RECUPERANDO INFORMAÇÕES PARA A HISTÓRIA DO CINEMA …



RECUPERANDO INFORMAÇÕES PARA A HISTÓRIA DO CINEMA EM PERNAMBUCO: AGENDA DO CINEMA AMBULANTE

(1900-1909)

Maria Luiza Nóbrega de Morais[1]

Quando as primeiras exibições de cinema acontecem em Recife, no início do século XX, a cidade já dispõe de uma movimentada vida cultural que se distribui pelos subúrbios e pelo centro urbano.[2] Contando com sistema de comunicação que ligava a cidade ao Rio de Janeiro e Europa, beneficiada pela existência de uma imprensa consolidada e com uma intensa movimentação teatral, o Recife maravilhava-se com a chegada dos primeiros automóveis e com as projeções cinematográficas.

As primeiras exibições aconteciam nos mais diferentes lugares: teatros, festas de largo, circos, velódromo, cafés e casas de diversão. Os teatros abrigavam as exibições quando a pauta não estava ocupada pelas grandes companhias que visitavam a cidade, pelos grupos amadores distribuídos pelos bairros e eventualmente pelas companhias amadoras vindas do interior de Pernambuco para se apresentarem na capital.

Este trabalho compreende uma primeira aproximação das informações que cobrem o início do século XX até o momento em que a cidade inaugura seus primeiros cinemas fixos: Pathé, Carlos Gomes, Royal e Palace, no ano de 1909.

As primeiras projeções

Num salão de variedades instalado na Rua da Imperatriz n° 25, funciona um Cinematógrafo Lumière. Uma nota do Jornal Pequeno, em 13 de janeiro de 1900, informa a exibição de fatos históricos, costumes de diversos países e cenas humorísticas em vistas coloridas.[3] As projeções acontecem todas as noites, em três sessões, acompanhadas de uma orquestra. A entrada, com direito a cadeira, custava 1$000. Embora prevista para iniciar as 19.30h, os horários variavam de acordo com as condições técnicas do aparelho. Os problemas eventuais de falta de energia e os constantes desarranjos do aparelho não conseguem estragar o humor dos espectadores. O que não se vira hoje, poderia ser visto amanhã ou depois de amanhã. Ainda no mês de janeiro, o Jornal do Recife, na secção Gazetilhas, informa que, em um dos salões do Hotel Commercial, funciona um Motoscópio que exibe interessantes vistas. No dia 10 de janeiro, o sr. Domingos Mafra anuncia que as entradas para as sessões do Motoscópio passarão a custar 1$000.Conforme informações do jornal, esse aparelho funcionaria até o dia 14 do mês. No mês de maio, ainda aparecem anúncios do Motoscópio funcionando na Rua da Imperatriz n° 17. Em agosto, a secção Gazetilla informa um excelente cinematógrafo funcionando, no pavimento térreo de um prédio da Rua da Imperatriz, até início do mês de setembro quando os proprietários anunciam que vão despedir-se da cidade. [4]

Em 19 de março, o Jornal Pequeno anuncia as últimas sessões do cinematógrafo e, no fim do mês, antecipa a vinda de um novo aparelho com projeções animadas que seria trazido pelo prestidigitador, Comendador Ernesto Acton. Segundos registros na imprensa, Ernesto Acton esteve em Recife, no mês de janeiro, apresentando espetáculos dos quais constavam trabalhos de “altas magia branca e preta” (Jornal Pequeno, 22.01.1901)[5] Enquanto espera a chegada do novo aparelho, o público reclama das escuras vistas do Martírio de Cristo e aplaude uma fita sobre duas maxixeiras que o jornal não identifica o nome mas que faz referência ao conteúdo.

Como não há um registro preciso das companhias de exibição, mas eventuais referências, fica difícil identificar, em alguns casos, quando muda a empresa exibidora. O foco da informação é sempre o aparelho e as vistas. Assim que, quando em maio de 1900, o Jornal Pequeno notifica o sucesso da Paixão de Cristo que traz ao cinema não apenas representantes do clero mas famílias vindas do interior do estado para conhecer a novidade, não faz maiores referências. Conforme registros na imprensa, há um trabalho de divulgação do exibidor junto à direção das escolas. Assim sendo, os colégios passam a usar as vistas da Paixão de Cristo como auxílio à educação religiosa e começam a agendar suas presenças.

Em 28 de maio de 1900, o Jornal Pequeno anuncia que, brevemente, num salão de variedades da Rua da Imperatriz, será apresentado o Fotolumière exibindo algumas cenas e episódios do Batalhão de Canudos. Além da foto do general, foram apresentadas algumas cenas, episódios, panoramas, batalhões e acampamento de Canudos. Outras fotografias exibidas seriam do General Serra Martins, Coronel Medeiros, Capitão Albino Noronha, Tenente Lacerda[6], entre outros.

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“Agradam bastante as vistas de Canudos que foram ontem exibidas pelo aparelho de projeções fixas. As cenas são reproduzidas com muita verdade e as figuras têm perfeita semelhança; não há exata nitidez em todos os quadros parecendo ser defeito dos clichês; em compensação, outros apresentam vivamente as cenas, tendo dignas dimensões – a da barraca do coronel Medeiros, as duas jovenzinhas, a autópsia, o general Artur Costa” (Jornal Pequeno, 30.05.1900)

O jornal anuncia ainda que estes seriam os últimos dias da projeção desde que, em junho, o artista, proprietário do aparelho, deve viajar para cumprir outros itinerários no sul do país .

Em 18 de outubro de 1900, a revista Diário, do Diario de Pernambuco informa que um cinematógrafo que funciona na Rua da Imperatriz, n° 17, prepara a exibição de novas vistas. A informação, praticamente ilegível, faz uma referência aos exibidores C&Bilhas.

