Programa #02 (2ª série) - RTP

Programa #02 (2? s?rie)

Registo em 18.Ago.08 ? 14:00 PPA em 20.Ago.08 ? 15:00 ANTENA 1 ? Estreia em 05.Set.08 ? 17:12 1?Repeti??o em 06.Set.08 ? A1 - 13:07

Com Viriato Teles Vozes de Isabel Bernardo e Alberto Ramos Grava??o de Nuno Isidro

S?rie especial "Vozes da R?dio" ? II: A R?dio nas antigas col?nias e o papel dos seus profissionais na R?dio em Portugal

GEN?RICO de Abertura

A ? Medley hist?rico

R?dio Clube da Hu?la, por Pereira Monteiro, e despedidas no R?dio Clube de Mo?ambique, por Manuela Arraiano.

00:42

00:25

web/MundoDaRadio Arquivo R?dio Mo?ambique

Base Musical

1 Para manter durante as locu??es

AR ? Nas ex-col?nias portuguesas de ?frica e em particular nas infind?veis dist?ncias geogr?ficas de Angola e Mo?ambique a R?dio desempenhava um papel decisivo na aproxima??o entre as pessoas e as comunidades. Ainda hoje, de resto.

IB ? Quem eram os grandes nomes que estavam ao microfone nos r?dio-clubes e nas emissoras oficiais de Angola, de Mo?ambique, de S. Tom? e Pr?ncipe? Que R?dio se fazia nos territ?rios ultramarinos, hoje pa?ses independentes? Que R?dio os profissionais de ent?o vieram encontrar na metr?pole? Qual o papel desses profissionais na R?dio que passou a fazer-se em Portugal, a partir de finais da d?cada de 1970?

AR ? Estas as principais perguntas para as quais o Provedor do Ouvinte, Adelino Gomes, procura resposta, neste segundo programa da s?rie dedicada ? opini?o de antigos profissionais sobre a R?dio que se faz em Portugal.

Provedor ? Para o programa de hoje, convidei seis figuras que sobressa?ram no panorama radiof?nico ultramarino e, posteriormente, na R?dio que se passou a fazer em Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Hoje encontram-se afastadas dos microfones, algumas j? h? bastantes anos, mas muitos ouvintes de l? e de c? v?o recordar-se certamente de todos ou de quase todos estes nomes: Carlos Brand?o Lucas, Em?dio Rangel e Maria Dinah (Angola); V?tor Nobre (S. Tom? e Pr?ncipe); e, de Mo?ambique, Ant?nio Lu?s Rafael e Manuela Arraiano, a senhora da voz fresca e jovem que

TEXTO GRAFADO COM INTEN??O DE LEITURA RADIOF?NICA.

Programa #02 (2? s?rie)

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ouvimos no in?cio deste programa a dar as boas-noites, durante anos, a milhares e milhares de ouvintes do ent?o R?dio Clube de Mo?ambique, hoje R?dio Mo?ambique. Fazia-o ? hora de fecho de emiss?o, que come?ava com o toque de sentido e terminava com o hino nacional.

B ? Manuela Arraiano

Excerto do documento original das despedidas do R?dio Clube de Mo?ambique (fade out lento)

00:14

Arquivo R?dio Mo?ambique

Base Musical

2 Para manter durante as locu??es

AR ? Voltaremos a ouvir mais dilatadamente no final do programa de hoje esta grava??o hist?rica, que nos foi enviada por R?dio Mo?ambique, a quem agradecemos.

IB ? A senhora desta voz, Manuela Arraiano, hoje octogen?ria, a residir em Bruxelas, vem daqui a pouco a esta antena, participar por telefone na evoca??o radiof?nica daquele tempo, com outra figura cimeira do R?dio Clube de Mo?ambique, Ant?nio Lu?s Rafael, cujo in?cio profissional remonta a finais da d?cada de 1940, em Lisboa.

