UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE



UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

(HABILITAÇÃO EM JORNALISMO)

A REFORMA ORTOGRÁFICA VOLTADA PARA

OS DEFICIENTES VISUAIS

BÁRBARA TAVARES, JULIANA COVRE, NÍCOLLAS RAMON RUDINER, TATHIANA ANTUNES E RODRIGO AMARAL.

SÃO PAULO

MAIO/2009

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

(HABILITAÇÃO EM JORNALISMO)

A REFORMA ORTOGRÁFICA VOLTADA PARA

OS DEFICIENTES VISUAIS

BÁRBARA TAVARES, JULIANA COVRE, NÍCOLLAS RAMON RUDINER, TATHIANA ANTUNES E RODRIGO AMARAL.

Trabalho de Graduação Interdisciplinar apresentado ao Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie para a disciplina “Produção e interpretação de textos” sob a orientação da professora Fernanda Mazza.

SÃO PAULO

Junho/2008

SUMÁRIO

|1 Introdução |04 |

|2 A língua portuguesa, suas reformas ao longo dos anos e o atual acordo ortográfico |05 |

|3 Como é a nossa nova ortografia |05 |

|3.1 A chegada de “novas” letras ao alfabeto |06 |

|3.2 O trema se despede da ortografia |06 |

|3.3 Simplificação, eliminação ou adaptação |06 |

|4 As regras de acentuação também sofreram modificações |07 |

|5 O hífen e suas mudanças |09 |

|6 As letras “mudas” desapareceram |13 |

|7 A mudança nos derivados |13 |

|8 Uniformização |13 |

|9 Letras maiúsculas e minúsculas: quando usá-las? |14 |

|Considerações Finais |15 |

|Referências bibliográficas |16 |

1 Introdução

O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que já não é um projeto recente, pois foi idealizado em 1986 e votado em 1990, entrou em vigor neste ano. Pelo menos para os brasileiros, tem como objetivo unir linguisticamente e facilitar a comunicação diplomática entre os países cuja língua falada é o português, ou seja, países lusoparlantes, que no caso são: Brasil, Portugal, Angola, Cabo-Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe. É de suma importância lembrar que a mudança ocorre apenas na escrita, logo não afeta a maneira de falar. Assim sendo, se depender no novo Acordo Ortográfico, o português terá as mesmas regras em todos os países em que é adotado como língua oficial.

Podemos pensar na língua – e isso é válido para todas - como algo mutante, que sofre modificações ao longo dos anos. O português do século XVI, de forma indubitável, não é o mesmo falado hoje. De lá até a contemporaneidade, tivemos uma redução na maneira de escrever. Isso pode ser percebido, por exemplo, com o pronome de tratamento “você”. Sua origem mais provável se encontra na mutação da expressão de deferência “vossa mercê”, que evoluiu sucessivamente a “vossamecê”, “vosmecê” e “você”, como conhecemos hoje. Estudos apontam o começo do século XXI como o marco da entrada do pronome “você”, no sistema pronominal do português brasileiro. Portanto, a redução desse pronome, que ocorreu paulatinamente, nos mostra essa “mutação” presente na língua e o novo Acordo Ortográfico é outro exemplo desse processo linguístico-mutacional.

A língua, de fato, esta atrelada a outros aspectos de uma nação. A religião e a cultural local são elementos vitais para as possíveis transformações de um idioma pátrio. Línguas faladas em diversos países, como é o caso do português e do inglês, possuem características diferentes em determinados países: o inglês dos norte-americanos é diferente do inglês falado na Inglaterra, assim como o português de Portugal é diferente do português falado no Brasil. Essas diferenças, embora algumas vezes também presentes na escrita, são mais perceptíveis na fala.

Falar sobre ortografia pode gerar discussões acaloradas entre diversos gramáticos, pois há os que são contra e os que estão a favor da reformulação da ortografia. Todavia, o objetivo desse trabalho não é defender e nem ir contra, mas sim fazer dessas linhas um objeto de fácil acesso aos deficientes visuais, que assim como todos, também têm o direito de se informar e aprender as novas aquisições ortográficas dos países lusófonos.

