Sabine Mendes Moura



-262314454384AULA 01 – O ATO DE ESCREVER: DESAFIOS E SUGEST?ES“A inspira??o existe, mas ela tem de nos encontrar trabalhando” – Pablo Picasso (1881-1973, pintor espanhol).A Prática de EscreverAprender a escrever requer prática. ? como correr, quanto mais treinamos, melhor o nosso desempenho. Em certos dias, estamos sem vontade de correr e cada passo é uma luta naqueles cinco quil?metros. Mas corremos mesmo assim. Querendo ou n?o, treinamos. Ninguém fica esperando por uma inspira??o ou por um desejo repentino de correr. Isso nunca acontecerá, principalmente se estivermos fora de forma ou evitando o exercício. Mas, se corrermos com frequência, treinamos a mente para vencer ou ignorar a resistência. Simplesmente corremos. Na metade do caminho, estamos adorando. No final, n?o queremos parar. E, quando paramos, n?o vemos a hora de come?ar de escrever também é assim. Uma vez envolvidos de corpo e alma na atividade, sempre nos perguntamos porque demoramos tanto tempo para sentar e come?ar a trabalhar. A prática realmente leva à perfei??o. Você aprende a ter mais confian?a no seu “eu” interior e n?o ceder à voz que tenta desestimulá-lo a escrever. Achamos normal que um time de futebol treine por tantas horas seguidas antes de um jogo, entretanto, quando se trata de escrever, raramente nos damos a oportunidade de praticar.Natalie Goldberg, em “Escrevendo com a alma”, 2008.Hora da Discuss?oProposta para um debate oral sobre o texto.01 – Você tem medo de criar? E de criar por meio da escrita?02 – A dificuldade de falar é igual à de escrever? Ou escrever é mais difícil?03 – A comunica??o oral tem outros elemementos que n?o a palavra. Eles a tornam mais eficiente?04 – Como foi, até hoje, na escola, sua rela??o com o aprendizado da reda??o?05 – Agora, vamos tentar tra?ar seu perfil de leitura e escrita. Reproduza o quadro abaixo em seu caderno e preencha-o. Em seguida, discuta suas respostas com os colegas de classe.Eu, normalmente, leio:Eu, normalmente, escrevo, em:Com que frequência?Ex: páginas de internetEx. e-mails, relatórios...Ex. Duas a três vezes por semana.06 – Compare o tipo de leitura e escrita que você está acostumado a realizar com o que é exigido em ambientes mais formais (escola, faculdade, concursos, etc.). Quais s?o as diferen?as?Texto 1Import?ncia da Norma Culta Diálogo difícil do professor de Português com os alunos é tentar convencê-los a falar e a escrever conforme as normas da língua culta. Para muitos representam esses padr?es uma posi??o das classes dominantes e devem ser, como outras formas de opress?o, abolidos, em benefício do sofrido povo brasileiro. Existe em tal argumenta??o uma convergência de elementos heterogêneos. Ressalve-se, de logo, que a língua, toda língua, é sempre uma propriedade coletiva, um bem socializado, um patrim?nio nacional. Nenhuma classe é donatária exclusiva do idioma. Outro engano é supor que os detentores do poder econ?mico sejam pessoas cultas. Podem ser ou n?o. Na maioria das vezes, porque adoram o bezerro de ouro ou porque se instruíram no exterior, n?o dominam suficientemente o vernáculo: pensam e falam como se fossem estrangeiros. Mas a grande confus?o está mesmo no entendimento deficiente do processo de comunica??o. Vivendo em comunidade, todo falante é naturalmente entendido pelos parentes. Há, porém, outros estratos na vida social: a escola, a igreja, o clube, o trabalho, que proporcionam momentos informais e formais. O falante civilizado n?o deve se expressar, em toda parte, em momento, com a linguagem da tribo, do cl?. Seria uma inadequa??o a ser repelida pela sociedade como um comportamento inconveniente. Ao adestrar o estudante no manejo oral e escrito das modalidades cultas, n?o está o professor de Português impondo-lhe um código arbitrário, mas simplesmente habilitando-o a que, em qualquer situa??o, possa utilizar o extraordinário instrumento que é uma língua de civiliza??o. O conhecimento do idioma é ent?o necessário como o de outras normas de convivência social. Aos direitos correspondem deveres. Se n?o se aceitam as normas, de educa??o, de higiene, de tr?nsito etc., o recurso é o retorno às selvas. Mas, ainda nesse caso extremo, porque o homem n?o vive isolado, sempre haverá alguma regra a ser seguida. O acesso à língua culta, por ser esta uma certid?o de cidadania, constitui-se numa aspira??o legítima. Cumpre ao professor de Português assegurar a seus alunos esse direito. (Jairo Dias de Carvalho)Hora da Reflex?oProposta para debate oral sobre o texto: 01 - Por que o diálogo do professor de português com os alunos é difícil? 02 - Como se poderia convencer os alunos a ver a norma culta como importante? 03 - A norma culta é uma imposi??o das elites? Que elites s?o essas? 04 - Há donos da língua? Quem seriam eles? 05 - Os detentores do poder s?o bons conhecedores da língua? 06 - Qual a verdadeira extens?o do processo de comunica??o? 07 - Ensinar a norma culta é uma arbitrariedade da escola? 08 - Por que todos os estudantes teriam o "direito" de dominar a norma culta? Proposta de Reda??oTema 1 “A língua portuguesa e sua escrita: dificuldades?”. Escreva uma reda??o, com cerca de 20 linhas, sobre o que você pensa sobre essa rela??o.FOLHA PADR?O DE PLANEJAMENTOApós ler o tema com aten??o, fa?a um levantamento das ideias-tópico, com o objetivo de levar seus neur?nios a funcionarem:a)_________________________________b) _________________________________c) _________________________________d) _________________________________e) _________________________________f)__________________________________g) _________________________________h) _________________________________i)_________________________________j) _________________________________l) _________________________________m) ________________________________n) _________________________________o) _________________________________Escreva, agora, um frase que represente a ideia básica que você vai defender na sua disserta??o, lembrando-se de que ela virá a ser a sua futura INTRODU??O._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Selecione, reúna (se possível) e ordene as ideias-tópico de (1), transformando-as em ideias-parágrafo, isto é, sabendo que cada uma delas irá gerar um parágrafo diferente:( ) - __________________________________________________________________( ) - __________________________________________________________________( ) - __________________________________________________________________( ) - __________________________________________________________________Fa?a, ent?o, um esbo?o da conclus?o, sem esquecer que, em qualquer tempo, você poderá torná-la melhor.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ESTA ? UMA FOLHA MODELO. VOC? DEVER? REPRODUZI-LA EM MAIOR QUANTIDADE PARA QUE, A CADA AULA, TENHA UMA FOLHA EM BRANCO PARA ORGANIZAR SEUS PENSAMENTOS. O MESMO DEVER? SER FEITO COM A FOLHA-PADR?O PARA REDA??ES A SEGUIR.Folha Padr?o para Reda??es______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________5________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________10_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________15_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________20_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________25_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________30_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________35___________________________________________________________________________________-414655195580AULA 02 – ORALIDADE versus ESCRITA“O mais valioso de todos os talentos é aquele de nunca usar duas palavras quando uma basta” – Thomas Jefferson (1743-1826, ex-presidente dos Estados Unidos).Características da linguagem falada e da linguagem escritaSegundo as professoras Ingedore Villa?a Koch e Vanda Maria Elias (2009), a fala possui características espespecíficas que, muitas vezes, acabam por influenciar o texto escrito. Quando come?amos a produzir reda??es, na escola, tais marcas de oralidade na escrita s?o bastante evidentes:Exemplo 1: A quest?o da referência.Ca?a ao ratoEm uma casa as 0:00 da noite um rato come?a a atacar o queijo. De repente, o dono da casa acordou e come?ou a tentar matar o rato, mas n?o conseguiu.Na noite seguinte, o rato voltou, mas ele tinha deixado várias ratoeiras. O rato já sabia disso, por isso ele fez outra casa para ele do outro lado da parede. De novo, ele acordou o dono da casa e, na noite seguinte, ele colocou dos dois lados as ratoeiras.Ele já sabia e fez outra casa...