C ? Ant?nio Lu?s Rafael

ALR ? O Henrique Mendes come?ou a fazer locu??o no mesmo dia em que eu comecei, na antiga R?dio Peninsular, na Rua Voz do Oper?rio. E havia l? um programa de um professor de Lingu?stica, que era o Professor Vasco Botelho do Amaral. E o programa chamava-se As Intransig?ncias do Senhor Caturra. E eu comecei a fazer umas pontas de locu??o nesse programa com o Henrique Mendes.

AG ? Estamos em que ano?

ALR ? Estamos em 1948, finais de 48, porque eu pouco mais fiz do que isso. Ainda fui ao Clube Radiof?nico de Portugal, onde estava tamb?m a dar os primeiros passos o Matos Maia, que eu conheci muito bem, e pronto, e depois a? acabou a minha aventura radiof?nica. O meu pai j? tinha estado anos antes em Mo?ambique e resolveu regressar. Deram-me a chance de concorrer ? R?dio Clube de Mo?ambique, ? primeira ainda n?o foi, mas entretanto abriu um outro concurso e eu concorri, fiquei em primeiro lugar. Entrei, e l? fiquei at? Outubro de 1975.

AG ? Grandes diferen?as entre essa R?dio que come?aste a fazer aqui e a R?dio que encontraste l? e que vieste a fazer l??

ALR ? O que eu fui encontrar foi um mundo novo e que considero superior, na altura, ao que se fazia na ent?o denominada metr?pole. Era superior a actualidade musical, era superior a qualidade dos est?dios, trabalh?vamos num edif?cio que foi constru?do de raiz para a esta??o da r?dio, as condi??es t?cnicas eram ?ptimas, o pessoal t?cnico era excelente, todo o material era sempre a ?ltima palavra, mal sa?a um microfone novo, um gira-discos novo e etc. Eram montados ? experi?ncia, depois eram capazes de alterar toda a

01:45

Ant?nio Lu?s Rafael Adelino Gomes

TEXTO GRAFADO COM INTEN??O DE LEITURA RADIOF?NICA

nomenclatura dos est?dios, etc., e a qualidade da programa??o era sobretudo exigente. Ali?s, nesse tempo a admiss?o na R?dio Clube Mo?ambique seguia o mesmo figurino da antiga Emissora Nacional: tinha prova de escrita, tinha prova de cultura geral, e s? depois de passar essas duas provas, curiosamente, ? que iam ver se a pessoa tinha uma boa voz, se tinha voz compat?vel para falar ao microfone.

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Base Musical

3 Para manter durante a locu??o

Provedor ? Nesta conversa, sobre a r?dio que se fazia em Mo?ambique nas d?cadas de 1950, 60 e 70 do s?culo passado, Ant?nio Lu?s Rafael evocou-nos um conjunto de grandes nomes, entre eles o de Manuel Arraiano, a quem nos apresentou por telefone e com quem lembrou tempos comuns da profiss?o.

D ? Ant?nio Lu?s Rafael e Manuela Arraiano

ALR ? A Manuela Arraiano, est?vamos em casa e sab?amos que ela estava a sorrir. Uma dic??o admir?vel, olha, era uma mulher que em qualquer esta??o de R?dio faria carreira, sem sequer d?vidas algumas. Muito culta, que, pronto, fez o trabalho que tinha que fazer at? ? descoloniza??o, ela era casada com um cidad?o italiano, depois da descoloniza??o, julgo que foram para It?lia, ele julgo que tamb?m faleceu, e julgo saber agora que ela vive na B?lgica. Creio que em Bruxelas.

AG ? Vamos ligar-lhe.

ALR ? Vamos ligar-lhe!

MA ? Sim?

AG ? Eu nunca a ouvi na R?dio, mas gostava, no fundo, que a senhora nos dissesse, aqui em conversa com o Ant?nio Rafael, que mem?rias guarda dessa R?dio que fazia em Mo?ambique.

