Caso do assassinato do deputado José Mascarenhas está ...



Caso do assassinato do deputado José Mascarenhas está parado desde 2006

Procuradoria revela que devolveu processo à Polícia de Investigação Criminal

Beira (Canal de Moçambique) - O deputado da Assembleia da República pela Bancada da Renamo, José Mascarenhas, foi assassinado na Beira em 2006. Estamos em Dezembro de 2008 e o caso continua sem desfecho. A Procuradoria da República, através da procuradora provincial de Sofala, acaba de revelar à reportagem do «Zambeze» e do «Canal de Moçambique» na Beira que o processo foi devolvido à Policia de Investigação Criminal (PIC) por alegadamente se encontrar “incompleto”. Por outras palavras: mal instruído.

A representante do Ministério Público em Sofala, Dra. Beatriz Buchili, apesar de ter confirmado a devolução do referido processo à PIC, como alega, por se encontrar “incompleto”, não avançou quanto tempo será necessário para que a investigação fique concluída.

A procuradora provincial não se mostrou disponível a comentários em torno do processo, e não revelou o número do processo. Disse apenas que o mesmo “encontra-se na fase de instrução preparatória”.

A Dra. Beatriz Buchili confirmou apenas que a investigação do caso do assassinato do parlamentar da Renamo, José Gaspar Mascarenhas, encontra-se ainda na PIC para os últimos acertos, por o mesmo se apresentar ainda incompleto.

Esta versão confirma que ainda não há acusados pelo MP.

A procuradora -chefe provincial em Sofala, província em cuja capital José Mascarenhas apareceu cadáver na praia da Praça da Independência, não revelou que tipo de dificuldades estão a impedir que o referido processo possa seguir os seus trâmites.

Buchili refugiou-se no segredo de Justiça para também evitar revelar quantos indivíduos foram arrolados na fase de instrução preparatória.

Sabe-se, contudo, que ninguém está detido em conexão com o caso.

A fonte da procuradoria que estamos a citar garantiu à reportagem do «Zambeze» e do «Canal de Moçambique» na Beira que logo que o referido processo for concluído na PIC, o mesmo estará de volta a aquela instância do MP para a possível acusação.

A procuradora-chefe provincial, Dra. Beatriz Buchili nem se quer confirmou se existem indivíduos suspeitos no envolvimento da prática do crime de homicídio contra o deputado, José Gaspar Mascarenhas em 2006 na Beira.

O malogrado era deputado da Renamo pelo círculo eleitoral de Sofala. José Gaspar Mascarenhas encontrou a morte por assassinato na cidade da Beira, onde se encontrava, proveniente de Maputo, cidade em que o finado residia com a sua família.

O seu corpo sem vida foi encontrado despejado na zona do ex “O Veleiro’’, junto da praça da Independência, no Bairro da Ponta-Gea.

Na altura, a investigação preliminar levada a cabo pela PIC permitiu que a Polícia alegasse que a morte teria ocorrido num outro lugar, tendo o cadáver sido transportado para o local onde foi despejado, na praia.

Quando se deu a ocorrência, a PIC não avançou oficialmente que circunstâncias terão envolvido o assassinato. A PIC nem sequer aceitou divulgar à Imprensa os resultados da autopsia alegando ser segredo da justiça.

Junto ao cadáver foi encontrada uma arma do tipo pistola.

Sabe-se também sem ser por fonte oficial que o corpo do malogrado apresentava perfuração de bala.

A opinião pública beirense continua a presumir que Mascarenhas teria encontrado a morte por baleamento embora se especule que possa antes ter sido agredido.

De recordar que no decurso do processo de investigação levado a cabo pelas autoridades policiais em 2006, foi ouvido o cidadão Luís Carrelo apontado como tendo sido das últimas pessoas a estar com o malogrado antes de Mascarenhas ter sido reencontrado já sem vida.

Muitos dos pertences pessoas do malogrado deputado foram recuperados pela esposa de Mascarenhas em casa de Fernando Carrelo, membro do Conselho Nacional da Renamo. Sabe-se ainda que um outro elemento da Renamo que poderá ajudar a policia a esclarecer o caso é Mário Barbitos, veterinário que convivia de perto com o malogrado na altura em que ele acabou sem vida e o seu cadáver foi depositado na praia, junto a um paredão na Praça da Independência.

Quando abordado pelo semanário Púnguè, que se editava na Beira (vsff edição n.º 131 do dia 15.03.2007) o cidadão Luís Carrelo disse que as autoridades recomendaram-lhe que não prestasse declarações sobre o assunto à Imprensa.

Ainda no ano 2007, meses depois do assassinato de Mascarenhas a própria policia alegou não ter encontrado os presumíveis assassinos de Mascarenhas.

A PIC na altura revelou ao referido jornal da Beira que o processo já encontrava nas mãos da Procuradoria em Sofala. Agora, cerca de um ano depois, isto é em Dezembro de 2008 aparece-nos a procuradora-chefe provincial, Beatriz Buchili, a confirmar a devolução do referido processo crime por se encontrar incompleto.

Pelo facto do caso se manter sem que as autoridades se pronunciem, a opinião pública na Beira especula que possa ter-se tratado de limpeza de arquivo ou ajuste de contas. Para sustentar as várias hipóteses que se colocam é frequente a opinião pública ora especula que o assassinato foi assunto interno da Renamo, ora diz que foi ajuste de contas por o malogrado ter pertencido ao ex-SNASP, serviços de segurança do Estado que se viriam a designar mais tarde e até à data por SISE, antes de fugir do país pela fronteira da Ponta do Ouro com a África do Sul, aderindo entretanto ao Movimento Nacional de Resistência Moçambicana (MNR-Renamo) que se opunha à Frelimo e ao seu governo monopartidário.

Outra hipótese que se coloca é do assassinato estar relacionado com negócios do malogrado, em Quelimane, mas a essa hipótese tem-se dado pouca relevância.

O Zambeze e o Canal de Moçambique sabem que recentemente foram recuperados dados que estão já na posse das autoridades a vários níveis e que poderão permitir que o mistério acabe por ser revelado e encontrados os assassinos de José Gaspar de Mascarenhas.

Sabe-se por outro lado que a direcção da Assembleia da República tem revelado total desinteresse pelo esclarecimento do crime do membro daquela magna casa.

(Francisco Esteves) – CANAL DE MOÇAMBIQUE – 18.12.2008

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