2 A língua portuguesa, suas reformas ao longo dos anos e o atual acordo ortográfico

As atuais mudanças feitas no idioma português não são novidades. Esse já sofreu diversas modificações ao longo dos anos. Houve uma proposta por parte do Brasil em 1907, outra por parte de Portugal em 1911 e uma terceira, luso-brasileira, em 1931 que, apesar das boas intenções de ambos os países, não obteve resultado. Todavia, é dessa terceira proposta de reforma que surgem dois vocabulários ortográficos distintos: Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, lançado em 1940 em Portugal e o Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, produzido no Brasil e lançado em 1943.

Em 1945, uma conferência que ocorreu em Portugal tinha como objetivo principal por fim a essa “guerra” ortográfica. A Conferência Inter-Acadêmica para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, apesar de não ter surtido efeitos concretos, criou resoluções provisórias para a questão linguística entre os países lusoparlantes. Em 1986 (embora votada em 1990, como já fora dito) é criada a Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa que está em discussão nos dias atuais e que, embora devesse ter entrado em vigor em 1994, só passou a viger no Brasil em 2009.

Tem-se em discussão, portanto, um documento que trará a unificação ortográfica às nações que fazem parta da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Maurício Silva, autor do livro[1] base desse trabalho, define o Acordo da seguinte forma: “Trata-se de um acordo que contém uma primeira parte destinada às disposições que estabelecem (...) a obrigação de os países signatários aprovarem um vocabulário comum que deverá entrar legalmente em vigência; e uma segunda parte, que apresenta regras ortográficas, divididas em 21 bases”. (2009, p. 22)

Enquanto no Brasil, as mudanças ortográficas já ocorriam nos milhões de livros produzidos no país, circulava em Portugal uma “Petição contra o Acordo Ortográfico” que chegou a obter mais de 20 mil assinaturas.

3 Como é a nossa nova ortografia

Em janeiro de 2009 entrou em vigor no Brasil a Nova Ortografia da Língua Portuguesa, que faz parte do Acordo Ortográfico de 1986/1990 entre os paises que tem como idioma pátrio o português. O Novo Acordo tem como objetivo, em uma de suas regras, buscar um nacionalismo linguístico e retirar o excesso de estrangeiros, substituindo – na medida do possível - vocábulos estrangeiros por palavras da Língua Portuguesa correspondentes àqueles.

A seguir, encontram-se as regras presentes nessa reforma:

3.1 A chegada de “novas” letras ao alfabeto

O alfabeto, que antes possuía 23 letras, agora possui 26, pois as letras K, W e Y, embora já usadas há muito tempo, foram incorporadas a ele oficialmente. Portanto, o alfabeto completo da língua portuguesa passa a ser:

A B C D E F G H I J K L M N O PQ R S T U V W X Y Z

Exemplo:

“A menina Rebeka Angel, 9, foi convidada pelo SBT para ficar à frente do programa matinal "Carrossel Animado", que é exibido de segunda-feira a sexta-feira de 7h a 9h.” (Folha online)

3.2 O trema se despede da ortografia

O trema, usado em palavras como “lingüiça” e “lingüística”, não faz mais parte da ortografia do idioma português. As palavras serão grafadas da mesma maneira, entretanto não apresentaram o trema nas vogais. É importante ressaltar que isso não altera a maneira de pronunciar as palavras e que nomes próprios - como Müller e Bündchen - e nomes estrangeiros e seus derivados continuam sendo grafados com o trema.

Exemplos:

“Pense em Gisele Bündchen. A imagem da über model brasileira está em todo lugar, de Nova York a Tóquio.” ()

“A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixou o hospital Sírio Libanês nesta quarta-feira 20, após se recuperar de fortes dores nas pernas em consequência do tratamento contra o câncer a que é submetida” (.br)

3.3 Simplificação, eliminação ou adaptação

Os nomes próprios hebraicos de tradição bíblica, terminados em -ch, -ph e –th PRONUNCIADOS sofreram simplificação. Agora, nomes como Baruch, Enoch, Maloch ou Ziph podem ou não serem escritos com o H final, ou seja, poderão ser grafados da seguinte forma: Baruch ou Baruc, Enoch ou Enoc, Maloch ou Maloc e Ziph ou Zif.

