Empreendedorismo: Fatores de Sucesso e Insucesso de ... - AEDB

[Pages:16]Empreendedorismo: Fatores de Sucesso e Insucesso de Micro e Pequenas Empresas

Anderson Soncini Pelissari asoncinipelissari@

UFES

Juliana Barreto de Souza jubarretoju@

UFES

Inayara Val?ria Defreitas Pedroso Gonzalez gonzalezinayara@ EAD-UFES

Susane Petinelli Souza susipetinelli@

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Julia Bellia Margoto julia.margoto@

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Resumo:O n?mero de micro e pequenas empresas (MPES) cresce a cada dia no Brasil. Dentre os diversos fatores de suporte a este crescimento, tem-se o empreendedorismo, mas embora haja uma quantidade significativa de micro e pequenos empreendimentos, existe uma preocupa??o com o tempo de vida dessas empresas, que muitas vezes n?o sobrevivem ao mercado grande e competitivo. Assim, este estudo vem abordar os principais fatores que contribuem para o sucesso ou insucesso das micro e pequenas empresas, considerando as caracter?sticas dos neg?cios pesquisados e de seus empreendedores. Demonstra-se por meio de um estudo multi-casos, baseado em entrevistas semi-estruturadas com empres?rios, quais desses fatores est?o/estiveram presentes na vida das empresas pesquisadas. C conclui-se que, fatores como qualifica??o, organiza??o, dedica??o e a capacidade de assumir riscos e de inovar no neg?cio s?o algumas das qualidades positivas observadas no empreendedor. Al?m disso, o planejamento do neg?cio revelou-se fator essencial para o seu sucesso. Por outro lado, o insucesso revelou-se suportado por quest?es como falta de foco e identidade e, principalmente, aus?ncia de planejamento do neg?cio. Em rela??o ao empreendedor, tem-se que o pouco conhecimento do mercado e, especialmente do ramo em que estava atuando contribu?ram para o fracasso da empresa.

Palavras Chave: Fatores de Sucesso - Fatores de Insucesso - Empreendedor - Micro Empresa Pequena Empresa

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1. INTRODU??O

A cada dia novos neg?cios s?o iniciados e estes, por sua vez, nem sempre alcan?am o sucesso esperado.Assim, muitos acabam fechando em pouco tempo. O presente estudo vem tratar destetema de importante relev?ncia para a sociedade, visto que empresas, principalmente as de micro e pequeno porte, s?o cada dia mais comuns no Brasil.

Assim, esta pesquisa volta-se para o empreendedorismo de micro e pequenas empresas no Brasil. Estas foram escolhidas devido a sua grande representatividade e import?ncia no Pa?s. As diferentes motiva??es que levam as pessoas a empreenderem um micro ou pequeno neg?cio tamb?m est?o aqui abordadas, o que se relaciona muitas vezes ao perfil do empres?rio que estar? ? frente dos neg?cios.

O t?pico inicial trata das motiva??es para a abertura de novas micro e pequenas empresas. . Na sequ?ncia, apresentam-se diferentes perfis de empreendedores, classificandose algumas t?cnicas e habilidades que s?o requeridas aos mesmos. As etapas do processo empreendedor tamb?m est?o tratadas com aten??o nesta pesquisa. No t?pico seguinte do estudo, pode-se compreender alguns pontos importantes que levam as empresas a permanecerem ou n?o no mercado. Puderam ser apontados alguns fatores de sucesso da empresa, identificando as qualidades e pontos positivos do empreendedor e do empreendimento. Da mesma forma, observam-se estas caracter?sticas no ponto de vista oposto,ou seja, as que acabam contribuindo para o insucesso do neg?cio. Estudos de casos foram realizados para transportar o que foi estudado no referencial te?rico para a realidade e cotidiano de duas empresas distintas.

A primeira empresa estudada (Empresa ), ainda permanece no mercado e vem alcan?ando o sucesso esperado. A segunda empresa estudada, (Empresa ), j? encerrou suas atividades. Assim, abordam-se por meio de entrevistas semi- estruturadas junto aos empres?rios, algumas quest?es relevantes e que contribuem para o alcance dos objetivos do estudo aqui proposto. . Demonstra-se o que de fato ocorre/ocorreu com estas empresas ? luz do referencial te?rico utilizado, concluindo-se com algumas considera??es e observa??es importantes.