(adaptado de uma reda??o do terceiro ano do ensino fundamental, exposta no livro “Ler e Escrever”, 2008).Hora da Reflex?oProposta para debate oral sobre o texto: 01 – Que problemas você identifica na reda??o acima? 02 – Existe algum problema evidente na utiliza??o dos tempos verbais feita pela aluna? 03 – Observe as palavras sublinhadas. Existe algum problema na forma como foram utilizadas?04 – Como podemos definir o fen?meno da referência em produ??o textual? De que outras maneiras a referência ao rato e ao dono da casa poderia ter sido feita no texto? Exemplos 2 e 3: uso de organizadores textuais continuadores típicos da fala: e, daí, ent?o, (d)aí ent?o, etc...Exemplo 2E Pedro estava outra vez naquele lugar bonito e pensou numa cachoeira. E pensou que aquele era um lugar muito bom e que ele queria ficar lá para sempre. Mas aí ele se lembrou da sua m?e e deu uma saudade...Exemplo 3Mas, um dia, ele teve uma ideia: vender utensílios domésticos em uma carro?a. Ele, ent?o, come?ou a montar a sua carro?a. Cortou uma árvore e montou uma bela carro?a. Ent?o, ele come?ou a trabalhar.(adapta??es de texto de Ruth Rocha e de um aluno do quinto ano do ensino fundamental, expostos em “Ler e Escrever”, 2008).Hora da Reflex?oProposta para debate oral sobre o texto: 01 – Que problemas você identifica na reda??o acima? 02 – Em que pontos do texto os autores utilizam marcadores típicos do discurso oral?03 – Que outras repeti??es há no texto?04 – Como poderíamos reescrever os textos acima, evitando todas as repeti??es?O “internetês”Uma outra influência que podemos observar cada vez mais nos textos é a da forma escrita propagada na internet. Imagine que você está conversando com algum amigo através de um comunicador instant?neo e a intera??o a seguir acontece:Luiz123: Oi!!!Lindinha_do_irajá: Oi.Luiz123:Lindinha_do_irajá: ...Luiz123:Tdo blz com vc?Lindinha_do_irajá: ahamHora da Discuss?oProposta para debate oral sobre o texto: 01 – Apesar de ser um texto escrito, que forma de discurso oral está sendo utilizada como modelo? 02 – De que maneira você interpretaria a intera??o acima? Tente imaginar uma história que justifique a escolha das frases utilizadas.03 – O que quer dizer o símbolo utilizado?04 – Que formas utilizadas acima n?o s?o adequadas para um contexto mais formal de produ??o escrita?LEMBRETE IMPORTANTE:Cada vez mais, com o advento da internet, estamos acostumados a dizer muito utilizando poucas palavras. Na intera??o acima, por exemplo, temos apenas três frases completas. ? através da pontua??o e do símbolo utilizado que podemos interpretar a inten??o comunicativa. No entanto, em reda??es formais, n?o contamos com os mesmos recursos e a CLAREZA é fundamental.O computador e a nossa caligrafiaOutro fen?meno resultante da intera??o com o teclado, mais do que com o lápis e o papel, é o empobrecimento de nossa caligrafia. N?o sugerimos com isso que a tecnologia seja ruim. Queremos, no entanto, enfatizar a import?ncia da apresenta??o em reda??es escritas à m?o, ou seja, a import?ncia de ser legível.Algumas dicas:- N?o aumente o tamanho de sua letra para conseguir completar o número de linhas estipulado. O truque é antigo e facilmente descoberto.- N?o utilize letras de f?rma ou, pelo menos, destaque as letras maiúsculas.- Respeite as linhas e a formata??o de margens.- Rasuras s?o inadmissíveis. Só é possível rasurar em exercícios e rascunhos, nunca no texto final.Proposta de Reda??oRevise o tema 1 proposto na aula anterior, considerando os comentários feitos por seu professor e o aprendido na aula de hoje. De que maneira você pode evitar repeti??es, express?es do discurso oral e melhorar sua caligrafia?AULA 03 – Linguagem: adequa??o e corre??oTexto 1Eis aqui um programa de cinco anos para resolver o problema da falta de autoconfian?a do brasileiro na sua capacidade gramatical e ortográfica. Em vez de melhorar o ensino, vamos facilitar as coisas, afinal, o português é difícil demais mesmo. Para n?o assustar os poucos que sabem escrever, nem deixar mais confusos os que ainda tentam acertar, faremos tudo de forma gradual.No primeiro ano, o “?” vai substituir o “S” e o “C” sibilantes, e o “Z” o “S” suave. Pe?oas que a?e?am a internet com freqüên?ia v?o adorar, prin?ipalmente os adole?entes. O “C” duro e o “QU” em que o “U” n?o é pronun?iado ?er?o trokados pelo “K”, já ke o ?om é ekivalente. I?o deve akabar kom a konfuz?o, e os teklados de komputador ter?o uma tekla a menos, olha ?ó ke koiza prátika e ekon?mika.Haverá um aumento do entuziasmo por parte do públiko no ?egundo ano, kuando o problemátiko “H” mudo e todos os acentos, inkluzive o til, seraum eliminados. O “CH” ?era ?implifikado para “X” e o “LH” pra “LI” ke da no mesmo e e mais fa?il. I?o fara kom ke palavras como “onra” fikem 20% mais kurtas e akabara kom o problema de ?aber komo ?e eskreve xuxu, xa e xati?e.Da mesma forma, o “G” ?o ?era uzado kuando o ?om for komo em “gordo”, e ?em o “U” porke naum ?era pre?izo, ja ke kuando o ?om for igual ao de “G” em “tigela”, uza-?e o “J” pra fa?ilitar ainda mais a vida da jente.No ter?eiro ano, a a?eita?aum publika da nova ortografia devera atinjir o estajio em ke mudan?as mais komplikadas ser?o po?iveis. O governo vai enkorajar a remo?aum de letras dobradas que alem de desne?e?arias ?empre foraum um problema terivel para as pe?oas, que akabam fikando kom teror de soletrar. Alem di?o, todos konkordaum ke os ?inais de pontua?aum komo virgulas dois pontos aspas e trave?aum tambem ?aum difí?eis de uzar e pre?izam kair e olia falando ?erio já vaum tarde.No kuarto ano todas as pe?oas já ?eraum re?eptivas a koizas komo a elimina?aum do plural nos adjetivo e nos substantivo e a unifica?aum do U nas palavra toda ke termina kom L como fuziu xakau ou kriminau ja ke afinau a jente fala tudo iguau e a?im fika mais faciu. Os karioka talvez naum gostem de akabar com os plurau porke eles gosta de eskrever xxx nos finau das palavra mas vaum akabar entendendo. Os paulista vaum adorar. Os goiano vaum kerer aproveitar pra akabar com o D nos jerundio mas ai tambem ja e eskuliamba?aum.No kinto ano akaba a ipokrizia de ?e kolokar R no finau dakelas palavra no infinitivo ja ke ningem fala mesmo e tambem U ou I no meio das palavra ke ningem pronun?ia komo por exemplo roba toca e enjenhero e de uzar O ou E em palavra ke todo mundo pronun?ia como U ou I, i ai im vez di ?i iskreve pur ezemplu kem ker falar kom ele vamu iskreve kem ke fala kum eli ki e muito milio ?ertu ? os ?inau di interoga?aum i di isklama?aum kontinuam pra jente ?abe kuandu algem ta fazendu uma pergunta ou ta isclamandu ou gritandu kom a jenti e o pontu pra jenti sabe kuandu a fraze akabo.Naum vai te mais problema ningem vai te mais e?a barera pra ?ua a?en?aum ?o?iau e ?eguran?a p?ikolojika todu mundu vai iskreve sempri ?ertu i ?i intende muitu melio i di forma mais fa?iu e finaumenti todu mundu no Braziu vai ?abe iskreve direitu ate us jornalista us publi?itario us blogeru us adivogado us iskrito i ate us pulitiko i u prezidenti olia ?o ki maravilia.Hora da Discuss?oProposta para debate oral sobre o texto: 01 – Você gostou das propostas apresentadas pelo texto? 02 – A leitura foi ficando mais fácil ou mais difícil?03 – Os jovens que participam de “chats” e usam algumas dessas estratégias de escrita entenderam tudo? Concordam com todas as propostas?04 – Os acentos e sinais de pontua??o fizeram falta?05 – O que você acharia, caso encontrasse um texto acadêmico escrito dessa forma?Exercício de Fixa??oReescreva as frases abaixo, de acordo com as normas ortográficas vigentes:“Pe?oas que a?e?am a internet com freqüên?ia v?o adorar, prin?ipalmente os adole?entes.”