante. Parece arredada da atual rotina noticiosa a antiga separação entre jornalistas de imprensa escrita, rádio e televisão. Face à revolução tecnológica definida com o aparecimento da internet os órgãos de comunicação social portugueses aderiram, ainda que lentamente, a um modelo de fusão das redações como a melhor alternativa para lidar com as plataformas digitais. É certo que está a ser exigido aos novos e velhos profissionais novos caminhos de produção noticiosa. O objetivo principal deste trabalho é aferir de que modo é que esta unificação está a ser feita. Como é que as equipas se integram, colaboram e produzem para os sites e para o medium tradicional. A nossa observação recaiu em três órgãos de comunicação social com competências distintas. Uma rádio (TSF), um canal televisivo (TVI24) e um jornal (JN). Pretendemos perceber de que forma é que se integram as redações online e as redações tradicionais. Aferir qual o grau de autonomia ou, pelo contrário, a dependência face ao meio tradicional.
O estudo foi realizado com verificação no terreno através de entrevistas aos responsáveis pelas edições online dos meios em análise e pelo preenchimento de um inquérito distribuído aos profissionais que exercem funções no online. Do resultado desta análise conseguimos apurar que as edições online vão ganhando autonomia em relação às redações principais, no entanto é ainda generalizada uma dependência significativa ao trabalho produzido pelas agências noticiosas, em particular à agência Lusa.
Abstract
History tells us that it was always like this, as technological advances appear in journalism, its effects were felt in the changes of daily routines, in the production of news pieces, in the dissemination of information and in the consuming habits of the people. Nowadays we experience profound changes that were intensified by the discovery of digital platforms. The changes are so profound that all things are subject do questioning. The daily activity of journalists has given visibility to profound changes and questions about the actual role of these professionals and even their professional identity. The way news pieces are produced has suffered constant restructuration and adaptation. Constant adaptation is being asked to these professionals. The former division between professionals from written media, radio and television is no longer a reality. When faced with this technological revolution defined by the emergence of internet, the Portuguese media adhered, even if at a slowly rate, to a model of unification of the news staff, seen as the best way of dealing with the digital platform. Newer and older journalists are being required to trail new ways of producing news. The main objective of this thesis is to try to determine the way this unification is being made. How teams work together and collaborate in the production of news pieces for the websites and traditional media. Our observation was made on three different media organizations, each one with their own characteristics and skills. A radio station (TSF) a news television channel (TVI24) and a newspaper (JN). Our objective is to understand how the online news staff and the traditional news staff interact with each other. We want to assess the degree of autonomy or, on the contrary, the dependency of the first regarding the latter.The study was conducted through field verification, using interviews of those responsible for online media staff, of the issues under review, and the completion of a survey distributed to journalists serving on online. From our analysis we were able to determine that the online editions are gaining autonomy from the main and traditional newsroom, however there is still a widespread reliance on the significant work produced by news agencies, in particular Lusa.
Índice
Resumo ………………………………………………………………………. 4
Abstract ………………………………………………………………………. 5
Introdução ……………………………………………………………………. 8
Capítulo I
Conceito de Convergência, Ciberjornalismo e ciberjornalistas.
1 Convergência……………………………………………………………13
1.1 Convergência tecnológica ou multiplataforma …………………. 14
1.2 A convergência nas empresas …………………………………….15
1.3 A convergência profissional……………………………………. ..15
1.4 A convergência de conteúdos…………………………………….16
2. Uma temática pouco consensual……………………………………….17
3. O ciberjornalismo em Portugal, breve enquadramento ………………..21
4. Ciberjornalismo: Um novo meio?...........................................................24
5. Os jornalistas tipo “ canivete” ………………………………………… 28
Capítulo II
Metodologia de investigação
1. Metodologia ……………………………………………………………34
Capítulo III
1. As entrevistas……………………………………………………………37
1.1O caso JN…………………………………………………………...37
1.2 O caso TSF…………………………………………………………40
1.3 O caso TVI24……………………………………………………….43
2. Os resultados do Inquérito………………………………………………46
2.1 Resultados sobre rotinas de trabalho ………………………………52
3. Conclusões ……………………………………………………60
Bibliografia …………………………………………………………………63
Apêndices …………………………………………………………………. 68
Introdução
Em 2012 passaram 17 anos de jornalismo online em Portugal. Quase duas décadas depois verificamos que os jornais, as rádios e as televisões estão rendidos à plataforma digital. Aquilo que no início não passava de mais um suporte para comunicar foi assumindo um protagonismo que ninguém consegue apagar. Em pouco mais de uma década o jornalismo digital em Portugal conheceu diversos cenários. A evolução é feita de avanços e recuos. À indiferença inicial quase generalizada foi sendo adicionada a preocupação de olhar para as plataformas digitais como um instrumento com características específicas e com linguagens únicas. Ainda hoje as publicações online em Portugal estão longe de aproveitar as potencialidades oferecidas pela Web, ainda que, não deixam de estar conscientes desse subaproveitamento.
Esta dissertação pretende falar de projetos que nasceram e cresceram no âmbito da imprensa tradicional, mas que cedo perceberam a importância de desenvolver conteúdos online. Assistimos a uma nova realidade – ter um jornal não chega para captar as atenções dos leitores. A velocidade de informação, nos nossos dias, é tanta que a notícia não espera pelo dia seguinte. A informação deixou de estar na esfera privada dos jornalistas. Os avanços tecnológicos democratizaram a informação.
Os sites permitiram o aparecimento da informação em aberto, permanentemente atualizada 24 horas por dia, 365 dias por ano.
É neste cenário que se assiste, em Portugal, a uma adaptação dos meios de comunicação social à plataforma digital. Os sites, na sua maioria, deixaram de ser um repositório de informação da edição do dia. Muito pelo contrário, verificamos uma preocupação na celeridade da notícia, a sua adaptação ao ambiente virtual e às características interactivas da Web.
Comunicar no espaço virtual obriga a novas rotinas e a novas linguagens. O discurso jornalístico tem de se adaptar ao novo meio. É consensual que as características típicas da internet justificam o aparecimento de um novo tipo de jornalismo. Fernando Zamith (ZAMITH, 2008) em Ciberjornalismo, as potencialidades da Internet nos sites noticiosos portugueses, fala do ciberespaço como um suporte de difusão, mas também como um meio autónomo de produção. O autor defende que “os média tradicionais
começam a olhar para a Internet como um meio recheado de potencialidades para a prática do jornalismo. Um jornalismo diferente, mais convergente e mais aberto à participação do cibernauta”. (ZAMITH, 2008)
Em Portugal a partir da segunda metade da década de 90 surgem os primeiros sinais óbvios das consequências do desenvolvimento do novo meio que é a Internet e de toda a tecnologia que lhe está associada. À inércia inicial sucederam-se casos de esforço de adaptação dos meios tradicionais a esta realidade. A RTP foi o primeiro órgão de comunicação social português a registar o domínio na Internet (Maio de 1993). Em 1995, o Jornal de Noticias começa a transpor o seu conteúdo para a Internet. No mesmo ano o jornal Público segue também o caminho do online “ O ano de 1995, sobretudo no segundo semestre, foi o ano fundador da relação entre os media noticiosos generalistas portugueses e a Internet. No dia 26 de Julho de 1995, era inaugurada a edição na Web do Jornal de Notícias, que se tornou deste modo o primeiro diário de informação geral a atualizar, diariamente, a informação na sua edição online. O segundo diário generalista a dar início à colocação das suas edições diárias na Web foi o Público, a 22 de Setembro de 1995. Antes desta data, o jornal já colocava online, de forma esporádica, artigos do jornal impresso. Em Junho de 95, ainda numa fase experimental, o site já tinha disponível o dossiê “Público Eleições-95”, que fazia uma cobertura das legislativas (disputadas a 3 de Outubro)”. (BASTOS, 2010)
A esta euforia inicial seguiu-se um período de retração. As redações online viram-se obrigadas a emagrecer o número de jornalistas. A falta de um modelo de negócio eficiente e capaz de dar resposta às exigências financeiras deste novo meio precipitou a estagnação. “ O ciberjornalismo português não conseguiu, pois, afirmar-se em pleno nestes primeiros doze anos, não tendo conseguido investir em meios técnicos suficientes e, sobretudo, em meios humanos. É de corroborar a opinião daqueles que apontam a falta de investimento e o conservadorismo das empresas e dos jornalistas como explicação para o facto de o ciberjornalismo português não ter conseguido dar o necessário salto qualitativo. A dificuldade em encontrar modelos de negócio de sucesso, agravados por alguns casos de projetos falhados, parece ter sido determinante para o desinteresse generalizado das empresas portuguesas pelo investimento no ciberjornalismo”. (BASTOS, 2010).
Já em pleno século 21 o jornalismo online começa a “ navegar” pela Internet consciente de todas as potencialidades deste meio. Assistimos a um maior aproveitamento das suas
características. Está a ficar ultrapassada a mera transposição do meio tradicional para a Internet. Vivemos uma Era de “ exposição jornalística”. O que é escrito fica imediatamente aberto à participação do utilizador.
O estudo desenvolvido neste trabalho foi feito através de um inquérito aos profissionais que trabalham nos órgãos de comunicação social escolhidos para análise. Trata-se de profissionais que têm algum tipo de responsabilidade direta na produção de conteúdos para a publicação online. A nossa amostra inclui profissionais com a categoria de editores e jornalistas, que trabalham a tempo inteiro ou em regime de tempo parcial. A seleção efetuada teve em conta o facto de pretendermos dar um exemplo de uma rádio, uma televisão e um jornal. Foram ainda realizadas diversas entrevistas a profissionais que estão ligados às plataformas digitais. Assim esta pesquisa alia elementos quantitativos (os procedimentos estatísticos a partir dos resultados do inquérito) e qualitativos (a partir do conteúdo das entrevistas conseguidas)
.
Neste contexto surge a principal pergunta de investigação (pergunta de partida):
A questão abaixo transcrita é a pergunta de partida de toda investigação. Optamos por esta pergunta de partida, já que entendemos que está clara, pertinente e exequível, abrangendo basicamente todos os conceitos em análise.
( Qual o grau de autonomia das redações online face às redações tradicionais
Hipóteses
A pesquisa está orientada de acordo com as seguintes hipóteses:
Hipótese 1
As redações online vão no caminho da autonomia em termos de produção noticiosa em relação às redações tradicionais.
Hipótese 2
As redações online estão dependentes da produção noticiosa que emana das agências.
O trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro, debruçamo-nos sobre a questão teórica a respeito dos conceitos de convergência e ciberjornalismo e ciberjornalistas.
No segundo capítulo apresentamos a metodologia de investigação, apresentamos o objeto de estudo e determinamos a pergunta que orienta todo o trabalho.
No terceiro momento, fazemos uma análise dos dados recolhidos através do inquérito feito aos profissionais. Os resultados e interpretações dos dados da investigação são acompanhados na etapa final do trabalho, seguida por uma conclusão e referências bibliográficas.
Capítulo I
Conceito de convergência, ciberjornalismo e ciberjornalistas
1. Convergência
Lo convergencia periodística es un proceso multidimensional que, facilitado por la implantación generalizada de los tecnologías
digitales de telecomunicación, afecto al ámbito tecnológico, empresarial, profesional y editorial de los medios de comunicación,
propiciando una integración de herramientas, espacios, métodos de trabajo y lenguajes anteriormente disgregados, de forma que los
periodistas elaboran contenidos que se distribuyen a través de múltiples plataformas, mediante los lenguajes propios de cado uno.
