Information literacy: princípios, filosofia e prÆtica

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Information

liter

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acy:: princ¨ªpios, ffilosof

ilosofia

Elisabeth Adriana Dudziak

Mestre em Ci¨ºncias da Comunica??o, ECA/USP

Doutoranda em Engenharia de Produ??o, EP/USP

E-mail: elisabeth.dudziak@poli.usp.br

Resumo

Surgida na literatura em 1974, a information literacy liga-se ¨¤

necessidade de se exercer o dom¨ªnio sobre o sempre crescente

universo informacional. Incorporando habilidades,

conhecimentos e valores relacionados ¨¤ busca, acesso,

avalia??o, organiza??o e difus?o da informa??o e do

conhecimento. A information literacy ¨¦ a pr¨®pria ess¨ºncia da

compet¨ºncia em informa??o. O objetivo deste trabalho ¨¦ definir

a information literacy a partir do entendimento do conceito,

objetivos e pr¨¢ticas relacionadas, com ¨ºnfase no papel

educacional das bibliotecas e do bibliotec¨¢rio. Inicialmente,

apresenta-se a evolu??o do conceito segundo um referencial

hist¨®rico. Examina-se a information literacy enquanto processo

de interioriza??o de conhecimentos, habilidades e valores

ligados ¨¤ informa??o e ao aprendizado. Define-se a express?o,

suas caracter¨ªsticas e objetivos. Discutem-se diferentes

concep??es de information literacy, segundo tr¨ºs referenciais:

informa??o, conhecimento e aprendizado. Em seguida, s?o

elencados pontos relevantes de atua??o de bibliotecas e

bibliotec¨¢rios na implementa??o de uma educa??o voltada para

a information literacy. Explorando a information literacy

education, evidencia-se a necessidade de constru??o de um

novo paradigma educacional ante a sociedade atual que

incorpore a compet¨ºncia em informa??o.

Palavras-chave

Information literacy; Compet¨ºncia em informa??o; Alfabetiza??o

informacional; Biblioteca aprendente; Bibliotec¨¢rio educador;

Sociedade de aprendizagem; Habilidades informacionais.

Information literacy: principles, philosophy and

practice

Abstract

Appeared in literature in 1974, the Information Literacy binds the

necessity to exercise the domain on the increasing informational

universe. Incorporating abilities, knowledge and values related

to the search, access, evaluation, organization and diffusion of

information and knowledge, Information Literacy is the very

essence of the Information Competence. The objective of this

work is to define Information Literacy, starting with the

understanding of the concept, relational objectives and

practices, with emphasis on the educational role of libraries and

the librarian. Initially a conceptual evolution is presented

according to a historical reference. It also examines Information

Literacy as knowledge, skills, and values internal process,

connected to information and learning. It defines the expression,

its characteristics and objectives. It discusses the different

conceptions of Information Literacy, according to three

references: information, knowledge and learning, enumerating

relevant topics about Information Literacy Education with

emphasis on the role of libraries and librarians. By exploring

Information Literacy Education, the need of building up a new

educational paradigm is pointed out in face of the current

society that incorporates the information literacy.

Keywords

Information literacy; Information competence; Learning library;

Educational librarian; Learning society; Information skills

Ci. Inf., Bras¨ªlia, v. 32, n. 1, p. 23-35, jan./abr. 2003

INTR

ODU??O

INTRODU??O

A informa??o passou a ser reconhecida como elementochave em todos os segmentos da sociedade. Tal ¨¦ sua

import?ncia que se manter informado tornou-se

indicador incontest¨¢vel de atualidade e sintonia com o

mundo. Paradoxalmente, como resultado da ampla e por

vezes ca¨®tica disponibiliza??o de informa??es,

principalmente via Internet, surgiram barreiras

relacionadas ao seu acesso, tais como o n¨²mero ilimitado

de fontes e o desconhecimento de certos mecanismos

de filtragem, organiza??o e mesmo de apropria??o da

informa??o.