“Da mesma forma, o “G” ?o ?era uzado kuando o ?om for komo em “gordo”, e ?em o “U” porke naum ?era pre?izo, ja ke kuando o ?om for igual ao de “G” em “tigela”, uza-?e o “J” pra fa?ilitar ainda mais a vida da jente.”“Os karioka talvez naum gostem de akabar com os plurau porke eles gosta de eskrever xxx nos finau das palavra mas vaum akabar entendendo. Os paulista vaum adorar. Os goiano vaum kerer aproveitar pra akabar com o D nos jerundio mas ai tambem ja e eskuliamba?aum.”Texto 2A revista “Língua” publicou uma edi??o especial sobre a prática da reda??o, com ênfase no que se espera em concursos. Veja, a seguir, o que foi comentado por alguns especialistas na área, acerca dos erros gramaticais.Qual é o peso do erro de português?Lilian Ghiurro Passarelli (PUC-SP)“Quando o erro referente ao emprego da norma culta n?o interfere na compreens?o global do texto, n?o há tanto problema. Mas erros que comprometam o sentido, mesmo que localizadamente, esses já compromentem mais.Leonor Werneck dos Santos (UFRJ)Desvios em rela??o à norma culta geralmente comprometem a reda??o se forem em número elevado ou se demonstrarem profundo desconhecimento da língua portuguesa. Os problemas formais mais graves costumam ser de pontua??o e frases truncadas, porque comprometem a coes?o do texto.Carlos Copia (FGV-SP)Depende do erro. O erro gramatical é um dos pontos avaliados. Muitas vezes, uma reda??o que seja bem escrita, clara, coesa, coerente, mas com pequenos deslizes gramaticais, n?o perderá tantos pontos quanto uma outra reda??o cujo problema é mais de ordem estrutural, de incapacidade de desenvolver uma ideia com coerência e capacidade de argumenta??o, embora sem apresentar erros gramaticais.(Revista Língua, edi??o especial, agosto de 2010).Hora da Discuss?oProposta para debate oral sobre o texto: 01 – Imagine exemplos de frases em que os desvios da norma culta poderiam gerar dificuldades de compreens?o do texto.02 – Que problemas gramaticais podem decorrer do uso de frases muito longas no texto?Proposta de Reda??oTema 2 - Ao escrevermos ou falarmos, estamos revelando uma parte de nosso saber e de nossa personalidade; por isso, é importante que o professor de língua portuguesa trabalhe o conceito de adequa??o da linguagem com seus alunos.A partir dessa ideia, justifique, num texto com cerca de 25 linhas, a import?ncia de um planejamento de aula que considere os diferentes níveis de formalidade em língua portuguesa.Aula 04 - Os gêneros textuaisTexto 1Vamos acompanhar dois estagiários de uma grande empresa, observando alguns dos textos orais e escritos com que entram em contato num dia de trabalho. Rui chega cedo, ouve tocar o telefone na mesa de Lia e atende. Em seguida, escreve um bilhete:A.Lia,Ligaram do Departamento de Contabilidade, perguntando se já foram feitos os depósitos solicitados. Há mais um, pedem que você passe lá.Rui (8h45)Lia chega às 9h, lê o bilhete, pensa em agradecer, mas Rui n?o se encontra na mesa ao lado. Dirige-se ao Departamento de Contabilidade, onde ocorre a seguinte conversa:B.- Vocês chamaram de novo? De novo?- Pois é, falhou, falhou...,cê tem de sair mais uma vez, pra outro...pra outro depósito.- Daí...vai atrasar o meu servi?o, vai atrasar tudo.Depois de um tempo, toca o telefone de Lia. Rui atende a liga??o e, com o chefe, ocorre outra conversa:C.- A Lia...a Lia n?o está, foi fazer um depósito.- De novo? Eu...preciso da ajuda dela. Avise assim que ela chegar.- Pois n?o, doutor...Doutor Eusébio, eu...eu dou o recado.- Eu...eu preciso da sua ajuda também, venham...os dois à minha sala, por favor, assim que...assim que ela retornar.Um pouco mais tarde, Lia e Rui v?o à sala do chefe e recebem orienta??es a respeito de um trabalho. Ao fim da conversa, o diretor anuncia que fará um comunicado importante. No dia seguinte, aparece uma circular na tela de todos os computadores:D.CIRCULAR INTERNA (27/2009)Referente a servi?os externosSolicitamos que colaborem para evitar desperdício de tempo, pois atrasos prejudicam o andamento do trabalho da empresa. Para que n?o se repita desnecessariamente a saída para servi?os externos, pedimos às chefias de departamento verificar, diariamente, às 9h, se n?o ficou pendente nenhuma providência que dependa de atividade externa dos subordinados do seu ou de outro(s) departamento(s), uma vez que elas s?o executadas sempre a partir de 10h. Agrade?o a colabora??o da equipe.Diretoria GeralHora da Discuss?oProposta para debate oral sobre o texto: 01 – Observando os quatro tipos de texto apresentados, quais s?o as diferen?as entre os textos orais e escritos?02 – Você acredita que os textos est?o adequados à situa??o em que foram usados?03 – De que maneira você nomearia cada um dos textos, pensando na diferen?a entre eles? (ex. e-mail, bilhete, etc.)04 – No último texto, o que está implícito na frase “Solicitamos que colaborem para evitar desperdício de tempo”, redigida pelo chefe? Haveria outra possibilidade de interpreta??o, caso o texto fosse redigido por outra pessoa?05 – O contexto de produ??o de um texto, saber quem foi seu autor e qual é o objetivo de cada tipo de texto, influencia sua interpreta??o?Gêneros textuais s?o grupos de textos, com características formais semelhantes, ligados à realidade imediata vivida por nós na sociedade moderna, como cidad?os participantes. Dentre eles, podemos citar: cartas, relatórios, e-mails, conversas telef?nicas; diálogos roteirizados como o check-in de aeroportos, o atendimento realizado por operadores de telemarketing (que, muitas vezes, baseia-se em um roteiro traduzido da língua inglesa, apresentando desvios em rela??o à norma culta), dentre outros.Hora da Reflex?oLeia, com aten??o, o e-mail abaixo.Aí, chefeT? pulando fora do barco. N?o dá pra trabalhar numa empresa que só pensa no lucro fácil, sem respeito às pessoas e ao país.Aqui existe muitos problemas e este n?o é o cargo que eu mais gosto.Um dia qualquer quem sabe eu volto pra cá e aí a gente recome?a outra vez e podemos estabelecer uma nova parceria.Tchauzinho...Mariana.Agora, identifique os absurdos cometidos pela mo?a. O texto está adequado ao que se prop?e? Você consegue identificar influências de outros gêneros neste e-mail? Reescreva o texto da maneira adequada a um pedido de demiss?o.Prosa e VersoProsaO texto em prosa é o que mais ocorre no nosso dia a dia. Prosa é a escrita contínua, aquela em que se muda de linha por ter “acabado o papel”, ou seja, como agora. Viu que esta pergunta já aconteceu nas linhas de baixo? Veja dois exemplos em prosa:Texto 2“ Chove desde que o mundo é mundo, mas a chuva sempre nos pega desprevenidos. N?o falo na chuva catastrófica como a que tem nos flagelado, mas na chuva comum. Na chuva que deveria fazer parte das expectativas normais de qualquer um que n?o vive num deserto. Que n?o deveria exigir qualquer altera??o no seu cotidiano fora a necessidade de usar guarda-chuva e o cuidado de evitar goteiras e po?as. E, no entanto, todas as vezes que chove nossas vidas s?o transtornadas como se fosse a primeira vez. Meu Deus, o que é isso? ?gua caindo do céu?! Com chuva, todo mundo se confunde, como se n?o houvesse precedentes. Com chuva, o caos do tr?nsito vira um pavor, embora só seja o caos de sempre com água em cima.”