Emergências Químicas



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Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

Secretaria de Estado do Meio Ambiente

Módulo III - Apostila

Emergências Químicas

2009

Emergências Químicas

Sumário

|1 |Perigos associados às substâncias químicas |01 |

| | | |

|2 |Toxicologia |10 |

|2.1 |Conceitos básicos de toxicologia |11 |

|2.2 |Principais efeitos tóxicos |15 |

| | | |

|3 |Ações de resposta |19 |

|3.1 |Ações emergenciais |20 |

|3.1.1 |Utilização da água no combate ao fogo e a vazamentos |24 |

|3.1.2 |Descontaminação |26 |

|a) |a) Produtos de baixa toxicidade |27 |

|b) |Produtos de média toxicidade |27 |

|c) |Produtos de alta toxicidade |28 |

|d) |Descontaminação de campo |31 |

| | | |

|4 |Simbologia |35 |

|4.1 |Painéis de segurança |35 |

|4.2 |Diamante de Hommel |38 |

1) Perigos associados às substâncias químicas

Incidentes envolvendo produtos químicos requerem sempre cuidados e medidas específicas a serem desencadeadas para o controle das diferentes situações que podem ocorrer, razão pela qual a intervenção de pessoas devidamente capacitadas e equipadas é fundamental para o sucesso destas operações.

Um fator de extrema importância para um atendimento emergencial adequado é o conhecimento dos perigos intrínsecos às substâncias químicas. As principais classes de riscos são:

• Substâncias explosivas;

• Gases (inflamáveis, não inflamáveis ou tóxicos);

• Líquidos inflamáveis;

• Sólidos inflamáveis ou reativos;

• Oxidantes e peróxidos orgânicos;

• Substâncias tóxicas;

• Substâncias corrosivas

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Gases

Gás é um dos estados da matéria. Nesse estado a substância move-se livremente, ou seja, independente do perigo apresentado pelo produto, seu estado físico representa por si só uma grande preocupação, uma vez que se expandem indefinidamente. Assim, em caso de vazamento, os gases tendem a ocupar todo o ambiente mesmo quando possuem densidades diferentes à do ar.

Além do perigo inerente ao estado físico, os gases podem apresentar perigos adicionais, como por exemplo, inflamabilidade, toxicidade, poder de oxidação e corrosividade, entre outros.

Alguns gases, como por exemplo, o cloro, apresentam odor e cor característicos, enquanto que outros, como o monóxido de carbono, não apresentam odor ou coloração, o que dificulta sua identificação na atmosfera, bem como as ações de controle quando de um eventual vazamento.

Os gases sofrem grande influência quando expostos a variações de pressão e/ou temperatura. A maioria dos gases pode ser liquefeita com o aumento da pressão e/ou diminuição da temperatura. A amônia, por exemplo, pode ser liquefeita quando submetida a uma pressão de aproximadamente 8 kgf/cm² ou quando submetida a uma temperatura de aproximadamente -33,4º C.

Quando liberados, os gases mantidos liquefeitos por ação da pressão e/ou temperatura, tenderão a passar para seu estado natural nas condições ambientais, ou seja, estado gasoso. Durante a mudança do estado líquido para o estado gasoso, ocorre uma alta expansão do produto gerando volumes gasosos muito maiores do que o volume ocupado pelo líquido. A isto se denomina taxa de expansão.

O cloro, por exemplo, tem uma taxa de expansão de 457 vezes, ou seja, um volume de cloro líquido gera 457 volumes de cloro gasoso. Para o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) a taxa de expansão é de 270 vezes.

Em função do acima exposto, nos vazamentos de produtos liquefeitos deverá ser adotada, sempre que possível, a preferência ao vazamento na fase gasosa ao invés do vazamento na fase líquida, já que a fase gasosa não sofrerá expansão.

Uma propriedade físico-química relevante a ser considerada no atendimento a vazamentos dos gases é a densidade do produto em relação à densidade do ar. Gases mais densos que o ar tendem a se acumular ao nível do solo e, conseqüentemente, terão sua dispersão dificultada quando comparada à dos gases com densidade próxima ou inferior à do ar.

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Nuvem densa de GLP

Alguns gases considerados biologicamente inertes, ou seja, que não são metabolizados pelo organismo humano, sob certas condições podem representar riscos ao homem. Todos os gases exceto o oxigênio, são asfixiantes. Grandes vazamentos mesmo de gases inertes, reduzem o teor de oxigênio dos ambientes fechados, causando danos que podem culminar na morte das pessoas expostas.

Assim, em ambientes confinados deve-se monitorar constantemente a concentração de oxigênio. Nas situações onde a concentração de oxigênio estiver abaixo de 19,5 % em volume, deverão ser adotadas medidas no sentido de restabelecer o nível normal de oxigênio, ou seja, em torno de 21 % em volume. Estas medidas consistem basicamente em ventilação, natural ou forçada, do ambiente em questão. Em função das características apresentadas pelo ambiente envolvido, a proteção respiratória utilizada deverá obrigatoriamente ser do tipo autônoma.

Especial atenção deve ser dada quando o gás envolvido for inflamável, principalmente se este estiver confinado. Medições constantes dos índices de inflamabilidade (ou explosividade) no ambiente, através da utilização de equipamentos intrinsecamente seguros e a eliminação das possíveis fontes de ignição, constituem ações prioritárias a serem adotadas.

De acordo com as características do produto envolvido, e em função do cenário da ocorrência, pode ser necessária a aplicação de neblina d'água para abater os gases ou vapores emanados pelo produto. Essa operação de abatimento dos gases será tanto mais eficiente, quanto maior for a solubilidade do produto em água, como é o caso da amônia e do ácido clorídrico.

Vale lembrar que a água utilizada para o abatimento dos gases deverá ser contida, e recolhida posteriormente, para que a mesma não cause poluição dos recursos hídricos existentes na região da ocorrência.

Outro aspecto relevante nos acidentes envolvendo produtos gasosos é a possibilidade da ocorrência de incêndios ou explosões. Mesmo os recipientes contendo gases não inflamáveis podem explodir em casos de incêndio. A radiação térmica proveniente das chamas é, muitas vezes, suficientemente alta para provocar um aumento da pressão interna do recipiente, podendo causar sua ruptura catastrófica e, conseqüentemente, o seu lançamento a longas distâncias, causando danos às pessoas, estruturas e equipamentos próximos.

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Líquidos criogênicos

São substâncias que, em condições normais de temperatura e pressão, encontram-se em estado gasoso e que para serem liquefeitas precisam ser submetidas a temperaturas inferiores a -150ºC. Alguns exemplos destes gases encontram-se abaixo:

|Exemplos de gases criogênicos e suas respectivas temperaturas de ebulição |

|Substância |Temperatura de ebulição (ºC) |[pic] |

|Hidrogênio |-253,0 | |

|Oxigênio |-183,0 | |

|Nitrogênio |-193,0 | |

Devido a sua natureza "fria", os gases criogênicos apresentam quatro características perigosas conforme segue:

Riscos à saúde

Os gases criogênicos, devido a baixa temperatura, poderão provocar severas queimaduras ao tecido, conhecidas por enregelamento, quando do contato com líquido ou mesmo com o vapor.

Efeitos sobre outros materiais

Os gases criogênicos podem solidificar ou condensar outros gases. A temperatura de solidificação da água é de 0º C à pressão atmosférica. Isso quer dizer que a água presente na umidade atmosférica poderá congelar no caso de vazamento de uma substância criogênica, e se isso ocorrer próximo a, por exemplo, uma válvula (que pode ser a do próprio tanque com vazamento), esta apresentará dificuldade para a realização de manobras.

Assim sendo, não se deve jamais jogar água diretamente sobre um sistema de alívio ou válvulas de um tanque criogênico. Também não se deve jogar água no interior de um tanque criogênico, pois a água atuará como um objeto superaquecido (ela está entre 15 e 20º C) acarretando na formação de vapores e, portanto aumento da pressão interna do tanque, podendo romper-se.

Intensificação dos perigos do estado gasoso

O vazamento de oxigênio liquefeito acarretará no aumento da concentração deste produto no ambiente o que poderá causar a ignição espontânea de certos materiais orgânicos. Por tal razão, não devem ser utilizadas roupas de material sintético (náilon) e sim roupas de algodão.

Um aumento de 3% na concentração de oxigênio provocará um aumento de 100% na taxa de combustão de um produto.

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Explosão devido a vazamento de oxigênio e contato com substância oleosa

Alta taxa de expansão na evaporação

Os gases criogênicos quando expostos à temperatura ambiente tendem a se expandir gerando volumes gasosos muito superiores ao volume de líquido inicial. Para o nitrogênio, um litro de produto líquido gera 697 litros de gás, enquanto que para o oxigênio a proporção é de 863 vezes. Desta forma, fica claro que os recipientes contendo gases criogênicos jamais poderão ser aquecidos ou terem seu sistema de refrigeração danificado, sob pena de ocorrer a superpressurização do tanque, sendo que os sistemas de alívio poderão não suportar a demanda de vapores acarretando na ruptura do tanque.

A nuvem gerada pelo vazamento de um gás criogênico será fria, invisível (a parte visível não indica a extensão total da nuvem), dificultará a visibilidade e tenderá a se acumular sobre o solo, pois a densidade do produto será maior que a do ar devido a baixa temperatura.

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Líquidos inflamáveis

Esta categoria engloba, por definição, líquidos, mistura de líquidos ou líquidos contendo sólidos em solução ou em suspensão, que produzem vapores inflamáveis a temperaturas de até 60,5º C em teste de vaso fechado. Via de regra, as substâncias inflamáveis são de origem orgânica, como por exemplo, hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos e cetonas, entre outros.

Para uma resposta mais segura às ocorrências envolvendo líquidos inflamáveis faz-se necessário o pleno conhecimento de algumas propriedades físicas e químicas dos mesmos, antes da adoção de quaisquer ações. Essas propriedades, assim como suas respectivas aplicações, estão descritas a seguir.