Ramón Salaverría (2003)
A utilização das potencialidades do suporte online pode trazer grandes vantagens para os diversos meios de comunicação social. Não será por acaso que nos damos conta dos esforços de vários jornais nesse sentido. Assistimos a um fenómeno de convergência a que ninguém pode ficar alheio. Aos jornais não cabe apenas a imagem e as palavras, à rádio os sons e à televisão o vídeo. A Internet abriu caminho à convergência dos vários suportes no espaço virtual.
Neste trabalho pretendemos analisar o fenómeno dentro de três das principais redações portuguesas. Uma análise sobre a forma como são recolhidas as informações e apresentadas as notícias e ainda como é disponibilizado o produto final que é entregue a um público cada vez mais participativo.
Sobre este tema assistimos a uma variedade de análises académicas, há uma multiplicidade de interpretações sobre o conceito de convergência no jornalismo. Sabemos que se trata de um processo a várias dimensões e que foi impulsionado pela implementação generalizada das tecnologias digitais. Um processo que atua nas esferas tecnológica, empresarial e profissional. Verifica-se um fenómeno de mudança que permite a plena integração de ferramentas, espaços, métodos de trabalho e linguagens, que até aqui se encontravam desagregados. Neste trabalho interessa-nos sobretudo esta definição porque representa o modelo de convergência como um processo. Consegue
reconhecer o caráter tecnológico de boa parte das alterações da convergência no meio jornalístico e define quatro esferas principais de intervenção: a tecnologia, as empresas,
os profissionais e os conteúdos. Importa por isso fazer uma breve referência a cada uma delas.
1.1 A convergência tecnológica ou multiplataforma
Em termos de convergência tecnológica a grande alteração foi verificada tanto nos processos de produção de conteúdos como na forma de consumo destes conteúdos jornalísticos. Aos profissionais foram disponibilizadas uma série de ferramentas de trabalho cada vez mais comuns aos profissionais de qualquer meio. A evolução tem acontecido a um ritmo pouco esperado até agora. Chega a ser difícil distinguir os diferentes profissionais e relaciona-los com os meios a que pertencem.
Há instrumentos de trabalho que agora são partilhados por jornalistas de rádio, de televisão ou de imprensa. A evolução tecnológica permitiu a diminuição de tamanho dos diversos equipamentos e dotou-os de mais capacidades para realizar diferentes tarefas que, anteriormente, obrigavam a esforços suplementares. Esta evolução permitiu ainda avançar na produção e gestão de conteúdos. Hoje em dia os profissionais dispõem de aplicações que permitem editar conteúdos de texto, áudio e vídeo para a imprensa, rádio, televisão e internet e que são cada vez mais similares entre si. É certo que a principal evolução destas aplicações se dirige para a polivalência mediática que verificamos nos dias de hoje.
Também ao nível do consumo de conteúdos houve alterações significativas. Os utilizadores e consumidores de informação detêm cada vez mais dispositivos portáteis, interativos e de multimédia. Desta forma todos os conteúdos produzidos em imprensa, rádio e televisão estão ao alcance de praticamente todos e a partir de qualquer lugar.
1.2 A convergência nas empresas
Um segundo nível em que se identificam os processos de convergência corresponde à concentração nas empresas. Esta é uma realidade que não é exclusiva das empresas de
comunicação social. Bem mais cedo esta realidade foi conhecida em diversas empresas industriais e de serviços. Em Portugal assistimos há algumas décadas à concentração dos meios de comunicação social em grandes grupos económicos. Estes grupos foram ampliando a sua presença em vários tipos de meios e várias plataformas. Nos últimos anos o resultado desta realidade significou em muitos casos a fusão das várias empresas do mesmo grupo no mesmo espaço físico e desenvolveu-se a aposta naquilo a que os empresários de media designaram por sinergias de grupo. A integração de redações é já uma realidade em alguns casos e só não avança com mais rapidez porque a situação económica e financeira das empresas não permite grandes alterações. Sob a égide da convergência as empresas encontraram um terreno fértil para a redução de custos e aproveitamento de conteúdos para as diversas plataformas. Este processo tornou-se popular no nosso país. Rapidamente os empresários perceberam a vantagem de implementar este modelo diminuindo os custos e aumentando a dinâmica de produção.
1.3 A convergência profissional
Também os jornalistas foram chamados a fazer parte desta realidade. Neste caso as mudanças afetam sobretudo as formas de trabalho, o desempenho profissional e a definição do novo perfil de jornalista. Alterações com vista à polivalência. Até à chegada dos avanços tecnológicos os jornalistas tinham competências e perfis bem definidos. Diferenciavam-se entre jornalistas de rádio, televisão e imprensa. Havia ainda quem fosse especialista em determinada área. Há cada vez menos profissionais destacados para a cobertura de uma determinada área em exclusivo. Atualmente os papéis confundem-se, a integração das redações abriu a porta a uma crescente polivalência dos jornalistas. Os antigos tiveram de se reciclar, aos novos já é exigida polivalência. São profissionais multifunções e obrigados a dominar as mais variadas matérias. Sobre este tema iremos falar de forma mais detalhada no capítulo das funções do jornalista.
1.4 A convergência de conteúdos
Fruto de todas as alterações com vista à convergência descritas até aqui surge a convergência de conteúdos. Um fenómeno que permite a confluência das diversas linguagens que resultam numa nova linguagem multimédia. Esta nova linguagem designa-se por multimedialidade, entendida como a combinação na mesma mensagem de pelo menos dois códigos linguísticos – textuais, visuais e/ou sonoros. Até ao aparecimento da internet esta possibilidade de combinação de códigos era exclusiva da imprensa e da televisão. Agora é comum a todos os meios, a internet permitiu esta mudança. Deste modo, produzir informações para a plataforma digital obriga a dominar
tanto a narrativa escrita como a audiovisual. Assistimos a profundas mudanças na produção de conteúdos informativos.
2. Uma temática pouco consensual
A convergência é um fenómeno que divide opiniões. Anabela Gradim refere que:
“ As tecnologias digitais, e especialmente os novos media, estão simplesmente a acelerar um processo onde as administrações pressentem um aumento das margens de lucro, produzindo o jornalista tipo MacGyver, o super repórter multimédia, e o novo produto que este se prepara para oferecer ao seu público” (GRADIM, 2002).
Há muito que os diversos órgãos de informação disponibilizam conteúdos online, mas, à medida que avançamos no tempo aumentam as ferramentas apresentadas no espaço virtual. Os sites caminham no sentido de deixarem de ser um mero repositório de conteúdos transferidos do impresso para o online. Algumas características da Internet chegaram através de outros meios, mas acabam potencializadas nesta rede mundial.
A realidade atual dos órgãos de comunicação social no nosso país parece sugerir que a convergência é um fenómeno de adaptação e não o que parecia, à primeira vista, mais uma revolução no setor. A convergência surgiu como estratégia do mercado para responder com os menores custos, às exigências dos desafios tecnológicos. Para Kolodzy (2006), o ciberjornalismo envolve a noção de convergência porque permite aos consumidores de notícias serem ativos, em vez de passivos, colocando-os no controlo dos acontecimentos. Estão criadas novas dinâmicas. O jornalismo foi invadido por um
novo ambiente de comunicação que possibilita a criação de textos explorando todas as possibilidades da rede. Deuze (1999) lembra que em ciberjornalismo escrever não se resume a redigir texto, mas antes a explorar todos os formatos possíveis a ser utilizados numa estória de modo a permitir a exploração das características-chave do novo médium: a convergência. As possibilidades narrativas permitidas pela convergência multimédia requerem, consequentemente, o planeamento das estórias através da elaboração de um guião (storyboard), encarado como essencial no processo de escrita não-linear. A aplicação do storyboarding no planeamento de uma estória online poderá, dependendo das práticas e exigências de cada media online, caber ao próprio jornalista.
Por outro lado, escreve Rich Gordon, todos os jornalistas terão de desenvolver um entendimento básico das capacidades únicas dos diferentes media, pois os seus empregadores tenderão cada vez mais a distribuir conteúdos através de várias plataformas ou a colaborar com outras empresas para o fazer:
«Não mais podem os jornalistas pensar que só porque trabalham num médium (por exemplo, um jornal) não precisam de se preocupar acerca da forma como a sua estória deveria ser apresentada noutro (na TV ou na Web). Não mais as escolas de jornalismo podem pensar que podem formar alunos que percebem apenas um conjunto de ferramentas de comunicação. Por outro lado, não estamos necessariamente a caminhar para uma era em que um só jornalista necessita de fazer tudo – reportar, escrever, tirar fotografias, filmar e editar vídeo e apresentar as suas estórias na Web. Haverá sempre necessidade de especialistas que fazem uma coisa particularmente bem. Mas nas empresas de media convergentes do futuro, os jornalistas que melhor entenderem as capacidades únicas dos media múltiplos serão aqueles que obterão mais sucesso, conduzirão às maiores inovações e tornar-se-ão os líderes de amanhã.» (GORDON IN KAWAMOTO, 2003).
Lawson, Borders (2006) define a convergência como “um conjunto de possibilidades concorrentes e de cooperação entre meios impressos e electrónicos na distribuição de conteúdos multimédia por intermédio dos computadores e da internet”. No terreno, sabemos que a convergência se traduz num vasto conjunto de estratégias para tirar o máximo partido possível do produto informativo. Desde logo, em Portugal, percebeu-se que se estava perante novas formas de rentabilizar o mesmo produto de modo a que pudesse aparecer em distintos meios. Um fenómeno de resto já sublinhado por Marcos Palácios e Javier Díaz Noci em Ciberperiodismo:Métodos de Investigación.
Una aproximación multidisciplinar en perspectiva comparada onde referem que “no âmbito profissional a convergência traduz-se em diversas estratégias para aproveitar o material informativo”. Essas estratégias incluem desde formas de cooperação entre as redações de diferentes meios até à criação de redações multimédia integradas, onde se centralizam todas as mensagens e se canaliza o fluxo de informação para editar as versões impressas e audiovisuais. Aos jornalistas cabe também uma tarefa acrescida de assumir um maior nível de polivalência com o objetivo de produzir conteúdos para os vários suportes.
Os mesmos autores referem ainda que “ a convergência profissional está implantada em diversos meios quando se pede a um jornalista que faça a cobertura da notícia para televisão, para rádio e ainda prepare uma versão para internet. Deste modo, a convergência concebe-se através do uso conjunto da informação que depois é distribuída de modo coordenado.
Certo é que o conceito de convergência leva já mais de uma década e parece consensual que surgiu como estratégia de fazer face às mudanças nos media. Kolodzy sustenta que:
“ A convergência reconhece que os consumidores de notícias estão a ganhar mais controle sobre o processo noticioso; que a mudança nas forças de controlo das notícias exige alterações no modo de produzir notícias. Convergência tem a ver com ser suficientemente flexível para fornecer notícias e informação a qualquer um e a toda gente, em qualquer altura e a toda hora, em qualquer lugar e às vezes em todo o lado sem abandonar os valores jornalísticos fundamentais. A convergência recentra o jornalismo na sua missão principal – informar o público acerca do mundo da melhor maneira possível e disponível. A convergência tem como objectivo dar escolhas às audiências através da coordenação e cooperação na recolha e apresentação de notícias.” (KOLODZY, 2006).