Ainda em 1900, encontramos o registro de sessões especiais para o sexo masculino. Às vezes, é a segunda sessão mas em outros registros, não há informações sobre o horário.

Em 1901, o Jornal do Recife dedicava-se à divulgação das novidades do mundo da imagem e às especulações sobre o uso do cinematógrafo divulgando notícias curiosas. Em 06 de março, uma matéria informava que um fabricante de cinematógrafos teria oferecido à policia parisiense um aparelho que poderia vigiar e registrar o cumprimento dos regulamentos de trânsito. Capaz de registrar o delito na hora da ocorrência, este aparelho agilizaria o trabalho da polícia fornecendo a prova material do delito e a identidade do delinqüente, evitando, assim, a prisão preventiva, o auto de flagrante e o interrogatório ao infrator. O cinematographo falaria pelo réu e pelas testemunhas. Diante das imagens, ficariam dispensados o escrivão, guardas de segurança e se economizaria papel selado e tinta. O cinematógrafo ainda beneficiaria o delinqüente poupando-o das despesas do processo .

Em janeiro, o jornal A Província registra um cinematógrafo, com fitas e vistas coloridas e simples, funcionando na Rua Duque de Caxias, n° 65, de propriedade de Barbosa Lima &C. [7]

Em 29 de março de 1901, o Jornal do Recife publicava as seguintes informações:

“Maravilhas da photographia

As machinas photographicas instantaneas têm agora um competidor terrivel, o mirographo, inventado ha pouco por Reulos e Goudeau. Pode trazer-se no bolso como um binóculo, pois mede 0,14 de altura, 0,10 de cumprimento e 0,6 de largura. 0 mirographo tira vistas ou scenas. As vistas desdobram-se e o apparelho transforma-se em cinematógrapho, onde se animam as scenas e se admiram as paisagens tomadas.

Cada fita póde encerrar 500 imagens, pois mede seis metros de comprimento; a duração da projecção é de 40 segundos. As imagens projectadas alcançam de 1m a 1,90. Com o alludido aparelho todos podem tirar retratos animados de pessoas da família ou dos amigos, com os seus gestos, movimentos e verdadeira phisionomia.

Vindo a combinar-se o phonographo com cinematographo, podemos ter presentes e ouvir falar as pessoas queridas que tenham morrido ou se hajam ausentado.” [8]

Em março de 1901, o jornal A Província registra a presença do famoso ilusionista Faure Nicolay, no Teatro Santa Isabel[9]. LEITE registra a presença de Nicolay, em Fortaleza, em 1894, apresentando “projeções elétricas de tamanho natural”.[10]

Se 1901 foi fraco em termos de cinema, o ano de 1902 é um ano de novidades.

A coluna Factos Diversos, do Jornal Pequeno, inicia o mês de fevereiro de 1902, com a inauguração do Theatroscópio, na Rua da Imperatriz, no. 61. Entre as vistas que serão mostradas na estréia, às 7 horas da noite, o jornal destaca a ascensão do aerostato Santos Dumont. Nos intervalos, tocava uma orquestra. A partir da inauguração, 13 de fevereiro, passa a funcionar diariamente, à noite, e a entrada custa mil reis. Durante o período de carnaval, os espetáculos são suspensos.

“Anúncio do Theatroscopio – Rua dr. Rosa e Silva, nº 61 (antiga Imperatriz). Funcionará depois do carnaval. Vistas animadas e fixas. Espetáculo variado. Recomenda às Exmas. Famílias. Com Santos Dumont e seu dirigível, a saída para o Prêmio Deutsch, Quo Vadis (cenas tiranas do romance do célebre escritor Henrique Sienkiwicz), A paixão de Cristo (11 cenas tiradas dos quadros dos mais célebres pintores) e muitas outras vistas, recebendo novidades por todos os vapores. (08.02.1903, Diário de Pernambuco) “

O mundo da imagem encanta e os jornais atualizam as informações técnicas para um público interessado. Ainda na coluna Factos Diversos, encontramos a seguinte nota:

“ Photographon É uma descoberta extraordinariamente importante. Decompõe as palavras como no kinematographo, em ondas sonoras muito perceptíveis, as quais são transmitidas a uma placa enegrecida, sobre a qual incide a luz em raios claros e escuros de forma especial, por intermédio de uma chapa cilíndrica. Esta luz da placa cilíndrica é posta em movimento de trepidação por meio das ondas sonoras, indo este movimento da luz fixar-se sobre placas muito sensíveis. Se fizermos então incidir o movimento retratado sobre urna película de selênio que esteja em comunicação com um telefone, produzir-se-hão, em virtude da Influência da luz sobre a película de selênio, vibrações sobre estas, as quais transmitidas de um telefone produzirão efeito acústico.” (Jornal Pequeno, 03.02.1902)

Maravilhado com o sucesso do cinema, o Diario de Pernambuco no artigo “O futuro do cinematógrafo” (06.08.1902) ressalta não apenas suas possibilidades enquanto meio de diversão mas como apoio às atividades pedagógicas.

Em 12 de outubro do mesmo ano, o mesmo jornal anuncia a estréia, no Theatro Santa Isabel, da Companhia de Arte e Bioscope Inglês cujo diretor é o Sr. J. Filippi. A previsão é que a companhia apresente apenas cinco espetáculos variados durante sua curta temporada. A companhia demora um pouco além do previsto. O sucesso do Bioscope fez com que sua temporada fosse ampliada. Em virtude dessa ampliação , o jornal pede moderação aos freqüentadores que exigem que a empresa ofereça dois espetáculos por noite.