MA ? Olhe, muito boas. N?s t?nhamos poucos recursos. Eu estive na BBC, e vi o trabalho da BBC, e at? me vieram as l?grimas aos olhos. Porque n?s faz?amos [o] Teatro em Sua Casa com pouqu?ssimos recursos, e a BBC tinha tudo pronto, tudo preparado, todos os truques j? preparados, e tinham mestres na recita??o, que eram actores c?lebres. E n?s com o nosso modesto contributo l? faz?amos um teatro que n?o foi mau. Ficou na mem?ria de todos o Teatro em Sua Casa.

ALR ? N?s t?nhamos um est?dio para teatro, que estava ao lado da cabine onde se faziam as emiss?es do programa C, que era um est?dio equipado com diversos materiais para poder fazer teatro: t?nhamos piso de areia, piso de terra, portas a abrir e a fechar, campainhas... Lembras-te?

MA ? Sim lembro, mas era muito modesto, em compara??o com o que tem a BBC.

ALR ? Ah claro, mas t?nhamos em compensa??o um grande edif?cio, que era muito bonito e foi feito da raiz para r?dio, n?o era uma casa alugada.

MA ? Pois era.

01:55

Ant?nio Lu?s Rafael Adelino Gomes

Manuela Arraiano

Base Musical

4 Para manter durante a locu??o

TEXTO GRAFADO COM INTEN??O DE LEITURA RADIOF?NICA

Programa #02 (2? s?rie) 4

AR ? Manuela Arraiano, em conversa com o seu antigo companheiro radiof?nico Ant?nio Lu?s Rafael e com Adelino Gomes

Cortina (Em Nome do Ouvinte, o Programa do Provedor do Ouvinte...)

00:05

Base Musical

5 Para manter durante as locu??es

IB ? Antes de come?ar a responder directamente no "ar" aos ouvintes, o novo provedor da RDP, Adelino Gomes, dedica uma s?rie de quatro programas especiais ao modo como 21 de figuras da R?dio ouvem e acompanham programas e notici?rios da R?dio P?blica que se faz hoje em Portugal. Hoje, seis delas evocam a R?dio que faziam em Mo?ambique, em Angola (dentro de alguns minutos) e em S. Tom? e Pr?ncipe, j? a seguir.

AR - V?tor Nobre foi durante uma d?cada locutor, apresentador e entrevistador no R?dio Clube de S?o Tom? e Pr?ncipe, uma esta??o privada que emitia apenas em Onda M?dia, mas cujo raio de ac??o n?o atingia o Pr?ncipe.

IB - Em conversa com o Provedor do Ouvinte, Adelino Gomes, o antigo locutor do emissor regional recorda os momentos em que a modorra colonial radiof?nica do pequeno arquip?lago foi acordada pelas guerras do Biafra e dos Seis Dias e pela deporta??o de M?rio Soares, cuja filha Isabel passou a dada altura a acorrer diariamente aos est?dios, ? hora do notici?rio.

E ? V?tor Nobre

VN ? A informa??o... Havia o problema das fontes. Mas havia uma fonte que era sagrada, que eram os notici?rios da Emissora Nacional que n?s grav?vamos...

AG ? Eram transmitidos todos l??

VN ? N?o. Grav?vamos, pass?vamos ao papel ? porque quem fazia os notici?rios ?ramos n?s, os locutores. Copi?vamos da grava??o ? com uma maquineta da Phillips que, ainda me lembro, tinha uns pedais tipo acelerador, trav?o ? e n?s pass?vamos, ?s vezes arranj?vamos... A Guerra dos Seis Dias: eu lembro-me, eu e o Raul Cardoso, que ainda est? por a? vivo, n?s durante 6 dias ouv?amos os notici?rios. S? n?o pod?amos era ouvir nem a r?dio Moscovo nem a r?dio Pequim...

AG ? E a guerra do Biafra que tinha sido antes e a que S?o Tom? estava de algum modo ligada?