Para Foust (2005), a convergência oferece em simultâneo desafios e oportunidades, tanto para o ciberjornalismo como para o jornalismo em geral. Por exigir aos jornalistas que não se concentrem apenas num médium, a convergência oferece a possibilidade de aqueles profissionais pensarem de um modo mais lato, desenvolvendo novas formas de narrar as estórias libertas dos constrangimentos resultantes do trabalho num único médium. As redacções convergentes também podem contribuir para a melhoria da comunicação e cooperação entre jornalistas com capacidades em várias áreas. No entanto este mesmo autor não se esquece de fazer referência aos menos optimistas relativamente ao fenómeno da convergência, lembrando que os críticos argumentam que a convergência enfraquece o jornalismo, porque coloca menos profissionais no terreno, a cobrir os acontecimentos, e nas redações. Para Garcia – Avilés o modelo de redação convergente colide com alguns patamares instituídos nas redações tradicionais. O autor refere a polivalência total, o aumento dos ciclos de notícias para 24 horas e o fluxo de trabalho mais rápido. O autor vai mais longe quando refere que
“Este processo apresenta indícios que permitem falar de uma cultura jornalística emergente, caracterizada pela polivalência total, a gestão contínua do fluxo informativo e a produção multimédia, com incidência na versatilidade e instantaneidade. A integração das redações leva a que os jornalistas ponham em prática destrezas de locução, edição, gravação e publicação multimédia. O redator enfrenta as exigências de recolher informações sobre um assunto concreto, mediante entrevistas, documentação e outras tarefas; além disso, há que cumprir os prazos e as exigências das diferentes plataformas para que trabalha. Trata-se de um difícil equilíbrio, que, por vezes, conduz a um elevado desgaste pessoal e profissional.” (GARCÌA-AVILÉS, 2007).
Para Salaverría não há dúvidas relativamente aos receios e incógnitas sobre o futuro da convergência multimédia nas empresas de comunicação. Para o autor estamos perante um desafio ao qual não é possível virar as costas:
“ Os media devem enfrentar o desafio da convergência e, como notamos, isso exige grandes doses de planificação, criatividade e aposta por parte dos profissionais. A convergência dos media não pode ficar-se por uma simples remodelação na gestão das empresas jornalísticas e deve envolver as redações, os jornalistas. É que a convergência multimédia, como explicamos, reclama novas linguagens e modos de fazer informação. Em definitivo, supõe a emergência de um novo jornalismo. E não há jornalismo sem jornalistas.” (SALAVERRÍA, 2003).
3. O ciberjornalismo em Portugal, breve enquadramento
À semelhança do que acontece por todo o mundo o ciberjornalismo em Portugal é atualmente um suplemento e um complemento dos media tradicionais. Mas a realidade do online em Portugal passou por diversas fases e ainda procura um modelo de negócio eficaz que sirva de suporte à sua concreta implementação e sustentabilidade financeira. Bastos (2011) refere que os primeiros 12 anos de ciberjornalismo em Portugal podem ser distribuídos por 3 fases: a da implementação (1995-1998), a da expansão ou boom (1999-2000) a da depressão seguida de estagnação (2001-2007).
Na primeira fase; Portugal assistiu à criação de edições electrónicas de media tradicionais na Web. Foi essencialmente uma fase de inexperiência e de experimentação, dominada essencialmente pelo shovelware – os jornais criam os seus sites e utilizam-nos para reproduzir os conteúdos tal como aparecem nas edições de papel. A rádio e a televisão afinam pelo mesmo modelo.
Foi a partir de 1995 que o número de órgãos de comunicação social com páginas Web cresceu de forma acentuada. Foi nesta altura que os matutinos Público e Jornal de Notícias começaram a atualizar os seus conteúdos online. Foi no decorrer dos anos seguintes que os vários jornais foram abrindo as suas páginas na Web, mas sempre com um caráter marcadamente experimental.
Bastos define o ano de 1995 como o ano fundador da relação entre os media noticiosos generalistas portugueses e a internet. O autor na época integrava a redação do JN e refere o dia 26 de julho como a data da inauguração da edição na Web do Jornal de Notícias. No entanto, o primeiro órgão de comunicação social a registar o seu domínio Web tinha sido a RTP, a 28 de maio de 1993 (Granado, 2002). De qualquer forma a televisão do Estado só inaugurou a sua página na internet em novembro de 1991, na altura a RTP Internacional.
Em Portugal, o segundo diário generalista a colocar as suas edições impressas na Web foi o jornal Público, a 22 de setembro de 1995. Seguiu-se, a 29 de dezembro de 1995, data em que completou 131 anos, o Diário de Notícias (Bastos, 2010).
Em televisão a TVI conseguiu ser pioneira na plataforma digital. Em 1996 permite a visualização do “Novo Jornal” na Web. O utilizador podia aceder diariamente a um resumo das principais notícias do dia. A estação tornou-se assim no primeiro canal televisivo português a emitir um noticiário online. Na mesma altura as novidades da plataforma digital da TVI estendiam-se também a uma grelha de programação. Em setembro do mesmo ano surgia a TSF online, assumindo-se como a primeira rádio a apostar no formato online.
Estes exemplos não significariam no entanto que Portugal estava a consolidar o online. Pelo contrário, a maior parte dos diários nem sequer tinha jornalistas a tempo inteiro nas suas edições eletrónicas. Ficava-se pelo despejo direto na Web (Bastos, 1996). O período que se segue demonstra alguma timidez em avançar para este novo mercado. O projeto mais arrojado surge em 2008, o semanário Setúbal na Rede entrava para a história do ciberjornalismo como o primeiro jornal exclusivamente online em Portugal (Brinca, 2006).
Podemos dizer que os primeiros quatro anos de ciberjornalismo significaram uma implantação muito gradual. Seguiu-se a este período uma fase marcada por alguma euforia, com o aparecimento de novos projetos, envolvendo investimentos significativos. Alguns grandes grupos fizeram investimento em projectos multimédia. As redações foram alargadas e em alguns casos foram criadas editorias próprias. O jornal Público em 1999 acabaria por ser um dos casos mais evidentes desta nova realidade. Criou a direção do ciberjornal e o produto online era assumido como uma nova área de negócio. Vivia-se claramente a fase de expansão do online em Portugal.
Com a viragem do século cedo se percebeu que este panorama não ia durar por muito mais tempo. Sem retorno efetivo dos investimentos feitos, as empresas começaram a dar os primeiros sinais de abrandamento e em alguns casos de retração. Em maio de 2011 o Diário Digital começava a dispensar alguns profissionais, reduzindo significativamente a sua redação. Na primavera do mesmo ano, o Expresso Online acabou com a atualização de notícias e dispensou metade da redação, com o argumento de que era necessário reajustar editorialmente o site. Os sintomas da crise que afetava o online alastraram. Em 2002 a Sic Online assumia a redução e declarava uma real contenção de custos. O Diário de Notícias também travava o investimento na plataforma digital. O clima de contenção generalizava-se. Ao longo de 2006 assistiu-se a um aumento de penetração da internet em Portugal e, em paralelo, do número de visitantes de sites noticiosos, mas estes sinais positivos não foram suficientes para tirar os ciberjornais da sua situação precária (ZAMITH, 2007).
4. Ciberjornalismo: Um novo meio?
Nos dias que correm parece consensual que as características que definem a internet vieram criar condições para o aparecimento de um novo tipo de jornalismo. Cabrera Gonzalez (cit. em Canavilhas, 2005: 1) apresenta uma divisão em quatro fases no desenvolvimento do jornalismo online, de acordo com o desenvolvimento dos conteúdos que as páginas web dos órgãos de comunicação apresentam. Surge assim, num primeiro momento o “fac-simile”, quando estamos perante a digitalização ou versão PDF do jornal impresso. Num segundo momento, surge o modelo adaptado e que corresponde à reprodução dos conteúdos da versão escrita, mas apresentados com um
layout próprio. O modelo digital – que corresponde ao terceiro momento – caracteriza-se também pelo layout próprio, mas acrescenta a utilização de hipertexto, da possibilidade de comentar e das notícias de última hora. Por fim, o modelo multimédia corresponde à fase em que as publicações tiram o máximo proveito das características da Internet, apostando em integrar som, imagem, vídeo e animações. Uma visualização das páginas web dos meios de comunicação social em Portugal permite concluir que a grande maioria se encontra na fase do modelo digital, sendo as notícias de última hora a grande aposta.
Um estudo sobre o aproveitamento das potencialidades da Internet por parte dos meios de comunicação nacionais revela que:
“ Nível de aproveitamento (…) situa-se em 21,5% nos conteúdos e dispositivos de acesso livre. A instantaneidade é a única potencialidade com um aproveitamento superior a 50%, o que demonstra que, na generalidade, os ciberjornais portugueses já se desprenderam das amarras das classificações periódicas tradicionais da imprensa, rádio e televisão, difundindo material jornalístico a qualquer momento, como sempre fizeram as agências noticiosas” (ZAMITH, 2006).
Ultrapassada que está a fase da mera transposição de conteúdos para a internet é percetível que com maior ou menor eficácia todos os órgãos de comunicação social fazem um esforço para tirar partido de todas as potencialidades da internet. A plataforma digital deixou de ser apenas um suporte de transmissão alternativo.
Com a popularização da internet e a expansão da Web, os mass media tradicionais encontraram um novo e complexo mundo com características específicas, diferentes conteúdos e audiências diversas, levando produtores de televisão, editores de jornais, jornalistas e internet providers a reagir a estes novos desafios (Oblak, 2005). É real esta nova oportunidade que a pouco e pouco todos foram reconhecendo, embora nem sempre com a mesma designação. Esta utilização do espaço digital vai assumindo vários nomes, sendo os mais comuns: “jornalismo digital”, “jornalismo on-line”, “ciberjornalismo” ou “webjornalismo”. Conforme Murad (1999) e Canavilhas (2001), a nomenclatura encontra-se relacionada com o suporte técnico: para designar o jornalismo desenvolvido para a televisão, utilizamos telejornalismo; o jornalismo desenvolvido para o rádio, chamamos de radiojornalismo; e chamamos de jornalismo impresso àquele que é feito para os jornais impressos em papel.
Ao analisar as características do jornalismo desenvolvido para a internet Bardoel e Deuze (2000) apontam quatro elementos distintivos: interatividade, customização de conteúdo hipertextualidade e multimedialidade. Com o mesmo objetivo Palácios (1999) estabelece cinco características: multimedialidade/convergência, interatividade, hipertextualidade, personalização e memória. Estas características, aqui apresentadas de forma breve refletem as potencialidades oferecidas pela internet ao jornalismo desenvolvido para a Web. Estas possibilidades, ainda hoje, não se traduzem em aspetos devidamente explorados pelos sites jornalísticos.
Interatividade - Bardoel e Deuze (2000) consideram que a notícia online possui a capacidade de fazer com que o leitor/utilizador possa ser parte do processo. Isto pode acontecer de diversas maneiras, entre elas, pela troca de e-mails entre leitores e jornalistas; através da disponibilização da opinião dos leitores, como é feito em sites que abrigam fóruns de discussões; através de chats com jornalistas. Porém, os autores não contemplam a perspetiva da interatividade no âmbito da própria notícia, ou seja, a navegação pelo hipertexto que, conforme Machado (1997), constitui também uma situação interativa.
Personalização -Também denominada de individualização, consiste na existência de produtos jornalísticos configurados de acordo com os interesses individuais do utilizador. Há sites noticiosos que permitem a seleção dos assuntos de interesse. Permite ao utilizador quando acede ao site este já ser carregado com o perfil desejado. Consiste na opção oferecida ao utilizador para configurar os produtos jornalísticos de acordo com os seus interesses individuais (Palácios, 2002).
