TEORIAS DA PERSONALIDADE - Psicologia

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Documento produzido em 26©\09©\2010

[Trabalho de Curso]

TEORIAS DA PERSONALIDADE

2008

Trabalho realizado no ?mbito do 3? ano da licenciatura

em Aconselhamento Psicossocial no ISMAI (Portugal)

Nuno Jorge Mesquita Baptista

Licenciado em Aconselhamento Psicossocial. Licenciando em Psicologia. P¨®s-Graduando em Avalia??o e

Interven??o com Crian?as e Adolescentes. Especializando em Psicologia Escolar. Formador

nuno_iverson@

RESUMO

O estudo da personalidade constitui um dom¨ªnio particularmente interessante nas ¨¢reas

Sociais e Humanas. Desde os prim¨®rdios, a no??o de personalidade tem sofrido significativas

mudan?as, o que, desde j¨¢, nos deixa a reflectir acerca do qu?o complexo ¨¦ esta tem¨¢tica bem

como de todas as componentes intimamente relacionadas.

Palavras-chave: Teorias, personalidade

INTRODU??O

O estudo da personalidade constitui um dom¨ªnio particularmente interessante nas ¨¢reas

Sociais e Humanas. Desde os prim¨®rdios, a no??o de personalidade tem sofrido significativas

mudan?as, o que desde j¨¢ nos deixa a reflectir acerca do qu?o complexo ¨¦ esta tem¨¢tica bem

como de todas as componentes intimamente relacionadas.

Face a uma pan¨®plia de defini??es, segundo Carver et Scheier (2000, cit in Hansenne,

2003) da forma mais sint¨¦tica poss¨ªvel, destacam alguns pontos:

I. A personalidade n?o corresponde a uma justaposi??o de pe?as, mas sim representa

uma organiza??o;

II. A personalidade n?o se encontra num local espec¨ªfico. Ela ¨¦ activa e representa um

processo din?mico no interior do indiv¨ªduo;

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III. A personalidade corresponde a um conceito psicol¨®gico cujas bases s?o fisiol¨®gicas;

IV. A personalidade ¨¦ uma for?a interna que determina como o indiv¨ªduo se

comportar¨¢;

V. A personalidade ¨¦ constitu¨ªda por padr?es de respostas recorrentes e consistentes;

VI. A personalidade n?o se reflecte apenas numa direc??o, mas sim em v¨¢rias, ¨¤

semelhan?a dos sentimentos, pensamentos e comportamentos.

? tamb¨¦m de relativa import?ncia salientar muito superficialmente as no??es de

temperamento, de car¨¢cter e de tra?os da personalidade, sendo assim define-se temperamento

como ¡°tra?os inatos¡± da personalidade, cuja origem ¨¦ iminentemente gen¨¦tica, sublinhando-se

tamb¨¦m o facto de os temperamentos poderem ser modificados pela experi¨ºncia,

independentemente da base heredit¨¢ria que apresentam (Buss & Plomin, 1984 cit in hansenne,

2003). Por sua vez, o car¨¢cter segundo o modelo de Cloninger e tal. (1993, cit in Hansenne,

2003) define-se por disposi??es duradoiras, que aparecem mais tarde na vida do indiv¨ªduo, e que

modificam os temperamentos base.

? claro que esta no??o nada tem a ver com a ideia do senso comum, cuja palavra ¡°car¨¢cter¡±

¨¦ empregada para realizar algum tipo de aprecia??o como ¡°Este sujeito possui um car¨¢cter forte¡±,

e quer seja uma express?o positiva ou negativa, constitui sempre um ju¨ªzo moral. Quanto ao tra?o

de personalidade, representa uma caracter¨ªstica dur¨¢vel, a disposi??o do indiv¨ªduo para se

comportar de uma determinada forma em diversas ocasi?es, e deste modo a no??o de tra?o

substitui afavelmente a no??o de car¨¢cter.

Tra?os habituais s?o por exemplo: a impulsividade, a generosidade, a timidez, a

sensibilidade, a empatia ou honestidade (Hansenne, 2003).