Já os nomes próprios hebraicos de tradição bíblica terminados em –ch, -ph, e –th MUDOS e de ALGUNS PRONUNCIADOS foram, de certa forma, “aportuguesados”, ou seja, nomes antes grafados como Judith, Ruth, Nazareth e Joseph, agora são escritos da seguinte forma: Judite, Rute, Nazaré e José. Todavia, os nomes registrados em Cartórios de Registro Civil deverão permanecer como foram escritos.

4 As regras de acentuação também sofreram modificações

Enumeramos a seguir, resumidamente, as mudanças para a acentuação na Língua Portuguesa:

1. Eliminou-se o acento agudo nos ditongos abertos –ei, -oi e –eu das palavras paraxotítonas, que são as palavras possuidoras de acento na penúltima sílaba. Antes, escriviamos: idéia, hebréia, paranóico, heróico etc. Agora, a maneira correta de se grafar esse tipo de palavras é: ideia, hebreia, paranoico e heroico.

É de grande importância ressaltar que a acentuação permanece para as palavras oxítonas que possuem as mesmas condições apresentadas por essa regra, ou seja, as palavras oxítonas terminadas em -éis, -éu, -éus, -ói e –óis. Logo, temos: papéis, heróis, troféu, troféus etc.

Exemplo: “Estreia de Andre Luis no Barueri será contra o Palmeiras” (.br/noticias/esportes/futebol)

2. Também se eliminou o acento agudo das palavras paroxítonas que possuem –i e –u tônicos precedidos de ditongo (lembrando que o ditongo, nada mais é, do que o encontro de duas vogais.)

Portanto, palavras antes grafadas assim: baiúca, bocaiúva, cauíla e feiúra, agora passam a ser escritas desta forma: bocaiuva, baiuca, cauila e feiura.

Maurício Silva, em seu livro, faz a seguinte observação no tocante a essa regra:

“A acentuação mantém-se nas palavras que apresentam as condições escritas na regra, mas são proparoxítonas (maiúsculo, feiísmo, cheiísmo) ou possuem –i / -u não procedidos de ditongo (aí, cafeína, saúde, país, viúvo, saístes, saúva)” (2009, p.36)

3. Houve também uma pequena modificação nas palavras paroxítonas possuidoras de - u tônico antecedido das consoantes g ou q, sucedidas de -e ou –i. O acento agudo ( ´ ) foi eliminado. Assim sendo, palavras como averigúe, redargúi e argúem ,a partir de 2009 passaram a ser escritas assim: averigue, redargui, arguem.

4. O acento circunflexo ( ^ ) não pode mais ser usado quando há duplicidade das vogais o e e ( -oo e –ee). Em suma, vôo, enjôo, corôo, dêem, lêem, abençôo, devem ser escritos assim: voo, enjoo, coroo, deem, leem, abençoo etc.

Exemplo: “Em alguns hotéis que ficam ao lado da pista, os hóspedes leem jornais e tomam banho de sol tranquilamente...” ( zerohora..br)

5. Os acentos diferenciais (agudos e circunflexos), usado para diferencias palavras de mesma grafia (homógrafas) e pronuncia diferente, não serão mais utilizados. Todavia, essa regra é valida para algumas palavras específicas. Vejamos quais são:

- pára (verbo parar) e para (preposição)

- péla (verbo pelar), péla (substantivo) e pela (preposição)

- pôlo (substantivo) e pólo (preposição)

- pélo (verbo pelar), pêlo (substantivos) e pelo (preposição)

- pêro (substantivo), péra (substantivo) e pêra (preposição arcaica)

Exemplos: “Para controlar CPI, PMDB vai pedir diretoria do pré-sal” (O Estado de São Paulo, 21 de maio de 2009).

Todas as palavras citadas acima, serão escritas sem acento algum, ou seja, todas do mesmo jeito. O reconhecimento da diferença de significado entre elas ocorrerá devido ao contexto no qual estarão inseridas.

Vale lembrar que permanecerá o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular.

Será mantido também, o acento em pôr/por, já que precisam ser diferenciados, pois pôr é verbo e por é uma preposição e haverá a permanência dos acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.)

6. É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma (substantivo, 3ª pessoa do singular do presente do indicativo ou 2ª pessoa do singular do imperativo) e fôrma (substantivo), dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo) e demos (1ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo). Em alguns casos, o uso do acento facilita a compreensão da frase, sem causar ambiguidades.