Hipertextualidade – Esta característica, apontada como específica da natureza do jornalismo online, permite a ligação de textos através de links. Bardoel e Deuze (2000) chamam a atenção para a possibilidade de, a partir do texto noticioso, apontar para outros textos como originais, outros sites relacionados ao assunto, material de arquivo dos jornais, textos que possam fazer o contraditório dos assuntos em análise. Díaz Noci e Salaverría (2003) sublinham que o hipertexto pode ser entendido como uma forma de discurso que se constrói a partir da combinação de diversos textos.
Multimedialidade – No contexto do webjornalismo a multimedialidade assume a convergência dos formatos tradicionais (imagem, texto e som) na narração do facto jornalístico. Salaverría (2005) define esta potencialidade como a capacidade, outorgada pelo suporte digital, de combinar numa só mensagem pelo menos dois dos três seguintes elementos: texto, imagem e som.
Memória – Palacios (1999) aponta para o facto do acúmulo das informações ser mais viável técnica e economicamente do que em outros meios. Sendo assim, o volume de informação diretamente disponível ao utilizador é consideravelmente maior no webjornalismo, seja com relação ao tamanho da notícia ou à disponibilização imediata de informações anteriores. Desta forma surge a possibilidade de aceder com maior facilidade a conteúdos antigos. A memória é, sem dúvida, uma potencialidade da internet extremamente importante para o jornalismo, mas, tal como se passa com a oferta de ferramentas interativas que não são utilizadas (quer pelos destinatários quer pelos próprios jornalistas), a simples disponibilização de arquivo não significa que a recuperação da informação ocorra como queremos e sempre que queremos (ZAMITH, 2008).
5. Os jornalistas tipo “canivete”
Mudar é inevitável. Progredir é opcional. O futuro é agora.
Mark Briggs
O meio digital é dinâmico e instantâneo com a possibilidade de receber o conteúdo de diversas formas. É democrático porque permite interação com o público, oferecendo a possibilidade de publicação de textos por qualquer um. As novas características do jornalismo exigem aos profissionais uma profunda transformação.
Nunca como hoje os jornalistas são obrigados a dominar as mais variadas ferramentas tecnológicas. Se a imprensa escrita passou da máquina de escrever ao computador sem qualquer embaraço, já os jornalistas de rádio e televisão foram conhecendo, mais cedo, as alterações de rotina provocadas pelos avanços tecnológicos. Na rádio a evolução conhecida nas últimas duas décadas foi sempre bem acolhida. Tratava-se de ferramentas que serviam para aliviar e facilitar o trabalho dos jornalistas. Facilmente estes profissionais se adaptaram aos gravadores digitais, aos telemóveis e aos programas informáticos de tratamento de áudio. Os repórteres aplaudiam cada inovação e a resistência às novidades quase não se notava. O trabalho de terreno estava facilitado e a rapidez com se processava a divulgação da informação era assinalável. O aparecimento dos telemóveis revolucionou a transmissão em direto em rádio. Mais tarde, quando foi possível enviar sons do gravador pelo computador tinha sido encontrada a forma rápida, eficiente e eficaz de comunicar com qualidade e a partir do exterior. Também em televisão os progressos tecnológicos representaram, quase sempre, maior agilidade para o trabalho dos jornalistas. Para os profissionais da imprensa escrita é que estavam guardados os maiores entraves. O aparecimento de plataformas digitais para as quais eles estavam obrigados a escrever alterou de forma abrupta as suas rotinas profissionais. À necessidade de escrever bem somavam-se agora outros atributos indispensáveis.
Para o investigador Hélder Bastos era evidente que havia outras exigências:
“ Atualmente, onde quer que o ciberjornalismo se encontre num estádio de desenvolvimento mais adiantado, o recrutamento para redações digitais exige ao jornalista o domínio alargado de múltiplas capacidades, bem como a aptidão para trabalhar em ciclos de notícias de atualização permanente. Em certos casos, o ciberjornalista terá de redigir notícias, produzir fotografia, áudio e vídeo, construir páginas Web, transpor conteúdos impressos ou audiovisuais para a rede, acrescentar hiperligações, fornecer interfaces que permitam aos utilizadores o recurso a bases de dados diversas, desenvolver comunidades online, particularmente através de linhas de chat, etc…” (BASTOS, 2010).
Anabela Gradim (2002) arrisca um comentário mais arrojado:
“ O resultado da versão hard é uma nova exigência relativamente aos profissionais de comunicação: espera-se que produzam para três ou quatro meios diferentes, que escrevam belas prosas para o jornal, realizem vivos para a TV, e sejam entrevistados pela rádio do grupo.
A cereja no topo do cheesecake é, está bem de ver, a produção de peças web originais. Tudo isto, dada a rapidez do processo, com muito menos controlo editorial que quando o trabalho do jornal”.
As críticas a este tipo de jornalistas “polivalentes” alertam também para o risco sobre a garantia de competência destes profissionais nos diversos domínios a que são chamados a trabalhar. Para Gradim:
“Aos jornalistas que produzem peças para múltiplos suportes sobra menos tempo para dedicar à investigação e verificação dos factos; e para a necessidade de não afrouxar os padrões de qualidade na reportagem multimédia, sob a pena de perda de credibilidade e subsequente rejeição por parte do público”. (GRADIM, 2002).
Um bom resumo das características do jornalista online é apresentado por Lizy
Zamora. A autora apresenta uma versão de jornalista online com uma tónica acentuada nas características específicas destes profissionais:
“O jornalista não deve ser o profissional de um só meio de comunicação; deve adiantar-se às necessidades da audiência, explorando os fóruns de discussão, o chat e as possibilidades do correio eletrónico para satisfazer esta procura; será um especialista nas novas tecnologias, deverá contar com suficientes critérios para apurar a veracidade das informações que obtenha na rede; a interatividade do jornalista será outra fonte de informação; deverá ter uma grande habilidade, inteligência e capacidade de seleção, para procurar e encontrar a informação de que necessita; terá de fortalecer os princípios éticos e deontológicos; conforme os factos vão acontecendo, resumirá à audiência o mais importante do momento; deverá ter uma maior preparação tanto em ciências da Informação como em cultura geral” (ZAMORA, cit. em AROSO, 2003).
Sabemos no entanto que a digitalização do jornalismo já é uma realidade sem retorno, mas o novo perfil dos profissionais ainda é uma matéria em permanente construção. Há quem se atreva a dizer que não será possível definir um perfil definitivo, a fluidez da comunicação não o vai permitir. As exigências aos novos profissionais serão contínuas. Vivemos um tempo em que os profissionais se inserem num laboratório de mudança.
Deuze (1999) lembra que em ciberjornalismo escrever não se resume a redigir texto, mas antes a explorar todos os formatos possíveis a ser utilizados numa estória de modo a permitir a exploração da característica-chave do novo médium: a convergência. As possibilidades narrativas permitidas pela convergência multimédia requerem, consequentemente, o planeamento das estórias através da elaboração de um guião (storyboard), encarado como essencial no processo de escrita não-linear. A aplicação do storyboarding no planeamento de uma estória online poderá, dependendo das práticas e exigências de cada media online, caber ao próprio jornalista.
Num trabalho considerado por muitos como pioneiro Brandão (1999) mostra como a introdução do conceito de “turbina de informação” alterou a produção noticiosa e o próprio conceito de notícia, que fica agora submetida à produção em fluxo contínuo. Para este autor a produção em tempo real obrigou a aperfeiçoar as rotinas dos jornalistas. Rotinas que agora passam sempre pela Rede.
Longe vão os tempos em que um jornalista era reconhecido pela sua ferramenta de trabalho. Salaverría (2005) recorda que não vai há muito tempo que um jornalista que tem como ferramenta de trabalho uma máquina de escrever era um redator. Quem tirava imagens fotográficas ou vídeo era repórter de imagem. E quem se sentava para relatar notícias diante de um microfone era locutor. Hoje, esses perfis são ainda reconhecidos nas redações, mas um novo tipo de jornalista está a emergir. É polivalente porque tão depressa escreve, como tira fotografias, grava sons e edita imagens.
Para John Pavlik (2001), o ciberjornalista deve ser capaz de perceber as capacidades e a estética dos novos media, o que inclui o entendimento da natureza interativa dos media digitais em rede e a aprendizagem de novas maneiras, não lineares ou multilineares, de narrativa jornalística. Por isso, o ciberjornalista deve ser, na formulação do autor, cross-media-trained, ou seja, a sua formação específica deverá orientar-se para o domínio cruzado, abrangente e conjugado dos diferentes media.
Para Murad (2000) com o advento da internet a lista de atributos do profissional sofreu acréscimos consideráveis, mas o jornalista continua a ter que lidar em primeiro lugar com a palavra:
"... a palavra manter-se-á como nossa ferramenta de trabalho. Por mais que venham tecnologias e se consigam modificar os suportes com os quais trabalhamos, nossa relação com a palavra, com os fatos, com as opiniões, enfim, a necessidade de entender o mundo – e passar isso para o leitor – permanecerá”. (MURAD, 2000)
Nelson (2002) preocupa-se com a possibilidade de o recrutamento de repórteres multimédia vir a produzir uma classe asséptica, que domine múltiplos talentos, nenhum em profundidade. Que nas futuras linhas de recrutamento um sorriso pepsodent e boa fotogenia dominarão sobre todos os outros valores. No futuro vê trends de uniformização e nivelamento por um mínimo denominador comum: polivalência ao invés de excelência. Esse é o seu caso. Brilhante jornalista de imprensa, mas muito, muito feio. Sem traços de fotogenia. Nas redações convergidas do futuro, talvez já não tivesse acesso à profissão.
Tompkins, (2001) por sua vez, chama a atenção para as necessidades de formação acrescidas que a convergência representa; para o facto de aos jornalistas que produzem peças para múltiplos suportes sobrar menos tempo para dedicar à investigação e verificação dos factos; e para a necessidade de não afrouxar os padrões de qualidade na
reportagem multimédia, sob pena de perda de credibilidade e subsequente rejeição por parte do público.
Capitulo II
Metodologia
1. Metodologia
Nesta etapa explicar-se-á as opções metodológicas utilizadas para a realização deste trabalho bem como os sujeitos de estudo e as técnicas e instrumentos de análise usados para a recolha e tratamento da informação.
Este trabalho pressupõe três objetos de estudo, no caso o “Jornal de Notícias”, a “TSF” e a “TVI24” e pretende contribuir para o estudo relativo ao funcionamento das redações online.
A pergunta de investigação que orienta a base deste trabalho é:
( Qual o grau de autonomia das redações online face às redações tradicionais
Para esta investigação foi efetuado o cruzamento de algumas informações através da realização de entrevistas com os principais responsáveis pelas três edições online sobre as quais incide este estudo e ainda os resultados do inquérito distribuído aos ciberjornalistas. Através do método qualitativo pretendemos interpretar o conjunto das informações recolhidas a partir do inquérito, que foi distribuído aos profissionais que trabalham nas edições online do JN, da TSF e da TVI24.
O estudo tem assim um total de 17 respondentes. Considerando que o número de jornalistas que exercem funções editoriais no online é ainda reduzido, as respostas obtidas já permitem conhecer a tendência do nível de autonomia das redações online e daí tirar algumas conclusões.
A ferramenta escolhida para o tratamento de dados estatísticos foi a utilização de tabelas e gráficos através do Google Docs e do programa informático Excel.