(Luis Fernando Veríssimo, para o Jornal Zero Hora, em 11/01/2010).Texto 3Bom tempo, sem tempoN?o chovia, meses a fio. Ou chovia demais. As plantas secavam, os animais morriam, os moradores emigravam. As plantas submergiam, os animais morriam, as pessoas n?o tinham tempo de emigrar. Assim era a vida naquele lugar privilegiado, onde medrava tudo para todos, havendo bom tempo. Mas n?o havia bom tempo. Havia o exagero dos elementos.O mágico chegou para reorganizar a vida, e mandou que as chuvas cessassem. Cessaram. Ordenou que a seca findasse. Findou. Sobreveio um tempo temperado, ameno, bom para tudo, e os moradores estranharam. Assim também n?o é possível, diziam. Podemos fazer tantas coisas boas ao mesmo tempo que n?o há tempo para fazê-las. Antes, quando estiava ou chovia um pouco - isto é, no intervalo das grandes enchentes ou das grandes secas -, a gente aproveitava para fazer alguma coisa. Se o sol abrasava, podíamos fugir. Se a água vinha em catadupa, os que escapavam tinham o que contar. Quem voltasse do êxodo vinha de alma nova. Quem sobrevivesse à enchente era proclamado herói. Mas agora, tudo normal, como aproveitar tantas condi??es estupendas, se n?o temos capacidade para isto?Queriam linchar o mágico, mas ele fugiu a toda.(Carlos Drummond de Andrade, do livro “Contos Plausíveis”)Verso?, na realidade, o nome que se dá a cada linha de um poema. Marca-se pelas rimas, pelo ritmo, pela musicalidade, enfim, há uma determina??o rítmica, que se prende à sonoridade da frase. A troca de linhas – ou de versos – acontece por uma necessidade de distribui??o dos sons.Observe o texto abaixo, um belo exemplo de texto em verso:Texto 4 - A Carlos Drummond de AndradeN?o há guarda-chuvacontra o poemasubindo de regi?es onde tudo é surpresacomo uma flor mesmo num canteiro.N?o há guarda-chuvacontra o amorque mastiga e cospe como qualquer boca,que tritura como um desastre.N?o há guarda-chuvacontra o tédio:o tédio das quatro paredes, das quatroesta??es, dos quatro pontos cardeais.N?o há guarda-chuvacontra o mundocada dia devorado nos jornaissob as espécies de papel e tinta.N?o há guarda-chuvacontra o tempo,rio fluindo sob a casa, correntezacarregando os dias, os cabelos.(Texto extraído do livro "Jo?o Cabral de Melo Neto - Obra completa", Editora Nova Aguilar, 1994)Você sabe o que é uma TROVA ou QUADRA? ? um pequeno poema com somente quatro versos. Leia esta, sobre a verdade:Texto 5“N?o é amigo quem mente,N?o aceito a falsidade;Por isso, repito sempre:Gosto muito da verdade.”Você é capaz de escrever uma trova sobre o amor?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________Proposta de Reda??o Revise o tema 2 proposto na aula anterior, considerando os comentários feitos por seu professor e o aprendido na aula de hoje. Seu texto está adequado ao que se espera de uma reda??o formal? Imagine que seu texto será publicado como artigo de opini?o.AULA 05 – A narra??o e suas varia??esTexto 1O caboclo, o padre e o estudante?Um estudante e um padre viajavam pelo interior, tendo como guia um caboclo. Deram a eles, numa casa, um pequeno queijo de cabra. N?o sabendo como dividir, pois que o queijo era pequeno mesmo, o padre resolveu que todos dormissem e o queijo seria daquele que tivesse, durante a noite, o sonho mais bonito (pensando, claro, em engambelar os outros dois com seu oratório). Todos aceitaram e foram dormir. ? noite, o caboclo acordou, foi ao queijo e comeu-o.Pela manh?, os três sentaram à mesa para tomar café e cada qual teve que contar seu sonho. O padre disse que sonhou com a escada de Jacó e descreveu lindamente. Por ela, ele subia triunfalmente para o céu. O estudante ent?o contou que sonhara já estar no céu esperando o padre que subia. O caboclo riu e contou:- Sonhei que via seu padre subindo a escada e seu doutor lá no céu, rodeado de amigos. Eu fiquei na terra e gritei:?- Seu doutor, seu padre, o queijo! – Vosmicês esqueceram o queijo!Ent?o vosmicês responderam de longe, do céu:- Come o queijo, caboclo! - Come o queijo, caboclo! Nós estamos no céu, n?o queremos queijo.?- O sonho foi t?o forte que eu pensei que era verdade, levantei enquanto vocês dormiam e comi o queijo...?(Luís da C?mara Cascudo, em Contos Tradicionais do Brasil)Hora da Discuss?o01 – Já no início é possível perceber que se trata de um texto narrativo. Por quê?02 – A primeira forma verbal do texto é “viajavam”, que está na terceira pessoa do plural. O que tem isso a ver com o narrador?03 – O sujeito da forma verbal “deram” é indeterminado. Seria possível dizer o porquê disso ocorrer?04 – Por que se pode dizer que, no final do primeiro parágrafo, ocorreu a “complica??o”? Qual é ela?05 – Há motivos para o autor destacar a fala do caboclo. Que recurso a narrativa apresentou para confirmar isso? Que marcas revelam tal estratégia do autor?06 – Você observou que o narrador inicial, em determinado momento, “desapareceu”? Que trecho revela sua última fala?07 – Toda solu??o aparece na fala de que personagem? Justifique.Gêneros textuais e tipos/sequências de textoPara alcan?ar nosso objetivo comunicativo, utilizamo-nos de diferentes tipos ou sequências textuais, sendo as mais comuns a descritiva, a narrativa e a argumentativa. Existem outras classifica??es para tais sequências de texto, mas essas s?o, geralmente, as mais pedidas em reda??es para concursos ou em contextos formais de produ??o. A descri??o aparece como poderosa ferramenta para a elabora??o dos dois outros tipos mencionados.Você consegue descrever com riqueza de detalhes? Experimente com os exercícios a seguir:01 – Descreva o ambiente em que você está agora, procurando fazê-lo de maneira objetiva.02 – Agora, descreva o mesmo ambiente de maneira subjetiva, ou seja, colocando seu ponto de vista particular em rela??o ao que vê.Exemplos de descri??o.Texto 2 (Descri??o objetiva)Um?automóvel?(do?grego?auto, por si próprio, e do?latim?mobilis, mobilidade) ou?carro, como referência a um objecto responsável pela sua própria locomo??o) é um?veículo motorizado, com quatro rodas, geralmente destinado ao?transporte?de passageiros ou mercadoria. (de wikipedia)Texto 3 (Descri??o subjetiva)O sujeit?o, que parecia um carro de boi cruzando com trem de ferro, já entrou soltando fogo pela folga do dente de ouro.(José C?ndido de Carvalho)A Narra??oA narra??o apresenta:Exposi??o ou apresenta??o – é o início, onde se apresentam tempo, espa?o e personagem (situa??o harm?nica, equilibrada).Complica??o ou involu??o – é a perda do equilíbrio, o rompimento da estabilidade, início do fato de interesse narrativo, ou foco.Clímax – é o momento de maior tens?o, de maior suspense, do fato narrativo.Solu??o ou desfecho – é o final da história, o fechamento.Se essa ordem for seguida, a narrativa é linear. Caso se altere a disposi??o da estrutura, diz-se que é uma narrativa n?o linear.No texto narrativo, pode haver sequências marcadas pelo sentido descritivo ou dissertativo; entretanto, o que deve ficar claro é a supremacia da história, é a inten??o de contar fatos.Texto 4 - CONFRONTOBateu Amor à porta da Loucura."Deixa-me entrar - pediu - sou teu irm?o.Só tu me limparás da lama escuraque me conduziu minha paix?o."A Loucura desdenha recebê-lo,sabendo quanto amor vive de engano,mas estarrece de surpresa ao vê-lo,de humano que era, assim t?o inumano.E exclama: "Entra correndo, o pouso é teu.Mais que ninguém mereces habitarminha casa infernal, feita de breu,enquanto me retiro, sem destino,pois n?o sei de mais triste desatinoque esse mal sem perd?o, o mal de amar."