O presente trabalho tem como objectivo primordial a apresenta??o e divulga??o de toda

uma hist¨®ria de in¨²meras teorias e classifica??es, agrupando-se deste modo em 7 perspectivas

diferentes: a psicanal¨ªtica, a neo-anal¨ªtica, a humanista, a da aprendizagem, a cognitiva, a das

disposi??es e a psicobiol¨®gica no que concerne ¨¤ no??o supracitada de personalidade.

Com isto, esta produ??o est¨¢ estruturada para que se torne mais f¨¢cil a sua compreens?o,

estando presentes as abordagens de autores como Freud, Jung, Adler, Horney, Sullivan, Erikson,

Fromm, Rogers, Maslow, Skinner, Bandura, Rotter, Kelly, Mischel, Beck, Allport, Cattell,

Eysenck, o Modelo dos 5 factores, Gray, Tellegen, Zuckerman e o Modelo biossocial de

Cloninger, das respectivas perspectivas referidas.

No final encontra-se uma breve conclus?o acerca do respectivo trabalho, e de uma lista de

refer¨ºncias bibliogr¨¢ficas sobre a tem¨¢tica.

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Abordagens da Personalidade

Existem duas grandes vias de abordagem no que se retoma ao estudo da personalidade,

sendo estas a abordagem idiogr¨¢fica e a nomot¨¦tica (Fig. 1)

No que diz respeito ¨¤ abordagem idiogr¨¢fica, considera o indiv¨ªduo como uma pessoa

inteira e ¨²nica cujo processo consiste na concentra??o de um indiv¨ªduo e na observa??o das suas

caracter¨ªsticas em diversas situa??es, como acontece por exemplo nos estudos de caso. Ao passo

que a abordagem nomot¨¦tica faz refer¨ºncia ¨¤ procura de regras que possam ser aplicadas a v¨¢rios

indiv¨ªduos, onde neste caso se estudam as caracter¨ªsticas de um vasto n¨²mero de indiv¨ªduos,

comparando-os entre si (Hansenne, 2003).

Indiv¨ªduo 1 Indiv¨ªduo 2

Individuo 5

Situa??o 1

Situa??o 2

Situa??o 3

Situa??o 4

Situa??o 5

1

Indiv¨ªduo 3

Indiv¨ªduo 4

2

Fig. 1 Representa??o esquem¨¢tica da abordagem idiogr¨¢fica (1) e da abordagem nomot¨¦tica (2).

Determinantes da Personalidade

Uma pergunta muito pertinente ser¨¢ ¡°At¨¦ que ponto a hereditariedade exerce fortes

influ¨ºncias sobre a personalidade?¡±. A grande maioria das obras acerca da gen¨¦tica da

personalidade recorre a question¨¢rios de avalia??o aplicados a adultos e a crian?as. Nesse

sentido, os question¨¢rios mais aplicados s?o o EPQ, o TCI, o NEO-PI e o 16 PF. Por norma,

comparam-se as correla??es intrapares de g¨¦meos. Utilizando esta ¨²ltima premissa, os autores

Loehlin e Nichols (1976, cit in Hansenne, 2003) efectuaram um estudo com 800 pares de

g¨¦meos, na qual foram examinados diversos tra?os da personalidade. Com o t¨¦rmino deste

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estudo, os autores chegaram a duas grandes conclus?es, onde a primeira redige que todos os

tra?os da personalidade se mant¨ºm moderadamente heredit¨¢veis, e a segunda que o meio que

mais influencia a personalidade n?o ¨¦ o ambiente comum ¨¤s diferentes crian?as de uma mesma

fam¨ªlia, mas sim aquele ambiente que n?o ¨¦ partilhado.

Muito resumidamente, hoje em dia pensa-se que cerca de 40% das diferen?as individuais

referem-se a influ¨ºncias gen¨¦ticas e que 60% se referem a influ¨ºncias do ambiente (Fig. 2)

Fig.2 Resumo esquem¨¢tico da influ¨ºncia dos factores heredit¨¢rios e o efeito do ambiente n?o partilhado sob

personalidade.