Neste estudo foram assim realizadas entrevistas de contexto que permitem conhecer os objetivos e a identidade das empresas em análise e também, identificar com mais pormenor as rotinas de trabalho dos profissionais. A principal vantagem desta estratégia assenta na possibilidade de obter informações que dificilmente seriam identificadas
através de outro método. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas que possibilitam algum controle sobre as respostas do entrevistado, mas que, ao mesmo tempo abrem espaço à liberdade de respostas do entrevistado.
Finalmente, para tornar mais eficazes os resultados da investigação foi aplicado um questionário fechado aos profissionais implicados no objeto de estudo.
A 20 de fevereiro de 2012 foi enviado o primeiro email a lançar o convite aos profissionais envolvidos a responderem a um questionário disponibilizado no Google Docs. O questionário continha 19 perguntas que faziam incidir sobre níveis de formação dos profissionais; enquadramento do jornalista na hierarquia da empresa; níveis de formação em ciberjornalismo; rotinas de trabalho, etc.
Durante um mês foram enviados mais dois emails, reforçando o pedido de participação neste inquérito. A 30 de março de 2012 o documento foi encerrado. O estudo conseguiu obter 19 respostas. O universo inicial e que serviu de ponto de partida era de 27 profissionais para os 3 órgãos de comunicação social em análise. Tendo em conta que este inquérito se destinava, em exclusivo, a profissionais que desempenham funções preferencialmente nas edições online, conseguimos uma taxa de retorno bastante confortável e níveis de participação que rondam os 70%.
Capitulo III
Apresentação de Resultados
1. As Entrevistas
Como afirmamos anteriormente, este estudo apoiou-se, para além do inquérito, no depoimento dos três responsáveis pela edição online dos três órgãos de informação em análise. Assim, foram feitas entrevistas a João Paulo Meneses, editor do site da TSF, Alfredo Leite, diretor-adjunto do JN e responsável pela página online do jornal, e Filipe Caetano, editor do site da TVI24. Foram enviados os pedidos de entrevista, que foram prontamente concedidos pelos respetivos responsáveis. No caso do JN e da TSF as entrevistas foram feitas nas instalações das empresas. No caso da TVI24 e porque os serviços funcionam em Lisboa, a entrevista a Filipe Caetano foi concedida por escrito. O principal objetivo desta iniciativa era o de tentar perceber, junto dos responsáveis destes três meios qual era a sua sensibilidade sobre o grau de autonomia das redações online face à edição tradicional.
1.1 O caso JN
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Figura 1 – Edição online do JN (24 fev 2012)
O ano de 1995 marca o início da fase online do generalista Jornal de Notícias, a 26 de julho mais propriamente, arrancam as edições online, tornando-se deste modo o primeiro diário de informação geral a atualizar, diariamente, a informação na sua edição online. Inicialmente dois jornalistas foram destacados para esta tarefa. Faziam-no com caráter de exclusividade para o digital. Foram escolhidos porque era conhecida a sua familiaridade com o mundo dos computadores. Na época, o seu trabalho estava sob a alçada do director-adjunto do jornal e a chefia de redação não tinha qualquer interferência no seu trabalho quotidiano. Os dois jornalistas permaneciam no espaço físico da redação mas integrados numa equipa multidisciplinar que se foi consolidando ao longo do tempo. Numa fase inicial o trabalho dos jornalistas assumia quatro vertentes distintas: a interatividade com os leitores, a edição de notícias, a gestão da participação dos leitores em fóruns de discussão e a transposição de conteúdos do papel para o digital. As primeiras edições online do JN eram um repositório de informações vocacionadas para o formato papel e que não exigia aos jornalistas uma produção multimédia e com linguagem apropriada ao formato digital. O online era encarado como um apêndice do jornal. Havia claramente um jornal em formato papel e o online, este último, visto quase como mais uma secção do jornal e não com uma vocação autónoma e muito própria.
Volvidos 17 anos a realidade é bem diferente. A aposta no online foi-se consolidando e os últimos 12 anos revelam alterações profundas. Numa primeira fase o desenho do online do jornal era feito tendo em conta que a redação digital seria distinta da redação do papel. Numa entrevista concedida a 24 de janeiro de 2012, Alfredo Leite, diretor-adjunto do JN, revelava-nos que 2012 era o ano da verdadeira integração das duas redações. Aliás, no final de janeiro de 2012 o JN mudava o território daquela que foi sempre a redação JN e iniciava uma nova rotina de redação integrada. Quando realizamos esta entrevista, os jornalistas trabalhavam na nova redação há apenas cinco dias. As alterações eram mais do que evidentes. O espaço aberto permitia que a comunicação fluísse de uma outra forma. “ Antes para comunicar entre as várias secções era preciso usar o telefone, hoje, basta olhar para o lado”, sustenta o diretor –adjunto. Todos os jornalistas ocupam, desde janeiro de 2012, o mesmo espaço. A redação atual é composta por uma mesa central com vários monitores de televisão e onde se posiciona estrategicamente o online do jornal. Todos os responsáveis máximos da edição se encontram agrupados e a geografia da redação vai crescendo a partir daqui. Um primeiro nível de chefias com diretores, chefes de redação, editores e depois redatores. Mais afastados deste núcleo estratégico ficam as áreas menos relevantes de produção, como por exemplo a Agenda e o Departamento de Multimédia.
Mas, todo o processo que conduziu a esta nova realidade geográfica do jornal foi gradual. A partir de 2008 foi dado o grande impulso. Iniciou-se o que Alfredo Leite considera “ uma caminhada para a total integração”. Em 2009 foi realizada uma acção de formação, que incluiu todos os profissionais, em backoffice. A partir daqui tornou-se possível abrir caminho para a integração plena. Nesta altura no JN todos os jornalistas escrevem para a edição de papel, mas também para o online. Não é possível fazer uma grande distinção entre uns e outros. “ A integração é de tal forma que os jornalistas, por exemplo os de desporto, quando acompanham as equipas portuguesas no estrangeiro, escrevem para o online e interagem através do Twitter”, sublinhou Alfredo Leite. Nesta altura há poucas pessoas alocadas ao online em regime de exclusividade. Em permanente atenção à edição online está um jornalista entre as 7 da manhã e a meia-noite. Este profissional é também responsável por colocar na página, todas as notícias que os jornalistas do terreno vão deixando no backoffice . Há ainda um profissional responsável pelas matérias das redes sociais. A chamada multiplataforma tem apenas 12 pessoas, essas trabalham apenas para o digital mas incluem os técnicos de áudio, vídeo e software. A produção noticiosa da página é da responsabilidade, em grande parte, da redação, que trabalha de forma integrada. As barreiras iniciais foram sendo, sucessivamente, ultrapassadas. A formação inicial deu um contributo importante. Todos os profissionais foram dotados das ferramentas indispensáveis para passarem a jornalistas multimédia. Actualmente o corpo redatorial do JN já tem consciência da necessidade de libertar as noticias, primeiro para o online e depois para a edição de papel. Só em casos muito excecionais é que a notícia fica “presa” para a edição papel. Isto não significa, assegurou Alfredo leite, que o que se lê no online vai ser o mesmo que vai ser publicado na edição impressa. Os jornalistas têm a plena consciência que o JN é um jornal e que o negócio nuclear é o papel. O que fazem é, uma notícia com características multimédia para a página e uma outra, mais completa, para a edição do dia seguinte.
É certo que o JN passa, tal como toda a Imprensa, por um momento difícil. Mas a administração assumiu que 2012 seria o ano de aposta noutras plataformas e não ficar refém do papel. Alfredo Leite assume que é estratégico: “ Ou investes ou ficas irremediavelmente para trás”. O atual diretor adjunto considera que é difícil de prever o futuro das plataformas digitais, tanto mais que ainda está por descobrir um verdadeiro modelo de negócio. De qualquer forma, acredita que ficar preso ao papel é dar um tiro no pé. É a pensar nisso mesmo que o futuro do JN passa pelo lançamento de um canal de vídeo. O objetivo é arranjar um canal de divulgação de toda a produção multimédia do jornal.
1.2 O caso TSF
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Fig. 2 – Página online da TSF de 24 de fev de
Como referimos anteriormente, o mês de setembro de 1996 marca o início da TSF Online. O projeto começou em Abril do mesmo ano com uma página provisória, mas, a verdadeira rádio online só é assumida meses mais tarde com a disponibilização de um menu que permitia ligações a diversas rubricas: crónicas, magazines, jornais especiais, reportagens, imagens, ficha técnica e várias utilidades. Foi nesse ano que também a plataforma digital assumia o lema “A rádio em direto”, que permitia ao utilizador ouvir os noticiários da estação através do computador.
Apesar de cedo se posicionar no online a TSF nunca chegou a assumir a plataforma digital como uma verdadeira opção e um real investimento. Ainda hoje a página serve apenas de eco daquilo que vai à antena. Faz-se apenas a reprodução das notícias e dos programas do éter. Esta é uma estratégia assumida, a página é encarada como mais uma plataforma de reprodução de conteúdos da rádio. Apenas isso. A regra número um é amplificar o que vai à antena.
Actualmente a equipa funciona com 7 pessoas. Um editor e 6 jornalistas, praticamente a mesma com que começou. Em setembro de 2011 o jornalista João Paulo Meneses assumiu a coordenação da plataforma digital da TSF. Uma função muito recente mas para a qual já tem alguns projetos. Numa entrevista concedida em janeiro de 2012 este profissional confessava-nos que desde o início que o online foi olhado com alguma desconfiança pela administração: “ O site nunca foi uma prioridade no sentido que durante muitos anos se limitou a ser a amplificação do que tinha a rádio, ou seja, era, até há bem pouco tempo, encarado como mais um meio de reprodução do que já ia à rádio”. Na TSF, ainda hoje, não se pode falar de aposta no online. A equipa é a mesma há vários anos, funciona com os mesmos meios e com os mesmos objetivos iniciais. À semelhança do que acontece noutros órgãos de comunicação social a TSF online sofre as consequências do conflito de gerações. Os jornalistas seniores têm dificuldade em trabalhar nas plataformas digitais. “ É muito difícil convencer os profissionais de rádio a fazer uma peça escrita e a inserir uma fotografia, rádio é som e é com sons que estes profissionais sabem trabalhar”, admite João Paulo Meneses.
Outro entrave é a falta de receita. Ainda hoje o online da TSF não tem retorno financeiro suficiente para cobrir as despesas. “ A administração sistematicamente refere que a receita não chega para pagar aos 7 profissionais”, sustenta João Paulo Meneses.
Em 2011 o site teve, ao longo do ano, uma média de 5 milhões de page views, o editor da TSF Online considera um valor razoável para o investimento que a empresa faz no digital no entanto: “ Para uma rádio de informação devia ser mais, mas por outro lado, face à falta de investimento podemos considerar este número muito positivo”.
2012 pode ser um ano de mudança na plataforma digital da TSF. O actual editor assume que quer pôr em prática algumas mudanças: “Neste meu trabalho como editor do online já consegui mudar alguma coisa. Estou cá há apenas 3 meses, é pouco tempo, mas já foram dados alguns passos. Consegui, para já, que os jornalistas do desporto fizessem formação e eles, sozinhos, já começam a publicar as suas próprias notícias. Consegui que puséssemos mais vídeos e mais fotos. Produzimos agora entre 3 e 4 galerias de fotos por semana, uma realidade muito recente”.
Apesar de o site não utilizar convenientemente as potencialidades da internet, os jornalistas que produzem a página têm competência multimédia. Foram contratados unicamente para executar esta função. Não há casos de reaproveitamento de jornalistas da redação tradicional, à excepção do editor, que desempenhava funções na redação do Porto da TSF.