(Carlos Drummond de Andrade em A Paix?o Medida)Hora da Discuss?o01 – Você percebeu que o poema apresenta três falas? Identifique-as.02 – Em um dos versos da fala do narrador, s?o apresentados dois personagens. Quais s?o eles?03 – Por que Amor pede ajuda à Loucura?04 – Qual é a primeira rea??o da Loucura diante do pedido de Amor?05 – Por que ela muda de ideia?06 – Para a Loucura, qual é, enfim, o mais triste desatino?Foco narrativo ou Ponto de VistaCabe ao escritor decidir se o narrador será ou n?o personagem, optando, ent?o, por um ponto de vista interno ou externo. A op??o por um narrador personagem leva a narrativa à primeira pessoa. Se, no entanto, o narrador n?o for personagem – ponto de vista externo -, o texto deverá estar na terceira pessoa.Texto 5 – Narrador Interno“Era próximo da meia-noite, eu vinha pelo centro da cidade, caminhando pelo meio da rua. Ouvi barulhos distantes, uma sirene tocando, dois ou três estampidos secos e alguns gritos, sendo que um chamou-me à aten??o. Parecia estar mais perto de mim...” (Roberto Rinazzo, em Contos em Cantos)Texto 6 – Narrador Externo“A Sr? Jorge B. Xavier simplesmente n?o saberia dizer como entrara. Por algum port?o principal n?o fora. Pareceu-lhe vagamente sonhadora, ter entrado por uma espécie de estreita abertura em meio a escombros de constru??o, como se tivesse entrado de esguelha por um buraco feito só para ela. O fato é que quando viu já estava dentro. (Clarice Lispector, em ? procura de uma dignidade)Narrativa Objetiva e SubjetivaQuantas diferen?as há entre a narra??o de um escriv?o de polícia registrando um assassinato e a de um romancista promovendo a sua história?...A narra??o varia de acordo com o gênero textual a que serve. A narra??o técnica prima pela objetividade e pela tentativa de se acabar com o possível mistério.Já a narra??o literária tem a inten??o de provocar o leitor, de animá-lo a prosseguir avidamente na leitura, usando para isso toda uma técnica específica e o próprio mistério.? possível planejar uma narra??o?Observe o texto a seguir:Texto 7“Aquela noite sonhei com dinossauros. Ainda nossos contempor?neos, continuavam habitando o planeta. Olhei pela janela e vi o pesco?o de um sismossauro de 42 metros. O animal carregava um monumental ar de resigna??o e um cartaz com uma fotografia e os dizeres: PARA SENADOR VOTEM EM LIC?NIO RIBAS. Muito bem bolado: dinossauro transformado em outdoor ambulante. Desci para a rua e fui seguindo. O que vi me surpreendeu. Diversos iguanodontes de dez metros de altura, pesando cerca de quatro toneladas, andavam ordeiramente em fila e, com a capacidade de muitos caminh?es, carregavam imensas cargas. Sem queimar óleo ou gasolina. Num espa?oso terreno baldio li: RENT A DINOS. Alugava-se um dinossauro para propaganda, transporte de carga, guarda de grandes propriedades e passeios turísticos.” ( de Marcos Rey, em Marketing Oportunista, 1996).Hora da Reflex?o01 – O autor do texto utiliza-se de narrador interno ou externo?02 – Considerando o título do conto apresentado, que objetivo você poderia inferir para o uso de tal narra??o?03 – O uso da express?o em inglês “rent a dinos” (“alugue um dinossauro”) é feito com que objetivo?03 – Imagine-se, agora, no lugar de Marcos Rey, planejando sua narrativa. Quem s?o os personagens? Que fun??o eles cumprem? Como o autor lida com o tempo e o espa?o em seu texto?Proposta de Reda??oTema 3 (adaptado do vestibular da UECE/2007)?“Você é candidato a vereador de seu município e vai se apresentar em um comício. Valendo-se do gênero textual discurso, escreva um texto em que apresentará propostas que contribuir?o para melhorar a qualidade de vida de sua comunidade.”?Seu texto deve ter no mínimo 20 linhas e no máximo 25.AULA 06 – O planejamento da narra??oNa aula de hoje, vamos estudar mais detalhadamente de que maneiras o planejamento de uma narra??o pode gerar um texto rico e interessante.Ao ler os textos de hoje, lembre-se de sua narrativa, elaborada na aula passada, e tente avaliar de que maneira seu planejamento poderia ser refeito, melhorado ou adaptado para torná-la mais interessante.Texto 1SEGURA A ON?A QUE EU SOU CA?ADOR DE PRE?(José C?ndido de Carvalho em Os Mágicos Municipais)????????????N?o passava de um modesto ca?ador de preá. Era Bentinho Alves, dos Alves de Arió do Pará. Em dia de semana gastava os olhos no pilulador da Farmácia Brito. Em tempo de feriado consumia as vistas no rasto dos preás. Até que resolveu ca?ar bicho de maior escama:???????? - Comigo agora é na on?a! Ou mais que on?a! Na tal da pantera negra.???????? Foi quando deu em Arió do Pará um doutor de erva aparelhado para fazer os maiores servi?os de mato adentro. Mediante uns trocados, o curandeiro botava macaco para desgostar de banana e tamanduá correr com perna de coelho. Bentinho, exagerado, mandou que o especial em erva preparasse simpatia capaz de fazer morrer na pólvora de sua espingarda as ca?as mais grossas, coisa assim no montante de uma capivara de banhado ou uma on?a das mais pintadas. E no ardume do entusiasmo:- Ou mais! ? aparecer e morrer.O curandeiro tirou uma baforada do covil dos peitos e mandou que Bentinho largasse no rodapé do arvoredo mais galhoso uma figa de guiné de sociedade com fumo de rolo e pó de unha de tatu. Bentinho n?o fez outra coisa. E montado nessa simpatia, uma quinzena adiante, o aprendiz de botica entrava no mato. E bem n?o tinha dado meia dúzia de passos já o trabalho do curandeiro fazia efeito na forma de uma on?ona de três metros de barriga por quatro de raiva. Bentinho, diante daquela montanha de carne e pêlo, largou a espingarda para subir de lagartixa pelo primeiro pé de pau que encontrou na al?a de mira. E enquanto subia Bentinho falava para Bentinho:- Curandeiro exagerado! Isso n?o é on?a para aprendiz de farmácia. Isso é on?a para doutor formado. Ou mais!E voltou para sua ca?a miúda de preá.Hora da Reflex?o01 – O título, caso seja bem escolhido, ajuda a preparar o entendimento do texto. Imagine que você está planejando a narra??o lida e proponha três novos tí uma só palavra: _______________________________Com uma frase sem verbo:_______________________________Com uma ora??o (com verbo):_______________________________02 – O narrador é personagem? Transcreva uma passagem que comprove sua resposta.03 – A narra??o pode optar pelo uso do discurso direto (falas apresentadas entre aspas ou através do uso de travess?o), do discurso indireto (quando o narrador apresenta o dito, sem utilizar as palavras exatas do personagem) ou do discurso misto (em que a fala do personagem aparece sem marca??o específica no texto – travess?es ou aspas). Como o autor do texto 1 utilizou tais discursos? 04 – Transforme a passagem nas linhas 6 e 7 em discurso indireto.05 – Como ficaria, em discurso indireto, o final do texto?06 – ? possível distinguir, pelo texto, o lugar onde se passa a história? Qual é?07 – Cite três características do personagem principal.08 – Você conseguiria definir a época em que se passa a história? Por quê?09 – Você alteraria alguma coisa em termos de apresenta??o de personagens, tempo e espa?o no texto 1? Por quê?Texto 2SozinhoA menina procurou uma pe?a bem pequena do quebra-cabe?a, que acabara de ganhar de presente.- N?o acho, m?e! - come?ou a chorar.- Quem manda, n?o ter cuidado com suas coisas.- disse a m?e.Ela continuou a chorar por algum tempo, depois, esqueceu-se da pecinha perdida. Foi brincar com uma coleguinha da rua, onde morava. Aprendeu, que se perde algo ou alguém.No fim da tarde caiu uma tempestade, típica chuva de ver?o.*******Uma pe?a se separa do quebra-cabe?a. Almeja conhecer outras paisagens. Um grito intenso surge em sua consciência: "Quero ser só".?O vento a sopra para baixo da mesa. A vassoura a varre para fora da casa. A água do rio transborda, carregando-a para longe.Ela nunca voltou para casa, nem sabe mais o caminho de volta. Esqueceu-se de seu passado. Vive intensamente o presente:"Eu sou o meu próprio quebra-cabe?a".