A empresa anuncia a apresentação de vistas do Vaticano e suas galerias artísticas onde se apreciariam o Juízo Universal e a Transfiguração. A exibição das vistas foi devidamente autorizada pela Diocese. Na seqüência, foram apresentadas vistas da Terra Santa e quadros animados da Paixão de Cristo.

Em 30 de outubro, o Bioscope Inglês anuncia a apresentação de 8 vistas fixas sobre o balão Santos Dumont e algumas outras vistas do Ceará, Paraíba e Pernambuco. A companhia se despede da cidade e parte para Maceió, a bordo do vapor São Salvador, no dia 07 de novembro.[11]

Ainda no fim de outubro, há o registro da exibição de vistas através de um equipamento chamado Polyoscópio instalado num parque de diversões e com o ingresso ao preço de $500.

A tecnologia da imagem avança com novidades que despertam a curiosidade e ocupam as páginas de jornais. Em outubro de 1902, o Jornal do Recife anuncia o Stereoscópio.

“Stereoscopio - Os illustres srs. Tondella & Oliveira, conhecidos e acreditados photographos, tiveram a fineza, que agradecemos, de nos offertar bonito Stereoscopio a que acompanham diversas excellentes vistas desta cidade. Tanto o apparelho como as vistas, em grande variedade se acham à venda por preço módico no atelier dos srs. Tondella & Oliveira, à rua da Imperatriz n º 79. 0 Stereoscopio é uma distracção interessantíssima.” (Jornal do Recife, 21.10.1902)

No início de fevereiro de 1903, estréia em Recife, vinda de Alagoas, a Companhia Japonesa Kuhdara, do Teatro Kabuki (Tókio) , numa turnê que incluiria Brasil, Argentina e Chile com a apresentação de vistas fixas e movimentadas. Segundo os jornais, o público teria vibrado, em ruidosa salva de palmas, com a projeção do retrato do Senhor Coronel Plácido de Castro, chefe do Movimento Revolucionário do Acre. As vistas cinematográficas eram um dos quadros que antecedia um variado espetáculo incluindo malabaristas e números de trapézio. As vistas policrômicas eram projetadas pelo aparelho elétrico do Professor Maltene, de Paris. A companhia permanece na cidade durante o mês de fevereiro. Apesar da propaganda mostrando o seu sucesso na cidade de Manaus, a sua temporada em Recife transcorreu sem grandes alardes. Por volta do dia 24, a companhia viaja para Salvador, no Paquete Brasil.

LEITE registra a chegada, em Fortaleza, da Empreza D’Arte e Bioscope Ítalo Francesa, vinda de Pernambuco pelo vapor Recife no dia 05 de maio de 1903, sendo diretor Cesare Menanzinne. Nessa ocasião, Mennanzinne teria apresentado vistas fixas feitas em Fortaleza. [12]

Em abril de 1904, o Teatro Santa Isabel abre suas portas para apresentação do Bioptick, cujo proprietário Domingos Matos apresenta-o como o mais aperfeiçoado aparelho para projeção de vistas animadas.

Desde fins de março, a publicidade exposta em cartazes mostrando o cinematógrafo já fazia a divulgação antecipada e a bilheteria do teatro, através de Domingos Mafra recebia encomendas de entradas para os espetáculos. No dia 02 de abril, a empresa realizou uma pré-estréia exclusiva para a imprensa . Com um programa composto por vistas fixas e animadas, a empresa anuncia uma redução de preços menos de uma semana após a sua estréia. Os camarotes de segunda ordem passaram de 20$000 para 15$000. A conhecida orquestra de Romeo Dionesi acompanhava as exibições que começavam as 8.30 da noite e terminavam às 10.00h. Devido às limitações do equipamento, as vistas animadas não podiam ser bisadas. Nem sempre o cinema estava exposto apenas aos desarranjos das máquinas. Os problemas de transporte também representavam um transtorno para as companhias . Quando o Bioptik anuncia, pela primeira vez, a exibição de vistas coloridas de fotogravuras sucessivas com duração de meia hora, o espetáculo precisou ser adiado porque o condutor do bonde adoeceu. No dia 19 de abril, o Bioptick apresenta seu último espetáculo no Teatro Santa Isabel. A função é em benefício do conhecido bilheteiro Sr. Domingos Mafra que organizou um atraente programa composto de uma parte de vistas fixas e duas de vistas animadas.

Em 17 de maio de 2004, a secção Gazetilha, do Jornal do Recife, registra a seguinte informação:

“No Teatro Santa Isabel, a Companhia Luso-Brasileira d’Arte e Bioscope ( 0 Verdadeiro American-Biograph) de propriedade de Arlindo Costa e Carlos Braga. O regente da orchestra será o Maestro Cavalheiro Romeu Dionesi. Preços - Camarote de primeira e segunda 15$000 - Camarotes de terceira 12$000.Depois do Espetaculo haverá bonds para todas as linhas. As exhibições do “American-Biograph”, começarão ás 8 e meia e terminarão às 10 horas em ponto”

Na realidade, a estréia anunciada para o dia 17 só aconteceu no dia 18. Na última exibição do American Biograph, no início de junho, o programa é associado com a apresentação de uma companhia teatral. O espetáculo compõe-se três partes: duas em que serão apresentadas vistas do engenhoso aparelho e uma constituída de monólogos e cançonetas apresentadas pelo grupo de teatro. Antes de partir, por iniciativa do jornal A Pimenta, o American Biograph realiza uma exibição em favor aos flagelados da seca, no dia 09 de junho.

Em 17 de agosto de 1904, chega a Recife, vindo da Paraíba pelo trem da Great Western, o Sr. Edouard Hervet, com o cinematógrafo falante, segundo o jornal, a última novidade em Paris do Fabricante Lumière. O aparelho, que estréia no Teatro Santa Isabel, possui, um repertório de vistas que pode oferecer 10 espetáculos sem precisar repeti-los. O espetáculo de lançamento consta da exibição de 20 vistas sendo a última delas em 11 quadros coloridos. Em cada dia, haverá apenas uma apresentação de vistas falantes e as demais serão não falantes. O cinematógrafo falante será exibido na segunda parte e não exibirá vistas fixas.