Ponto de Fulgor (Flash Point)

É a menor temperatura na qual uma substância libera vapores em quantidades suficientes para que a mistura de vapor e ar logo acima de sua superfície propague uma chama, a partir do contato com uma fonte de ignição.

Considerando a temperatura ambiente numa região de 25º C e ocorrendo um vazamento de um produto com ponto de fulgor de 15º C, significa que o produto nessas condições está liberando vapores inflamáveis, bastando apenas uma fonte de ignição para que haja a ocorrência de um incêndio ou de uma explosão. Por outro lado, se o ponto de fulgor do produto for de 30º C, significa que este não estará liberando vapores inflamáveis.

Limites de Inflamabilidade

Para um gás ou vapor inflamável queimar é necessário que exista, além da fonte de ignição, uma mistura chamada "ideal" entre o ar atmosférico (oxigênio) e o gás combustível. A quantidade de oxigênio no ar é praticamente constante, em torno de 21 % em volume.

Já a quantidade de gás combustível necessário para a queima, varia para cada produto e está dimensionada através de duas constantes: o Limite Inferior de Inflamabilidade (ou explosividade) (LII) e o Limite Superior de Inflamabilidade (LSI).

O LII é a mínima concentração de gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de provocar a combustão do produto, a partir do contato com uma fonte de ignição. Concentrações de gás abaixo do LII não são combustíveis, pois, nesta condição, tem-se excesso de oxigênio e pequena quantidade do produto para a queima. Esta condição é chamada de "mistura pobre".

Já o LSI é a máxima concentração de gás que misturada ao ar atmosférico é capaz de provocar a combustão do produto, a partir de uma fonte de ignição. Concentrações de gás acima do LSI não são combustíveis, pois, nesta condição, tem-se excesso de produto e pequena quantidade de oxigênio para que a combustão ocorra, é a chamada "mistura rica".

Pode-se então concluir que os gases ou vapores combustíveis só queimam quando sua percentagem em volume estiver entre os limites (inferior e superior) de inflamabilidade, que é a "mistura ideal" para a combustão.

Esquematizando:

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Conforme já mencionado, os valores de LII e LSI variam de produto para produto, alguns exemplos podem ser observados abaixo:

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Existem equipamentos capazes de medir a porcentagem em volume no ar de um gás ou vapor combustível. Estes instrumentos são conhecidos como explosímetros.

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|Monitoramento com explosímetro em carreta-tanque |Medição de explosividade e concentração de vapores orgânicos em |

| |vazamento de nafta |

Além do ponto de fulgor e do limite de inflamabilidade, outro fator relevante a ser considerado é a presença de possíveis fontes de ignição.

Nas situações emergenciais estão presentes, na maioria das vezes, diversos tipos de fontes que podem ocasionar a ignição de substâncias inflamáveis. Entre elas merecem destaque: chamas vivas, superfícies quentes, automóveis, cigarros, faíscas por atrito e eletricidade estática.

Especial atenção deve ser dada à eletricidade estática, uma vez que esta é uma fonte de ignição de difícil percepção. Trata-se na realidade do acúmulo de cargas eletrostáticas que, por exemplo, um caminhão-tanque adquire durante o transporte. Portanto, sempre que produtos inflamáveis estão envolvidos, deve-se realizar o aterramento.

Por questões de segurança muitas vezes não é recomendável a contenção de um produto inflamável próximo ao local do vazamento, de modo a se evitar concentrações altas de vapores em locais com grande movimentação de pessoas ou equipamentos.

Combustão espontânea

Alguns produtos podem se inflamar em contato com o ar, mesmo sem a presença de uma fonte de ignição. Estes produtos são transportados, na sua maioria, em recipientes com atmosferas inertes ou submersos em querosene ou água. O fósforo branco ou amarelo, e o sulfeto de sódio são exemplos de produtos que se ignizam espontaneamente, quando em contato com o ar.

Quando da ocorrência de um acidente envolvendo estes produtos, a perda da fase líquida poderá propiciar o contato dos mesmos com o ar, motivo pelo qual a estanqueidade do vazamento deverá ser adotada imediatamente.

Outra ação a ser desencadeada em caso de acidente é o lançamento de água sobre o produto, de forma a mantê-lo constantemente úmido, desde que o mesmo seja compatível com água, evitando-se assim sua ignição espontânea.

Perigoso quando molhado

Algumas substâncias, por interação com a água, podem tornar-se espontaneamente inflamáveis ou produzir gases inflamáveis em quantidades perigosas. O sódio metálico, por exemplo, reage de maneira vigorosa quando em contato como a água, liberando o gás hidrogênio que é altamente inflamável. Outro exemplo é o carbureto de cálcio, que por interação com a água libera acetileno. Para esses materiais as ações preventivas são de suma importância, pois quando as reações decorrentes destes produtos se iniciam, ocorrem de maneira rápida e praticamente incontrolável.

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Oxidantes e peróxidos orgânicos

Um oxidante é um material que libera oxigênio rapidamente para sustentar a combustão dos materiais orgânicos. Outra definição semelhante afirma que o oxidante é um material que gera oxigênio à temperatura ambiente, ou quando levemente aquecido. Assim, pode-se verificar que ambas as definições afirmam que o oxigênio é sempre liberado por um agente oxidante.

Devido a facilidade de liberação do oxigênio, estas substâncias são relativamente instáveis e reagem quimicamente com uma grande variedade de produtos.

Apesar da grande maioria das substâncias oxidantes não ser inflamável, o simples contato delas com produtos combustíveis pode gerar um incêndio, mesmo sem a presença de fontes de ignição.

Outro aspecto a considerar é a grande reatividade dos oxidantes com compostos orgânicos. Geralmente essas reações são vigorosas, ocorrendo grandes liberações de calor, podendo acarretar fogo ou explosão. Mesmo pequenos traços de um oxidante podem causar a ignição de alguns materiais, tais como o enxofre, a terebentina, o carvão vegetal, etc.

Como exemplo de produto oxidante, podemos citar o peróxido de hidrogênio, comercialmente chamada água oxigenada. Este produto é um poderoso agente oxidante e, em altas concentrações, reage com a maioria dos metais, como Cu, Co, Mg, Fe, Pb entre outros, o que acarretará sua decomposição com perigo de incêndio/explosão.

Mesmo sem a presença de uma fonte de ignição, soluções de peróxido de hidrogênio em concentrações acima de 50% em peso (200 volumes) em contato com materiais combustíveis podem causar a ignição desses produtos.

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Explosão devido a reação entre um agente oxidante (peróxido de hidrogênio) e líquidos inflamáveis diversos

Os peróxidos orgânicos são agentes de alto poder oxidante, sendo que destes, a maioria é irritante para os olhos, pele, mucosas e garganta. Os peróxidos apresentam a estrutura - O - O - e podem ser considerados derivados do peróxido de hidrogênio (H2O2), onde um ou ambos os átomos de hidrogênio foram substituídos por radicais orgânicos.

Assim como os oxidantes, os peróxidos orgânicos são termicamente instáveis e podem sofrer decomposição exotérmica e auto-acelerável, criando o perigo de explosão. Esses produtos são também sensíveis a choque e atrito.

Quando houver necessidade de conter ou absorver produtos oxidantes ou peróxidos orgânicos, deverá ser considerado que a maioria deles poderá reagir com matéria orgânica e que, portanto, nas ações de contenção/absorção não poderá ser utilizada terra, serragem ou qualquer outro material incompatível. Nestes casos recomenda-se a utilização de materiais inertes e umedecidos, como por exemplo, a areia.

Muitos dos produtos aqui classificados necessitam de equipamentos "cativos” (de uso específico) para as operações de transbordo. Isto se deve à alta instabilidade química dessas substâncias.

Um dos métodos mais utilizados e eficientes para a redução dos perigos oferecidos por esses produtos é a diluição em água, desde que o produto seja compatível com a mesma. A diluição tem por objetivo reduzir o poder oxidante e sua instabilidade. Porém, devido a solubilidade de alguns desses produtos, a água de diluição deverá ser contida de modo a se evitar poluição.

Também nos casos de fogo, a água é o agente de extinção mais eficiente, uma vez que retira o calor do material em questão. Já a espuma e o CO2 serão ineficazes, pois atuam com base no princípio da exclusão do oxigênio atmosférico, o que não é necessário num incêndio envolvendo substâncias oxidantes.

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Substâncias tóxicas

São substâncias capazes de provocar a morte ou danos à saúde humana se ingeridas, inaladas ou por contato com a pele, mesmo em pequenas quantidades.

As vias pelas quais os produtos químicos podem entrar em contato com o nosso organismo são três: inalação, absorção cutânea e ingestão. A inalação é a via mais rápida de entrada de substâncias para o interior do nosso corpo e a mais comum. Já com relação a absorção cutânea, podemos dizer que existem duas formas das substâncias tóxicas agirem. A primeira é como tóxico localizado, onde o produto em contato com a pele, age na sua superfície provocando uma irritação primária e localizada.

E a segunda forma, é como tóxico generalizado, quando a substância tóxica reage com as proteínas da pele ou mesmo penetra através dela, atinge o sangue e é ditribuída para o nosso organismo, podendo atingir vários órgãos.

Apesar da pele e a gordura atuarem como uma barreira protetora do corpo, algumas substâncias como ácido cianídrico, mercúrio e alguns defensivos agrícolas, têm a capacidade de penetrar através da pele.

Quanto à ingestão, esta é considerada uma via de ingresso secundário, uma vez que tal fato somente ocorrerá com menor freqüência.

Em função do alto risco apresentado por esses produtos, durante as operações de atendimento a emergências é necessária a utilização de equipamentos de proteção respiratória. Considerando que muitos produtos não apresentam odor, é fundamental que nas operações de emergência sejam realizados constantes monitoramentos da concentração dos produtos na atmosfera.

Os resultados obtidos nestes monitoramentos poderão ser comparados com valores de referência conhecidos, como por exemplo, a concentração IPVS que é o valor imediatamente perigoso à vida ou a saúde.