Para o alcance de tais objetivos, a presente pesquisa foi conduzida a partir da busca de respostas a algumas quest?es essenciais : Quais os fatores contribuem para que uma micro ou pequena empresa obtenha sucesso? Quais a??es o empres?rio vem desenvolvendo para manter o seu neg?cio? Quais fatores na vis?o do empres?rio, conduziram a empresa ao o t?rmino das suas atividades ?

2 FUNDAMENTA??O TE?RICA

2.1 MOTIVA??ES PARA EMPREENDER UMA MICRO OU PEQUENA EMPRESA

? not?vel a quantidade de micro e pequenos empreendimentos existentes hoje no Brasil. Segundo o SEBRAE-SP (2006), as micro e pequenas empresas correspondem a 98% das empresas brasileiras. Talvez a diversidade de formas de se classificar estas empresas e, principalmente, as facilidades que estas v?m adquirindo no setor financeiro, constituam-se em motivos que t?m levado os empreendedores a montar um neg?cio com estas caracter?sticas. Para Azevedo (1992) este interesse est? relacionado ? disponibilidade de capital do empreendedor, mesmo que este seja advindo de seus direitos/incentivos ap?s sua sa?da do trabalho. O sonho de ter o pr?prio neg?cio e o desemprego, tamb?m s?o expostos por Azevedo (1992), que afirma entretanto que, por tr?s de qualquer interesse h? uma motiva??o principal, o interesse lucrativo.

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Em entrevista concedida ao SEBRAE/RJ (Servi?o Brasileiro de Apoio ?s Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio de Janeiro) em 2003, Mar?lia de Sant'Anna Faria (T?cnica no SEBRAE/RJ), e Takeshy Tachizawa (professor da Funda??o Get?lio Vargas) destacaram outras motiva??es, al?m das j? defendidas por Azevedo (1992). Dentre elas a identifica??o de uma oportunidade, a experi?ncia anterior, a insatisfa??o no emprego e o tempo dispon?vel. Os autores destacam esses fatores como sendo grandes motivos "que t?m levado um grande contingente de pessoas a abrir um neg?cio pr?prio" (FARIA; TACHIZAWA, acesso em 20 mar. 2010).

Indo ao encontro do que ? exposto por Faria (2003) e Tachizawa (2003), pode-se reafirmar que, aliado ?s facilidades que o Governo vem oferecendo ? para o desenvolvimento do Pa?s ? h? de se considerar as diversas motiva??es que derivam de caracter?sticas pessoais que contam no momento de se tomar a decis?o. Desta forma, o t?pico seguinte trata dos empreendedores e de algumas de suas habilidades e caracter?sticas essenciais.

2.2 O EMPREENDEDOR

Dornelas (2001) afirma que empreendedorismo pode ser ensinado, desde que as habilidades requeridas a um empreendedor sejam compreendidas e seguidas em equil?brio com dificuldades cotidianas, alcan?ando provavelmente o sucesso da empresa. No livro, "Iniciando uma Pequena Empresa com Sucesso", Morris (1991) define quatro tipos de pessoas que abrem empresas, que aqui chamamos de empreendedores. Ele os diferencia em o artes?o, o administrador experiente, o vendedor e o burocrata. O que se nota de diferente entre esses empreendedores s?o habilidades e caracter?sticas pessoais, que "sobram" a alguns e "faltam" em outros, n?o havendo muitas vezes um equil?brio no perfil dos empreendedores. Dornelas (2001) classifica as habilidades requeridas a um empreendedor em tr?s ?reas: T?cnicas; Gerenciais; e Pessoais. Empreender requer pr?ticas e habilidades especiais. O autor ainda divide o processo empreendedor em quatro etapas, afirmando que, apesar de serem mencionadas seq?encialmente, n?o se faz necess?rio terminar uma etapa para iniciar a outra, sendo elas: Identifica??o e avalia??o da oportunidade; Desenvolvimento do plano de neg?cio; Determina??o e capta??o dos recursos necess?rios; e Gerenciamento da empresa criada. A seguir ser?o discutidos alguns fatores que contribuem para o sucesso ou o fracasso das empresas, reafirmando algumas vezes o que j? foi dito neste cap?tulo.