Preços-

Camarotes de 1ª 15$000, ditos de 2ª 15$000, ditos de 3ª 10$000, ditos de 4ª 6$000.

Cadeiras de 1ª 3$000, ditas de 2ª 2$500.

Platéias 2$000, Paraísos 1$000.

Trens para todas as linhas.

Principiará ás 8 ½ horas da noite"

No programa divulgado, os espectadores poderão ver e ouvir o célebre cantante Mister Mercurier na canção La femme est un jouet. Ainda segundo o jornal, seria a primeira vez que um cinematógrafo falante seria exibido no Brasil.[13]

Em 25 de agosto de 1904, a secção Gazetilha do Jornal do Recife, publica a seguinte nota:

25 de agosto de 1904, Quinta-feira, nº 191, pág. 1 - Secção Gazetilha

Cinematographo- "Allegando não ter lucros sufficientes, o Sr. E. Hervet, dono do

cinematographo fallante, suspendeu as funcções que iniciara ha dias no Theatro

Santa Izabel.0 Sr. Hervet pede-nos para agradecer as excelentes referencias

feitas pelo público e pela Imprensa a seu cinematographo”

O ano de 1905, conforme as informações que dispomos, foi pouco significativo em termos de projeções. O Diário de Pernambuco, na coluna Artes e Diversões, registra um Phanteon Ceroplástico funcionando à Rua Dr. Rosa e Silva.[14]

Em fevereiro de 1906, Edouard Hervet volta ao Recife, com o seu aperfeiçoado cinematógrafo falante. Depois de gastar praticamente uma semana montando as máquinas elétricas, o cinematógrafo inicia suas funções. A publicidade chama a atenção para o sucesso do aparelho em Paris e no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Durante o período carnavalesco, o cinematógrafo suspende suas funções, voltando posteriormente para complementar a temporada que se encerra no fim do mês de março com um espetáculo em benefício do Liceu de Artes e Oficio. O grande sucesso da temporada foi "A Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo", em cores. Conforme o anúncio do jornal, uma verdadeira obra prima representada por artistas de mérito, com 12 quadros. Era a primeira vez que o Recife assistia ao phonographo associado ao cinematógrafo. Entre as apresentações que fizeram sucesso, estaria a “Viagem do Dr. Campos Salles a Buenos Aires”.

Com preços populares, as entradas custavam: “Camarotes de 1ª com 6 entradas 12$. Dito de 2ª com 6 entradas 10$. Dito de 3ª com 5 entradas 3$. Platéia 2$. Galeria 1$.”

Em 20 de março, antes de partir para uma temporada em Manaus, Hervet anuncia a apresentação de uma vista pernambucana a ser exibida em seus últimos espetáculos. O público reclama do repetitivo repertório da banda de música da polícia, contratada para acompanhar as funções.

“Terça-feira, 20 de março nº 63 Secção Gazetilha, Jornal do Recife

“ A empreza E. Hervet, que com o seu cinematographo Fallante tem proporcionado agradabilissimias noites à platéia pernambucana, annunncia para esta semana os seus últimos espectaculos.Antes, porém, de retirar-se para Manaus, attendendo assim a um convite que lhe foi feito, para uma temporada na capital do Amazonas, a referida empreza trabalha no sentido de dar ainda esplendidos espectaculos ao público. 0 programma para a funcção de hoje está variado, salientando-se uma vista pernambucana, annunciada com verdadeira surpreza, que segundo ouvimos dizer é de bonito effeito. Aquelles que ainda não tiveram a occasião de apreciar o cinematographo da empreza E. Hervet, não devem perder os espectaculos desta semana annunciados últimos.”Antes de terminar a presente notícia pedimos ao mestre da banda de musica de Polícia contractada para os espectaculos do cinematographo que faça variar o repertório das peças a serem executadas, de modo a não tornar enfadonho o espectaculo. As mesmas peças todas as noites, deixam adormecidos os espectaculos.”

No mês de setembro, começa a funcionar uma casa de distrações chamada Park Olímpia, situada no Carmo, em Olinda. Na inauguração, no dia 7 de setembro, realizou-se um espetáculo que incluía canções e cenas cômicas protagonizadas pelo ator Lira e pela exibição de vistas animadas através de um cinematógrafo que a imprensa registra como Moto-Picteroscope.[15] O espetáculo é acompanhado pela orquestra do Clube Musical Matias Lima. Preços: Camarotes com 5 entradas 10$000 Cadeiras numeradas 2$000. Entrada Geral 1$000. Depois do espetáculo haverá trem para Recife e Beberibe. As projeções de cinema eram uma constante no Park Olímpia. Na sua primeira exibição o Moto-picteroscope apresenta, na primeira parte, entre outras, as seguintes fitas: Rapaz no Pic-nic das Solteironas, A Loja Encantada (grande vista mágica de bonitos effeitos), 0 buraco da chave, 5- A Historia de um crime, 0 Desastre de Martinica, A Briga do Galo, A morte de Leão XIII e ascensão do Papa Pio X. Na segunda parte, a programação destaca:

Vistas na nova machina - DISSOLVING VIEW"

1 - A morte de Nosso Senhor Jesus Christo.

2- Rock of Ages.

3- Photographias de Flores em cores naturais.

4- Estatuas em Vida.

5- Grandes novidades da engenharia de nosso século

6- Actrizes em actividade.