(de Eduardo Oliveira Freire, publicado na revista de contos Bestiário)Hora da Reflex?o01 – Como o título selecionado ajuda a preparar a leitura do texto? Em sua opini?o, ele foi bem escolhido? Por quê?02 – O narrador é personagem? Transcreva uma passagem que comprove sua resposta.03 – O conto opta pelo discurso direto, indireto ou misto? Comprove sua resposta, a partir de passagens do texto.04 – Transforme a passagem nas linhas 4,5 e 6 em discurso indireto.05 – ? possível distinguir, pelo texto, o lugar onde se passa a história? Qual é?06 – Você conseguiria definir a época em que se passa a história? Por quê?07 – Após a ruptura do texto – indicada por uma separa??o gráfica – a pe?a de quebra-cabe?as assume características de um ser humano. Com que objetivo o autor personifica a pe?a?08 – Podemos dizer que a pe?a é um dos personagens principais da história? Quais s?o suas características?09 – Você modificaria alguma coisa na maneira como a narrativa foi planejada? Proposta de Reda??o Revise o tema 3, proposto na aula anterior, considerando os comentários feitos por seu professor e o aprendido na aula de hoje. De que maneira sua narrativa poderia ser enriquecida ou melhor desenvolvida?AULA 07 – Técnicas de Reda??o – Foco Dissertativo.A disserta??o tem sido o tipo de reda??o mais valorizado em concursos de vestibular e para cargos públicos, em geral.Existem propostas de disserta??o expositiva e argumentativa. Na primeira, o foco é checar o conhecimento do candidato em rela??o a determinado tema atual ou específico para a área em que está se candidatando, ou seja, o redator deve expor seu conhecimento acerca de determinado assunto em um número definido de linhas.Na segunda, o foco é checar a habilidade do candidato em argumentar, ou seja, desenvolver uma opini?o acerca de determinado tema atual ou específico da área em que está se candidatando. Acredita-se que esse tipo de reda??o revele o potencial crítico, a capacidade de construir sequências lógicas e, portanto, a capacidade de defender ideias, mediante a elabora??o de argumentos convincentes.As reda??es para concursos s?o corrigidas por bancas compostas por dois ou mais professores, a partir de uma grade de corre??o em que pontos s?o aferidos a certas características valorizadas nos textos.O texto dissertativo argumentativo tem aparecido com maior frequência nos concursos atuais. No entanto, n?o obstante o foco proposto para a disserta??o, há certos elementos-chave sempre avaliados, presentes na maioria dos editais consultados:Adequa??o ao tema proposto e ao tipo de texto solicitado;Domínio da modalidade escrita e das normas gramaticais (uso da norma culta);A coes?o, revelada na organiza??o macro-estrutural do texto, na concatena??o de suas partes, na capacidade de adequar repeti??es e novidades, no desenvolvimento linear da disserta??o, no uso apropriado de conex?es e na precis?o vocabular;a coerência expressa nos elementos de conhecimento de mundo partilhado, na inteligibilidade do planejamento que sustenta o texto, n?o apresentando elemento sem?ntico que contradiga o conteúdo expresso ou subentendido anteriormente; a capacidade de selecionar fatos e argumentos que comprovem o ponto de vista expresso, de modo a deles extrair conclus?es apropriadas.Os três momentos do ato de redigirEmbora a maioria das pessoas escreva textos em dois momentos (rascunho e reda??o), o correto é, no primeiro ato, planejar o que se vai fazer.N?o é que o rascunho seja inútil, mas o tipo de erro fundamental numa disserta??o (organiza??o e coerência) só se consegue evitar se houver realmente uma prepara??o que envolva duas atividades: a fixa??o de uma ideia central (TESE) e a argumenta??o (tópicos dos argumentos e sua estrutura??o lógica).Fazer bem tal planejamento envolve ainda duas atividades anteriores, que, embora pare?am secundárias, também têm sua import?ncia: a compreens?o do tema (hoje, tem sido fundamental e bem explorada nos vestibulares) e o levantamento de ideias (um bom número de exemplos, fatos e situa??es facilitam a argumenta??o a ser desenvolvida).Assim, o que nos compete é conhecer bem como se faz um ROTEIRO, a fim de conseguir um desenvolvimento eficaz do aprendizado de reda??o.O roteiro: teoria e práticaVamos usar o tema abaixo para aprender o que é um plano de reda??o.TEMA 1Parece que o nome mais falado, neste início de século, é internet. Parece, também, que o uso da “grande rede” está sendo facilitado e, consequentemente, democratizado, como se pode ler nos textos abaixo.Texto 1? um universo de saber praticamente ilimitado. Da minha casa, sou capaz de conhecer as maiores e melhores bibliotecas, os mais importantes museus, assim, é algo inimaginável.(?dson de Lucena, estudante, Rio de Janeiro)Texto 2N?o se podia avaliar que uma escola, neste início de século XXI, só estaria completa se estivesse conectada à grande o, no Brasil, ainda existem muitas escolas sem acesso à Internet, pode-se considerar que a grande maioria das crian?as está excluída desse fantástico meio de informa??o.(Odilon de Mesiteri, professor, Rio de Janeiro)Texto 3Eu nunca imaginei que um dia, ficaria t?o dependente da internet. Acho-a mais importante que a própria escola.(Ana Carolina, estudante, Teresópolis)Texto 4Mas o maior problema da Internet está no seu mau uso para velhas a??es, como, por exemplo, racismo, discrimina??es, mentiras, pedofilia e difama??es.A primeira delas, nos EUA, já provocou até mortes. No Brasil, a prática de colocar fotos de menores em situa??es de sexo já levou muitas pessoas à pris?o.A que mais tem provocado a??es judiciais, porém, é o uso da rede para calúnias, difama??es e injúrias.(Revista Veja)Finalmente, gostaríamos que você escrevesse uma disserta??o, com cerca de 25 linhas, definindo sua posi??o com referência à frase abaixo, tornando claro se você concorda com seu conteúdo ou discorda.“A internet é o mais novo instrumento na luta pela conquista de novos saberes, além de acelerar a evolu??o positiva da sociedade”Vamos lá ! Vamos aprender a fazer um roteiro.Leia tudo com muita aten??o! Sublinhe as partes mais significativas! Fa?a anota??es que ajudem a esclarecer ou fixar ideias.Lido e entendido o tema, delimite sua reda??o, escrevendo sua TESE (=ideia básica), lembrando-se de que você só pode:concordar totalmente comconcordar parcialmente comdiscordar totalmente dediscordar parcialmente de“a internet ser essencial no aperfei?oamento da sociedade”Tente enumerar ARGUMENTOS que ajudem a fundamentar a posi??o escolhida por você. Recorra à sua experiência de vida, à sua leitura prévia, ao próprio tema e, principalmente, à colet?nea de textos, com o objetivo de encontrar a melhor argumenta??oi.Veja, agora, um bom plano!IDEIA B?SICA - Apesar de existir o mau uso do mais eficiente sistema de comunica??o, a Internet é um bem para a humanidade e favorece a valoriza??o do homem como cidad?o.Argumentos:Maus usos: pedofilia, erotismo, calúnias, mentiras, promo??es imerecidas e racismo;A internet: o que é e como surgiu; seu desenvolvimento e expans?o;O que a rede traz de bom para a humanidade, o fortalecimento da ética.A valoriza??o do ser humano, sua posi??o de cidad?o bem informado e participante.PROJETO DE CONCLUS?ODessa forma, mesmo reconhecendo seu mau uso em algumas ocasi?es, n?o se pode esquecer a import?ncia dessa grande rede de informa??es no aperfei?oamento da sociedade.Outros caminhos possíveis:Só o futuro pode dizer se prevalecerá o bem ou o mal, mas n?o se pode negar a import?ncia da internet.? visível o valor da internet na forma??o humana, entretanto ainda n?o se pode ter certeza do controle de seu lado negativo.Embora se reconhe?am alguns maus usos da internet, ela é um recurso muito importante na forma??o humanista, pois desenvolve a ética e a cidadania.A verdade é que o mundo está se tornando cada vez pior, e a internet, quase sempre mal usada, tende a ser um elemento que favorece o que há de mais cruel no homem.“Internet: futura garantia de igualdade entre os homens!” N?o se pode garantir seu exclusivo bom uso, mas, no fundo, ela é mais útil que prejudicial.Pode-se, também, já pensar no título da reda??o. Veja algumas possibilidades!- .br- Rede solidária ou de intrigas?- Internet – rede nem sempre boa- Internet e o futuro do homem.Proposta de Reda??oTema 4 (FUVEST 94) Relacione os textos abaixo e redija uma disserta??o, em prosa, discutindo as idéias neles contidas e apresentando argumentos que comprovem e/ou refutem essas idéias."Antes mundo era pequenoPorque Terra era grandeHoje o mundo é muito grandePorque Terra é pequenaDo tamanho da antena parabolicamará"(Gilberto Gil) ? ???????????????????????????"Como democratizar a TV, o rádio, a imprensa, que s?o o oxigênio e a fuma?a que a nossa imagina??o respira? Como seria uma TV sem manipula??o? S?o perguntas difíceis, mas a luta social efetiva, e sobretudo um projeto de futuro, s?o impossíveis sem entrar nesse terreno."(Roberto Schwarz)"Tevê coloridafará azul-róseaa cor da vida?"