Evidentemente tais materiais são também tóxicos para a vida aquática e podem causar severas contaminações aos corpos d'água, devendo ser dada atenção especial àqueles utilizados para recreação, irrigação, dessedentação de animais e abastecimento público.

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|Cilindro rompido gerando vazamento de 70 kg de amônia |Acidente com carreta de amônia na Rodovia Fernão Dias |

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Substâncias corrosivas

São substâncias que apresentam uma severa taxa de corrosão ao aço. Evidentemente, tais materiais são capazes de provocar danos também aos tecidos humanos.

Basicamente existem dois principais grupos de materiais que apresentam essa propriedade e são conhecidos por ácidos e bases. Ácidos são substâncias que em contato com a água liberam íons H+, provocando alterações de pH para a faixa de 0 (zero) a 7 (sete). As bases são substâncias que em contato com a água, liberam íons OH-, provocando alterações de pH para a faixa de 7 (sete) a 14 (quatorze). Como exemplo pode-se citar o ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido nítrico, hidróxido de sódio e hidróxido de potássio, entre outros.

O contato desses produtos com a pele e os olhos pode causar severas queimaduras, motivo pelo qual deverão ser utilizados equipamentos de proteção individual compatíveis com o produto envolvido.

O monitoramento ambiental durante as operações envolvendo esses materiais pode ser realizado através de diversos parâmetros, de acordo com o produto envolvido, entre os quais vale destacar e medições de pH e condutividade.

Nas ocorrências envolvendo ácidos ou bases que atinjam corpos d'água, uma maior ou menor variação do pH natural poderá ocorrer, dependendo de diversos fatores, como por exemplo, a concentração e quantidade do produto vazado, além das características do corpo d'água atingido.

Um dos métodos que pode ser aplicado em campo para a redução dos perigos é a neutralização do produto derramado. Esta técnica consiste na adição de um produto químico, de modo a levar o pH da área atingida para próximo ao natural. No caso de substâncias ácidas, os produtos comumente utilizados para a neutralização são a barrilha (Na2CO3) e a cal hidratada, ambas com características alcalinas. A utilização da cal virgem não é recomendada, uma vez que sua reação com os ácidos é extremamente vigorosa. Também é bastante eficiente a utilização de calcário calcinado.

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|Neutralização de soda cáustica com ácido |Neutralização de ácido fosfórico com solução |Neutralização de ácido sulfúrico com solução |

|clorídrico 10% |de soda cáustica a 12%. |de água e cal na Rodovia Bandeirantes |

Antes que a neutralização seja efetuada deverá ser recolhida a maior quantidade possível do produto derramado, de modo a se evitar o excessivo consumo de produto neutralizante e, conseqüentemente, a geração de grande quantidade de resíduos. Os resíduos provenientes da neutralização deverão ser totalmente removidos e dispostos de forma e em locais adequados.

A neutralização é apenas uma das técnicas que podem ser utilizadas para a redução dos perigos nas ocorrências com corrosivos. Outras técnicas como a absorção, remoção e diluição deverão também ser contempladas, de acordo com o cenário apresentado.

Não se deve realizar neutralização em corpos d'água. Nessa situação deve-se monitorar constantemente o meio, notificar a população ribeirinha e aqueles que utilizam daquela água, principalmente as empresas que fazem captação.

A técnica de diluição somente deverá ser utilizada nos casos em que não houver possibilidade de contenção do produto derramado, e seu volume for bastante reduzido. Isto se deve ao fato de que para se obter concentrações seguras utilizando este método, o volume de água necessário será sempre muito grande, ou seja, na ordem de 1000 a 10000 vezes o volume do produto vazado.

Vale ressaltar que se o volume de água adicionado ao produto não for suficiente para diluí-lo a níveis seguros, ocorrerá o agravamento da situação, devido ao aumento do volume da mistura e conseqüentemente na quantidade de resíduo gerado.

Como se pode observar nos comentários anteriores, a absorção e o recolhimento são as técnicas mais recomendadas quando comparadas com a neutralização e a diluição.

A seleção do método mais adequado a ser utilizado deve sempre levar em consideração os aspectos de segurança e proteção ambiental.

2) Toxicologia

Acidentes químicos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) utiliza os termos acidente químico e emergência química para se referir a um acontecimento ou situação perigosa que resulta da liberação de substâncias que representam um risco para a saúde humana e/ou o meio ambiente, a curto ou longo prazo. Estes acontecimentos ou situações incluem incêndios, explosões, fugas ou liberações de substâncias tóxicas que podem provocar doenças, lesões, invalidez ou a morte, freqüentemente de grande quantidade de seres humanos.

Embora a contaminação da água ou da cadeia alimentar por causa de um acidente químico possa afetar populações dispersas, freqüentemente a população exposta está dentro ou muito próxima de uma zona industrial.

Em uma área urbana, a população exposta pode estar próxima a um veículo acidentado que transportava substâncias perigosas.

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Motoristas expostos a risco em acidente envolvendo carreta de amônia. Rodovia Fernão Dias

São menos freqüentes cenários onde a população exposta está a certa distância do lugar do acidente. Muitas vezes a curiosidade e o próprio interesse pela carga/produto atraem perigosamente moradores e transeuntes para as proximidades do acidente.

Esta definição deve ser proposta junto com o conceito de "incidente químico", no qual uma exposição originada por liberações de substâncias químicas pode gerar como conseqüência algum tipo de doença ou distúrbio. A quantidade de pessoas afetadas por um incidente químico pode ser mínima (mesmo uma só). No entanto, a doença, incapacidade ou morte, podem se manifestar em um lapso de tempo longo, mesmo anos depois do acidente.

Aspectos toxicológicos para a assistência a um acidente químico

Alguns dos desastres que aconteceram mais recentemente revelaram a necessidade do conhecimento da toxicidade dos compostos utilizados na indústria. Este conhecimento é essencial para a aplicação de um tratamento efetivo e rápido dos efeitos tóxicos, bem como para o tratamento de intoxicações acidentais. No caso do acidente de Bhopal, que aconteceu em 1984 na Índia, onde era fabricado o inseticida Carbaril, houve uma liberação de isocianato de metila. Nessa época, pouco ou nada se conhecia sobre a toxicidade desta substância e como conseqüência o tratamento das vítimas foi incerto e possivelmente inadequado.

Frente à enorme quantidade de substâncias químicas atualmente disponíveis, a pergunta que surge é: "Todas as substâncias químicas são tóxicas?". Provavelmente a melhor resposta seria: "Não há substâncias químicas seguras, mas sim maneiras seguras de utilizá-las".

No documento OPAS/OMS (1998) aconselha-se que as autoridades locais deveriam estar preparadas para tomar parte no processo de conscientização e preparação para acidentes químicos, ou em um programa semelhante, incluindo o intercâmbio de toda a informação importante com a comunidade e a indústria local. Assim, os hospitais e outras instalações destinadas ao tratamento, os profissionais de saúde, os centros de informação toxicológica e os centros para emergências químicas deveriam participar neste processo.

Sob este ponto de vista, considera-se importante que os integrantes do sistema de combate tenham conhecimentos básicos de toxicologia para a assistência de uma emergência química.

Estes conhecimentos facilitarão as atividades dos profissionais que participam na assistência da emergência bem como a proteção adequada para evitar os efeitos tóxicos.

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Conhecer os riscos ajuda a prevenir exposições às substâncias químicas

Toxicologia

A toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos produzidos pelas substâncias químicas sobre os organismos vivos. Assim, o indivíduo humano, os animais e as plantas podem estar expostos a uma grande variedade de substâncias químicas. Estas podem ser desde metais e substâncias inorgânicas até moléculas orgânicas muito complexas.

Segundo o Programa Nacional de Toxicologia do Serviço de Saúde Pública dos EUA (EUA, 1999), existem naquele país 80 000 substâncias químicas às quais os habitantes podem estar expostos através de produtos industriais e de consumo, como também quando estão presentes nos alimentos, na água encanada e no ar que é respirado. Geralmente, supõe-se que relativamente poucas destas representam um risco significativo para a saúde humana, nas concentrações de exposição existentes, e que os efeitos na saúde produzidos pela maioria delas são geralmente desconhecidos.

Em 1998, o inventário das substâncias químicas comerciais na Europa registrou 100.000 comercializadas para vários propósitos. Segundo a Associação das Indústrias Químicas da República Federal da Alemanha apenas 4600 substâncias são produzidas em quantidades superiores a 10 000 toneladas anuais. Estas substâncias seriam as que têm maior probabilidade de estarem envolvidas em acidentes químicos. O resto das substâncias é utilizado em laboratório ou em produtos manufaturados, em pequena escala.

2.1) Conceitos básicos de toxicologia

Alguns termos de uso freqüente em toxicologia são importantes e devem ser conhecidos, entre eles: substância perigosa, risco, toxicidade, doses, exposição, absorção, biodisponibilidade, distribuição, acumulação, biotransformação, eliminação e efeito tóxico.

Substância perigosa

Uma substância perigosa ou um agente perigoso tem a capacidade de causar dano em um organismo exposto. Um exemplo esclarecerá este conceito: a estricnina é uma substância química muito tóxica. Quando está dentro de um frasco perfeitamente fechado pode ser manipulada sem que nenhum efeito tóxico seja produzido. A toxicidade não mudou, mas quando não está em contato com um organismo vivo não é possível evidenciar a sua capacidade de produzir o efeito tóxico.

Risco

O risco é a probabilidade de aparecer um efeito nocivo devido à exposição a uma substância química perigosa.

Toxicidade

A toxicidade de uma substância química refere-se à sua capacidade de causar dano em um órgão determinado, alterar os processos bioquímicos ou alterar um sistema enzimático. Todas as substâncias, naturais ou sintéticas são potencialmente tóxicas; em outras palavras, podem produzir efeitos adversos para a saúde em alguma condição de exposição. É incorreto denominar algumas substâncias químicas como tóxicas e outras como não tóxicas. As substâncias diferem muito na toxicidade. As condições de exposição e a dose são fatores que determinam os efeitos tóxicos.