2.3 SUCESSO E INSUCESSO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

2.3.1 Alguns pontos considerados importantes para o sucesso

Neste t?pico v?-se que alguns fatores, atitudes e a??es contribuem para o sucesso ou o insucesso das empresas. Alguns autores e estudos abordam esta problematiza??o e auxiliam a compreender melhor esses fatores. Dentre eles, uma pesquisa realizada pelo SEBRAE (2007), onde dois fatores principais s?o mencionados como sendo determinantes para o sucesso alcan?ado: um ambiente econ?mico melhor e uma maior qualidade empresarial (SEBRAE, 2007). No quesito ambiente econ?mico, os organizadores da pesquisa afirmam que: "[...] ocorreram a redu??o e o controle da infla??o, a gradativa diminui??o das taxas de juros, o aumento do cr?dito para as pessoas f?sicas e o aumento do consumo, especialmente das classes C, D e E" (SEBRAE, 2007, p.4). J? no ponto de vista da qualidade empresarial:

[...] os empres?rios que j? t?m curso superior completo ou incompleto j? s?o 79% do total, e aqueles com experi?ncia anterior em empresa privada subiram de 34% para 51%. [...] empres?rios muito mais capacitados para enfrentar os desafios do mercado [...] (SEBRAE, 2007, p.4).

Os organizadores do estudo afirmam que os empres?rios melhor qualificados sabem administrar e lidar com os problemas de ordem econ?mica de uma melhor maneira

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(SEBRAE, 2007). Pereira (1995) menciona algumas qualidades do empreendedor e dos empreendimentos que se constituem como base para o sucesso dos mesmos.

- Qualidades do empreendedor: "Diversas caracter?sticas de personalidade que tipificam o perfil do empreendedor podem ser consideradas `qualidades' essenciais ao sucesso do empreendedor e consequentemente do empreendimento" (PEREIRA, 1995, p. 273). Tais como:

? Motiva??o para realizar; Persist?ncia na busca dos objetivos: saber onde se quer chegar; Criatividade: implica em liberdade para agir independentemente; Autoconfian?a: estar seguro das pr?prias id?ias e decis?es; Capacidade de assumir riscos: ter iniciativa e assumir responsabilidade pelos pr?prios atos; Outros atributos pessoais: capacidade para delegar tarefas e decis?es; capacidade prospectiva para detectar tend?ncias futuras; esp?rito de lideran?a para conduzir e orientar equipes, entre outros.

- Qualidades do empreendimento: "[...] as empresas tamb?m t?m pontos positivos e problemas [...]. As principais qualidades que constituem a base do sucesso empresarial (PEREIRA, 1995)", s?o: Na ?rea mercadol?gica; Na ?rea t?cnico- operacional; Na ?rea financeira; Na ?rea jur?dico- organizacional.

O autor lembra ainda, que muitas vezes n?o se faz necess?rio ter todas as caracter?sticas mencionadas acima, a presen?a de algumas j? demonstra um indicador positivo uma vez que est?o inter-relacionadas. J? Zaccarelli (2003), afirma que, ? uma grande fal?cia considerar que os empres?rios por suas caracter?sticas pessoais e seu capital determinam o sucesso da empresa, ele justifica este fato por se tratar de atributos do empres?rio e n?o do neg?cio. O estudo do SEBRAE (2007), tamb?m faz um levantamento com os empres?rios entrevistados, considerando os que est?o na ativa e os que j? tiveram suas empresas extintas, em que os mesmos apontam o que para eles s?o fatores de sucesso. Os fatores mencionados foram divididos em tr?s categorias: Habilidades gerenciais; Capacidade empreendedora; Log?stica operacional. A partir das tabelas (4, 5 e 6) abaixo, pode-se compreender e distinguir estes fatores de maneira mais detalhada. Vale destacar que os entrevistados podiam ter mais de uma resposta.