Neste cen¨¢rio, a information literacy ganha cada vez mais

espa?o e transforma-se no principal prop¨®sito de

bibliotecas e bibliotec¨¢rios, particularmente no ensino

universit¨¢rio, conforme ser¨¢ demonstrado no

desenvolvimento deste trabalho.

Desde o surgimento da express?o na d¨¦cada de 701, a

information literacy enquanto conceito permanece um tanto

indefinida, como uma met¨¢fora bem constru¨ªda 2,3,

carregada de conota??es, nem sempre bem vista ou

entendida. Enquanto diversos autores advogam esta

causa4, 5, 6, 7, 8, 9, outros afirmam que a information literacy ¨¦

apenas um exerc¨ªcio de rela??es p¨²blicas, um nome mais

atual para pr¨¢ticas bibliotecon?micas consolidadas10,11.

? parte da pol¨ºmica, a g¨ºnese e populariza??o da

express?o adv¨ºm de uma necessidade bem real: a de

sobreviver ¨¤ realidade atual, tal qual um consumidor de

informa??o, mergulhado no universo informacional; a

informa??o entendida neste primeiro momento como

produto a ser consumido. Muitos estudos t¨ºm sido

realizados sobre information literacy, defini??o,

caracter¨ªsticas, diferentes concep??es, casos, an¨¢lise da

express?o. Por¨¦m, a pesquisa em information literacy ainda

est¨¢ em sua inf?ncia, um territ¨®rio ainda indefinido12.

Sendo um conceito din?mico, constantemente ¨¦

repensado13.

A information literacy apresenta um significado que vai

al¨¦m da soma de suas partes (information e literacy).

Admitindo que informa??o ¨¦ um conceito muito complexo

que engloba muitas defini??es e interpreta??es, conforme

a ¨¢rea de conhecimento na qual se insere, n?o ¨¦

pretens?o deste trabalho discutir profundamente o tema.

23

Elisabeth Adriana Dudziak

Por¨¦m, de forma simplificada, a informa??o ¨¦ o conjunto

de representa??es mentais codificada e socialmente

contextualizadas que podem ser comunicadas, estando,

portanto, indissociadas da comunica??o.

Quanto ¨¤ literacy, segundo Lyman14, pode ser definida

como ¡°a habilidade de compreender mat¨¦rias, ler criticamente,

usar materiais complexos e aprender por si mesmo¡±. Entretanto,

o termo n?o apresenta um significado preciso. Novas

¨ºnfases t¨ºm emergido, acomodando novos significados.

Na ¨²ltima d¨¦cada, uma ampla variedade de literacies tem

sido proposta 7,15, incluindo a cultural, tecnol¨®gica,

acad¨ºmica, marginal etc., aspectos compartimentalizados

de literacy, termos exclusivos. A information literacy, ao

contr¨¢rio, ¨¦ um termo inclusivo, englobando todas as

demais5 . Praticamente inexplorada no Brasil 16,17, a

express?o ainda n?o possui tradu??o para a l¨ªngua

portuguesa. Por¨¦m, algumas express?es poss¨ªveis seriam

alfabetiza??o informacional, letramento, literacia, flu¨ºncia

informacional, compet¨ºncia em informa??o.

A utiliza??o da express?o compet¨ºncia em informa??o parece

ser a mais adequada em fun??o de sua defini??o voltarse a um saber agir respons¨¢vel e reconhecido, que implica

mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos,

habilidades, que agreguem valor... 18 , direcionados ¨¤

informa??o e seu vasto universo.

N?o ¨¦ objetivo deste artigo propor uma tradu??o da

express?o nem resolver eventuais quest?es de g¨ºnero.

Desta forma, ao longo do artigo, ser¨¢ adotada a express?o

¡°a information literacy¡±, apenas a t¨ªtulo de uniformiza??o.

