O diabo dos núMEros - Companhia das Letras

Hans Magnus Enzensberger

o diabo dos n?meros

Um livro de cabeceira para todos aqueles que t?m medo de matem?tica

Concep??o gr?fica e ilustra??es: Rotraut Susanne Berner

Tradu??o:

S?rgio Tellaroli 19 a reimpress?o

Copyright ? 1997 by Carl Hanser Verlag M?nchen Wien

Grafia atualizada segundo o Acordo Ortogr?fico da L?ngua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

T?tulo original: Der Zahlentufel

Prepara??o: M?rcia Copola

Revis?o t?cnica: Iole de Freitas Druck Carlos Edgard Harle

Revis?o: Beatriz Moreira Cec?lia Ramos

Dados Internacionais de Cataloga??o na Publica??o (cip) (C?mara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Enzensberger, Hans Magnus, 1929O diabo dos n?meros / Hans Magnus Enzensberger, ilus

trac?es Rotraut Susanne Berner ; tradu??o S?rgio Tellaroli. -- S?o Paulo : Companhia das Letras, 2009.

T?tulo original: Der Zahlenteufel. isbn 978-85-7164-718-3

1. Fic??o alem? 2. Matem?tica (Literatura infantojuvenil) i. Berner, Rotraut Susanne. ii. T?tulo.

97-4660

cdd-028.5

?ndice para cat?logo sistem?tico: 1. Matem?tica : Literatura alem? 028.5

2011

Todos os direitos desta edi??o reservados ? editora schwarcz ltda.

Rua Bandeira Paulista 702 cj. 32 04532002 -- S?o Paulo -- sp Telefone (11) 37073500 Fax (11) 37073501

.br

A primeira noite

Fazia tempo que Robert estava cheio de so nhar. Dizia para si pr?prio: "E, al?m do mais, fa?o sempre papel de bobo".

Por exemplo: em seu sonho, muitas vezes ele era engolido por um peixe enorme e repugnante, e, sempre que isso acontecia, ele ainda tinha que aguentar um cheiro horroroso entrando pelo seu nariz. Ou ent?o sonhava que estava escorregando num escorregador sem fim, descendo cada vez mais fundo no abismo. Podia gritar "Para!" ou "Socorro!" o quanto quisesse, e n?o adiantava: ia descendo cada vez mais r?pido, at? acordar mo lhado de suor.

Ca?a tamb?m num outro truque maldoso quando desejava muito alguma coisa, como, por exemplo, uma bicicleta de corrida de no m?nimo 28 marchas. A?, Robert sonhava que a bicicleta, toda pintada de um lil?s met?lico, estava espe rando por ele no por?o. Era um sonho de uma precis?o incr?vel. L? estava a bicicleta, ? esquerda do arm?rio de vinhos, e ele sabia at? mesmo a sequ?ncia dos n?meros para abrir o cadeado: 12345. Essa sequ?ncia era muito f?cil de guardar!

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No meio da noite, ele acordava, apanhava a cha ve na parede e, ainda meio sonolento e camba leante em seu pijama, descia os quatro lances de escadas at? l? embaixo. E o que ele encontrava ? esquerda do arm?rio de vinhos? Um rato morto... Que engana??o! Um golpe muito baixo.

Com o tempo, Robert descobriu como se de fender desses golpes baixos. Assim que come?a va a sonhar com tais coisas, pensava r?pido, sem acordar: "L? vem de novo o velho peixe nojento. Sei muito bem o que vai acontecer agora. Ele quer me engolir. Mas ? l?gico que estou sonhan do com este peixe, e claro que ele s? pode me engolir no sonho, e nada mais". Ou ent?o pen sava: "L? vou eu escorregando de novo, o que ? que se vai fazer? N?o posso parar com isso, mas tamb?m n?o estou escorregando de verdade".

E assim que a bicicleta maravilhosa aparecia outra vez, ou um joguinho de computador que Robert queria de qualquer jeito (e l? estava o joguinho, bem n?tido, ao lado do telefone: era s? pegar), ele j? sabia que era de novo pura engana ??o. N?o dava nem bola para a bicicleta. Deixava

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para l?. Mas, por mais esperto que ele fosse, aqui lo tudo era uma amola??o e, por isso, os sonhos o irritavam.

At? que um dia apareceu o diabo dos n?meros. Robert j? estava feliz s? por n?o estar sonhan do com um peixe faminto, ou por n?o estar es corregando cada vez mais r?pido desde a torre bem alta e oscilante daquele escorregador sem fim, descendo cada vez mais fundo no abismo. Em lugar disso, estava sonhando com um grama do. Engra?ado era apenas que a grama subia t?o alta em dire??o ao c?u que ultrapassava os om bros e a cabe?a de Robert. Ele olhou em torno e, logo na sua frente, viu um senhor bem velho e baixinho, mais ou menos do tamanho de um ga fanhoto, sentado numa folha de azedinha, balan ?andose e observandoo com olhos cintilantes. -- Mas quem ? voc?? -- Robert perguntou. E o homem gritou numa altura que o surpreen deu: -- Sou o diabo dos n?meros! Robert, por?m, n?o estava disposto a se deixar perturbar por um an?ozinho daqueles. -- Em primeiro lugar -- disse --, n?o existe nenhum diabo dos n?meros. -- Ah, ?? E por que voc? est? falando comigo, se eu nem existo?

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-- Em segundo lugar, odeio tudo o que tenha a ver com matem?tica.

-- E por qu?? -- "Se 2 padeiros fazem 444 rosquinhas em 6 horas, de quanto tempo precisar?o 5 padeiros para fazer 88 rosquinhas?" Coisa mais idiota -- Robert seguiu resmungando. -- Um jeito est?pido de ma tar o tempo. Portanto, desapare?a! Caia fora! Com eleg?ncia, o diabo dos n?meros saltou de sua folha de azedinha e foi sentarse ao lado de Robert, que, em sinal de protesto, se acomodara na grama alta como as ?rvores. -- De onde voc? tirou essa hist?ria das ros quinhas? Provavelmente da escola. -- E de onde mais poderia ser? -- disse Ro bert. -- O professor Bockel, um novato que d? aula de matem?tica para n?s, est? sempre com fome, embora j? seja bem gordo. Quando ele pen sa que n?o estamos vendo, porque estamos fa zendo as contas que ele passa, ele tira escondido outra rosquinha da sua pasta. E devora a rosqui nha enquanto n?s fazemos nossas contas. -- Tudo bem -- disse o diabo dos n?meros com um sorrisinho ir?nico. -- N?o quero falar nada contra o seu professor, mas isso n?o tem nada a ver com matem?tica. Sabe de uma coisa? A maioria dos matem?ticos de verdade nem sabe fazer contas. E, al?m do mais, eles nem t?m tem po para isso. Para fazer contas existem as calcu ladoras. Voc? n?o tem uma?

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Robert viu um senhor bem velho e baixinho, mais ou menos do tamanho de um gafanhoto, sentado numa folha de azedinha, balan?andose e observandoo com olhos cintilantes.

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