VN ? Tabu! Tabu, n?o se podia falar! Como n?o se podia falar da presen?a de M?rio Soares quando esteve exilado na mesma altura...

AG ? Voc?s eram fonte de informa??o do Dr. M?rio Soares.

VN ? Sim, de certa maneira.

AG ? Como?

02:07

V?tor Nobre Adelino Gomes

TEXTO GRAFADO COM INTEN??O DE LEITURA RADIOF?NICA

VN ? Nomeadamente, sobre o estado de sa?de do Professor Salazar. ?O Professor Salazar continua apir?tico, n?o-sei-qu?, tem melhoras, n?o tem melhoras, e tal...? E a gente lia aquele comunicado. A seguir entrava a filha do M?rio Soares, depois do notici?rio, e vinha o cont?nuo l? da r?dio ? Minamal?, era assim que se chamava: ?Si? Nobre, est? ali a filha do M?rio Soares!?, ?Mande entrar.? Ela entrava para a cabine onde eu estava, que era um est?dio auto-operado, dava-lhe folhas de papel, a esferogr?fica bic, [e] ela transcrevia as not?cias, o estado de sa?de, para levar ao pai. Curiosamente, h? uma noite em que o boletim de sa?de tinha para a? tr?s folhas e a Isabel demorou muito tempo a copiar tudo, n?o ??, porque n?o havia m?quina de fotocopiar, portanto ela tinha que copiar. E lembro-me do M?rio Soares chegar ao `aqu?rio' da cabine e bater no vidro: ?Oh Isabel, ent?o?? e ela abriu a porta e disse:?Oh pai, hoje h? muitas e boas not?cias.? O Salazar estava quase a morrer, eu presumo...

AG ? E a pol?cia pol?tica deixava-o ir ao emissor regional?

VN ? Deixava. Andava atr?s, a uma dist?ncia de 10, 15 metros. Sa?a a Isabel e entrava o agente da pol?cia pol?tica: ?Ah desculpe eu sei que teve aqui a Isabel, posso saber o que teve a fazer?? ?Esteve a ler as not?cias, sobre o estado de sa?de do Salazar.? ?Pronto, ok, obrigado.? Era para fazer o relat?rio...

Programa #02 (2? s?rie) 5

Base Musical

6 Para manter durante a locu??o

IB ? S. Tom? e Pr?ncipe, antes da independ?ncia. Conversa de V?tor Nobre com o Provedor do Ouvinte da RDP, Adelino Gomes, que pediu ao seu interlocutor que comparasse a r?dio que fazia no Emissor Regional daquele arquip?lago com aquela que veio encontrar na Emissora Nacional, em 1972.

F ? V?tor Nobre

VN ? Eu acho que a R?dio em S?o Tom? nessa altura era muito aut?ntica, do ponto de vista da popula??o, ou seja: havia uma preocupa??o ? n?o sei se havia directivas, eu presumo que n?o porque t?nhamos, digamos, a liberdade que era poss?vel ter na altura ? sobre conte?dos. Quando chego a Portugal, eu noto que ? tudo muito diferente, ? natural. Porqu?? Porque h? mais m?sica estrangeira, mas, digamos, ? muito pouco portuguesa a programa??o das r?dios aqui em Portugal. Ali?s eu tenho ainda hoje muitas saudades de m?sica italiana, da m?sica francesa que a r?dio em Portugal passava. E n?s praticamente s? pass?vamos m?sica Portuguesa e m?sica de S?o Tom? e Pr?ncipe. Nesse sentido eu acho que a r?dio em S?o Tom?, tinha mais a ver com a terra do que a r?dio aqui em Portugal.

00:45

Base Musical

7 Para manter durante a locu??o

V?tor Nobre

AR ? V?tor Nobre, a r?dio em Portugal e em S. Tom? e Pr?ncipe, por alturas de 1972.

TEXTO GRAFADO COM INTEN??O DE LEITURA RADIOF?NICA

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