7. Não se usa mais o acento agudo no -u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

8 Há um emprego, a partir de agora, facultativo no tocante à acentuação nos casos consagrados pelas duas ortografias oficiais, ou seja, palavras como econômico ou económico, acadêmica ou académico, tênis ou ténis, Antônio ou António, possuem livre acentuação.

Exemplos:

“Ténis: Marcelo Rios confirmado no Vale do Lobo” ()

“Tênis: Rios diz que América do Sul decaiu” (oglobo.)

9. Passa a ser facultativo o acento em palavras findadas em –guar, -quar e –quir. Portanto, vocábulos como averigué, enxágua, delínque e apropínquo podem ou não ser escritas com o acento agudo.

5 O hífen e suas mudanças

Quem também sofreu mudanças no uso foi o hífen (-). Logo, pelo fato de ele ter sido o responsável pela maior parte das mudanças na ortografia portuguesa, algumas dúvidas ainda são latentes. Vamos analisá-las:

1. O hífen foi eliminado de palavras compostas, cuja noção de composição, de alguma maneira, perdeu-se ao longo dos anos, muito possivelmente devido aos “encurtamentos”, ou mutilações, sofridas pela língua.

Pára-quedas, manda-chuva, pára-choque, roda-viva, cabra-cega, bate-boca e toca-fitas, por exemplo, são palavras que se encaixam nessa regra e a partir de 2009 passaram a ser escritas assim: paraquedas, mandachuva, parachoque, rodaviva, cabracega, bateboca e tocafitas.

Exemplo: “NASA testa maior paraquedas do mundo para nave espacial” ()

2. O hífen desaparece nas palavras cuja derivação é prefixal, ou seja, por prefixo e que são findadas em vogal e o segundo elemento inicia-se por uma consoante.

Contra-regra, extra-regular, anti-semita, ultra-sonografia, neo-republicano, proto-revolucionário, semi-selvagem, ultra-sensível, supra-renal, contra-senha e outras palavras do gênero, passam a ser escritas todas juntas e sem o hífen. Teremos então: contrarregra, extrarregular, antissemita, ultrassonografia, neorrepublicano, protorrevolucionario, semisselvagem etc.

É importante ressaltar que quando a segunda palavra se inicia por S ou R, teremos uma duplicidade dessas consoantes: protossatélite, ultrarromântico, extrassolar etc.

Exemplo: “... o sexo da criança que a cantora espera foi confirmado em uma ultrassonografia na última semana...” ()

3 O hífen não será mais usado em vocábulos derivados por prefixação cuja vogal final do prefixo é diferente da vogal inicial do segundo elemento.

Extra-escolar, auto-aprendizado, contra-indicado, intra-ocular, auto-educação, auto-adesivo e as outras palavras que fazem parte dessa regra agora são escritas assim: extraescolar, autoaprendizado, contraindicado, intraocular, autoeducação e autoadesivo.

Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, etc.

Exemplo: Obama apóia acordo de cooperação nuclear com Emirados Árabes ()

4 Palavras possuídas de prefixos com o segundo elemento iniciado em H, continuam possuindo o hífen: anti-higiênico, anti-histórico, co-herdeiro, macro-história, mini-hotel etc.

Exceção: subumano (nesse casoa palavra “humana” perde o h).

5 O hífen não aparece mais nas flexões do verbo haver. Antes se escrevia Hei-de, há-de, hão-de, havemos-de etc. Todavia, essa é uma regra que interfere apenas na ortografia lusitana, pois no Brasil, a forma sem o hífen já era permitida.

6 O hífen sempre será usado quando a palavra possuir o prefixo vice:vice-presidente, vice-reino, vice-prefeito.

Exemplo: “Ex-vice-presidente lança candidatura no Real Madrid” ()

7 O hífen também sempre será usado quando o prefixo de uma palavra terminar em vogal e o segundo elemento iniciar-se pela mesma vogal: Contra-atacar, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus, semi-internato, semi-interno.