Tabela 4: Fatores condicionantes ao sucesso empresarial segundo as habilidades gerenciais.

Fonte: (SEBRAE, 2007).

Na tabela 4, tem-se que "o bom conhecimento do mercado onde atua" e a "boa estrat?gia de vendas", est?o entre as caracter?sticas de importante relev?ncia ao empreendedor, no quesito habilidades gerenciais. Segundo o SEBRAE (2007), estas caracter?sticas foram consideradas as mais importantes, dentre todas as demais, para o sucesso dos neg?cios. Vale lembrar que, a primeira traduz-se no conhecimento aprofundado da clientela, sabendo identificar de maneira correta o que eles desejam. J? a segunda, resume-se, segundo os organizadores do estudo, em boa defini??o dos pre?os e correta comercializa??o dos produtos/servi?os de acordo com o mercado em que se atua, sabendo adotar boas estrat?gias de marketing e promo??o, por exemplo.

Tabela 5: Fatores condicionantes ao sucesso empresarial segundo a capacidade empreendedora.

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Fonte: (SEBRAE, 2007).

Na tabela 5, t?m-se as caracter?sticas relacionadas ? pessoa, ao empreendedor, e que segundo o estudo, podem ser aprimoradas a partir de conhecimentos e t?cnicas de lideran?a e gest?o. Estas habilidades auxiliam o empreendedor a descobrir melhores oportunidades, assumir os riscos na empresa, e melhor conduzi-la, mesmo diante das dificuldades cotidianas empresariais, de acordo com o SEBRAE (2007). "Para os empres?rios das empresas ativas e extintas, os fatores persist?ncia e perseveran?a e criatividade foram os mais destacados." (SEBRAE, 2007, p. 34). Tabela 6: Fatores condicionantes ao sucesso empresarial segundo a log?stica operacional.

Fonte: (SEBRAE, 2007).

Por fim, a tabela 6 relaciona o sucesso segundo a log?stica operacional, e revela que "a escolha de um bom administrador" e "o uso de capital pr?prio", nesta esfera, s?o os principais fatores que auxiliam no sucesso das empresas, de acordo com o que foi opinado pelos empres?rios entrevistados neste estudo do SEBRAE. Apesar da diversidade na prioridade desses fatores na vida de cada empres?rio, o que se pode observar a partir deste estudo realizado ? que existem fatores que possuem um grau de import?ncia quase comum, mesmo que estas empresas estejam em situa??es distintas. Um estudo realizado por Pelissari em 2002, analisou: "O Perfil de Qualifica??o Profissional dos Empres?rios das Pequenas Empresas do Ramo de Confec??es da Gl?ria, Vila Velha ? ES". Neste estudo avaliou-se junto aos empres?rios entrevistados, o que segundo eles media o sucesso das empresas.

[...] 50,00% dos entrevistados afirmaram que ? atrav?s da boa aceita??o do produto, 35,42% pelo lucro obtido no final de cada exerc?cio, 8,33% comparando a Taxa Interna de Retorno com o Custo de Capital e 6,25% pela necessidade de amplia??o do mercado. (PELISSARI, 2002, p.131)

O autor conclui ainda que, apesar dos fatores mencionados serem importantes, s?o considerados obsoletos, enfatizando a import?ncia para o empreendedor de possuir uma vantagem competitiva que visione o futuro, a fim de obter mais chances do sucesso perdurar (PELISSARI, 2002). Ao falar de sucesso e insucesso, Zaccarelli (2003), lembra que ? comum encontrarmos livros com hist?rias de empres?rios e/ou empresas de sucesso, contando todo o caminho percorrido pelos (as) mesmos (as). Mas, afirma que estas hist?rias n?o ensinam nem

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s?o garantia do sucesso para outras empresas. Desta forma, dando continuidade ao tema, v?-se a seguir alguns fatores que contribuem para o fracasso e insucesso de algumas empresas.