A information literacy ¨¦, sem d¨²vida, um tema ainda novo e

instigante. Uma an¨¢lise mais profunda deste territ¨®rio

inicia-se no mapeamento da literatura sobre o tema, bem

como na evolu??o hist¨®rica e geogr¨¢fica do conceito.

EV

OL

U??O D

A INF

ORMA

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CY

EVOL

OLU??O

DA

INFORMA

ORMATION

LITERACY

Zurkowski antevia um cen¨¢rio de mudan?as e

recomendava que se iniciasse um movimento nacional

em dire??o ¨¤ information literacy. Sugeria que os recursos

informacionais deveriam ser aplicados ¨¤s situa??es de

trabalho, na resolu??o de problemas, por meio do

aprendizado de t¨¦cnicas e habilidades no uso de

ferramentas de acesso ¨¤ informa??o.

Em 1976, o conceito de information literacy reapareceu agora

mais abrangente, ligado a uma s¨¦rie de habilidades e

conhecimentos; inclu¨ªa a localiza??o e uso da informa??o

para a resolu??o de problemas e tomadas de decis?o 2.

N?o se tratava apenas de buscar a informa??o, tratava-se

de fazer uso dela para tomar decis?es e resolver problemas.

Ainda em 1976, um novo significado para a information

literacy surgiu: dois autores (Hamelink e Owens) anteviram

a information literacy (IL) como instrumento de

emancipa??o pol¨ªtica* . Nesse momento, a inser??o do

conceito no contexto da cidadania elevou a IL a um

novo patamar, pois esta ia al¨¦m da simples aquisi??o de

habilidades e conhecimentos ligados ¨¤ informa??o.

Inclu¨ªa-se agora a no??o dos valores ligados ¨¤ informa??o

para a cidadania.

Entretanto, a ¨ºnfase nas habilidades t¨¦cnicas tornaria a

aparecer na literatura em 1979, com autores como Taylor19

e Garfield20 , que abordaram a quest?o da capacita??o

em informa??o como sendo o dom¨ªnio de t¨¦cnicas e

habilidades de uso das ferramentas informacionais na

modelagem de solu??es para os problemas, um dos

requisitos para a compet¨ºncia.

Neste cen¨¢rio de preocupa??o crescente em rela??o ao

n¨²mero de informa??es disponibilizadas (seu acesso f¨ªsico

e organiza??o), a d¨¦cada de 70 se caracterizou pela

admiss?o de que a informa??o ¨¦ essencial ¨¤ sociedade.

Portanto, um novo conjunto de habilidades era

necess¨¢rio para o uso eficiente e eficaz da informa??o.

Antevia-se uma realidade de mudan?as nos sistemas de

informa??o e no papel exercido pelos bibliotec¨¢rios.

D¨¦cada de 70 ¨C os precursores

A express?o information literacy surgiu pela primeira vez

na literatura em 1974 em um relat¨®rio intitulado The

information service environment relationships and priorities, de

autoria do bibliotec¨¢rio americano Paul Zurkowski.

Em seu trabalho, Zurkowski1 descreveu uma s¨¦rie de

produtos e servi?os providos por institui??es privadas e

suas rela??es com as bibliotecas. Sendo o ent?o

presidente da Information Industry Association,

24

* Todos os homens s?o iguais, mas aqueles que votam munidos de

informa??o est?o em posi??o de tomar decis?es mais inteligentes que

aqueles cidad?os que n?o est?o bem informados. A aplica??o de

recursos informacionais aos processos de decis?o no desempenho

das responsabilidades civis ¨¦ de vital import?ncia. (trad. de Owens,

M.R. (1976) State government and libraries. Library Journal, v.101, p.27.)

Ci. Inf., Bras¨ªlia, v. 32, n. 1, p. 23-35, jan./abr. 2003

Information literacy: princ¨ªpios, filosofia e pr¨¢tica

A d¨¦cada de 80 ¨C Os exploradores

Os anos 80 se iniciam fortemente influenciados pelas

novas tecnologias de informa??o, que come?avam a

alterar os sistemas de informa??o e as bibliotecas,

principalmente nos Estados Unidos. A ascens?o e a

difus?o da tecnologia da informa??o alteraram as bases

de produ??o, controle, guarda, dissemina??o e acesso ¨¤

informa??o, colocando o computador em foco e

alterando definitivamente os sistemas de informa??o.