Exemplo: “O presente que ganha em questão de tributos é o micro-ondas, nele 59,37% do valor total do produto vai para os cofres públicos...”. ()

8 Manteve-se o hífen em palavras compostas por justaposição cujos elementos constituem uma unidade semântica que mantêm uma tonicidade própria e em compostos que designam espécies botânicas e zoológicas. Seguem algumas delas:

Ano-luz, arco-íris, médico-cirurgião, guarda-noturno, bem-te-vi, formiga-branca, abaixo-assinado, feijão-verde, couve-flor, mato-grossense, norte-americano e outros derivados dessa regra, praticamente não mudam a sua grafia, pois após o acordo são grafadas assim: Ano-luz, arco-íris, médico-cirurgião, guarda-noturno, bem-te-vi, formiga-branca, abaixo-assinado, feijão-verde, couve-flor, mato-grossense, norte-americano.

Exemplo: “Durante décadas, pouco fizemos para aumentar a eficiência dos carros e caminhões norte-americanos” (Folha de São Paulo, 20 de maio de 2009)

9 Quando o prefixo terminar em consoante e a palavra seguinte se iniciar pela mesma consoante, usa-se o hífen: inter-racial, inter-regional, sub-bibliotecário, super-racista. Vale ressaltar que nos demais casos, o hífen não será usado: hipermercado, supermercado, superproteção, superinteressante.

Exemplo: “Dupla é pega furtando em hipermercado”

()

Douglas Tufano, em “Guia Pratico da Nova Ortografia”, ressalta ainda duas exceções para essa regra:

• “Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.”.

• “Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.”.

Exemplo: “Pan-americano é lançado em Fortaleza” (.br)

10 Quando uma palavra possuir um prefixo findado por consoante e o segundo elemento começar por vogal, não será usado o hífen: hiperacidez, hiperativo, interescolar, supereconômico, superexigente, superinteressante.

Exemplo: ...” um veículo supereconômico capaz de percorrer 3.000 quilômetros com o equivalente a um litro de gasolina.” (.br)

11 Sempre será usado o hífen quando houver a presença dos seguintes prefixos: ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró. Assim, teremos agora: ex-marido, além-mar, recém-nascido, pós-operatório, pré-escola, pró-europeu.

Exemplo: “Para controlar CPI, PMDB vai pedir diretoria do pré-sal” (O Estado de São Paulo, 21 de maio de 2009)

12. O hífen será usado em palavras cuja origem é tupi-guarani, ou seja, possuidoras dos prefixos: açu, guaçu e mirim:

Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

13. O hífen será incluído em vocábulos possuidores de derivação prefixal cujo prefixo finda por vogal igual à vogal inicial do elemento seguinte. Dessa forma, palavras como arquiinimigo, antiinflacionário, microorganismo, antiibérico e microondas, agora passarão a ser escritas separadas por hífen: arqui-inimigo, anti-inflacionário, micro-organismo, anti-ibérico, micro-ondas etc.

Exemplo: “O presente que ganha em questão de tributos é o micro-ondas, nele 59,37% do valor total do produto vai para os cofres públicos...” ()

6 As letras “mudas” desapareceram

1 Sabe aquelas letras duplas em algumas palavras, cuja pronuncia nunca é feita ao falarmos?Pois bem, o Novo Acordo Ortográfico dá um sumiço nelas. Todavia, essa não é uma regra que interfere na escrita dos brasileiros, pois esse tipo de palavra é encontrado, em grande maioria, no vocabulário lusitano:

Acção, baptizar, adoptar, objecção, Egipto etc., são escritas a partir de agora, como nós, brasileiros, escrevemos: ação, batizar, adotar, objeção, Egito etc.

2. Passa a ser facultativo o emprego de consoantes mudas pronunciadas, Logo ambas as formas de escritas são permitidas para as palavras abrangidas por essa regra[2]:

Facto ou fato, sector ou setor, carácter ou caráter, amnistia ou anistia etc.

7 A mudança nos derivados

Os sufixos – iano e -iense serão usados no lugar dos antigos –ano e –ense, quando tratarmos de vocábulos derivados de palavras terminadas por -e (s)

Como era? Como ficou?

Acreano ou acriano (Acre) Acriano

Açoriano (Açores) Açoriano

Camoniano (Camões) Camoniano

Etc. Etc.