Quanto ao futuro do online em Portugal, o editor da TSF Online não está muito otimista. Considera que ainda passou pouco tempo e não há o distanciamento necessário para fazer uma avaliação descomprometida. Contudo, sustenta que vê o futuro com muitas reservas, enquanto a atitude passiva do online se manter. “ Enquanto o online não sair para a rua, não fizer reportagem, não tiver conteúdos próprios, não vamos evoluir. Será sempre um tipo de jornalismo manco”, defendeu.
Ainda assim João Paulo Meneses reconhece que pode ganhar espaço próprio no meio audiovisual. “ Tem características para ser um meio diferente dos outros. Tem potencialidades para se afirmar sozinho”, argumentou. Para este profissional será necessário pelo menos mais uma década para definir caminhos. O online continua à procura do modelo de negócio, do modelo de produção e do modelo de consumo. João Paulo Meneses assume por isso esta confidência: “ Nós jornalistas vivemos uma inquietude”.
1.3 O caso TVI24
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Fig 3 – Página online da TVI24 de 24 de fev de 2012
O site tvi24.pt é considerado a porta de entrada de toda a informação da TVI. Inclusivamente, os conteúdos informativos constantes em tvi.pt são os fornecidos pelo tvi24.pt, por isso é considerado um elemento fundamental para a informação da TVI. Como disse recentemente o diretor, José Alberto Carvalho, a TVI pretende estar em todas as plataformas ao mesmo tempo e neste momento, com a produção do site tvi24.pt a informação da TVI está não só no site, como no iPad, iPhone, telemóveis Android e Windows Phone (com aplicações da TVI e da TVI24), para além das redes sociais twitter e Facebook.
Na MediaCapital a aposta no digital tornou-se fundamental desde 2000/01, com o surgimento do portal IOL e jornais como o Maisfutebol, PortugalDiário e Agência Financeira. Na mesma altura surgiu o site da TVI. Ao longo dos anos percebeu-se que seria melhor unir esforços para responder de forma mais eficaz ao mercado. Nos últimos três anos os sites Maisfutebol e Agência Financeira passaram a fornecer os conteúdos de Desporto e Economia ao site tvi24.pt. Os sites IOL Música e IOL Cinema foram integrados no tvi24.pt. A editoria Celebridades é composta por
conteúdos fornecidos pelo site Lux.pt. Entretanto, o site tvi.pt foi revitalizado, para poder fornecer mais conteúdos vídeo. Aliás, o vídeo é um dos elementos mais diferenciadores em relação à concorrência e neste aspeto tem vindo a ser um desafio ao qual pretendem dar muita atenção.
Em entrevista concedida em março de 2012, Filipe Caetano, editor do site, refere que o online sempre foi um processo em constante evolução: “ É essencial continuar a apostar e até reforçar a aposta multimédia, com presença em todas as plataformas”. É neste sentido que estão a ser desenvolvidas parcerias com empresas que comercializam as Smart TV’s, que já apresentam conteúdos fornecidos pela informação da TVI.” É algo absolutamente pacífico e assimilado pela grande maioria da redação”, refere Filipe Caetano.
Esta aposta no online foi acompanhada por um esforço financeiro significativo. Ainda assim, Filipe Caetano sublinha que muito se deveu a um esforço partilhado por todos. “A crise levou-nos a rentabilizar recursos e a não deixar crescer as equipas. Ou seja, se olharmos para trás hoje fazemos todos muito mais do que no passado. A aposta no online foi muito forte numa altura em que foi preciso lançar as marcas (2000/01) e depois foi preciso ajustar orçamentos, apesar do retorno publicitário ser crescente”, defendeu. A redação online do tvi24.pt foi transformada, desde janeiro de 2012, em equipa “Breaking News”, da redacção de informação da TVI. Para além de ser produzido o conteúdo para o site, esse mesmo conteúdo é muitas vezes transformado em peças televisivas para a TVI ou TVI24, para além de também ser a mesma equipa responsável pelo ticker (notícias que surgem em rodapé). Sendo assim, num dia normal de semana, a primeira pessoa começa a trabalhar às 7h da manhã e a última sai à 1h30. Ao fim-de-semana existe um ligeiro ajustamento para as 9h à 1h. Existem dois coordenadores (um por turno) para fazer a ligação com as regies e outros editores; dois editores (um por turno) para tomar as decisões imediatas quanto ao site e fazer ponte entre coordenadores e restante redação online; dois apoios aos editores (um por turno), que ficam atentos às agências e outros sites; duas pessoas de apoio (um por turno) direto a notícias de última hora para a TV; duas pessoas a fazer ticker (um por turno). Dependendo das folgas e férias, pode haver uma pessoa livre para fazer reportagem no exterior e/ou notícias exclusivas. Há uma equipa de profissionais que praticamente só trabalham na equipa Breaking
News (para além das pessoas que fornecem conteúdos de desporto e que trabalham no site Maisfutebol e os de economia da Agência Financeira).
Todos os profissionais do online estão inseridos na redação da TVI. Aliás, encontram-se mesmo no centro da redação. Existe uma partilha completa de conteúdos. Em termos de autonomia, Filipe Caetano refere que: “A autonomia era maior antes de ser equipa “Breaking News”. Neste momento temos autonomia para reagir a notícias de última hora e produzir conteúdos para o site e outras plataformas”.
O trabalho do quotidiano é feito com pouco recurso à reportagem. Desde que estes profissionais estão a produzir conteúdos de “última hora”, a reportagem passou a ser uma realidade pouco frequente. Antes, a presença no exterior era bem mais evidente. Na cobertura das últimas Eleições Legislativas, o online da TVI24 chegou a ter cinco repórteres a cobrir as duas semanas de campanha, produzindo conteúdo exclusivo para o online. Nesta altura as agências vieram ocupar muito espaço, é notória e assumida pela direção de informação, a influência das informações veiculadas pela agência Lusa, para assuntos nacionais e da Reuters, para os temas internacionais.
No seio da empresa a adaptação ao online foi passando por vários momentos. Nem sempre foi pacífica. “Os mais velhos têm sabido responder com a experiência e memória, cada vez mais necessárias numa sociedade centrada no imediato. Já não estamos no tempo de transição para o digital. Essa é já uma realidade e todos já tiveram a oportunidade de fazer essa transição. Os mais velhos, na minha perspetiva, podem não ter a agilidade para usar outras ferramentas, como os telemóveis, mas podem transportar o verdadeiro legado do jornalismo, centrado na qualidade, na ponderação e na distância da reflexão”, argumentou.
2. Os Resultados do inquérito
Na amostra recolhida através do inquérito (fig 4) verificamos que há um equilíbrio entre homens e mulheres no desempenho de funções na edição online de cada um dos meios em análise (50% de homens e 50% de mulheres).
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Fig 4 – Gráfico sobre Género
No que diz respeito às habilitações académicas (fig 5) verifica-se que a grande maioria dos profissionais inquiridos detém uma licenciatura (72%), ainda assim 11 % dos inquiridos detém apenas o 12º ano, a mesma percentagem (11%) verifica-se também relativamente aos profissionais com mestrado. Apenas 6 % dos jornalistas inquiridos detêm um doutoramento.
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Fig 5 – Gráfico sobre habilitações literárias
Como foi referido anteriormente, o inquérito foi distribuído via Google docs para todos os profissionais que desempenham funções editoriais nos três meios em análise. Foram obtidas (fig 6) 18 respostas, distribuídas da seguinte forma: 10 respostas de profissionais do JN e que totalizam 56%, 4 respostas da TSF e que perfazem 22 % e 4 respostas da TVI24 obtendo igualmente 22 %.
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Fig 6 – Distribuição das respostas pelos diferentes meios
Aos profissionais que acederam responder ao inquérito foi ainda pedido que determinassem com alguma precisão há quanto tempo desempenhavam funções na edição online de cada um dos meios. Os resultados (fig. 7) demonstram que estas redações dividem-se entre profissionais com mais anos de experiência e profissionais com menos anos de experiência neste tipo de funções. Os dados obtidos dizem que 28 % dos profissionais estão há mais de 10 anos no online mas, a mesma percentagem (28%) é atribuída para os jornalistas que desempenham funções no online entre os 2 e os 4 anos. 27% dos profissionais envolvidos no inquérito trabalham entre os 4 e os 6 anos no online e 11 % estão a apenas um ano ou menos. Com menor percentagem estão os profissionais entre os 6 e os 10 anos que obtêm apenas 6%.
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Fig 7 – Gráfico sobre tempo de trabalho no online
Através das respostas a este inquérito foi possível verificar (fig. 8) que 76% dos jornalistas estão na profissão há mais de 10 anos, 12 % entre os 6 e os 10 anos e também 12 % entre os 4 e os 6 anos.
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Fig 8
Apesar de alguns destes profissionais ainda não terem pelo menos uma década de carreira, certo é que uma grande maioria dos inquiridos admitiu estar em cargos de chefia nas redações online dos 3 meios em análise. 44% dos inquiridos (fig 9) exercem funções de editores, 28 % são repórteres, 28 % redatores e 6% diretores.
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Fig 9
Dos dados obtidos, podemos ainda concluir que estes profissionais estão a desempenhar funções no online não por opção mas por falta de outra alternativa (fig 10). 50% dos inquiridos admitiu que o ciberjornalismo foi uma opção de recurso e 20 % diz que foi mesmo a única opção. Do total de inquiridos, apenas 30 % afirma que o ciberjornalismo foi a primeira opção.
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Fig 10 – Gráfico sobre condições de acesso
Relativamente à formação na área do ciberjornalismo os dados recolhidos demonstram (fig 11) que 72% dos profissionais que responderam ao inquérito afirmam que nunca tiveram formação profissional para trabalhar no online. Por outro lado, 28 % dos inquiridos diz que teve formação nessa área.
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Fig11-Gráfico sobre formação
A formação profissional na área do ciberjornalismo é de resto assumida pelos inquiridos como um elemento fundamental no desempenho de funções (fig 12). 72% dos profissionais que participaram neste inquérito admite ser muito importante a formação específica nesta área e 28 % consideram-na importante. De sublinhar que nenhum dos inquiridos desvaloriza a necessidade de obter formação específica em ciberjornalismo.
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Fig 12 – Gráfico sobre a importância atribuída à formação em ciberjornalismo
Quando questionados sobre se o órgão de comunicação social para o qual trabalham promove formação profissional ao nível do online (fig 13), os resultados são claros: 62% dos inquiridos afirma que sim e 38% garantem que não.
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Fig 13 – Gráfico sobre a promoção de formação profissional
2.1 Resultados sobre rotinas de trabalho
Uma boa parte deste inquérito serviu para fazer uma caracterização das rotinas de trabalho dos jornalistas nas redações online. Pretendeu-se aferir em que medida estas rotinas demonstram, ou não, a autonomia do online face ao tradicional.
Quando questionados sobre a periodicidade com que estes profissionais produzem, em exclusivo, notícias para a edição online, 46% garantem que todos os dias estão disponíveis em exclusivo para o online e 18 % afirmam que o fazem entre três a quatro vezes por semana. Apenas 12 % dos inquiridos afirmam que nunca trabalham em regime de exclusividade e a mesma percentagem (12%) garantem que trabalham em regime de exclusividade duas a três vezes por semana e menos de duas vezes por semana.