2.4.2- Alguns pontos que contribuem para o fracasso e insucesso

Ao se aprofundar no insucesso e fracasso das empresas, Zaccarelli (2003) seleciona e menciona seis li??es que, para ele, n?o s?o consideradas suficientes para levar uma empresa ao sucesso. S?o elas: Corrigir defici?ncias e erros da administra??o; Tentar imitar empresas bem-sucedidas; Buscar excel?ncia; Buscar ser bom em tudo; Usar t?cnicas administrativas modernas de f?cil implanta??o; e Elaborar planos superficiais. Dentre as raz?es para o fechamento das empresas destacados no estudo realizado pelo SEBRAE em 2007, tem-se que: "A carga tribut?ria ? o fator assinalado que mais impacta nas empresas" (SEBRAE, 2007, p. 38). Pereira (1995) menciona fatores externos que, geralmente, tamb?m s?o citados pelos empreendedores que recentemente tiveram seu neg?cio fechado. S?o eles: a culpa do governo, da infla??o, do mercado, dos concorrentes, dos fornecedores, dos juros altos cobrados pelos bancos, e da infideliza??o dos clientes. Ch?r (1991) afirma que a inexperi?ncia com o ramo dos neg?cios, ? um dos motivos que levam as empresas ao fracasso, muitas vezes, precocemente. A falta de compet?ncia administrativa, tamb?m ? mencionada por este autor, que afirma que, ocorre do empreendedor conhecer o ramo, mas n?o saber administrar/gerenciar.

Nesse sentido, torna-se pertinente lembrar que nem todo o empreendedor foi capacitado formalmente para abrir um neg?cio. E, mesmo se tratando daqueles que passaram por cursos de gradua??o em administra??o, muitas vezes, o que ocorre ? que estes n?o s?o formados adequadamente no que se refere aos aspectos empreendedores, visto que h? uma ?nfase na teoria em detrimento da pr?tica, observada em tais cursos.

Vari?veis de ordem psicol?gica, tamb?m colaboram para o fracasso das empresas, segundo Ch?r (1991). "A falta de resist?ncia e a incapacidade de assumir riscos, n?o podem fazer parte do esp?rito empreendedor. A n?o capacidade de se conviver com longos per?odos de dificuldades pode ser fatal." (CH?R, 1991, p. 22). Segundo Mattar (1988), existem fatores externos e internos que levam a empresa ao fracasso.

Os motivos externos dizem respeito ao que ocorre no meio ambiente da empresa, que est? fora do seu controle e que lhe dificulta a sobreviv?ncia. Os motivos internos dizem respeito aos pontos fracos das pequenas empresas que tamb?m contribuem para reduzir sua sobreviv?ncia (MATTAR, 1988).

Dentre os motivos externos abordados por Mattar (1988), destaca-se o chamado `efeito sandu?che', em que as pequenas empresas compram de grandes fornecedores e vendem para grandes clientes, ficando na situa??o em que os pre?os de compra s?o impostos pelos fornecedores e os pre?os de venda s?o impostos pelos clientes. O baixo volume de cr?dito e financiamento dispon?vel, e a m?o-de-obra desqualificada tamb?m s?o fatores determinantes para o fracasso da empresas (MATTAR, 1988). Em rela??o aos fatores externos citados por Mattar (1988), Ch?r (1991) lembra que, ? importante por parte do empreendedor, demonstrar seguran?a e credibilidade juntos ?s institui??es financeiras, a fim de obter maior volume de recursos. J? dentre os fatores internos, Mattar (1988) lan?a a id?ia de Drucker das empresas `an?s'.

A empresa `an?' ? pequena porque sofreu alguma distor??o estrutural durante sua implanta??o ou durante o seu desenvolvimento, que em muitos casos ? irrepar?vel. Em fun??o disso, ela ? ineficaz e tem propens?o a minguar cada vez mais at? desaparecer, pois n?o re?ne condi??es de enfrentar a concorr?ncia com sucesso e muito menos de permanecer sintonizada com as cont?nuas mudan?as ambientais (MATTAR, 1988).