Entretanto, a grande novidade do mês de setembro, seria a vinda de Arlindo Costa, do Rio de Janeiro, para instalar nas imediações da Praça da Independência um grande cinematógrafo movido a eletricidade. Serão três funções, por noite, cada uma com um programa específico. O cinematógrafo funcionaria na Rua Larga do Rosário nº 26., com sessões diárias, às 7, 8, e 9 horas, fazendo-se ouvir uma boa orquestra.

No mês de novembro de 1906, em Floresta dos Leões, na Zona da Mata de Pernambuco, o Cinematógrafo Kaurt[16] faz a festa na pequena comunidade enquanto espera a oportunidade de exibir-se na capital. Em dezembro, chega a Recife e a pré-estréia , no Teatro Santa Isabel, conta com a presença de repórteres de vários jornais. Se a pré-estréia foi um sucesso, a estréia, dia 20.12, foi um fiasco. Começou 40 minutos atrasada e o aparelho ainda deu pane. As vistas saíram escuras e eram interrompidas a cada momento. A desordem entre os espectadores aborrecidos com o insucesso da apresentação levou a polícia a intervir. No fim de dezembro, o diretor do cinematógrafo Kaurt suspende as exibições porque anteriormente o teatro já havia programado a apresentação de um transformista que vem do sul do país para exibir-se em Recife. Terminada a temporada do transformista, o cinematógrafo recomeça a sua atividade. Essa negociação entre cinema e teatro é uma constante durante os primórdios do cinema em Pernambuco. O grande sucesso desta fase da temporada foi O aeroplano de Santos Dumont.

Em janeiro de 1907, estão na capital pernambucana, o Cinematógrafo Kaurt e o cinematógrafo do Park Olímpia. No subúrbio de Afogados, o cinematógrafo da Empresa Award suspende os espetáculos anunciados para o Teatro da Paz. Conforme o Diario de Pernambuco, o empresário não explica a razão da suspensão e informa que ainda não escolheu um novo local para realizar as exibições.

No mês de fevereiro, estréia, no Teatro Santa Isabel, o Cinematógrafo A. Jolie. Conforme revela o Jornal Pequeno, o cinematógrafo traz fitas de grande duração, em cores. Inicia sua exibição com Os mártires da inquisição, O gato de botas, A galinha dos ovos de ouro, A vida de Moisés e A paixão de Cristo, esta com 30 quadros coloridos, mais de quinze quadros são desconhecidos do nosso público, entre os quais Os Santos Lugares, A Multiplicação de Pães, A Pesca Milagrosa, O Santo Sepulcro, O Rochedo de Abraão, A Santa Família, As Núpcias de Canaã e Jesus e a Samaritana.

No dia 21 de março, no Jornal do Recife, uma matéria anunciava a última exibição do cinematógrafo A. Jolie.

“- Pelo estimável bilheteiro do Santa Izabel, o senhor Francisco Lisboa, nos foram oferecidos alguns exemplares de O Último Beijo (impressões do cinematographo) que a empresa Joulie está distribuindo entre os apreciadores do cinematographo que faz exibir-se no Santa Izabel. É a descrição de empolgantes cenas de uma história de sentenciados que projetando uma fuga do presídio onde se acham dão lugar a trágicos acontecimentos que trazem ao expectador profunda e verdadeiramente interessado pelo desfecho. São quadros sensacionais que farão as delícias dos que assistirem hoje ao último espetáculo da empresa Joulie.

Agradecidos.”

Em 03 de julho, volta ao Teatro Santa Isabel, o cinematógrafo do Sr. Hervet, segundo a publicidade, com uma grande coleção de fitas de última novidade. Pelo comentário do jornal, há uma clara preferência por fitas cômicas. Para comemorar a Queda da Bastilha, Hervet realiza grande festa de gala no Teatro Santa Isabel, ornamentado pelo hábil decorador Alfredo Rodrigues, escolhendo para o momento as melhores fitas. Os bilhetes foram expostos à venda com antecedência. No início de agosto, o público parecia desinteressado dos programas monótonos que o empresário Hervet vinha oferecendo.

“Diário de Pernambuco/ Quinta-feira: 1 de agosto/Artes e Diversões

Com um programa atraente, realizou o Sr. Hervet mais uma função no Santa Isabel. A concorrência foi menor, o que era de se esperar, tendo havido no dia anterior espetáculo do mesmo gênero. O cinematógrafo já está no ocaso. É sol posto. Cremos que mesmo a nova remessa de fitas, aliás boas, não poderá salvá-lo. Todos agora se voltam para a Vitale, que a julgar pela imprensa do Rio e São Paulo, fará sucesso. Promovido pela mocidade acadêmica, realiza-se hoje um espetáculo no cinematógrafo do Sr. Hervet, em beneficio do monumento que vai ser erigido ao Sr. Martins Júnior. 0 programa é variado.”

Em outubro desse ano, encontramos o registro de um cinematógrafo funcionando no Café 15 de Novembro , com as funções começando às sete horas da noite mas não há informações sobre a freqüência de exibição e/ou sobre o exibidor. O Café 15 de Novembro, de propriedade do Sr. José Girão, inaugurado em outubro de 1905, é um elegante ponto de encontro da sociedade pernambucana.

No dia 17 de dezembro estréia, no Teatro Santa Isabel, um cinematógrafo de Pathé Frères, de propriedade dos senhores Oliveira, Coelho & C. Logo depois, o público reclama da qualidade das imagens.