In¨²meros trabalhos surgiram enfocando a IL como

information tecnology literacy.

A concep??o da information literacy com o sentido de

capacita??o em tecnologia da informa??o se popularizou,

principalmente no ambiente profissional, e come?ava a

ser implementada nas escolas secund¨¢rias. Admitia-se a

necessidade dessa capacita??o, por¨¦m n?o havia ainda

programas educacionais estruturados. Esta ¨ºnfase na

tecnologia da informa??o restringia a no??o do que seria

information literacy, dando-lhe uma ¨ºnfase instrumental.

Todavia, a tecnologia da informa??o era o foco naquele

momento.

A partir do estudo de usu¨¢rios de Breivik21, da rea??o ¨¤

publica??o do documento governamental americano

intitulado Nation at Risk2 e da divulga??o do Information

Power,* os bibliotec¨¢rios come?avam a prestar aten??o

¨¤s conex?es existentes entre bibliotecas e educa??o, a

information literacy e o aprendizado ao longo da vida2.

Para Breivik, a information literacy era um conjunto

integrado de habilidades (estrat¨¦gias de pesquisa e

avalia??o), conhecimentos de ferramentas e recursos,

desenvolvidos a partir de determinadas atitudes. Seu

trabalho foi de suma import?ncia, pois constituiu um

dos primeiros passos em rela??o ¨¤ aproxima??o e

integra??o do trabalho desenvolvido por bibliotec¨¢rios,

docentes e educadores em geral, na implementa??o de

programas educacionais voltados para a information

literacy.

Em 1987, surge no cen¨¢rio a monografia de Karol C.

Kuhlthau intitulada Information Skills for an Information

Society: a review of research (ERIC Document, 1987, EUA),

na qual lan?a as bases da information literacy education, ou

seja, a educa??o voltada para a information literacy, segundo

dois eixos fundamentais:

¨C a integra??o da information literacy ao curr¨ªculo, a partir

da profici¨ºncia em investiga??o, identificada como a

meta das bibliotecas do ensino m¨¦dio;

¨C o amplo acesso aos recursos informacionais, cruciais

ao aprendizado estudantil, a partir da apropria??o das

tecnologias de informa??o. Os estudantes usam as

tecnologias de informa??o como ferramentas na busca

pelas informa??es mais apropriadas ao seu aprendizado7.

O ponto importante ¨¦ a integra??o da information literacy

ao curr¨ªculo, o que significa entend¨º-la n?o como uma

disciplina isolada, aut?noma e desprovida de contexto,

mas sim em harmonia com o universo do aprendiz.

Ao referir-se ¨¤ profici¨ºncia investigativa como meta

educacional e ao amplo acesso aos recursos

informacionais, Kulthau amplia o conceito da information

literacy, desfazendo a no??o corrente na ¨¦poca de que as

habilidades informacionais se restringiam ¨¤ biblioteca

e aos materiais cient¨ªficos bibliogr¨¢ficos.

O foco estava no ser humano e em seu aprendizado.

A autora tamb¨¦m situa-se diante da realidade das

tecnologias de informa??o, fornecendo-nos sua real

dimens?o: as tecnologias de informa??o s?o apenas

ferramentas de aprendizado.

Provavelmente o trabalho mais proeminente neste

per¨ªodo tenha sido o de Karol C. Kuhlthau, por construir,

a partir de experi¨ºncias de busca e uso da informa??o,

um modelo descritivo dos processos de aprendizado a

partir da busca e uso da informa??o. Em anos

posteriores, daria prosseguimento a seus estudos

definindo a information literacy como um modo de

aprender22, 23, 24 , enfatizando a no??o de processo cognitivo,

construindo o que se convencionou chamar de modelo

alternativo centrado no usu¨¢rio.