(Carlos Drummond de Andrade) ? ?????????????????AULA 08 - Dissecando os parágrafos no textoNa disserta??o, é comum a existência de quatro ou cinco parágrafos, sendo o primeiro, introdutório, o último, de conclus?o, e os demais, os de desenvolvimento.A essência da constru??o de um parágrafo é a mesma da disserta??o, ou seja, se possível, deve-se p?r, no parágrafo, a ideia básica (introdu??o), o desenvolvimento (ideias secundárias) e a conclus?o, sendo que essa (última) é bem menos o a divis?o da reda??o em parágrafos visa a facilitar a compreens?o do texto pelo leitor, a organiza??o do parágrafo em ideia principal e secundárias tem o mesmo objetivo.Parágrafos curtos ou aqueles em que a ideia básica é simples, normalmente, n?o precisam de conclus?o.Vamos conhecer alguns bons parágrafos:Texto 1“Os engenheiros pensam que as pontes de um ou dois séculos atrás só caíam porque foram projetadas sem os recursos tecnológicos disponíveis hoje. Isso n?o é verdade. Construídas em tempos modernos ou antigos, as estruturas obedecem às mesmas leis da natureza.”(Henry Petrovsky, em Veja).? um parágrafo de tamanho padr?o, constituído por três períodos, sendo o segundo bastante curto. ? interessante observar a unidade temática que o norteia. A palavra “Isso” liga o segundo período ao primeiro. A rela??o do último com os anteriores é feita pelo fato de o termo “as estruturas” se referir “às pontes”.Texto 2“O melhor momento do futebol para um tático é o minuto de silêncio. ? quando os times ficam perfilados, cada jogador com as m?os nas costas e mais ou menos no lugar que lhes foi designado no esquema – e parados. Ent?o o tático pode olhar o campo como se fosse um quadro-negro e pensar no futebol como uma coisa lógica e diagramável. Mas aí come?a o jogo e tudo desanda. Os jogadores se movimentam e o futebol passa a ser regido pelo imponderável, esse inimigo mortal de qualquer estrategista.”(Luiz Fernando Veríssimo)? um parágrafo bem longo, porém extremamente cuidado na sua estrutura??o.Há o tópico frasal: “O melhor momento do futebol, para um tático, é o minuto de silêncio”.Somam-se muitas ideias secundárias, sendo as primeiras explicativas e descritivas: “? quando os times ficam perfilados, cada jogador com as m?os nas costas e mais ou menos no lugar que lhes foi designado no esquema – e parados.” A palavra “quando” faz a liga??o com o período anterior.Ainda, como ideia secundária, vem uma conclus?o: “Ent?o o tático pode olhar o campo como se fosse um quadro-negro e pensar no futebol como uma coisa lógica e diagramável.” A palavra “ent?o” estabelece o nexo com o momento referido no primeiro período.Agora, a ideia secundária é adversativa, embora usada para comprovar a tese inicial:” Mas aí come?a o jogo e tudo desanda.”O último período exemplifica o anterior, comprovando o acerto da tese defendida no primeiro:” Os jogadores se movimentam e o futebol passa a ser regido pelo imponderável, esse inimigo mortal de qualquer estrategista.” Apesar de ser uma ideia de oposi??o, n?o se pode negar que está clara a rela??o com os períodos anteriores.A opini?o e o fatoA tese ou asser??o inicial, também conhecida como premissa, pode ser de dois tipos: a opini?o e o fato.Opini?oImaginemos que o tema dado seja “a desvaloriza??o da Língua Portuguesa”.Se um aluno diz:Texto 3“A Língua Portuguesa é muito difícil, a sua desvaloriza??o se deve aos desencontros do próprio sistema educacional”, temos uma opini?o pessoal ou julgamento.FatoVeja o texto da articulista da Folha de S?o Paulo, Marilene Felinto, e o compare com as frases da propaganda.Texto 4“Uma pequena mostra de erros de reda??o coletados na imprensa revela que o português aqui transformou-se num vernáculo sem lógica nem regras.”“Vem pra Caixa você também”“O banco que você confia”“Assine Caras e desfrute de vantagens especiais”.Você consegue identificar os erros das três frases? Quais s?o eles?Frase 1:______________________________________Frase 2:______________________________________Frase 3:______________________________________Observe, portanto, que a tese da articulista pode ser comprovada com argumentos que utilizem tais exemplos.Proposta de Reda??o Revise o tema 4, proposto na aula anterior, considerando os comentários feitos por seu professor e o aprendido na aula de hoje. Como foram organizados seus parágrafos? Cada um deles apresentou ideias-tópico claras? Que argumentos você utilizou? Suas opini?es podem ser comprovadas com fatos?AULA 09 – Expressando ideiasTexto 1A polêmica da opini?oTodos os anos, vestibulares primam por temas polêmicos que, em geral, rendem bons debates, passíveis de vários posicionamentos e pontos de vista. Com isso, espera-se estimular a capacidade de argumenta??o do candidato. Mas diante de um assunto controverso, o estudante pode – e deve – dar sua opini?o, sempre se cercando de argumentos e exemplos concretos para que sua linha de raciocínio mantenha um vínculo com a realidade, evitando os famosos “achismos”.As bancas examinadoras costumam aceitar opini?es polêmicas, desde que a reda??o se sustente com argumentos éticos. O próprio fato de escrever um texto para expor uma linha de pensamento pressup?e que haja um raciocínio inverso ou oposto ao apresentado. Porém, é preciso cuidado com a maneira pela qual se exp?e uma opini?o.Considerar a existência de outras vis?es acerca do mesmo fato ou objetivo é um bom modo de evitar preconceitos na hora de produzir um texto. A discord?ncia só é aceita quando o redator demonstra conhecer outras opini?es, as quais ele rebaterá por meio de argumentos, tornado seu textos mais plural e enriquecedor do ponto de vista de informa??o.FisionomiaA familiaridade com o tema proposto pela prova, bem como sua rela??o com a opini?o a ser expressa pelo redator, levantam uma quest?o interessante, chamada de “fisionomia da reda??o”, objeto de estudo do professor Rogério Chociay, autor de “Reda??o no Vestibular da Unesp: A Disserta??o” (Funda??o Vunesp, 2004).Um estudante que aprecie novidades tecnológicas certamente terá mais a dizer sobre o assunto na prova de reda??o do que um candidato que n?o goste ou ignore o tema. Por outro lado, um estudante que ache esse assunto fútil ou superficial, certamente n?o terá problemas em produzir uma reda??o contestando a relev?ncia da tecnologia na vida das pessoas, por exemplo.N?o há problemas em discordar do tema proposto. Por exemplo, na prova de reda??o da Fuvest de 2005, diante do tema “Argumente sobre o programa para descatracaliza??o da vida proposto pelo grupo artístico Contra Filé”, muitos vestibulandos expressaram-se contra o movimento, sob o pretexto de que a cidade já estava muito poluída com grafites de mau gosto. A maioria dos candidatos considerou uma bobagem a proposta do grupo de substituir uma estátua por uma catraca no Largo do Arouche, em S?o Paulo.Se discordar n?o parece ser problema, desde que se sustente por argumentos plausíveis, n?o há como ignorar a quest?o dos direitos humanos, certamente um limite para as bancas examinadoras. Será impossível obter uma boa nota se o candidato expressar pontos de vista racistas, misóginos, homofóbicos ou cruéis.Ainda que a banca se prenda a aspectos técnicos do texto, uma ética deturpada certamente merecerá nota mínima. Ser reacionário e preconceituoso n?o agregará charme nem personalidade ao texto, pois o que se espera é que o redator seja eticamente correto.Pense antes de opinarColocar a opini?o à prova antes de se posicionar pode evitar dissabores:1 – Minha opini?o tem fundamento?? fácil achar por achar. Antes de come?ar a escrever, elencar argumentos e exemplos que ilustrem um ponto de vista é fundamental para o êxito na prova. N?o valem idiossincrasias e motiva??es pessoais, ainda que o tema resvale em cren?as e ideologias do candidato, que deve se guiar antes pela lógica do que pela emo??o.2- Existe uma opini?o contrária à minha?Considerar a existência de outros pontos de vista, sobretudo aqueles que contrariem o do candidato, é democrático e plural, além de fornecer outros pontos de partida para concentrar sua argumenta??o.3 – Minha opini?o é preconceituosa?? preciso tato com assuntos polêmicos, que envolvam opini?es e posicionamentos díspares, como aborto, religi?o, racismo, violência, política, futebol, etc. Vale tentar se colocar na posi??o de quem tem uma opini?o diferente, entender suas motiva??es até para concordar “em parte” com outras posturas, valorizando a reda??o.4 – ? necessário explicitar a minha opini?o?Ainda que a banca examinadora espere do candidato uma posi??o, ele n?o precisa fazê-lo explicitamente. Alguns fatos e argumentos falam por si, e sua simples men??o, a propósito de enriquecer o texto, é suficiente para demarcar a postura do redator diante da banca. Essa “discri??o” também implica a redu??o de marcas do interlocutor no texto, como “na minha opini?o”, “eu acho que”, etc.5 – Minha opini?o é dogmática?Algumas opini?es est?o calcadas em linhas de raciocínio restritas, que só fazem sentido dentro de um sistema de pensamento que, muitas vezes, n?o é universal. ? o caso do discurso religioso que n?o deve ser utilizado para legitimar pontos de vista numa reda??o de vestibular, que pressup?e o ensino laico. Da mesma forma que o discurso cientificista n?o é adequado para atacar a religi?o.