No dia 20 de dezembro, encontra-se publicada a seguinte nota no Jornal Pequeno:

“Senhores redatores do Pequeno tenho por inúmeras vezes abusado da vossa benevolência ocupando espaço em vossas colunas com as minhas cartas e talvez já se tenha me colocado o apelido de homem das reclamações, com o que muito hei de incomodar. Fui à estréia do cinematographo Pathé Frères da empresa Oliveira Coelho e Cia que se exibe atualmente no Teatro Santa Izabel. Posso garantir que nunca chorei tanto meu dinheiro perdido, o teatro mal iluminado, vazio, dava assim, uma idéia fúnebre. Creiam senhores quase não vi acabar a última parte porque dormia a valer. Um calor insuportável, luz trêmula, vistas escuras e por demais conhecidas, uma chinfrineira enfim. O que me faz admirar é que os senhores Oliveira Coelho e Cia tragam para nossa capital semelhante Lanterna Mágica e nos queira impingir uma coisa muito boa. Não direi que o aparelho não presta, porém posso afirmar que a luz elétrica não vale duas patacas. Apenas na sala de espetáculo um arco voltáico de 800 velas; luz insuficiente para iluminar toda a platéia. Enfim se não fosse a música que barulhenta e retumbante, não permitiu que melhormente eu dormisse de certo não teria admirado as duas primeiras sessões, por demais enfadonhas. Os senhores Oliveira Coelho e Cia fariam boa aquisição se arrumassem pelo interior do estado um lugar cômodo para suas exibições cinematográficas e deixassem em paz nosso teatro, vítima de tantos insucessos e tão ridicularizado como tem sido pelos pantomimeiros que nos tem visitado, de Vs. Ss. Mais uma vez agradecido, Justino Alencar.

A empresa contra a qual o leitor reclama seria Empreza Oliveira & Coelho, “constituída em Fortaleza, em setembro de 1907, pelo exibidor ambulante Rufino Coelho Júnior e o negociante local Antonio Arcanjo de Oliveira. Cada sócio respondia por 6:000$000 (seis contos de réis), sendo a parcela de Rufino integralizada por um Cinematógrafo Pathé Frères, "seus mecanismos e de iluminação elétrica" e "cinco mil metros de vistas diversas". A sociedade anunciava-se sob a denominação Empreza Cinematographica Grande Oriente”.[17]

No mês de dezembro, encontra-se a informação de um cinematógrafo funcionando ao ar livre, no Pátio do Carmo, em Olinda. A exibição acontece das 7 às 9 da noite e as fitas têm longa duração e grandes efeitos, conforme a nota publicada na imprensa.

Em novembro de 1907, o Jornal Pequeno informa que no Rio de Janeiro funcionam 18 cinematógrafos nas principais ruas da grande cidade, além dos outros pedidos de licença que aguardam despacho na Secretaria de Polícia.

No mês de dezembro, teria chegado no Recife, para exibir-se no Teatro Santa Isabel, mais um cinematographo falante. O aparelho foi trazido pelo Sr. Juca de Carvalho, conhecido empresário teatral, vindo do Norte, a bordo do vapor Olinda.

Em janeiro de 1908, o Diario de Pernambuco registra o espetáculo de um cinematógrafo do Sr. Homero, vindo do Norte do Brasil, com a mais escolhida coleção de filmes vindo do Norte do Brasil mas não oferece detalhes sobre local de exibição ou outras informações que permitam identificar melhor. Ainda neste mês, a imprensa registra a estréia, no Teatro Santa Isabel, de um cinematógrafo falante denominado cinegramoteatrófono apresentando a obra Aída, cantada por Caruso.

Em fevereiro, por volta do dia 15, instala-se no Teatrinho da Arcádia Dramática Pinheiro Chagas[18], um aparelho cinematográfico da Empresa Costa Campos. No Teatro Santa Isabel, no mesmo período, teria funcionado, em curta temporada um cinematógrafo de propriedade do Sr. Pereira dos Santos. [19]

Enquanto aguarda a chegada do Cinematógrafo Ideal, da Empresa Hervet, o Teatro Santa Isabel apresenta o cinematógrafo do Sr. Pereira dos Santos. O cinematógrafo da empresa Hervet estréia seu cinematógrafo falante, no dia 22 de fevereiro, com o filme A esquadra americana no Rio de Janeiro. e se despede do Recife, em 31 de março, com um filme português sobre os funerais do rei Carlos I e do Duque de Bragança, D. Luiz Felipe. A seguir viaja para o estado do Pará.

Em abril , foi inaugurado um local de diversões públicas nas imediações da Estrada do Arraial, junto a Estação de Casa Amarela, com jogos de bilhar, xadrez, velódromo, cinematógrafo, entre outras diversões.

De março a agosto, o Velódromo Pernambucano, na rua Barão de São Borja, às sete horas da noite, realiza exibições cinematográficas com um Cinematógrafo Pathé Frères. Em abril, encontramos um registro da Empresa Franco Brasileira[20] realizando exibições no velódromo mas não temos indicações de que essa empresa estaria até o mês de agosto quando ainda temos registros de funcionamento de um cinematógrafo Pathé Frères funcionando naquele local.

No dia 30 de março, o Velódromo Pernambucano anuncia a apresentação de vistas fixas e instantâneos publicados no Jornal Pequeno e, ainda, outras produções de retratos de crianças, ciclistas e freqüentadores daquele estabelecimento esportivo. No dia 1 de maio, o jornal anunciava que o sucesso da noite seria

“ a reprodução em tamanho natural do rosto da distinta senhora pernambucana cujo clichê cinematográfico, pela perfeição, conseguiu o prêmio de honra na exposição da Sociedade de Fotografia de Gênova, em 1907. Surpresas que agradarão um dos mais estimados médicos pernambucanos, o deputado pernambucano mais moço e mais ativo”.

O sucesso foi tanto que no dia seguinte, outras fotografias foram projetadas.