Teorias da Personalidade

1. Perspectiva Psicanal¨ªtica

A perspectiva psicanal¨ªtica ¨¦ ¨²nica, cujo seu autor ¨¦ Freud. Os elementos mais importantes

desta teoria s?o: a personalidade ¨¦ um conjunto din?mico constitu¨ªdo por componentes em

conflito, dominadas por for?as inconscientes e a sexualidade tem um papel crucial nesta teoria.

Refere tamb¨¦m a exist¨ºncia da primeira t¨®pica e da segunda t¨®pica, sendo o inconsciente, o pr¨¦consciente, consciente e o Eu, Id, Supereu, respectivamente.

Segundo Freud (1964 cit in Hansenne, 2003), existem 5 fases no desenvolvimento da

personalidade, sendo estas a oral, a anal, a f¨¢lica, o per¨ªodo de lat¨ºncia e a fase genital.

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2. Perspectiva Neo-anal¨ªtica

Jung rejeita a teoria da sexualidade e realiza uma interpreta??o dos sonhos de forma

diferente. Um dos pontos essenciais da teoria de Jung ¨¦ o de o inconsciente ser dividido em duas

entidades diferentes: o inconsciente pessoal e o inconsciente colectivo, sendo este ¨²ltimo

constitu¨ªdo por arqu¨¦tipos.

Segundo Jung (1933, cit in Hansenne, 2003), considerou duas atitudes distintas, a

introvers?o e a extrovers?o e paralelamente a isto, definiu 4 fun??es psicol¨®gicas: o pensamento,

as impress?es, as sensa??es e as intui??es. Fomentou tamb¨¦m que o desenvolvimento da

personalidade ¨¦ encarado segundo 4 fases: a inf?ncia, a juventude, a middle age e a fase old age.

Segundo Adler (1927 cit in Hansenne, 2003), considerava o indiv¨ªduo como uma pessoa

inteira, cuja vida passa da imaturidade para a maturidade. O autor refere que os indiv¨ªduos

decidem o rumo que as suas vidas vai tomar e que independentemente da direc??o tomada,

procuram alcan?ar a perfei??o dentro do que eles pr¨®prios estabeleceram.

Um dos aspectos fundamentais da sua teoria, assenta no facto de que o homem deve

cumprir 3 tarefas na vida: inserir-se na sociedade, consagrar tempo a um trabalho e desenvolver

rela??es amorosas. E sendo assim, ¨¦ atrav¨¦s destas 3 tarefas que a crian?a vai desenvolver os seus

interesses sociais.

Segundo Horney (1945 cit in Hansenne, 2003), n?o considerava que a personalidade fosse

exclusivamente determinada por puls?es inconscientes, nem que a l¨ªbido constitu¨ªsse a fonte

energ¨¦tica das puls?es. A autora defende tamb¨¦m que o desenvolvimento normal da

personalidade apenas se evidencia se os factores presentes no ambiente social da crian?a lhe

permitirem adquirir confian?a em si mesma e nos outros. Deste modo, quando as condi??es n?o

se evidenciam, a crian?a vai desenvolver uma ansiedade e poder¨¢ apresentar necessidades

neur¨®ticas.

Horney descreveu 3 tend¨ºncias que os indiv¨ªduos verificam perante si pr¨®prios e diante dos

outros para reduzir a ansiedade. S?o 3 maneiras de viver, pensar e comportar que desta maneira

constituem 3 tipos de personalidade: o tipo submisso, o tipo agressivo e o tipo desligado.

Para Sullivan (1953 cit in Hansenne, 2003), a personalidade ¨¦ constitu¨ªda pela configura??o

duradoira das situa??es interpessoais recorrentes que caracterizam uma vida humana. O conjunto

destas rela??es a ¡°dois¡± come?a com a rela??o com a m?e e termina com a escolha do parceiro.

Relata tamb¨¦m que existem 2 tipos de tens?es provenientes das experi¨ºncias que vivemos: as

necessidades f¨ªsicas e a ansiedade interpessoal.

Sullivan considerava que a personalidade se desenvolvia segundo 6 est¨¢dios de

desenvolvimento da inf?ncia ¨¤ adolesc¨ºncia, encontrando-se cada um centrado numa rela??o

interpessoal ¨²nica.

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