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Fig 14- Periodicidade de produção em regime de exclusividade para o online
Apesar de a grande maioria destes profissionais revelarem que trabalham em regime de exclusividade para a edição online, o mesmo não significa que a produção noticiosa tenha esse caráter de exclusividade. Através do inquérito ficamos a saber que grande parte deles (62%) admite que utiliza, muito frequentemente, as notícias da Lusa ou de outras agências para a edição online. 13 % dos inquiridos garantem que é frequente a utilização de notícias provenientes das agências, a mesma percentagem dos inquiridos revela que nunca utiliza as notícias da Lusa ou de outras agências. O inquérito revela
ainda que 6% dos entrevistados admite utilizar algumas vezes estas informações e outros 6% admite que raramente o fazem.
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Fig 15 Gráfico sobre utilização de notícias das agências
Quando questionados sobre a frequência com que produzem notícias com base em declarações prestadas diretamente as opiniões estão mais divididas. Ainda assim, 34% dos inquiridos admite que raramente produz notícias através de declarações exclusivas, mas 24 % dos entrevistados admitem que é com alguma frequência que essa situação se verifica. Em contrapartida 18% admitem que nunca produzem notícias tendo por base declarações prestadas diretamente. 12 % dos inquiridos assumem que algumas vezes é possível publicar na edição online notícias com declarações exclusivas e a mesma percentagem (12%) garantem que isso acontece muito frequentemente.
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Fig 16 – Gráfico sobre produção noticiosa autónoma
A reportagem é um dos instrumentos mais valorizados em jornalismo, contudo, e de acordo com os dados obtidos, através deste inquérito apuramos que o que é publicado raramente é fruto de reportagem. Assim, 29 % dos inquiridos nunca, ou raramente, sai da redação em reportagem. 24% afirmam que saem em reportagem algumas vezes e apenas 18 % garantem que a saída em reportagem é muito frequente.
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Fig 17 – Gráfico sobre saídas em reportagem
Apesar de grande parte dos entrevistados terem admitido que trabalham em exclusivo para o online, verifica-se através dos dados obtidos que há de facto um clima de convergência entre as duas redações. 61% dos inquiridos admitem que o contacto com a redação tradicional é muito frequente e 33 % revelam que esse contacto é frequente. Apenas 6% dos entrevistados afirmam ser pouco frequente o contacto entre as duas redações.
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Fig 18 – Gráfico sobre contacto entre o online e a redação tradicional
Da mesma forma que o contacto entre as duas redações é frequente, também a partilha de informações segue o mesmo rumo. 61 % dos profissionais que acederam responder a este inquérito garantem que é frequente a partilha de informações entre a redação tradicional e a redação online e 28 % revelam que esta partilha é mesmo muito frequente. Apenas 11 % dos inquiridos admitem que poucas vezes partilham informações entre a redação tradicional e a redação online.
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Fig 19 - Gráfico sobre partilha de informações entre o online e a edição tradicional
À partilha de informações junta-se também a produção noticiosa. Os profissionais inquiridos admitem que, apesar de estarem destacados na edição online, não deixam de contribuir para a edição tradicional. Com efeito,78% destes jornalistas admitem que é frequente produzirem notícias, em simultâneo, para o online e para a edição tradicional. Apenas 22 % dos entrevistados afirmam o contrário.
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Fig 20 – Gráfico sobre frequência de produção noticiosa para os dois meios
Na rotina diária de produção noticiosa para a edição online há fatores que impedem os jornalistas de dedicarem mais tempo à produção de conteúdos exclusivos. Os resultados obtidos demonstram que 56 % dos jornalistas afirmam que a necessidade de atualização contínua da informação no online impede a produção de conteúdos próprios. 44 % destes profissionais inquiridos dizem que não.
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Fig 21 – Gráfico sobre produção autónoma de notícias
Questionados, em concreto, sobre o grau de autonomia do online em relação à redação tradicional as respostas não deixam dúvidas. 55% dos inquiridos revelam que as redações online gozam de alguma autonomia em relação à redação do meio tradicional e 33 % admitem mesmo que essa autonomia é total. Apenas 6 % dos entrevistados afirmam que há pouca autonomia e a mesma percentagem de inquiridos revelam que não há autonomia.
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Fig 22 – Gráfico sobre grau de autonomia entre a redação online e a redação tradicional
3. Conclusões
O ciberjornalismo português leva já quase duas décadas de história mas o impasse instalado parece aguardar melhores momentos para ficar resolvido. As dificuldades permanecem as mesmas e, nos últimos anos, as empresas de comunicação social têm enfrentado sérios problemas financeiros, pelo que o investimento não acontece. A ausência de um modelo de negócio rentável e a grave crise económica e financeira são argumentos que parecem justificar a estagnação. O ritmo de evolução do jornalismo online permanece lento, mesmo sendo consensual que a vantagem multimédia que a internet permite é algo a que nenhum grupo de media devia ficar alheio.
Este trabalho pretendeu, humildemente, tentar perceber de que forma as redações do Jornal de Notícias, da TSF e da TVI24 olhavam para as redações online das suas empresas. Queríamos aproximar-nos de uma resposta sobre o grau de autonomia das redações online face ao meio tradicional e qual era a influência das agências de notícias em toda a produção noticiosa do online. A dúvida assaltava-nos sobre se havia produção própria de conteúdos ou se pelo contrário as redações online eram dependentes das agências noticiosas. À medida que os inquéritos foram chegando desenhava-se a principal conclusão: as redações online caminham no sentido da autonomia face às redações do meio tradicional. Uma boa parte das respostas foram no sentido em que admitem alguma autonomia (55%) e em que a autonomia é total (33%). Os profissionais admitem que todos os dias estão disponíveis, quase em exclusivo para o online e que embora haja partilha de informações o trabalho do online é encarado de forma mais autónoma e com rotinas distintas da redação tradicional. Deste estudo podemos ainda concluir que esta autonomia nem sempre é assegurada por produção autónoma de notícias. 78% dos inquiridos confirmaram que produzem notícias em simultâneo para a edição online e para a edição tradicional.
Mas se este regime de quase exclusividade e permanente atualização garante autonomia face à redação tradicional, o mesmo não acontece na relação com as agências de notícias. Os dados confirmaram a segunda hipótese levantada por este trabalho. A maioria dos ciberjornalistas (62%) admite que utiliza muito frequentemente a
informação divulgada pelas agências e que grande parte da informação publicada nos sites provém da Agência Lusa e das agências internacionais ( Reuters, France Press, etc).
A investigação, a procura de notícias e o contacto com as fontes está cada vez mais limitado. Os profissionais inquiridos revelaram que quase nunca o fazem. A falta de tempo e o número reduzido de profissionais nas redações online apresentaram-se como as principais razões que justificam este facto. Aliás, as redações online têm características comuns quanto à composição e organização das equipas. Por norma são equipas muito reduzidas, organizadas por turnos e sob a coordenação de um jornalista, que, nos casos em análise, nem sequer se trata de um jornalista sénior. Os profissionais dividem-se de forma equilibrada em jornalistas com mais anos de profissão e jovens profissionais, esses sim, com mais formação ao nível do multimédia, mas com pouca experiência profissional.
As rotinas profissionais subjacentes às redacções online do JN, da TSF e da TVI24 também se assemelham quanto às práticas, traduzindo uma relativa autonomia editorial face à redacção principal, sem prejuízo da complementaridade entre os dois tipos de edições noticiosas.
Uma questão problemática, e analisada ao longo deste trabalho, teve a ver com os desafios impostos pelas novas características do ciberjornalismo. Aos profissionais é exigido que dominem a combinação de textos, fotos, vídeos, áudios, animação e gráficos. É uma realidade que se tem vindo a instalar e que profissionais, novos e velhos, enfrentam. Vivemos um tempo em que é fundamental o domínio dos diversos suportes, mas a dúvida mantém-se sobre se esta exigência é diretamente proporcional ao aumento de qualidade da produção noticiosa das redações online.
Os resultados obtidos através do inquérito consolidam esta dúvida. A ausência de formação profissional é ainda uma realidade para 72 % dos inquiridos, a mesma percentagem de profissionais admitiu no inquérito que formação adequada era muito importante para o desempenho das suas funções.
Já em 2010, Bastos deixava um alerta sobre este assunto:
“Receia-se, por outro lado, que os ciberjornalistas possam tornar-se meros fornecedores de informação, entregues a tarefas rotineiras, trabalhando em redações reduzidas, nas quais se limitam, por vezes, a editar conteúdos elaborados por outros e de onde poucas vezes saem em serviço. As políticas de controlo de gastos, fomentadas por um
financiamento insuficiente resultante da falta de um modelo de negócio eficaz, travam a criação de conteúdos próprios para a internet e favorecem o shovelware. Boa parte das redações digitais encontra-se numa situação vulnerável em termos de sustentabilidade financeira, o que afeta as condições laborais e profissionais dos seus elementos” (Bastos, 2010,p204).
Este trabalho vem de certa forma confirmar estas afirmações. Em entrevistas efetuadas aos coordenadores dos três órgãos de comunicação social analisados as respostas alinhavam pelo mesmo. O ciberjornalismo em Portugal não vive da reportagem e do trabalho de investigação. O trabalho de secretária domina as rotinas destes profissionais que por falta de meios humanos, investimento e, em alguns casos, falta de formação adequada não permite um salto qualitativo que o online e as suas potencialidades exigem. A reportagem multimédia ainda é pouco frequente e em alguns casos completamente ausente. Uma consulta diária a estes sites valida estes comentários. Este género emergente de narrativa jornalística continua adiado.
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Apêndices
Anexo 1.
Inquérito enviado aos jornalistas da redações online do Jornal de Notícias. TSF e TVI24
Este inquérito foi criado no âmbito do Mestrado de Ciências da Comunicação e destina-se à recolha de elementos sobre o funcionamento das redacções online da TSF, RTP e Jornal de Notícias. As suas respostas são fundamentais para o sucesso deste estudo.
1. Sexo
Feminino □ Masculino □
2. Idade _____________
3. Habilitações Académicas
12º Ano □ Licenciatura □ Mestrado □ Doutoramento □
4. Há quanto tempo desempenha funções na redação online
Há 1 ano ou menos □
Entre 1 e 2 anos □
Entre 2 e 4 anos □
Entre 4 e 6 anos □
Entre 6 e 10 anos □
Há mais de 10 anos □
5. Há quanto tempo é jornalista
Há 1 ano ou menos □
Entre um e dois anos □
Entre 2 e 4 anos □
Entre 4 e 6 anos □
Entre 6 e 10 anos □
Há mais de 10 anos □
6. Cargo que ocupa na empresa
Director □ editor □ Repórter □ Redactor □
7. O ciberjornalismo foi:
A primeira opção □
Opção de recurso □
A única opção □
8. Teve formação específica em ciberjornalismo
Sim □ Não □
9. Qual é para si a importância atribuída à formação em ciberjornalismo
Muito importante □
Importante □
Pouco relevante □
Desnecessária □
10. O órgão de comunicação social para o qual trabalha promove formação ao nível do multimédia
Sim □ Não □
As Tarefas quotidianas
11. Redação própria de notícias
Todos os dias □
Três a quatro vezes por semana □
Duas a três vezes por semana
Menos de duas vezes por semana □
Nunca □
12. Adaptação de conteúdos provenientes das agências para o online
Todos os dias □
Três a quatro vezes por semana □
Duas a três vezes por semana
Menos de duas vezes por semana □
Nunca □
13. Contacto pessoal com as fontes
Todos os dias □
Três a quatro vezes por semana □
Duas a três vezes por semana
Menos de duas vezes por semana □
Nunca □
14. Saída da redação em reportagem
Todos os dias □
Três a quatro vezes por semana □
Duas a três vezes por semana
Menos de duas vezes por semana □
Nunca □
15. O contacto com a redação tradicional é:
Muito frequente □
Frequente □
Pouco Frequente □
Raro □
Nenhum □
16. Com que frequência há passagem de informações entre o meio tradicional e a redação online?
Todos os dias □
Três a quatro vezes por semana □
Duas a três vezes por semana □
Menos de duas vezes por semana □
Nunca □
17. É frequente os jornalistas produzirem notícias em simultâneo para a edição tradicional e online da empresa?