“Velódromo pernambucano. Função ciclo cinematográfico repetida a do dia anterior. Parece que as funções vão ter amanhã maravilhoso sucesso. Novidades cinematográficas são anunciadas, que decerto atrairão a maior parte do público. Reprodução dos instantâneos do Jornal Pequeno. Destacados senhores e senhoras em altíssimos clichês especialmente feitos pela fotografia Chic. Atelier Santiago B Telles. Será exposto o clichê cinematográfico da senhora pernambucana mais distinta” (Jornal Pequeno, 02.05.1908)

Aparecer na tela era uma glória para poucos e as projeções dos clichês lotavam o Velódromo. No dia 11 de maio, encontramos um novo registro:

“ Serão expostos os seguintes rostos: conhecida noivinha pernambucana e clínico de mais intensa simpatia. Na exibição da função de ontem, reclamaram pelas famílias que ficaram de pé, o que vai ser remediado na função próxima onde os ingressos estarão devidamente numerados de acordo com os lugares. A sessão ocorreu animadíssima e saiu sobremodo, apesar de estarem dois filmes com defeito por terem sido importados do Rio de janeiro. Foram expostos vários clichês.”

Em junho, estréia no Teatro Santa Isabel, o Cinematógrafo Colosso, de propriedade da Companhia de Variedades Guido Appiani[21] em sua segunda temporada na capital. A trupe apresenta espetáculos que incluem a projeção de vistas cinematográficas.

Por volta de fins de setembro e início de outubro, funcionando até princípio de novembro, a imprensa registra um cinematógrafo norte-americano , no Teatro Santa Isabel. [22]

Em outubro, estréia no subúrbio da Várzea, um cinematógrafo Lumière de propriedade da Empresa Nunes Vieira. Em novembro, encontramos ainda o registro de uma Empresa Nacional de Cinematógrafo funcionando em Recife mas não há detalhes sobre o local de exibição.

O ano de 1909 traz a instalação definitiva das salas de exibição embora continuem as exibições itinerantes.

Em janeiro, encontra-se o registro do Esteereopticon da Empresa Carvalho&Companhia. No mês de dezembro, esta mesma companhia apresenta-se no novo Theatro de Jaboatão. O programa de estréia apresentava 03 partes e 19 filmes. Entre eles, 0 melão, Guerra infantil, A obsessão e Ouro pelo ouro. A publicidade informa que “nos intervalos de uma film para outra haverá projecções polychromicas por um grande projetor Molteni”.

No mês de fevereiro, em temporada que vai até princípio de março, a Empresa A. Joulie: Phono-Cinema-Jolie, exibe, no Teatro Santa Isabel, os espetáculos cinematográficos apresentando ao publico seu aparelho falante, o syncrophone automático de Pathé Frères. Também, em janeiro, encontramos o registro de um aparelho cinematográfico funcionando no Teatrinho do Feitosa apresentando fitas interessantes e coloridas.[23]

Em maio, no Teatro da Encruzilhada, estréia o cinematógrafo internacional do Sr Martorelli J & C. Segundo a imprensa, o aparelho, Pathé Frère, apresenta fitas de excelente nitidez.

Em julho de 1909, é inaugurado o primeiro cinema fixo de Pernambuco, Cinema Pathé, pertencente aos senhores Dr. Francisco Guedes e Antônio J. da Fonseca. Situado na Rua Barão de Vitória, n° 45, no andar térreo onde anteriormente teria funcionado a Casa Campos.[24]As diversas sessões são distribuídas da seguinte maneira: as primeiras, de doze quatro da tarde e as últimas de seis às dez da noite. O preço da entrada é módico: 1$000 para lugares de primeira ordem, $500 reis para cadeiras e bancos, todos simetricamente dispostos e considerados de segunda ordem. O Cinema mantém anúncios diariamente na imprensa e, em agosto de 1909, teve uma concorrência extra com a exibição dos funerais de Afonso Pena.

No início de setembro, foi o inaugurado o Cinema Carlos Gomes . Um dia antes, houve uma apresentação em sessão especial para a imprensa. Em novembro, é inaugurado o Cinema Royal, da Empresa Ramos e Companhia, na Rua Barão de Vitória n° 47.. O Cinema Royal só exibe fitas de Pathé Frères e as nacionais de Júlio Ferrez.

Em dezembro, identificamos o registro do Cinema Veneza, sob a direção do Sr. Frederico Ramos, funcionando no Teatro Santa Isabel e, a seguir, no Teatro Olímpia, em Olinda. Ainda no mês de dezembro foi inaugurado o Cinema Palace, no subúrbio da Várzea sob a direção do operador José de Barros, há pouco chegado da capital federal.

Mesmo com a inauguração dos cinemas fixos, a atividade do cinema ambulante ainda permanece durante algum tempo mas vai aos poucos desaparecendo dos locais mais privilegiados.

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[1] Professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco. Líder do Grupo de Pesquisa: História e Imagens da Comunicação. Coordenadora do Núcleo Pernambucano da Rede Alcar.

[2] É provável que outras experiências de projeção tenham acontecido antes de 1900. A ampliação da pesquisa para outros jornais da época pode aumentar as informações sobre as experiências dessa natureza. A má conservação dos jornais e o registro em diferentes datas para um mesmo evento dificultam a precisão dos dados.

[3] Pelas informações disponíveis, não foi possível, até o momento, identificar o exibidor.

[4] ASSIS, André Ferraz Sitônio. Notas sobre projeções cinematográficas no Jornal do Recife (1900). Recife. UFPE/DECOM/Grupo de Pesquisa: História e Imagens da Comunicação. 1998. (Relatório de Pesquisa. ) Há dois registros de cinematógrafos, um funcionando no n° 17 e outro no n° 25 da Rua da Imperatriz. É provável que seja o mesmo cinematógrafo apesar do jornal, em dias diferentes, registrar as duas numerações como se fossem dois prédios diferentes. A última notícia de cinematógrafos no ano 1900, no Jornal do Recife, é no mês de outubro.