A d¨¦cada de 80 tamb¨¦m foi marcada pela publica??o de

dois documentos fundamentais para a information literacy,

ambos enfocando o papel educacional das bibliotecas

acad¨ºmicas e a import?ncia dos programas educacionais

em IL, para a capacita??o dos estudantes.

* National Commission on Excellence in Education. A Nation at Risk: The

Imperative for Educational Reform. (Washington DC: The Commission, 1983)

¨C relat¨®rio que ignorou por completo o papel das bibliotecas na educa??o. Ver

tamb¨¦m: Gratch, 1989.

Ci. Inf., Bras¨ªlia, v. 32, n. 1, p. 23-35, jan./abr. 2003

25

Elisabeth Adriana Dudziak

O primeiro documento foi o livro editado por Patricia

S. Breivik e E. Gordon Gee5 intitulado ¡°information

literacy: Revolution in the Library¡±. Enfatizando a coopera??o

entre bibliotec¨¢rios e administradores das universidades,

Breivik e Gee introduziram o conceito da educa??o

baseada em recursos (resource-based learning), que enfatiza

os processos de constru??o de conhecimento a partir da

busca e uso da informa??o, de maneira integrada ao

curr¨ªculo, cuja filosofia via a biblioteca como elementochave na educa??o.

A d¨¦cada de 90 ¨C a busca de caminhos

O segundo documento importante foi o da ALA ¨C

American Library Association, Presential Committe on

information literacy: Final Report 25, preparado por um grupo

de bibliotec¨¢rios e de educadores. Largamente

reproduzida e disseminada, ¨¦ uma das defini??es mais

citadas na literatura:

Os profissionais da informa??o, conscientes da

necessidade de possibilitar o acesso r¨¢pido e f¨¢cil ao

novo universo informacional, voltam-se para a information

literacy. Objetivam ent?o tornar os usu¨¢rios (agora

usu¨¢rios da informa??o) aprendizes independentes,

enfatizando a integra??o curricular e a coopera??o com

a comunidade.

¡°Para ser competente em informa??o, uma pessoa deve ser capaz de

reconhecer quando uma informa??o ¨¦ necess¨¢ria e deve ter a

habilidade de localizar, avaliar e usar efetivamente a informa??o...

Resumindo, as pessoas competentes em informa??o s?o aquelas

que aprenderam a aprender. Elas sabem como aprender, pois sabem

como o conhecimento ¨¦ organizado, como encontrar a informa??o

e como us¨¢-la de modo que outras pessoas aprendam a partir dela.¡±

(American Library Association ¨C Presidential Committee on

information literacy, 1989, p.1)*

O relat¨®rio da ALA ressalta a import?ncia da information

literacy para indiv¨ªduos, trabalhadores e cidad?os. As

recomenda??es se concentram na implanta??o de um

novo modelo de aprendizado, com a diminui??o da

lacuna existente entre sala de aula e biblioteca.

Esse novo modelo de aprendizado s¨® ¨¦ poss¨ªvel a partir

de uma reestrutura??o curricular na qual seja privilegiado

o uso dos recursos informacionais dispon¨ªveis, para a

aprendizagem e resolu??o de problemas, de forma

contextualizada, a fim de incutir nos aprendizes o h¨¢bito

de buscar e utilizar criticamente a informa??o (e a

biblioteca).

* ¡°To be information literate, a person must be able to recognize when

information is needed and have the ability to locate, evaluate, and use effectively

the needed information...Ultimately, information literate person are those

who have learned how to learn. They know how to learn because they know

knowledge is organized, how to find information, and how to use information

in such a way that others can learn from them. They are people prepared for

lifelong learning, because they can always find the information needed for any

task or decision at hand.¡±(ALA, 1989)

26

Nos anos 90, a defini??o da ALA25 foi amplamente aceita.