Os outros fatores internos s?o: o desencontro dos objetivos da empresa com os interesses do empres?rio, e a falta de recursos financeiros para tocar o neg?cio. Finalmente, o

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?ltimo fator interno, resultante segundo Mattar (1988), de um fator externo, remete-se ? inadequada forma??o e no??o sobre o neg?cio, onde o empres?rio n?o sabe lidar com determinadas situa??es e problemas. Para Pereira (1995), os fatores do fracasso s?o quase uma imagem reversa dos fatores do sucesso, ele conclui que o empreendedor muitas vezes deixa de utilizar suas caracter?sticas pessoais e os instrumentos que tem sob seu controle para gerir de maneira correta.

3 METODOLOGIA

De acordo com Silva e Menezes (2000) a pesquisa do ponto de vista qualitativo, considera uma rela??o entre o mundo real e o sujeito da pesquisa, n?o respondendo ?s quest?es em n?meros, mas sim a partir de uma an?lise indutiva. Classificando esta pesquisa em rela??o aos seus objetivos, tem-se uma pesquisa de car?ter explorat?rio. Isto porque segundo Gil (2009) estas pesquisas geralmente aprimoram id?ias, e envolvem na maioria das vezes levantamento bibliogr?fico, entrevistas com quem j? tem experi?ncia com o problema pesquisado e an?lises de exemplos que motivem e facilitem a compreens?o. Pode-se dizer ainda que, esta pesquisa ? tamb?m descritiva quanto aos seus objetivos. Isto porque neste estudo, descrevem-se os fatores que contribuem para o sucesso ou fracasso das MPES, bem como o perfil dos empreendedores que est?o ? frente desses neg?cios. Ao confrontar a vis?o te?rica com os fatos da realidade, Gil (2009) afirma que ? preciso determinar um modelo conceitual, denominado delineamento.

J? os estudos de casos, s?o definidos por Gil (2009, p.54) como: "[...] o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento [...]." O autor trata ainda da crescente utiliza??o de estudos de caso por diferentes prop?sitos. No caso deste estudo, pode-se considerar a preserva??o do car?ter unit?rio do objeto de estudo, como sendo um deles. De acordo com Mattar (2001), os estudos de caso selecionados auxiliam a aprofundar o conhecimento de problemas n?o suficientemente definidos. Tem-se neste estudo dois casos a serem estudados, com empresas distintas.

A primeira empresa analisada ? a Empresa , que se enquadra nos padr?es de empresa de pequeno porte, segundo o crit?rio de n?mero de funcion?rios. Atua no ramo aliment?cio e localiza-se no bairro Praia do Canto em Vit?ria, Esp?rito Santo. A empresa possui 22 funcion?rios e ? administrada por Khemel, que ? graduado em Administra??o. Est? no mercado desde dezembro de 2008, a entrevista foi feita em maio de 2010.

A segunda empresa analisada ? a Empresa , esta tamb?m se enquadra nas empresas de pequeno porte, segundo o crit?rio de faturamento. Foi lan?ada no mercado em 2006. Anteriormente, o estabelecimento era uma loja de artigos masculinos. Mais tarde, em dezembro do mesmo ano, o ponto foi dividido para a loja e uma lanchonete. Oito meses depois, a loja foi extinta, expandindo-se a lanchonete que se transformara em um bar, at? dezembro de 2009, ano do seu fechamento. Khalil, o empres?rio que ? graduado em Administra??o, colaborou com este estudo, relatando alguns aspectos que contribu?ram para o fechamento da empresa.

Estas empresas foram selecionadas pelo pesquisador, a fim de demonstrarem a realidade do que ? expresso pelos autores e apresentado no referencial te?rico deste trabalho. . O objetivo desta escolha esteve em aprimorar e ganhar mais conhecimentos sobre o assunto, sem evidenciar, contudo, a representatividade de uma popula??o, considerando a natureza qualitativa do estudo, conforme j? mencionado.