[5] Ari Bezerra Leite faz referência ao Comendador Acton como um dos pioneiros do cinema na capital cearense que, em setembro de 1897, trouxeram os primeiros Kinetoscopes da Edison . In: LEITE, Ari Bezerra. Fortaleza e a era do cinema: pesquisa histórica (1891-1931). Fortaleza. Secretaria da Cultura, 1995. 537p.

[6] PEIXOTO, Leandro; VILLAS-BOAS, Silvana. Projeções fixas entre os anos de 1900-1903 no Jornal Pequeno. Recife. UFPE/DECOM/Grupo de Pesquisa: História e Imagens da Comunicação 1996 ( Relatório de pesquisa)

[7] RIBEIRO, Raquel Gaudêncio de Melo. . Atividades culturais no jornal A Províncias (jan-dez 1901). Recife, UFPE/DECOM/Grupo de Pesquisa História e Imagens da Comunicação. 1999. (Relatório de pesquisa)

[8] BARBOSA, Douglas Rocha. Anotações de cinema no Jornal do Recife (1901-1903). Recife, UFPE/DECOM/Grupo de Pesquisa História e Imagens da Comunicação. 1997. (Relatório de pesquisa)

[9] BARROS, Nathália Duprat. A vida cultural em Recife na primeira década do século XX: agenda do teatro.Recife, UFPE/DECOM/Grupo de Pesquisa História e Imagens da Comunicação. 1999. (Relatório de pesquisa)

[10] LEITE, Ari Bezerra. Op. Cit. p. 31. O autor cita Simone Stecz confirmando sua presença no Teatro Hauer, em Curitiba em 25.08.1897 com o seu “Diadorama Universal em combinação com o célebre cinematógrafo”. Ele também teria realizado espetáculos no Teatro Apolo, em São Paulo, no dia 09.01.1998.

[11] LEITE, registra a presença de J. Fillippi, em Fortaleza, vindo de São Luiz, durante o mês de agosto de 1902. Antes de São Luis, apresentou-se no Teatro Politeama em Belém do Pará. J. Fillipi permanece em São Luiz entre 13 de julho e 09 de agosto deste ano. Conforme Fábio Matos, baseado em informação dos jornais maranhenses, J. Fillipi utilizava um moderno aparelho que funcionava a luz elétrica através de gerador. Entre todas as companhias que visitaram o Maranhão, naquele período, teria sido a de maior sucesso pela nitidez das imagens e pela variedade das fitas, algumas delas em cores. Os primeiros registros de filmagens em São Luiz são de J. Fillipi. Segundo informações de PÓVOAS, quando J. Fillipi visita Rio Grande do Sul, em 1904, trazia na bagagem além de fitas internacionais, uma série de filmagens feitas por ele mesmo como as vistas animadas do Rio e de Guaratinguetá e ainda as primeiras imagens rodadas em Curitiba, em 1903. No RS, também são dele as primeiras filmagens (23.02.2004) na cidade de Rio Grande.

POVOAS, Glênio Nicola. Filmagens pioneiras no Rio Grande do Sul aconteceram em 1904. In: . Acesso em 02.02.2005.

[12] LEITE in: )

[13] LEITE registra a presença de Hervet, em Fortaleza, de 29 de maio a 16 de junho de 2004. Informa, ainda, que da capital cearense, ele teria seguido para os portos do Norte. Em março de 1905, ele estréia em São Paulo, no Teatro Santa’Anna com o mesmo cinematógrafo falante que teria apresentado em Fortaleza.

[14] LEITE informa que , em novembro de 1904, Paschoal Segreto esteve em Fortaleza com seu Pantheon Ceroplástico.

[15] Não encontramos nas obras consultadas nenhum aparelho de projeção que traga essa denominação.

[16] Pelos registros de Ari Bezerra Leite, acreditamos que o Cinematógrafo Kaurt seria de propriedade da Empreza Norte do Brasil S/A cujo diretor era Joaquim Moura Quineau, fotógrafo cearense e um dos pioneiros do cinema, em Fortaleza. No dia 15/01/1907, a imprensa pernambucana registra a presença do cinematógrafo falante da Empreza Norte do Brasil funcionando no estado da Paraíba.

[17] LEITE, Ary Bezerra. In )

[18] A Arcádia Dramática Pinheiro Chagas era um grupo de teatro amador que apesar de surgir nos jornais ainda em 1905, tem seu registro de fundação em junho de 1906. O seu teatrinho , inaugurado em 16.08.1906, ficava no Pátio do Carmo, n° 26.

[19] Em fevereiro, o Diario de Pernambuco registra a presença, no Teatro Santa Isabel, do pintor e cinegrafista da Companhia Trajano apresentando caricaturas de pessoas conhecidas. As informações que dispomos não permitem estabelecer uma relação entre este cinegrafista e o Sr. Pereira dos Santos.

[20] LEITE registra a presença de um cinematógrafo da Empreza Franco-Brasileira ou Franco-Brasiliense apresentando-se em Fortaleza, em 1904, cujo diretor era A. Meirelles. O aparelho utilizado era um Bioscope.

[21] Algumas vezes, o registro aparece como Trupe Negri-Appiani.

[22] Em novembro, encontramos um registro na imprensa da despedida da Empresa Nacional de Cinematógrafo que teria funcionado no Teatro Santa Isabel. Não conseguimos identificar se esta empresa seja a proprietária do cinematógrafo norte-americano a que o jornal se refere.

[23] O Teatrinho do Feitosa pertencia a Sociedade Dramática do Feitosa e foi inaugurado em 1901.

[24] Em alguns registros, aparece como Sapataria Costa Campos

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