Dose

Paracelso, no século XVI afirmou: "Todas as substâncias são tóxicas. Não há nenhuma que não seja tóxica. A dose estabelece a diferença entre um tóxico e um medicamento". Esta afirmação ainda é muito importante para a toxicologia e envolve a idéia de dose.

Uma informação muito utilizada é aquela denominada Dose Letal 50 - DL50 que é a quantidade de uma substância química que quando é administrada em uma única dose por via oral, expressa em massa da substância por massa de animal, produz a morte de 50% dos animais expostos dentro de um período de observação de 14 dias. Na tabela abaixo temos a classificação das substâncias baseadas no valor da DL50.

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Outro valor é a Concentração letal 50-DL50, que é a concentração no ar de uma substância química que quando é inalada constantemente por 8 horas produz a morte de 50% dos animais expostos.

Se a dose de uma substância for suficientemente alta poderá ser perigosa para qualquer ser vivo, assim como também se a dose de uma substância muito tóxica for baixa não produzirá efeito adverso nenhum. A água (um elemento essencial para a vida) quando é ingerida em grandes quantidades pode ter um efeito tóxico. A causa é que um volume superior àquele considerado como ingestão diária ideal para um adulto, entre 2 L e 2,5 L, pode causar a eliminação pela urina de substâncias que são essenciais para o organismo, como sais, por exemplo.

O período de tempo no qual uma dose é administrada e a freqüência são informações também muito importantes que influem na resposta a intoxicação.

Outro dado importante é a concentração de interesse (em inglês: levels of concern-LOCs), que é a concentração no ar de uma substância extremamente perigosa acima da qual poderá produzir efeitos graves à saúde ou a morte como resultado de uma única exposição durante um período relativamente curto. Algumas publicações consideram o LOC como a décima parte da concentração denominada de perigo imediato para a vida ou à saúde (cuja sigla em inglês é IDLH ou IPVS em português), segundo o publicado pelo National Institute of Occupational Safety and Health (NIOSH), ou um valor aproximado do IDLH para animais.

Exposição

Para que uma substância química possa produzir um efeito deve estar em contato com o organismo. As substâncias químicas podem ingressar no organismo por três vias principais: digestiva, respiratória e cutânea. Depois do ingresso, por qualquer destas vias, as substâncias químicas podem ser absorvidas e passar para o sangue, serem distribuídas no organismo todo, chegar a determinados órgãos onde são biotransformadas, produzir efeitos tóxicos e posteriormente serem eliminadas do organismo.

Também uma substância química pode entrar no organismo por outras vias, por exemplo, injeção venosa ou intramuscular, mas estas vias não são de grande interesse do ponto de vista toxicológico, especialmente quando se trata de acidentes que envolvem substâncias químicas.

Uma forma muito utilizada para classificar as substâncias químicas segundo a toxicidade, está baseada na duração da exposição.

Geralmente, os toxicologistas procuram os efeitos da exposição aguda, sub-crônica e crônica, e também tentam entender o tipo de efeito adverso para cada uma destas três exposições.

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Resíduos abandonados freqüentemente contaminam corpos d'água e comunidades naturais

Absorção

A absorção implica que a substância química atravesse as membranas biológicas. No caso da ingestão de uma substância, esta pode ser absorvida em qualquer parte do trato gastrintestinal. A maior absorção ocorre no intestino delgado passando ao sistema circulatório pela veia porta, sendo, portanto, transportada diretamente ao fígado.

No homem e outros animais terrestres, a inalação é a via mais rápida pela qual uma substância química ingressa no organismo. Por exemplo, a inalação do éter etílico, um gás anestésico, que quando chega ao pulmão é absorvido, passa para o sangue e logo o efeito é observado. Também substâncias como o material particulado ou gases podem ingressar pela via respiratória.

A via cutânea é outra forma de ingresso importante. A espessura da pele nas distintas regiões do organismo influi na absorção.

Assim, na região do abdômen e do escroto, onde a pele é mais fina, a absorção é mais rápida que em outras onde a pele é mais grossa, como a planta dos pés ou a palma da mão. O paration é facilmente absorvido pela via cutânea.

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Diferentes espécies de caranguejos mortos em manguezal por intoxicação com gasolina gerada por acidente rodoviário. Rodovia dos Imigrantes

Quando uma área grande de pele estiver em contato com uma substância química, a quantidade absorvida será maior que aquela numa superfície pequena. O tempo de contato também é importante, sendo maior a absorção quanto maior for o tempo de contato.

Biodisponibilidade

Alguns fatores físicos ou químicos podem afetar a absorção de uma substância em relação à quantidade que deverá ser absorvida e ao tempo de absorção. Por exemplo, nem todas as formas químicas de um metal são bem absorvidas no intestino; assim no caso de ingestão de mercúrio metálico, pouco será absorvido. Porém, o mesmo não acontece com um composto orgânico como o metilmercúrio, o qual é intensamente absorvido.

Os compostos de bário são tóxicos, mas o sulfato de bário é utilizado normalmente como meio de contraste nas radiografias do cólon uma vez que é um composto insolúvel em água e em gordura. Não poderia ser utilizado cloreto de bário porque a sua solubilidade em água seria suficiente para que fosse absorvida uma quantidade que produz efeitos tóxicos. Estes são alguns exemplos sobre a importância da forma química do composto em relação à absorção e toxicidade.

Distribuição

Depois que a substância química é absorvida ela passa através do sangue por todo o organismo, causando os efeitos nocivos especialmente no(s) órgão(s) alvo.

Entende-se por órgão alvo o local onde primeiro se evidencia um efeito nocivo. Para produzir esse efeito a substância química deve atingir uma determinada concentração no órgão, o que está diretamente relacionado com o conceito de dose.

A existência de um órgão alvo não significa que nos outros órgãos não sejam verificados efeitos. À medida que aumenta a dose e o tempo de exposição, outros órgãos podem também ser afetados.

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Ave aquática morta em vazamento de BTX (benzeno, tolueno e xileno) em braço do Rio Pequeno, sistema Billings - SP.

Acumulação

Uma parte da substância química, que é distribuída no organismo, pode ser acumulada. Isto pode acontecer também no sangue já que algumas substâncias podem se unir às proteínas sanguíneas. O flúor e o chumbo podem ser acumulados nos ossos, as bifenilas policloradas (segundo a sigla em inglês, PCBs) podem ser acumuladas na gordura; o cádmio liga-se a proteínas e é acumulado no rim.

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Processos de descontaminação nas emergências são essenciais para evitar contaminações

Biotransformação

Assim como se usa o termo metabolismo para indicar a utilização orgânica de diferentes substâncias que são necessárias para a vida, se propôs o termo biotransformação para o processo de conversão das substâncias tóxicas. O termo biotransformação descreve como os organismos transformam as substâncias tóxicas absorvidas em outras de menor toxicidade e em geral solúveis em água, ou em metabólitos de maior toxicidade como é o caso do ácido fórmico na biotransformação do metanol. Neste processo o fígado cumpre uma função importante.

Em outros casos, a biotransformação pode gerar compostos secundários mais tóxicos como os originais, como por exemplo, fenóis gerados na biodegradação do petróleo.

Eliminação

As substâncias solúveis em água são eliminadas pela urina. As substâncias que são voláteis, como o etanol e a acetona, e os gases como o monóxido de carbono eliminam-se parcialmente pelo ar expirado. Algumas também são eliminadas pelo leite (compostos lipossolúveis) e suor.

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Em muitas emergências é difícil identificar a substância envolvida, e os cuidados devem ser redobrados.

Efeitos nocivos

Os efeitos tóxicos observados podem ser variados: dano aos tecidos e outras modificações patológicas, lesões bioquímicas, efeitos teratogênicos, efeitos na reprodução, mutagenicidade, efeitos irritantes e reações alérgicas. Os três primeiros pontos de contato entre substâncias químicas presentes no ambiente e o organismo são o trato gastrintestinal, o sistema respiratório e a pele. As substâncias químicas absorvidas passam para o sangue e seguem para o fígado, rins, sistema nervoso e o sistema reprodutor, entre outros.

2.2) Principais efeitos tóxicos

Não é possível descrever todos os efeitos que podem ser produzidos pela grande variedade de substâncias tóxicas existentes; portanto, em seguida será apresentada uma breve explicação sobre os principais efeitos já constatados.

Sistema respiratório

O efeito observado na exposição à substâncias químicas por via respiratória é a irritação causada por gases como amoníaco, cloro, formaldeído, dióxido de enxofre e pós que podem ter metais como o cromo. A resposta típica à exposição a altas concentrações destas substâncias é a constrição dos brônquios e isto está acompanhado pela dispnéia ou uma sensação de não poder respirar. Com esta situação de constrição das vias aéreas, o oxigênio não pode chegar tão rápido como é necessário para satisfazer a demanda do organismo.

Uma segunda categoria dos efeitos no sistema respiratório é o dano causado nas células do trato respiratório. Esse dano pode produzir a liberação de líquido para os espaços internos e pode resultar em acúmulo denominado edema. Este edema pode acontecer como um efeito retardado, que aparece depois da exposição crônica ou subcrônica.

O dióxido de nitrogênio (NO2) é um bom exemplo deste efeito. Uma exposição de longa duração pode causar enfisema, com perda da capacidade do intercâmbio gasoso respiratório.

A terceira categoria de efeito e de interesse na exposição causada por acidentes que envolvem substâncias químicas, é a alergia. As reações alérgicas representam um grupo especial de efeitos adversos. A exposição a uma substância química antigênica resulta na interação desta com algumas proteínas para formar complexos denominados antígenos que provocam a formação de anticorpos.

As exposições posteriores à substância química provocarão uma reação entre os antígenos e os anticorpos presentes, o que conduz a uma série de efeitos bioquímicos e fisiológicos, até produzir a morte.