A coleta dos dados desta pesquisa foi in loco, por meio de entrevistas pessoais com os empres?rios. As entrevistas foram semi-estruturadas, com o intuito de obter informa??es sobre os neg?cios, sobre os empreendedores, e tamb?m sobre a vis?o que os mesmos possuem

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a respeito de sucesso/fracasso empresarial. De acordo com Lakatos e Marconi (2006) entrevistas semi- estruturadas s?o: "[...] quando o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situa??o em qualquer dire??o que considere adequada. ? uma forma de explorar mais amplamente a quest?o" (LAKATOS; MARCONI, 2006, p.279).

Para facilitar o trabalho do pesquisador, e proporcionar mais tranq?ilidade aos entrevistados, alguns recursos foram utilizados nas entrevistas, como: roteiros impressos para melhor acompanhamento e desenvolvimento da entrevista e um gravador, que facilita o entrevistador e o entrevistado para seguirem de maneira mais fluente, e sem interrup??es, uma vez que, com a entrevista gravada, o pesquisador pode retornar com calma ?s respostas, e analis?-las cuidadosamente. Em uma primeira reuni?o, no m?s de Abril de 2010, foi relatada aos sujeitos da pesquisa, uma explica??o sobre este trabalho, bem como a import?ncia de suas participa??es, por meio dos estudos de casos, para enriquecer e desenvolver de maneira mais completa o estudo.

Os roteiros de entrevistas abordaram quest?es de car?ter pessoal dos empreendedores, dados referentes ?s empresas em estudo bem como quest?es relacionadas ao que foi visto no referencial te?rico. Dentre estas quest?es, pode-se mencionar: motiva??es para abrir uma empresa; caracter?sticas empreendedoras; identifica??o de oportunidades para iniciar o neg?cio; a import?ncia do plano de neg?cios; a determina??o e a capta??o de recursos; a gest?o da empresa; e fatores considerados de sucesso/insucesso.

Ao empres?rio que j? tivera suas atividades encerradas (empresa fechada), al?m das perguntas relacionadas aos temas citados, coube tamb?m a apresenta??o de todo o processo de abertura e fechamento da empresa, assim como algumas perguntas direcionadas exclusivamente a ele, que n?o se enquadram no caso da Empresa .

O tratamento dos dados foi realizado por meio de an?lise qualitativa, porque conforme Trivinos (1987), esse m?todo objetiva conhecer a realidade segundo a perspectiva dos sujeitos participantes da pesquisa. Para Miles e Huberman (1984) ? importante que seja feita a redu??o dos dados, selecionando, simplificando e transformando esses dados para que o pesquisador possa chegar a uma conclus?o desejada. A abordagem desse estudo de casos ? qualitativa, em que n?o h? restri??o em rela??o ao m?todo ou t?cnicas utilizadas (MINAYO, 2000).

4 AN?LISE DOS DADOS

As duas empresas analisadas e pesquisadas s?o: as empresas e . Primeiro menciona-se algumas caracter?sticas e informa??es gerais sobre as empresas, a fim de obter-se uma no??o e aproxima??o maior com os sujeitos das pesquisas. Em seguida, a partir das informa??es coletadas nas entrevistas, faz-se uma an?lise dos dados com o referencial te?rico, e realiza-se um emparelhamento para saber se o que acontece na realidade e no cotidiano dos empres?rios estudados, condiz com o que foi abordado no referencial te?rico.

4.1 IDENTIFICA??O E AN?LISE DA EMPRESA

A empresa do ramo aliment?cio, pode ser classificada como empresa de pequeno porte, de acordo com o SEBRAE, em que o crit?rio adotado relaciona-se ao n?mero de funcion?rios na empresa. Esta, possui 22 empregados, e foi criada em dezembro de 2008. Especializada em lanches, seu card?pio conta com sandu?ches diversos e bem elaborados, al?m de bebidas, sobremesas e almo?o executivo durante a semana. De acordo com o empres?rio, as principais motiva??es que o levaram a abrir a empresa, foram:

- O fato de j? ter sido s?cio, por um per?odo, de uma empresa do setor aliment?cio, ressaltando por?m, que, apesar do ramo ser o mesmo as empresas n?o s?o muito semelhantes; - Outra motiva??o foi a pr?pria identifica??o de oportunidade que teve. Ele afirma que viu a

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