Exemplo:

“... o Juventus comemorou o título do Campeonato Acriano ao vencer o Nauas por 3 a 1...” (.br)

8 Uniformização

Foram uniformizadas as terminações átonas –io e –ia (ao invés de –eo e –ea) nos substantivos que constituem variações de outros substantivos terminados em vogal. Antes, se estas palavras eram grafadas assim: Hástia ou hástea, réstia, vestia, béstia; agora, obrigatoriamente, são escritas desta forma: Hástia, réstia, véstia, bestia.

Todavia, temos uma regra muito polêmica e que gerou grandes discussões entre Brasil e Portugal, pois há diferenças de pronuncia, por exemplo, de um país para o outro.

A variação da conjugação de verbos terminados em –iar, provenientes de substantivos terminados em –ia ou –io átonos prevê a permanência de duas escritas: negocio ou negoceio (de negócio), premio ou premeio ( de prêmio), noticio ou noticeio de notícia), compendio ou compedeio (compêndio) etc.

9 Letras maiúsculas e minúsculas: quando usá-las?

1. Usamos letras minúsculas para nomes de meses, estações de ano, dias da semana e pontos cardeais: fevereiro, norte, sul, leste, maio, julho, dezembro, outono, oeste, inverno, segunda-feira, terça-feira, sábado etc.

Exemplo:

“Confiança do consumidor brasileiro aumenta em maio, mostra FGV” ().

2. O uso de letra maiúscula em citações bibliográficas, com exceção do primeiro vocábulo, é facultativo: A Hora da Estrela ou A hora da estrela, A Paixão segundo G.H ou A paixão segundo G.H etc.

3. É de livre opção também, o uso da letra maiúscula em formas de tratamento, nomes sagrados e aqueles que designam crenças religiosas: Santo Agostinho ou santo agostinho, Papa João Paulo II ou papa João Paulo II, vossa senhoria ou Vossa Senhoria etc.

Exemplo:

“O papa Bento XVI pediu hoje por todos os mortos de todas as guerras e de todas as nações...” ().

4. As letras minúsculas e maiúsculas podem ser usadas para escrever nomes que designam os “domínios do saber e formas afins.”: Historia ou historia Geografia ou geografia, Jornalismo ou jornalismo etc.

Exemplo:

“Workshops de jornalismo esportivo começam em junho” ()

5. Uso livre da maiúscula inicial ao escrever nome de ruas, avenidas etc., templos e edifícios: Avenida paulista ou Avenida Paulista, Rua da consolação ou Rua da Consolação, Edifício Copan ou Edifício copan etc.

Exemplo:

“Avenida Paulista tem um problema a cada 100 m” (.br)

Considerações Finais

Pode-se concluir, após o que se expôs de todas essas regras, que em alguns momentos, o objetivo do Novo Acordo Ortográfico, que era unificar liguisticamente os paises lusoparlantes, acabou tendo efeito contrario e criou mais diferenças na maneira do falar, logo, o “problema” da comunicação entre esses países não foi solucionado por completo, mesmo porque, até o momento, Portugal não ratificou o acordo.

Possivelmente, com o passar dos anos, as diferenças mais complicadas entre esses paises, serão corrigidas devidamente.

Numa última palavra, diríamos que o Novo Acordo Ortográfico busca, também, uma difusão e melhor compreensão da língua portuguesa ao longo do mundo. Esquece-se, contudo, que uma publicação de vocabulário mais amplo ainda se faz necessária. A impressão que fica é a de que as obras que já estão no mercado há alguns meses sentem-se suficientes para lidarmos tanto com as questões linguísticas quanto com as questões pedagógicas (entre elas, o ensino voltado ao deficiente visual), as quais, na verdade, se fazem ainda mais urgentes do que a própria ampliação desse manifesto a favor de uma língua portuguesa menos unificada.

Referências bibliográficas

SILVA, Mauricio. O novo acordo ortográfico, o que muda e o que não muda. 1ª ed. São Paulo, Contexto, 2009.

TUFANO, Douglas. Guia Prático da Nova Ortografia. 1ª ed. São Paulo, Melhoramentos, 2008.

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[1] O novo acordo ortográfico, o que muda e o que não muda.

[2] Para uma maior especificidade das palavras que compõe essa regra, consultar a página 49 do livro “O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, o que muda e o que não muda” de autoria de Maurício Silva – Editora Contexto, base deste trabalho.)

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