Sim □ Não □
18. A necessidade de atualização contínua da informação no online impede a produção própria de notícias?
Sim □ Não □
19. Qual é o grau de autonomia da redação online face ao meio tradicional
Goza de total autonomia □
Há alguma autonomia □
Há pouco autonomia □
Nenhuma □
Anexo 2
Quadros com a distribuição das percentagens obtidas a partir do inquérito
Género
|Feminino |50% |
|Masculino |50% |
Habilitações académicas
|Doutoramento |6 % |
|Licenciatura |72% |
|Mestrado |11 % |
|12º Ano |11% |
Órgão para o qual trabalha
|TSF |22% |
|JN |56% |
|TVI |22% |
Há quanto tempo trabalha na edição online
|Há 1 ano ou menos |11% |
|Entre 1 e 2 anos |0 % |
|Entre 2 e 4 anos |28% |
|Entre 4 e 6 anos |27% |
|Entre 6 e 10 anos |6 % |
|Há mais de 10 anos |28% |
Há quanto tempo é jornalista
|Há 1 ano ou menos |0 % |
|Entre 1 e 2 anos |12 % |
|Entre 2 e 4 anos |0 % |
|Entre 4 e 6 anos |76 % |
|Entre 6 e 10 anos |12 % |
|Há mais de 10 anos |0 % |
Cargo que ocupa na empresa
|Editor |44 % |
|Redator |28 % |
|Repórter |28 % |
|Diretor |6 % |
A opção pelo ciberjornalismo foi:
|A única opção |20 % |
|A opção de recurso |50 % |
|A primeira opção |30 % |
Teve formação específica em ciberjornalismo
|Não |28 % |
|Sim |72 % |
Qual é para si a importância atribuída à formação em ciberjornalismo
|Muito importante |72 % |
|Importante |28 % |
|Pouco relevante |0 % |
|Desnecessária |0 % |
A empresa para a qual trabalha promove formação ao nível do multimédia?
|Não |38 % |
|Sim |62 % |
Qual a periodicidade com que produz notícias, apenas, para a edição online
|Todos os dias |46 % |
|Menos de duas vezes por semana |12 % |
|Duas a três vezes por semana |12 % |
|Três a quatro vezes por semana |18 % |
|Nunca |12 % |
Com que frequência utiliza notícias das agências
|Muito frequentemente |62 % |
|Frequentemente |13 % |
|Algumas vezes |6 % |
|Raramente |6 % |
|Nunca |13 % |
Com que frequência produz notícias com base em declarações prestadas a si diretamente
|Muito frequentemente |12 % |
|Frequentemente |24 % |
|Algumas vezes |12 % |
|Raramente |34 % |
|Nunca |18 % |
Com que frequência sai da redação em reportagem
|Muito frequentemente |18 % |
|Frequentemente |0 % |
|Algumas vezes |24 % |
|Raramente |29 % |
|Nunca |29 % |
O contacto com a redação principal é:
|Frequente |33 % |
|Muito frequente |61 % |
|Pouco frequente |6 % |
|Raro |0 % |
|Nenhum |0 % |
Com que frequência há partilha de informações entre a redação tradicional e a redação online
|Muito frequentemente |28 % |
|Frequentemente |61 % |
|Poucas vezes |11 % |
|Raramente |0 % |
|Nunca |0 % |
É frequente os jornalistas produzirem notícias, em simultâneo, para o online e para a edição tradicional?
|Sim |78 % |
|Não |22 % |
A necessidade da atualização contínua da informação online impede a produção própria de notícias?
|Sim |56 % |
|Não |44 % |
Em termos de funcionamento, qual é o grau de autonomia da redação online face à redação do meio tradicional?
|Há alguma autonomia |55 % |
|Não há autonomia |6 % |
|Goza total autonomia |33 % |
|Há pouca autonomia |6 % |
Anexo 3
Respostas ao inquérito
|Sexo |Idade |Para qual destes órgãos de |Habilitações |Há quanto tempo desempenha |
| | |comunicação social trabalha |Académicas |funções na redação online |
|Masculino | |TSF |Doutoramento | Há 1 ano ou menos |
|Feminino |28 |TSF |Licenciatura |Entre 4 e 6 anos |
|Feminino |37 |TSF |Licenciatura |Há mais de 10 anos |
|Feminino |27 |TSF |Licenciatura | Entre 2 e 4 anos |
|Masculino |35 |JN |Licenciatura |Entre 4 e 6 anos |
|Masculino |33 |JN |Licenciatura | Entre 2 e 4 anos |
|Masculino |49 |JN |12º Ano |Entre 4 e 6 anos |
|Masculino |41 |JN |Mestrado |Entre 4 e 6 anos |
|Feminino |35 |JN |Licenciatura | Entre 2 e 4 anos |
|Feminino |35 |JN |Licenciatura |Há mais de 10 anos |
|Masculino |43 |JN |12º Ano |Entre 4 e 6 anos |
|Masculino | |JN |Licenciatura |Há mais de 10 anos |
|Feminino |36 |JN |Mestrado |Há mais de 10 anos |
|Masculino |33 |TVI |Licenciatura |Entre 6 e 10 anos |
|Masculino |37 |TVI |Licenciatura | Há 1 ano ou menos |
|Feminino |25 |TVI |Licenciatura | Entre 2 e 4 anos |
|Feminino |32 |JN |Licenciatura | Entre 2 e 4 anos |
|Feminino |44 |TVI |Licenciatura |Há mais de 10 anos |
|Há quanto tempo é jornalista |Função |O ciberjornalismo foi: |Teve formação específica em |
| | | |ciberjornalismo |
|Há mais de 10 anos |Editor | |Não |
|Entre 6 e 10 anos |Editor |A única opção |Não |
|Há mais de 10 anos |Redactor |A única opção |Não |
|Entre 4 e 6 anos |Editor |Opção de recurso |Não |
|Há mais de 10 anos |Repórter |A primeira opção |Sim |
|Entre 4 e 6 anos |Editor | |Sim |
|Há mais de 10 anos |Repórter |Opção de recurso |Não |
|Há mais de 10 anos |Director |Opção de recurso |Não |
|Há mais de 10 anos |Repórter | |Não |
|Há mais de 10 anos |Redactor |A primeira opção |Não |
|Há mais de 10 anos |Editor | |Não |
|Há mais de 10 anos |Editor | |Não |
|Há mais de 10 anos |Redactor | |Sim |
|Há mais de 10 anos |Editor |Opção de recurso |Não |
|Há mais de 10 anos |Editor | |Sim |
| |Repórter |A primeira opção |Sim |
|Entre 6 e 10 anos |Repórter | |Não |
|Há mais de 10 anos |Redactor |Opção de recurso |Não |
|Qual é para si a importância |O órgão de comunicação social para o qual|Qual a periodicidade com que produz notícias, |
|atribuída à formação em |trabalha promove formação ao nível do |apenas, para a edição online? |
|ciberjornalismo |multimédia | |
|Muito importante |Não |Três a quatro vezes por semana |
|Muito importante |Não |Todos os dias |
|Muito importante | | |
|Muito importante |Não |Todos os dias |
|Muito importante |Sim |Duas a três vezes por semana |
|Muito importante |Não |Todos os dias |
|Importante |Sim |Três a quatro vezes por semana |
|Muito importante |Sim |Nunca |
|Muito importante |Sim |Menos de duas vezes por semana |
|Importante |Sim |Todos os dias |
|Importante |Sim |Nunca |
|Muito importante | |Todos os dias |
|Muito importante |Sim |Menos de duas vezes por semana |
|Muito importante |Sim |Todos os dias |
|Importante |Sim |Três a quatro vezes por semana |
|Muito importante |Não |Todos os dias |
|Muito importante |Sim |Todos os dias |
|Importante |Não |Duas a três vezes por semana |
|Com que frequência utiliza as notícias da |Com que frequência produz notícias com base em |Com que frequência sai da redação |
|Lusa ou outras agências para a edição |declarações prestadas a si diretamente? |para reportagem? |
|online? | | |
|Muito frequentemente |Raramente |Nunca |
|Muito frequentemente |Nunca |Nunca |
| | | |
|Frequentemente |Raramente |Raramente |
|Algumas vezes |Algumas vezes |Muito frequentemente |
|Muito frequentemente |Frequentemente |Algumas vezes |
|Raramente |Muito frequentemente |Muito frequentemente |
|Nunca |Nunca |Algumas vezes |
| |Muito frequentemente |Muito frequentemente |
|Muito frequentemente |Algumas vezes |Raramente |
|Nunca |Raramente |Raramente |
|Muito frequentemente |Frequentemente |Algumas vezes |
|Muito frequentemente |Raramente |Nunca |
|Frequentemente |Frequentemente |Algumas vezes |
|Muito frequentemente |Frequentemente |Nunca |
|Muito frequentemente |Raramente |Raramente |
|Muito frequentemente |Raramente |Raramente |
|Muito frequentemente |Nunca |Nunca |
|O contacto com a redação |Com que frequência há partilha de |É frequente os jornalistas produzirem notícias, em |
|tradicional é: |informações entre o meio tradicional e a |simultâneo, para a edição tradicional e online da |
| |redação online? |empresa? |
|Frequente |Frequentemente |Sim |
|Muito frequente |Muito frequentemente |Não |
|Frequente |Frequentemente |Não |
|Muito frequente |Muito frequentemente |Não |
|Frequente |Frequentemente |Sim |
|Muito frequente |Frequentemente |Sim |
|Muito frequente |Frequentemente |Sim |
|Muito frequente |Frequentemente |Sim |
|Muito frequente |Poucas vezes |Sim |
|Frequente |Frequentemente |Sim |
|Muito frequente |Frequentemente |Sim |
|Frequente |Frequentemente |Sim |
|Frequente |Frequentemente |Sim |
|Muito frequente |Muito frequentemente |Sim |
|Muito frequente |Muito frequentemente |Sim |
|Muito frequente |Frequentemente |Não |
|Pouco Frequente |Poucas vezes |Sim |
|Muito frequente |Muito frequentemente |Sim |
|A necessidade de atualização contínua da informação |Em termos de funcionamento, qual é o grau de |
|no online impede a produção própria de notícias? |autonomia da redação online face à redação do meio|
| |tradicional? |
|Não |Há alguma autonomia |
|Sim |Não há autonomia |
|Sim |Há alguma autonomia |
|Sim |Há pouca autonomia |
|Não |Há alguma autonomia |
|Não |Há alguma autonomia |
|Não |Há alguma autonomia |
|Não |Goza de total autonomia |
|Sim |Goza de total autonomia |
|Sim |Goza de total autonomia |
|Não |Há alguma autonomia |
|Sim |Goza de total autonomia |
|Sim |Goza de total autonomia |
|Sim |Há alguma autonomia |
|Não |Goza de total autonomia |
|Não |Há alguma autonomia |
|Sim |Há alguma autonomia |
|Sim |Há alguma autonomia |
-----------------------
É frequente os jornalistas produzirem notícias, em simultâneo, para o online e para a edição tradicional?
78%
22%
Sim
Não
................
................
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