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Monitoramento ambiental ajuda a prevenir exposições de risco

Trato gastrintestinal e pele

As outras duas áreas do organismo que entram em contato primeiro com as substâncias químicas presentes no ambiente são o trato gastrintestinal e a pele. O trato gastrintestinal é a entrada principal de substâncias ambientais presentes nos alimentos, na água e também no solo e no pó.

As substâncias muito cáusticas, como o hidróxido de sódio, quando ingeridas podem causar um efeito grave no trato gastrintestinal já que alteram a constituição química das células das membranas.

A irritação da pele pode ser produzida por uma série de substâncias químicas e é caracterizada pelo avermelhamento, inchaço e coceira que geralmente diminuem depois que termina a exposição.

As reações alérgicas podem ser produzidas pelo mesmo mecanismo que foi mencionado anteriormente.

Sistema circulatório

As substâncias químicas são absorvidas e passam para o sangue que as transporta aos distintos órgãos. Quando a concentração das substâncias químicas ou dos produtos de biotransformação atinge níveis altos, pode acontecer uma intoxicação sistêmica. Algumas substâncias químicas são diretamente tóxicas para os diferentes elementos do sangue e outras produzem mudanças em alguns elementos do sangue que provocam alterações em outros sistemas do organismo. Um exemplo pode ser o monóxido de carbono (CO) que quando é inalado une-se à hemoglobina produzindo carboxihemoglobina que impede o transporte de oxigênio pelo sangue para os tecidos.

Fígado

As substâncias químicas que ingressam pela via digestiva são absorvidas e através da veia porta chegam ao fígado. As células hepáticas têm uma capacidade muito grande para biotransformar agentes xenobióticos, sendo convertidos geralmente em substâncias mais hidrossolúveis que são eliminadas pela via renal.

Rim

Várias substâncias químicas podem produzir efeitos nocivos nos rins devido a mecanismos de ação diferentes. Os metais pesados como o mercúrio, cádmio, cromo e chumbo têm efeitos sobre o túbulo renal. Concentrações altas de metais presentes no filtrado glomerular podem danificar as funções dos túbulos e produzir a perda de grandes quantidades de moléculas essenciais para o organismo como a glicose e aminoácidos. Se a concentração de metais for suficientemente alta poderá acontecer a morte das células e alterar a função renal como um todo. O tetracloreto de carbono e o clorofórmio são hepatotóxicos e nefrotóxicos.

Sistema nervoso

O sistema nervoso está relacionado a praticamente todas as funções mentais e físicas do organismo. Os neurotoxicologistas geralmente dividem os efeitos tóxicos segundo o local primário de ação da substância química.

Algumas substâncias químicas, como o monóxido de carbono, podem produzir falta de oxigênio ou de glicose no cérebro com graves efeitos para o organismo. Outras substâncias como o chumbo e o hexaclorobenzeno são capazes de produzir perda de mielina, e alguns compostos orgânicos do mercúrio podem produzir efeitos nos neurônios periféricos.

Sistema reprodutor

O sistema reprodutor dos homens e das mulheres pode ser alterado por determinadas substâncias químicas. Nos homens, algumas substâncias como DBCP e cádmio, podem reduzir ou impedir a produção de esperma. Podem acontecer alterações no processo reprodutor, como a indução de modificações fisiológicas e bioquímicas que reduzem a fertilidade, e impedem totalmente o desenvolvimento do feto ou do nascimento normal.

Um aspecto muito estudado sobre a toxicidade reprodutora é a chamada toxicidade do desenvolvimento. Esta área compreende o estudo dos efeitos das substâncias químicas no desenvolvimento do embrião e do feto durante a exposição no útero e no desenvolvimento posterior da criança depois do nascimento. Nesta época a exposição pode cessar ou continuar porque a substância química recebida pela mãe é transferida ao leite e também pode continuar toda a vida porque existem fontes adicionais diferentes daquelas as quais a mãe esteve exposta.

Teratogenicidade

Depois da fertilização do óvulo, começa a proliferação das células que dão origem ao feto. Nos seres humanos, entorno do nono dia começa o processo de diferenciação celular e os distintos tipos de células específicas que constituem o organismo começam a se formar e migram para a sua posição adequada. Isto acontece até o desenvolvimento completo do feto. Algumas substâncias químicas podem causar efeitos na descendência, estes não são hereditários, assim são denominadas substâncias teratogênicas.

Um medicamento, a talidomida, pode ser mencionado como exemplo de substância teratogênica. Este medicamento quando foi ingerido pelas mulheres durante a gravidez, produziu efeitos teratogênicos na descendência.

Carcinogenicidade

Os indivíduos estão expostos às substâncias químicas que causam câncer, em outras palavras, um tumor maligno. Estas podem estar presentes no ar, água, alimentos, produtos de consumo e mesmo no solo.

Os especialistas em câncer, com poucas exceções, não determinam a causa específica do câncer nos indivíduos. Em geral os fatores que contribuem para a ocorrência do câncer em grandes grupos de população podem ser descobertos.

Considera-se que entre 70% e 90% dos casos de câncer em seres humanos são de origem ambiental. Este termo é utilizado em um sentido amplo, o qual atinge substâncias químicas industriais e contaminantes, dieta, hábitos pessoais, fumar, comportamento e radiações.

Os efeitos referidos são um breve resumo e estas informações têm somente o objetivo de alertar sobre os diferentes efeitos nocivos das substâncias químicas no organismo humano.

Conclusões

Até o presente momento, os toxicologistas conhecem parcialmente os mecanismos dos efeitos tóxicos das substâncias químicas. Como conseqüência, a avaliação do risco para o organismo humano é difícil e incerta. Estas limitações precisam ser lembradas pelo público, industriais, economistas e por aqueles que estão envolvidos nos processos de legislação, além dos toxicologistas.

Possivelmente, o público espera muito mais dos cientistas em geral e dos toxicologistas em particular. Entretanto, os toxicologistas não podem fornecer todas as respostas às perguntas que o público freqüentemente faz, mais ainda quando exige a segurança absoluta em relação aos compostos químicos.

3) Ações de resposta

Atendimento a acidentes com substâncias químicas

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| |O crescente número de acidentes ambientais com produtos perigosos no|

| |Estado de São Paulo vem preocupando consideravelmente as autoridades|

| |governamentais bem como o Sistema de Meio Ambiente, tendo em vista |

| |que os mesmos acontecem freqüentemente em áreas densamente povoadas |

| |e vulneráveis do ponto de vista ambiental, agravando assim os |

| |impactos causados ao homem e ao meio ambiente. |

| | |

| |Os acidentes, na maioria das vezes, são provocados pela ação do |

| |homem, quer seja pela manipulação indevida de substâncias químicas, |

| |quer seja pelo não cumprimento de procedimentos pré-estabelecidos de|

| |segurança, além de outras causas. |

Acidente com oleoduto em Baruerí - SP

Independente das ações de prevenção, os acidentes podem ocorrer. Por essa razão equipes de atendimento de emergência devidamente treinadas e com disponibilidade de recursos apropriados, são essenciais para o sucesso das operações de resposta.

Dada a grande diversidade de substâncias químicas existentes e considerando que os acidentes podem ocorrer em qualquer atividade (transporte rodoviário, marítimo, ferroviário, postos de serviços, indústrias, parques de estocagem, laboratórios, dutos e outros), é necessário que o atendimento a emergências com produtos perigosos seja realizado por equipes multidisciplinares, compostas, preferencialmente, por profissionais com formação nas áreas de química, biologia, toxicologia, geologia, engenharia e segurança do trabalho.

Estes profissionais devem possuir, além de conhecimentos específicos relativos a sua formação, conhecimentos básicos sobre riscos químicos, toxicologia, equipamentos de proteção individual, equipamentos de monitoramento, segurança, primeiros socorros e meio ambiente.

A equipe deve também ser condicionada a atuar em condições de intenso estresse, visto ser essa uma característica das emergências químicas. Para isso é essencial o treinamento permanente da equipe.

É conveniente que as equipes possuam um POP - Procedimento Operacional Padrão, onde poderão estar descritas as suas atribuições bem como os principais aspectos a serem observados durante uma resposta emergencial, de modo a nortear suas ações, propiciando dessa forma maior segurança e eficiência no atendimento.

De uma forma geral, a eficiência na resposta a um atendimento de emergência envolve fatores como:

• Rapidez e eficiência no acionamento das equipes;

• Avaliação correta e desencadeamento de ações compatíveis com a situação apresentada;

• Disponibilidade de recursos humanos e materiais e capacidade para a sua mobilização.

Alguns aspectos básicos devem sempre nortear as ações durante um atendimento emergencial com substância química, dentre os quais se destacam:

• Os procedimentos de resposta devem ser periodicamente testados, avaliados e aprimorados;

• O controle de um vazamento não pode nunca sacrificar os requisitos de segurança dos atendentes;

• Todos os envolvidos nas ações de campo devem estar capacitados em sua área de atuação, além de possuir os conhecimentos mínimos necessários para sua segurança;

• As medidas de controle, só deverão ser desencadeadas após o pleno conhecimento dos riscos envolvidos e quando os recursos básicos estiverem disponíveis;

• É essencial a avaliação rápida das possíveis conseqüências ambientais associadas ao evento para que medidas imediatas de proteção possam ser efetivamente adotadas.

Independentemente das ações a serem tomadas em campo durante o atendimento emergencial, faz-se necessária a realização de planejamentos anteriores aos sinistros, de forma a estarem devidamente estabelecidas as responsabilidades e respectivas áreas de atuação dos participantes, visando agilizar os trabalhos; ou seja, é essencial a elaboração de planos locais e regionais de emergência para o atendimento a acidentes envolvendo substâncias químicas.

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|Planos de Auxílio Mútuo são necessários para|Conhecimentos básicos sobre primeiros |Aspectos de segurança não devem ser |

|resposta a acidentes maiores |socorros são necessários |negligenciados com produtos químicos |

3.1) Ações emergenciais

Os métodos e táticas de ação durante o atendimento a acidentes com produtos perigosos podem variar bastante, de acordo com o estado físico, propriedades e características da substância, quantidade envolvida e o local de ocorrência, considerando também as interferências causadas pelas variações climáticas. As características dos ecossistemas naturais eventualmente atingidos por um acidente influenciam fortemente o planejamento da resposta.