Conseq¨¹entemente, uma s¨¦rie de programas

educacionais voltados para a information literacy come?ou

a ser implementada ao redor do mundo, principalmente

a partir das bibliotecas universit¨¢rias. V¨¢rios estudos de

caso come?aram a aparecer na literatura, a partir de

programas criados nas universidades, principalmente nos

Estados Unidos e Austr¨¢lia*.

Entretanto, muitos bibliotec¨¢rios deixavam transparecer

que utilizavam a express?o apenas como uma

terminologia alternativa para a educa??o de usu¨¢rios8.

N?o havia ainda, em muitas institui??es americanas, uma

verdadeira mudan?a de paradigmas.

Doyle7 buscou uma defini??o para a express?o a partir

de suas experi¨ºncias conduzidas junto ao grupo

intitulado National Forum on Information Literacy

(NFIL), criado em resposta ¨¤s recomenda??es da ALA25.

Doyle tra?ou as diretrizes da IL, considerando-a um

conjunto integrado de habilidades, conhecimentos e

valores ligados ¨¤ busca, acesso, organiza??o, uso e

apresenta??o da informa??o na resolu??o de problemas,

utilizando, para tanto, o pensamento cr¨ªtico**.

O resultado de seu relat¨®rio levou ¨¤ defini??o do conjunto

de metas que nortearam a National Educational Goals

de 1990, para o ensino m¨¦dio.

O per¨ªodo foi marcado pela busca de uma fundamenta??o

te¨®rica e metodol¨®gica sobre a information literacy,

* Para acesso aos programas acesse o site da Florida International University

Libraries. Dispon¨ªvel em

Acesso em out.2002.

** Todo mundo usa informa??o enquanto cidad?o, trabalhador, na

resolu??o de problemas ou para o aprendizado ao longo da vida.

Tradicionalmente as escolas promovem o conceito ¡°apr ender a

aprender¡±. As compet¨ºncias mais elevadas de aprendizado incluem a

formula??o de quest?es, a avalia??o da informa??o de acordo com

sua pertin¨ºncia e exatid?o, a organiza??o da informa??o e, finalmente,

a aplica??o da informa??o para responder ¨¤s quest?es originais ¨C o

¨²ltimo e mais valioso passo no processo. N?o se trata somente de

achar a informa??o, mas us¨¢-la para motivar o aprendiz. (Trad. de

Doyle, 1994, p.1)

Ci. Inf., Bras¨ªlia, v. 32, n. 1, p. 23-35, jan./abr. 2003

Information literacy: princ¨ªpios, filosofia e pr¨¢tica

destacando-se, al¨¦m de Doyle, os estudos de Behrens 2,

Candy et alii (apud Bruce6 ), Kuhlthau23 e Eisenberg 26.

Outros modelos de processos de busca e uso da

informa??o surgiram nesta ¨¦poca, como Infozone, Follett¡¯s,

Organizer Investigator, The Research Cycle, Dan¡¯s Generic

Model, Seven Pillars Model etc. (Dudziak 16).

Todos estes modelos incorporam as atividades b¨¢sicas

de identifica??o, acesso, avalia??o e uso da informa??o,

diferenciando-se com rela??o ¨¤s atividades pr¨¦ e p¨®spesquisa.

A ¨ºnfase na busca e uso da informa??o enquanto processo

cognitivo para a resolu??o de problemas, direcionando

o aprendiz ao pensamento cr¨ªtico e criativo, foi explorada

por muitos outros educadores.

Por¨¦m, se de um lado crescia a preocupa??o com os

processos ligados a information literacy, a ¨ºnfase nas

tecnologias de informa??o e nos ambientes eletr?nicos

fez surgir v¨¢rios neologismos relacionados ¨C digital literacy,

multimedia literacy ¨C ligados ao ciberespa?o, no qual se

estabelecem as comunidades virtuais. Information

technology literacy . mediacy ¨C definida como treinamento/

capacita??o em navega??o eletr?nica, prevalecendo o

contato visual com a informa??o, inserido em digital

literacy e na comunica??o mediada por computadores.