(extraído da edi??o especial sobre Reda??o da revista “Língua” agosto de 2010).Proposta de Reda??o Tema 5 - Elabore uma disserta??o argumentativa, considerando os textos abaixo e a proposta de debate posterior. Seu texto deverá ter entre 25 e 30 linhas.Texto 1Na madrugada desta quinta-feira, 15, depois de 14 horas de debates intensos, o Senado argentino aprovou o projeto de lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo. (...)Desta forma, a Argentina tornou-se o primeiro país da América Latina a contar com o casamento homossexual e o segundo em todo o continente americano (na América do Norte, o Canadá conta com legisla??o similar) – O Estad?o on-line, 15 de Julho de 2010.Texto 2Pouco mais de um mês após entrar em vigor a lei que autoriza o?casamento?entre pessoas do mesmo sexo em Portugal, dezoito casamentos já foram realizados e outros trinta e três est?o agendados até ao final do ano, segundo dados do Ministério da Justi?a. O primeiro casamento registrado depois da nova lei foi celebrado entre Teresa Pires e Helena Paix?o que s?o m?es divorciadas e est?o juntas desde 2003, “? uma grande vitória, um sonho que virou realidade”, disse Teresa, aos beijos e abra?os com a?parceira. (Camila Melo)Texto 343 outdoors que defendem o casamento entre pessoas do mesmo sexo est?o causando polêmica e debate entre a comunidade religiosa no Rio de Janeiro.Sob o slogan "Casamento gay, sim! 'Porque contra o amor n?o há lei' (Gálatas 5, 22-23)", as pe?as foram criadas pela Igreja Crist? Contempor?nea, que congrega homossexuais e já possui cerca de 800 membros no país.Apresente sua opini?o em resposta à pergunta: “O casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser aprovado também no Brasil?”AULA 10 – APERFEI?OANDO O TEXTOTexto 1“Fisgado pelos clichês”Os clichês n?o existem por acaso. Palavras e express?es que hoje s?o consideradaschav?es – como “a voz rouca das ruas”, “uma luz no fim do túnel” ou “desde os primórdios”, entre muitas outras – um dia já foram formas cristalinas de comunica??o. Até que ficassem desgastados, banalizadas pelo uso exagerado, esses clichês já foram sinais de estilo e de for?a de express?o.Em alguns casos, essas constru??es, em geral percebidas no discurso alheio mas raramente no próprio discurso, podem ser usadas de forma criativa. Numa reda??o de vestibular ou concurso, porém, é conveniente evitá-las, sob o risco de produzir um texto pouco original e perder pontos na corre??o da prova.“N?o seja superficial”Alguns tópicos considerados clichês e redund?ncias a serem evitadas:A duras penas; a mil; a sete chaves; a toque de caixa; acabamento final; acertar os ponteiros; agregar valor; alto e bom som; amigo pessoal; aparar as arestas; atingir em cheio; chegar a um denominador comum; chegar ao fundo do po?o; colocar um ponto final; com a corda toda; como um todo; continuar ainda; criar novos, conviver juntos; dar o último adeus (com o sentido de morrer); detalhe importante e pequeno detalhe; em fun??o de; faca de dois gumes; hora da verdade; pano de fundo; permanece ainda; produto final; respirar aliviado; sofrer (no sentido de receber); tempo hábil,transparência (em negócios, contas, atitudes).- Texto de Josué Machado, para a revista Língua, agosto de 2010.Hora da Reflex?o01 – Você consegue identificar, dentre os exemplos de express?es listadas, quais s?o redundantes?02 – Você reconhece o significado de todas as express?es acima?03 – Imagine uma proposta de texto sobre a prote??o do meio ambiente. Que tipo de palavras, frases e express?es seriam esperadas neste tipo de texto? Como inovar e fugir do lugar-comum?04 – Fa?a, agora, o mesmo exercício para uma proposta de reda??o sobre tecnologia. Como evitar lugares-comuns nesse tema?AN?LISE DE REDA??OObserve, na próxima página, a proposta de reda??o da FUVEST 2010 e avalie, com seu professor, se a reda??o de um dos candidatos apresenta uma boa argumenta??o. Note que o tema incluiu uma foto como parte da colet?nea de textos apresentada.Reda??o para análiseA estrela e a poeiraA constru??o imagens sobre pessoas teve seu início na remota arte rupestre. Com poucos tra?os, o artes?o das cavernas representava-se, demonstrando que, naquela época, a representa??o da figura humana tinha objetivos divergentes dos atuais.Na civiliza??o de hoje, vê-se construído o império dos “sites” de relacionamento. Orkut, Facebook trazem dentro de si álbuns de fotos, nos quais s?o divulgadas imagens, muitas vezes alteradas por programas como o “Photoshop”. Os usuários desses “sites” preocupam-se com a aparência que apresentar?o em cada uma de suas imagens e tomam como referências de perfei??o ícones criados pela mídia, tais como estrelas da música e do cinema.No entanto, a constru??o de imagens sobre pessoas n?o se restringe ao ?mbito da aparência física. A preocupa??o com a beleza acompanha sim o ser humano há séculos: Cleópatra ordenou que fossem destruídas todas as representa??es de Nefertite por esta ser mais bela que aquela. Mas Cleópatra n?o foi obedecida por ser bela ou n?o; foi obedecida por ter poder, por gerar na mente de seus súditos uma imagem de onipotência.? sabido pela na??o brasileira que a escolha do “marqueteiro” é um ponto chave para a elei??o de um candidato. Esse profissional é símbolo da transforma??o do “real imediato” em figura de admira??o e aclama??o populares. Tendo como base os valores mais apreciados pelos eleitores, as características morais e físicas às quais o candidato deve corresponder, o gênio do “marketing” esculpe o material e, muitas vezes, até pinta-o para obter o resultado que levará a campanha ao sucesso. Lembrando que, como disse Machado de Assis, a tinta n?o se apega do lado de dentro.Portanto, qual seria o futuro da cria??o de imagens para pessoas? Qual seria o motivo para que se deposite poder em uma imagem? Certa vez, Gilbert Durand disse que “a imagina??o simbólica é sempre um fator de equilíbrio. O símbolo é concebido como uma síntese equilibradora, por meio da qual a alma do indivíduo oferece solu??es apaziguadoras aos problemas”; as referidas solu??es apazigúam a realidade do flagelo humano – e a capacidade ilimitada pelo homem idealizada.Assim, fica evidente o motivo de venera??o de estrelas de cinema, da música, da política: suas imagens nos concedem a efêmera sensa??o de que a ra?a humana n?o é apenas poeira cósmica.”Ao analisar o texto, considere:A estrutura geral da disserta??o;A tese do candidato;Estrutura dos parágrafos;Liga??o entre os parágrafos;Lógica argumentativa (exemplifica??o, coerência);Uso da norma culta.Proposta de Reda??o Final - Considerando o estudado ao longo do curso e os comentários de seu professor, reescreva a proposta de reda??o cinco. Perceba os pontos fortes e fracos de sua argumenta??o e procure equilibrá-los. ................
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