Um aspecto de extrema importância nos atendimentos emergenciais diz respeito a integração entre as equipes de diferentes campos de atuação, de modo a serem evitadas divergências durante a realização dos trabalhos. Para tanto, é necessário o estabelecimento de um "Posto de Comando", que deverá ser coordenado por representantes das entidades envolvidas, os quais, após discussão e planejamento das ações, deverão comandar suas respectivas equipes.

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|Posto de comando durante acidente no transporte rodoviário |Trabalho integrado do corpo de bombeiros em vazamento de gasolina -|

| |Rodovia Anchieta - SP |

Os atendimentos de emergência com produtos perigosos podem ocasionar situações bem diferenciadas, necessitando, na maioria das vezes, um desencadeamento de ações específicas para cada caso. De maneira geral, no entanto, uma situação de emergência apresenta as seguintes etapas:

Acionamento/comunicação

Um dos principais fatores que influencia o sucesso de uma resposta a uma emergência química é o acionamento das equipes de emergência. Esta etapa, desde que bem estruturada, obterá num primeiro momento, informações que auxiliarão na definição da tipologia acidental, ajudando no processo decisório, ainda que à distância, permitindo orientar o solicitante quanto as ações iniciais a serem desencadeadas, de modo a aumentar a segurança na área bem como minimizar eventuais impactos, além de permitir que equipes especializadas e devidamente equipadas com os recursos materiais específicos para a situação apresentada sejam designadas para o atendimento.

Em muitos casos, o informante de uma de emergência não está familiarizado com o assunto; neste sentido constitui-se em condição básica, que o sistema de recebimento de informações possua profissionais qualificados e treinados para receber, triar e registrar tais informações.

Nesta etapa é importante que o atendente obtenha do informante, na medida do possível, pelo menos as seguintes informações:

a) Local exato da ocorrência;

b) Forma de acesso ao local;

c) Produtos envolvidos: procurar orientar o informante quanto aos rótulos de risco, painéis de segurança e rótulos de embalagem, para que ele possa repassar as informações que levem à identificação dos produtos;

d) Porte do vazamento;

e) Horário da ocorrência;

f) Principais características da região, como por exemplo, concentração populacional, corpos de água, vias públicas etc.;

g) Órgãos já acionados ou presentes no local;

h) Ocorrência de incêndio ou explosões;

i) Existência de vítimas;

j) Identificação e formas de contato com o informante.

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Centro de controle da CETESB - acionamento em emergências ambientais

Aproximação

Para aproximação do local da ocorrência deverão ser observadas as seguintes condutas de segurança:

• Aproximar-se cuidadosamente;

• Utilizar equipamentos adequados de monitoramento para garantir a segurança;

• Manter-se sempre de costas para o vento;

• Evitar manter qualquer tipo de contato com o produto (tocar, pisar, ou inalar);

• Se o produto envolvido for inflamável, verificar e eliminar, se possível, todas e quaisquer fontes de ignição, tais como, cigarros, motores ligados, superfícies aquecidas, chamas, etc.;

• Se necessário, isolar o local e/ou interditá-lo;

• Se necessário solicitar o auxílio de especialistas e autoridades.

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Carreta de Amônia acidentada na rodovia Fernão Dias. Aproximação cautelosa é essencial para garantir a segurança da operação

Avaliação da Ocorrência

Esta etapa tem como objetivo identificar o tipo da ocorrência e coletar dados de modo que possam ser definidos os procedimentos a serem adotados para minimização dos riscos a comunidade e conseqüências indesejáveis ao meio ambiente. Nessa etapa as principais atividades são:

• Caracterização dos riscos potenciais ou efetivos devido à exposição ao(s) produto(s) envolvido(s), através da identificação de suas características físicas, químicas e toxicológicas;

• Definição das frentes de trabalho;

• Definição dos equipamentos de proteção individual ou coletivo a serem utilizados;

• Definição dos parâmetros e equipamentos de monitoramento ambiental;

• Formação e/ou manutenção de equipe de apoio para intervenção imediata, caso necessário;

• Dimensionamento dos recursos humanos e materiais necessários para o desencadeamento das ações de combate;

• Avaliação quanto à necessidade de acionamento de outras entidades.

Também deverão ser contempladas nesta etapa, observações do cenário local, tais como:

• Áreas confinadas;

• Topografia da região;

• Áreas atingidas pelo vazamento; aspectos ecológicos e ambientais;

• Condições meteorológicas;

• Acesso para equipamentos.

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Equipe de combate integrada em ação - CETESB - Corpo de Bombeiros e Policia Rodoviária Federal

Medidas de Controle

De acordo com os resultados da avaliação realizada na etapa anterior, a qual serve como base para o planejamento das ações a serem desenvolvidas, estas deverão ser desencadeadas considerando-se todos os aspectos relevantes, como: segurança das pessoas, isolamento da área, segurança de instalações, do patrimônio público e privado e impactos ambientais, entre outros. As ações a serem desenvolvidas nesta etapa têm por finalidade controlar a situação emergencial, e embora os trabalhos possam variar caso a caso, os mesmos deverão contemplar medidas para:

• Estanqueidade do vazamento;

• Contenção do produto vazado;

• Abatimento de vapores;

• Neutralização e/ ou remoção do produto;

• Prevenção e combate a incêndios;

• Minimização dos impactos ambientais / remediação ambiental

• Monitoramento ambiental;

• Recolhimento ou transbordo de carga, no caso de acidentes durante o transporte.

Ações de estanqueidade, contenção, neutralização e/ou recolhimento dos produtos perigosos liberados (ou que podem ser liberados) para a atmosfera, solo, corpos de água e áreas litorâneas entre outros, devem ser prioritariamente adotadas.

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|Kit para estanqueidade de vazamento em cilindro de cloro |Produtos químicos em CDHU - Guaianazes - SP |

Especial atenção deve ser dada quando a substância envolvida for inflamável, principalmente se esta estiver confinada. Medições constantes dos índices de explosividade no ambiente, através da utilização de equipamentos intrinsecamente seguros, e a eliminação das possíveis fontes de ignição, constituem ações essenciais a serem adotadas.

Certas ocorrências envolvendo produtos de elevada toxicidade ou inflamabilidade, exigem que seja efetuada a evacuação da população próxima ao local do acidente. A necessidade ou não da evacuação da população dependerá de algumas variáveis, como por exemplo:

• Risco apresentado pelo produto envolvido;

• Quantidade do produto vazado;

• Características físico-químicas do produto (densidade, taxa de expansão, etc.);

• Condições meteorológicas na região;

• Topografia do local;

• Proximidade a áreas habitadas.

3.1.1) Utilização da água no combate ao fogo e a vazamentos

Incêndios envolvendo produtos químicos podem resultar em conseqüências bastante diversificadas, em função do comportamento de diferentes substâncias quando expostas ao fogo. Embora a água seja o agente de extinção mais comumente empregado, a mesma pode ser ineficaz em alguns casos, razão pela qual deve-se utilizar alguns critérios para a escolha do agente a ser empregado. Tais informações deverão ser obtidas junto a especialistas ou em documentação técnica a respeito do(s) produto(s) envolvido(s), como manuais de emergência, fichas de informações sobre produtos químicos, etc.

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Abatimento de nuvem de GLP em carreta avariada

Nos casos em que ocorrerem a emanação de vapores, tóxicos ou inflamáveis, ou mesmo em situações de derrames de produtos sólidos ou líquidos, é comum o uso de água tanto para abatimento de vapores, como para a lavagem ou diluição do produto vazado. No entanto, da mesma forma que nos casos de incêndio, é preciso considerar alguns fatores para o uso de água nestas situações, tais como:

• Reações do produto quando em contato com a água;

• Contato da água com outros produtos envolvidos na ocorrência ou presentes na área, que possam acarretar reações indesejadas;

• Contaminação da água e carreamento desta para bueiros, galerias e corpos d'água;

• Risco de aumento no volume do contaminante e na área atingida, muitas vezes ampliando a área contaminada e o próprio impacto ambiental do acidente.

A operação de abatimento dos gases será tanto mais eficiente, quanto maior for a solubilidade do produto em água, como é o caso da amônia e do ácido clorídrico.

Vale lembrar que a água utilizada para o abatimento dos gases deverá ser contida, e recolhida posteriormente, para que a mesma não cause poluição dos recursos hídricos existentes na região da ocorrência.

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Utilização de água no resfriamento de carreta contendo líquido inflamável

Assim, mesmo em situações que possam ser consideradas "graves", como explosões, incêndios ou vazamentos tóxicos, as ações de controle a serem desencadeadas deverão ser devidamente analisadas a partir de critérios técnicos e com o apoio de especialistas, de modo que uma situação mesmo que grave não resulte em conseqüências maiores.

Ações de Rescaldo

Esta etapa tem como finalidade o desenvolvimento de atividades voltadas para o restabelecimento das condições normais das áreas afetadas pelo vazamento, tanto do ponto de vista de segurança, como ambiental, tais como:

• Determinar as ações de controle a serem desencadeadas para recuperação das áreas atingidas;

• Tratamento e disposição de resíduos;

• Monitoramento da qualidade das áreas impactadas;

• Elaboração de relatórios dos trabalhos de campo.

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Monitoramento dos impactos gerados por um vazamento de ácido fosfórico em córrego na Rodovia SP 55

3.1.2) Descontaminação

Os técnicos envolvidos no atendimento a acidentes com produtos químicos podem se contaminar de diversas maneiras:

• Através de contato com vapores, gases, névoas ou material particulado;

• Por respingos do produto;

• Através de contato direto com poças de produto;

• Através de contato com solo contaminado e;

• Quando da manipulação de instrumentos ou equipamentos contaminados.