Em 1997, Cristine Bruce 6 introduziu um novo

entendimento a respeito da IL e denominou-o modelo

relacional. Tomando como ponto de partida os estudos

de Candy e seus colaboradores, defendeu sua tese

intitulada Information literacy: a phenomenography. Bruce

desenvolveu um estudo baseado nas experi¨ºncias de

educadores e profissionais de informa??o de duas

universidades australianas sobre o que significaria ser

competente em informa??o.

Considerando a information literacy como fen?meno,

Bruce6 parte do pressuposto de que a information literacy

est¨¢ acima do desenvolvimento de compet¨ºncias; ¨¦ muito

mais uma quest?o situacional experimentada pelos

sujeitos, resultando disso uma ¨ºnfase em determinadas

concep??es e experi¨ºncias.*

* Em obra posterior baseada em sua tese, intitulada ¡°Seven faces of

Information Literacy¡± (1997), Bruce estabelece sete concep??es de IL: a

da tecnologia da informa??o, das fontes de informa??o, do processo

de informa??o, controle da informa??o, constru??o do conhecimento,

extens?o do conhecimento e, por fim, a concep??o de intelig¨ºncia.

Ci. Inf., Bras¨ªlia, v. 32, n. 1, p. 23-35, jan./abr. 2003

Bruce tem publicado diversos trabalhos sobre information

literacy, sendo uma das autoras que tem realizado

importantes pesquisas sobre o tema12, 27, 28.

Ainda em 1997, foi criado o Institute for information

literacy da ALA - ACRL, destinado prioritariamente a

treinar bibliotec¨¢rios e dar suporte ¨¤ implementa??o de

programas educacionais no ensino superior. Atualmente

oferece um programa de imers?o para treinamento e

capacita??o de bibliotec¨¢rios a fim de torn¨¢-los agentes

multiplicadores de IL em suas institui??es.

Outra organiza??o que recebe suporte da ALA ¨¦ a Library

Instruction Round Table LIRT, voltada para a information

literacy, a instru??o e orienta??o bibliogr¨¢fica,

disponibilizando um site com publica??es, confer¨ºncias,

comit¨ºs e diversos links a programas educacionais.

A LOEX Clearinghouse for Library Instruction promove

a dissemina??o da orienta??o bibliogr¨¢fica e da IL

fornecendo textos, exemplos de programas educacionais

e tutoriais em IL, organizando anualmente a LOEX

Conference on Library Instruction.

Hannelore B. Rader, diretora da Cleveland State

University Library, Ohio, EUA, publica anualmente,

desde 1991, uma revis?o de artigos na ¨¢rea (Bibliographic

instructions and information literacy) e afirma que o n¨²mero

de publica??es sobre o assunto tem aumentado e se

difundido. Outro fato significante levantado por Rader29

¨¦ a crescente integra??o e colabora??o entre bibliotec¨¢rios

e docentes na implementa??o de programas educacionais

voltados para a information literacy, principalmente no

ambiente universit¨¢rio. O bibliotec¨¢rio cada vez mais ¨¦

visto como educador, sendo valorizado o trabalho

cooperativo com docentes e administradores na

implementa??o da information literacy education (ILE).

Em mar?o de 1998, a American Library Association

ALA 30 lan?ou um relat¨®rio de atualiza??o. Nesse

documento, delineia seis recomenda??es relativas ao

assunto, reafirmando a premissa de adequa??o de

sistemas e de profissionais de informa??o ¨¤ realidade

atual de multiplicidade de recursos e fontes

informacionais e a necessidade de atua??o

interdisciplinar, integrando tamb¨¦m os ambientes

educacional e profissional.

Em dezembro de 1998, pesquisando a Internet atrav¨¦s

do mecanismo de busca Altavista (http://

), foram encontrados cerca de 9.510

web itens com a express?o information literacy, o que denota

um interesse cada vez maior pelo tema. E o n¨²mero de

27

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