Roupas de proteção e respiradores ajudam a prevenir a contaminação do usuário. Boas práticas de trabalho ajudam a reduzir a contaminação de roupas, instrumentos e equipamentos. No entanto, mesmo seguindo estas regras de segurança poderá ocorrer a contaminação.

Descontaminação é um processo que consiste na remoção física dos contaminantes ou na alteração de sua natureza química para substâncias inócuas

Basicamente existem três procedimentos distintos de descontaminação que podem ser realizados:

• Para produtos com baixa toxicidade;

• Para produtos com média toxicidade;

• Para produtos com alta toxicidade.

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Linhas de descontaminação

O procedimento de descontaminação mais comum é aquele utilizado para produtos com baixa toxicidade, sendo que este poderá ser realizado quando do retorno dos trabalhos de campo. Para os demais produtos, a descontaminação deverá ser iniciada ainda no local da ocorrência, podendo ou não, ser dada a continuidade quando do retorno da operação. O procedimento de descontaminação para produtos com alta toxicidade pode requerer até a destruição total das roupas e equipamentos utilizado.

Vale ressaltar que no processo de descontaminação o mais importante é a minunciosidade e não a velocidade

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Descontaminação de máquinas em área contaminada - Cidade dos Meninos - RJ

A descontaminação, na sua etapa de campo, deverá estar posicionada entre a zona quente e a zona fria, constituindo assim a zona morna. Todos os técnicos que deixam a zona quente o devem fazer passando pela linha de descontaminação.

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Posicionamento da descontaminação em relação ao local da ocorrência

a) Produtos de baixa toxicidade

Procedimentos

1) Lavar toda a roupa com uma solução fraca (1 a 2%) de fosfato trissódico e enxaguar com água;

2) Lavar os cilindros, as máscaras e os acessórios dos equipamentos de proteção respiratória com uma solução fraca (1 a 2%) de fosfato trissódico, tendo-se o cuidado de enxaguar, sem esfregar, ao redor das válvulas e voltar a enxaguar todas as partes do equipamento com água limpa;

3) Lavar as mãos e o rosto com água e sabão.

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b) Produtos de média toxicidade

Procedimentos

No local da ocorrência:

1) Lavar roupas de proteção e equipamentos de respiração com água.

2) Após a lavagem remover roupas e equipamentos e colocá-los em sacos plásticos para o transporte.

3) Não fumar, comer, beber, nem tocar o rosto.

Em local próprio:

4) Lavar e esfregar todos os equipamentos protetores como luvas, botas e roupas, além dos equipamentos de respiração e enxaguá-los com água.

5) Mesmo as roupas utilizadas sob as roupas de proteção deverão ser removidas e lavadas.

6) Banhar-se esfregando todo o corpo com água e sabão, com especial cuidado nas áreas ao redor da boca, fossas nasais e debaixo das unhas.

7) Não fumar, beber, comer, tocar o rosto e nem urinar antes do término das atividades previstas no item anterior.

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Descontaminação em campo com o apoio do corpo de bombeiros

c) Produtos de alta toxicidade

Procedimentos

No local de ocorrência:

1) Lavar roupas de proteção e equipamentos de respiração com água.

2) Após a lavagem remover roupas e equipamentos e dispô-los em sacos plásticos para o transporte;

3) Não fumar, comer, beber, nem tocar o rosto;

4) A equipe que realizar a descontaminação deverá utilizar roupas de proteção, assim como equipamentos de respiração;

5) Equipamentos de medição, ferramentas e outros que foram utilizados no atendimento deverão ser recolhidos em sacos plásticos para posterior descontaminação.

Em local próprio:

6) Lavar e esfregar todos os equipamentos protetores como luvas, botas e roupas, além dos equipamentos de respiração e enxaguá-los com água;

7) Mesmo as roupas utilizadas sob as roupas de proteção deverão ser removidas e lavadas;

8) Banhar-se esfregando todo o corpo com água e sabão, com especial cuidado, nas áreas ao redor da boca, fossas nasais e debaixo das unhas;

9) Não fumar, beber, comer, tocar o rosto, nem urinar antes de haver completado as atividades previstas no item anterior;

10) Procurar atendimento médico, informando-o sobre o produto envolvido na ocorrência.

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Observação: ao chegar ao local de trabalho os sacos plásticos contendo material contaminado deverão ser colocados ao ar livre e em área isolada para impedir o contato de outras pessoas com os mesmos.

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Recomendações

Em casos onde houver a necessidade de troca de cilindro de ar durante a operação deverão ser seguidas as etapas abaixo:

1) Lavar o cilindro com água antes de removê-lo;

2) O cilindro removido deverá ser colocado em invólucro plástico para posterior descontaminação;

3) O técnico encarregado de lavar e substituir o cilindro deverá usar roupa de proteção, assim como equipamentos de proteção respiratória.

Outro aspecto importante diz respeito a descontaminação de equipamentos. Sempre que possível deverão ser adotadas ações, de modo a prevenir a contaminação de equipamentos de medição e de coleta. Os equipamentos de medição não são normalmente contaminados, a menos que tenham recebido respingos dos produtos. Uma vez contaminados, torna-se muito difícil limpá-los sem danificá-los. Qualquer instrumento delicado, que não pode ser facilmente descontaminado, deve ser protegido durante o seu uso. O equipamento pode ser envolvido num saco plástico com algumas aberturas para facilitar a realização das medições e ventilação do mesmo

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Proteção de equipamentos para evitar contaminação

Equipamentos de madeira são difíceis de descontaminar, uma vez que o material absorve produtos químicos. Eles deverão ser mantidos no local e manuseados por técnicos portando EPI's. Ao final do atendimento esses materiais deverão ser descartados.

Caminhões, pás-carregadeiras e outros equipamentos pesados são de difícil descontaminação. O método normalmente utilizado é a lavagem com água pressurizada ou esfregar as áreas acessíveis com uma solução de detergente e água sob pressão.

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Área de descontaminação de veículos

As soluções de lavagem e limpeza deverão ser armazenadas, por exemplo, numa bacia grande ou numa pequena piscina. Posteriormente, estas soluções deverão ser transferidas para tambores, os quais deverão ser rotulados adequadamente e enviados com resíduos para tratamento ou disposição adequados.

Para os produtos que não se encontram listados nos procedimentos apresentados, estes poderão ser classificados quanto à sua toxicidade através do seu valor de DL50 - Dose Letal 50, que representa a dose capaz de matar 50% da espécie testada.

A tabela abaixo apresenta as faixas de DL50 oral para ratos, bem como, a dose letal provável para o homem.

[pic]

d) Descontaminação de campo

Planejamento Inicial

O plano de descontaminação inicial assume que todas as pessoas e equipamentos que deixaram o local do acidente encontram-se extremamente contaminados. O sistema é então estabelecido para a descontaminação, através de lavagem e limpeza, pelo menos uma vez, de todas as roupas de proteção utilizadas.

Para tal é estabelecido um corredor de redução de contaminação (CRC), cuja extensão dependerá do número de estações necessárias para a completa descontaminação (o que ira variar de acordo com o tipo de roupa de proteção que estará sendo utilizada) e do espaço disponível do local.

O trabalho inicia-se na primeira estação com o item mais contaminado (geralmente luvas e botas) e avança para a última estação com o item menos contaminado. Desta forma a contaminação diminui à medida que a pessoa se move de uma estação a outra mais a frente. Cada procedimento requer uma estação própria.

|[pic] |[pic] |

Lavagem de luvas e botas deve ser realizada na primeira estação de descontaminação

Dentro do corredor, áreas distintas são demarcadas com placas para a descontaminação dos técnicos, equipamentos portáteis, roupas removidas etc., de modo a orientar a equipe a ser descontaminada. O espaçamento entre as estações da descontaminação deve ser de no mínimo um metro.

Todas as atividades dentro do corredor são limitadas às ações de descontaminação

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Lavagem de luvas com escovas

Proteção para a Equipe de Descontaminação

O nível de proteção a ser utilizado pela equipe de descontaminação é determinado por alguns fatores:

• Expectativa ou visível contaminação dos técnicos;

• O tipo de contaminante e seu risco à pele e ao sistema respiratório;

• Concentração de gases/ vapores no CRC;

• Material particulado e vapores orgânicos e inorgânicos no CRC.

A equipe designada para o trabalho deverá estar adequadamente protegida de modo a evitar a sua contaminação.

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A equipe de descontaminação também deve utilizar roupas de proteção

Equipamentos

Equipamentos, materiais e acessórios para a descontaminação são geralmente selecionados de acordo com a sua disponibilidade. Outras considerações, como fácil manuseio, também devem ser observadas.

Por exemplo, longas escovas de mão ou escovas de cerdas macias são utilizadas para remover os contaminantes. Água em baldes ou regadores de jardim pode ser utilizada para enxaguar. Piscinas infantis podem ser utilizadas para receber a água de lavagem. Sacos de lixo grandes podem receber roupas e equipamentos contaminados.

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Escovas e tanques com água são normalmente utilizados na descontaminação

Solução de Descontaminação

Equipamentos de proteção individual, ferramentas e outros equipamentos são normalmente descontaminados, limpando-os com água e detergente, usando escovas de cerdas macias, seguindo de lavagem com água. Uma vez que este processo pode não ser completamente eficiente na remoção de alguns contaminantes (ou em alguns casos o contaminante pode reagir com água), torna-se uma boa opção utilizar uma solução química como descontaminante. Isso requer que o contaminante seja identificado. A solução de descontaminação apropriada deve obrigatoriamente ser escolhida com a ajuda de um químico. Alguns padrões para tais soluções já foram estabelecidos conforme abaixo.

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[pic]

Estabelecimento de Procedimentos

Uma vez que os procedimentos de descontaminação tenham sido estabelecidos, todas as pessoas que necessitarem ser decontaminadas deverão receber instruções precisas de como proceder em cada estação. É recomendável que sejam colocados painéis em cada estação, informando as atividades que deverão ser realizadas. O tempo para a descontaminação deve ser verificado com antecedência. Pessoas, utilizando máscaras autônomas, devem deixar a área de trabalho com ar suficiente para chegar ao CRC e realizar a descontaminação.

Descontaminação em campo

|Estação |Procedimentos |Equipamentos |

|1 |Separar equipamentos utilizados: |Recipientes de vários tamanhos e sacos |

| |Depositar os equipamentos utilizados em campo (ferramentas, material |plásticos. |

| |de coleta, instrumentos de medição, rádios etc.), em sacos plásticos. | |

|2 |Lavagem e enxágüe de luvas externas e botas: |Recipientes de 80 - 110 litros, solução de |

| |Esfregar botas e luvas externas com a solução de descontaminação ou |descontaminação ou detergente e água, 2 ou 3 |

| |detergente e água; Enxaguar com água. |longas escovas de mão, escovas de cerdas macias |

| | |e água. |

|3 |Lavagem e enxágüe de roupas e máscara autônoma: |Recipientes de 110 - 180 litros, solução de |

| |Lavar completamente a roupa contra respingos químicos e máscara |descontaminação ou detergente e água. Longas |

| |autônoma; Esfregá-las com escovas de mão ou escovas de cerdas macias e|escovas de mão ou escovas de cerdas macias, |

| |utilizar grande volume de solução de descontaminação ou detergente e |pequenos baldes, esponjas ou pano. |

| |água; Embrulhar o conjunto de válvulas da máscara autônoma com | |

| |plástico para evitar o contato com a água. Lave o cilindro com | |

| |esponjas ou pano; Enxaguar com água. | |

|4 |Remoção da máscara autônoma (sem remoção da máscara facial): |Sacos plásticos ou bacias. |

| |Permanecer com a máscara facial e remover o resto do equipamento e | |

| |colocá-lo em recipiente adequado. | |

|5 |Remoção das botas: |Recipientes de 110-180 litros, sacos plásticos e|

| |Remover as botas e depositá-las em sacos plásticos. |banco. |

|6 |Remoção da roupa contra respingos químicos: |Recipiente 110 - 180 litros, sacos plásticos e |

| |Remover a roupa contra respingos químicos com o auxílio de um |banco. |

| |ajudante. Colocá-la em sacos plásticos. | |

|7 |Remoção das luvas externas: |Recipientes de 80-110 litros, sacos plásticos. |

| |Remover as luvas externas e depositá-las em sacos plásticos. | |

|8 |Lavagem e enxágüe das luvas internas: |Bacia com água, balde, mesa pequena e solução de|

| |Lavar com a solução de descontaminação ou detergente e água; Repetir |descontaminação, o detergente e água. |

| |tantas vezes quantas forem necessárias. Enxaguar com água. | |

|9 |Remoção da máscara facial: |Recipientes de 110-180 litros, invólucro |

| |Remover a máscara facial e colocá-la num invólucro plástico; Evitar |plástico. |

| |contato da mão com o rosto. | |

|10 |Remoção da roupa interna: |Recipientes de 110 - 180 litros, sacos |

| |Remover a roupa interna e colocá-la num invólucro plástico; Esta roupa|plásticos. |

| |deve ser removida o quanto antes, uma vez que há a possibilidade de | |

| |que uma pequena quantidade do contaminante tenha contaminado as roupas| |

| |internas durante a remoção da roupa contra respingos químicos. | |

|11 |Lavagem em campo: |Água, sabão, pequena mesa, balde ou bacia ou |

| |Tomar banho se os contaminantes envolvidos forem altamente tóxicos, |chuveiro e toalhas. |

| |corrosivos ou capazes de serem absorvidos pela pele. Não sendo | |

| |possível o banho, lave as mãos e o rosto. | |

|12 |Vestimento: |Mesas, cadeiras, armários e roupas. |

| |Vestir roupas limpas; Um "trailer" pode ser necessário. | |

4) Simbologia

A Portaria do Ministério dos Transportes número 204, padroniza a sinalização dos produtos químicos perigosos de acordo com suas classes e subclasses, cujas simbologias de risco e modelos dos elementos indicativos de risco são apresentados nas figuras abaixo.

Os numerais que fazem parte das simbologias apresentadas nas figuras devem medir cerca de 30 mm de altura e cerca de 5 mm de largura (para um rótulo medindo 100 mm x 100 mm).

|Simbologia |

|[pic] |Classe 1 – Explosivos |

|[pic] |Classe 2 – Gases |

|[pic] |Classe 3 - Líquidos inflamáveis |

|[pic] |Classe 4 - Sólidos inflamáveis; Substâncias sujeitas a combustão espontânea; Substâncias que, em contato com a água, |

| |emitem gases inflamáveis. |

|[pic] |Classe 5 - Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos |

|[pic] |Classe 6 - Substâncias tóxicas (venenosas) e substâncias infectantes |

|[pic] |Classe 7 - Materiais radioativos |

|[pic] |Classe 8 – Corrosivos |

|[pic] |Classe 9 - Substâncias perigosas diversas |

4.1) Painéis de segurança

A Portaria do Ministério dos Transportes nº. 204, de 20 de maio de 1997 ainda trata, a partir do item 7.3 (Identificação de Unidades de Transportes), dos painéis de segurança que os veículos que transportam produtos químicos perigosos devem obrigatoriamente portar.

Os painéis de segurança devem ter o número das Nações Unidas e o número de risco do produto transportado, apostos em caracteres negros, não menores que 65 mm, num painel retangular de cor laranja, com altura não inferior a 140 mm e comprimento mínimo de 350 mm, com uma borda preta de 10 mm. Na parte superior desses painéis estão grafados números que representam os riscos associados ao produto transportado de acordo com sua classe e, na inferior, encontramos o número da ONU - Organização das Nações Unidas referente ao produto.

O objetivo da padronização da sinalização de segurança é o de facilitar a identificação dos produtos químicos perigosos nas atividades de transporte e, com isso, permitir maior agilidade e eficácia nas ações necessárias ao controle de situações acidentais. Na figura A é apresentado o modelo para o painel de segurança e na figura B é mostrado um exemplo de painel.

|[pic] |O primeiro número X423 indica produto sólido, libera vapores e é inflamável. A|

| |letra X que precede o número indica que o produto deve reagir em contato com |

| |água. O número 2257 é o número correspondente ao Potássio. |

| |Todas as placas de identificação de produto possuem a cor laranja, com números|

| |e letras pretas. As placas de identificação de produto e os rótulos de risco |

| |são obrigatórios no transporte de produtos perigosos em todo território |

| |nacional. |

|[pic] |Na figura ao lado vemos a posição de colocação da placa de identificação da |

| |substância. |

|[pic] |Nesta figura vemos a posição de colocação da placa de identificação da |

| |substância, bem como o rótulo de risco, na parte traseira do veículo. |

|[pic] |Nesta figura vemos a lateral do veículo, com a posição de colocação das placas|

| |de identificação da substância, bem como o rótulo de risco. |

|[pic] |Nesta figura vemos o caso em que dois produtos diferentes, mas de mesma Classe|

| |são transportados no mesmo veículo. |

|[pic] |Nesta outra figura temos o caso em que dois produtos de diferentes classes são|

| |transportados no mesmo veículo. |

|[pic] |Em um caso como o anterior, é importante observar que o padrão de colocação |

| |das placas no veículo (frente e traseira) sofre alteração como vista na figura|

| |ao lado. |

Sempre que um veículo estiver transportando mais de um produto químico, a placa de identificação de substância (laranja) deverá estar em branco (ausência de números). Esta regra só é quebrada caso um dos produtos transportados represente mais de 50% do volume total dos produtos transportados.

Qualquer veículo que transporte produtos perigosos deve possuir as placas de identificação e rótulos de risco, além de serem dotados dos demais equipamentos de segurança necessários para o transporte de produtos perigosos, incluindo veículos de passeio e utilitários de pequeno porte.

[pic]

Exemplos da simbologia aplicada

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4.2) Diamante de Hommel

Uma outra simbologia bastante aplicada em vários países, no entanto sem obrigatoriedade, é o método do diamante de HOMMEL.

Diferentemente das placas de identificação, o diamante de HOMMEL não informa qual é a substância química, mas indica todos os riscos envolvendo o produto químico em questão.

[pic]

Os riscos representados no Diamante de Hommel são os seguintes:

VERMELHO - INFLAMABILIDADE, onde os riscos são os seguintes:

4 - Gases inflamáveis, líquidos muito voláteis, materiais pirotécnicos;

3 - Produtos que entram em ignição a temperatura ambiente;

2 - Produtos que entram em ignição quando aquecidos moderadamente;

1 - Produtos que precisam ser aquecidos para entrar em ignição;

0 - Produtos que não queimam.

AZUL - PERIGO PARA SAÚDE, onde os riscos são os seguintes:

4 - Produto Letal;

3 - Produto severamente perigoso;

2 - Produto moderadamente perigoso;

1 - Produto levemente perigoso;

0 - Produto não perigoso ou de risco mínimo.

AMARELO - REATIVIDADE, onde os riscos são os seguintes:

4 - Capaz de detonação ou decomposição com explosão a temperatura ambiente;

3 - Capaz de detonação ou decomposição com explosão quando exposto a fonte de energia severa;

2 - Reação química violenta possível quando exposto a temperaturas e/ou pressões elevadas;

1 - Normalmente estável, porém pode se tornar instável quando aquecido;

0 - Normalmente estável;

BRANCO - RISCOS ESPECIAIS, onde os riscos são os seguintes:

OXY Oxidante forte;

ACID Ácido forte;

ALK Alcalino forte.

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Evite o uso de água

[pic]

Radioativo

Uma observação muito importante a ser colocada quanto à utilização do Diamante de HOMMEL é que o mesmo não indica qual é a substância química em questão, mas apenas os riscos envolvidos; ou seja, quando considerado apenas o Diamante de HOMMEL sem outras formas de identificação este método de classificação não é completo.

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Fonte:

CETESB. Gerenciamento de riscos – emergências químicas. Disponível em:

Acesso em 29 de março de 2009.

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