JORNALISMO ESTRÁBICO: VEJA E CARTACAPITAL NA COBERTURA DO ...

JORNALISMO ESTR?BICO: VEJA E CARTA CAPITAL NA COBERTURA DO "ESC?NDALO DO MENSAL?O". TOM?S EON BARREIROS, DANILO AMOROSO. (pp. 120 ? 131).

JORNALISMO ESTR?BICO: VEJA E CARTACAPITAL NA COBERTURA DO "ESC?NDALO DO MENSAL?O"

THE POLITICAL CORRUPTION SCANDAL IN BRAZIL. ANALYSIS OF THE PRESS COVERAGE

Mtr. Tom?s Eon Barreiros tomas@unicenp.edu.br

Lic. Danilo Amoroso damoroso@.br

Centro Universit?rio Positivo (UnicenP) Brasil

Resumen O presente artigo analisa a cobertura jornal?stica do chamado "esc?ndalo do mensal?o"

feita por duas revistas brasileiras, Veja e CartaCapital. O objetivo deste trabalho ? demonstrar a influ?ncia do posicionamento pol?tico na cobertura jornal?stica. A an?lise comparativa entre os dois ve?culos mostra que Veja explicitou uma tend?ncia contr?ria ao candidato e depois presidente Luiz In?cio Lula da Silva, enquanto Carta Capital apoiou abertamente a candidatura de Lula em 2002 ? esses posicionamentos influenciaram a cobertura dos fatos relacionados ao "esc?ndalo do mensal?o", conforme se depreende da compara??o entre as capas dos peri?dicos referentes ? cobertura analisada e entre mat?rias publicadas nos dois ve?culos sobre o mesmo tema. Enquanto Veja procurou sempre atacar o presidente (e tamb?m seu partido e seu governo), considerando-o culpado a priori, CartaCapital, ao contr?rio, buscou isentar o presidente de culpa nos epis?dios referentes ao esc?ndalo, chegando a omitir informa??es e preservando ao m?ximo a imagem de Lula.

Palabras claves: Meios de Comunica??o, Jornalismo, Objetividade, Informa??o Jornal?stica.

Abstract The present article analyzes the press covering of the "scandal of mensal?o" made by

two Brazilian magazines, Veja and Carta Capital. The objective of this article is to demonstrate the influence of the political bias in the press covering. The comparative analysis between the two vehicles shows that Veja explicitly sustained a contrary trend to the candidate and later president Luiz In?cio Lula da Silva, while CartaCapital openly supported his candidacy in 2002. These two different political opinions influenced the covering of the facts related to the "scandal of Mensal?o", as it is inferred from the comparison between the covers of both periodics and between reports on the subject published by them. While Veja always attacked the president (and also his party and his government), considering him guilty a priori, Carta Capital, in contrast, tried to exempt the president from the guilt in the referring scandal episodes, coming to the point of omitting information and preserving Lula's image as much as possible. These two previously assumed positions resulted in the creation of two "different truths" in relation to the "scandal of mensal?o".

Key words: Mass Media, Journalism, Objectivity, News.

(Recibido el 30/11/07) (Aceptado el 04/03/08)

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PERSPECTIVAS DE LA COMUNICACI?N ? Vol. 1, N? 1, 2008 ? ISSN 0718-4867 UNIVERSIDAD DE LA FRONTERA ? TEMUCO ? CHILE

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Introdu??o

O tema deste trabalho ? a influ?ncia do posicionamento pol?tico na cobertura jornal?stica. A pesquisa pretende mostrar como a posi??o editorial previamente assumida por um ve?culo de comunica??o pode prejudicar a divulga??o dos fatos. Embora ainda persista em manuais de grandes ve?culos da imprensa brasileira como valor do bom jornalismo, a "objetividade" ? por vezes at? alardeada como fator de qualidade jornal?stica em campanhas publicit?rias para atrair leitores ? ? um mito insustent?vel que fica evidente na compara??o de ve?culos com diferentes linhas editoriais.

? o que se procura demonstrar neste estudo, a partir da an?lise da cobertura do chamado "esc?ndalo do mensal?o" por dois ve?culos brasileiros de circula??o nacional. Foram escolhidas as revistas Veja e CartaCapital como objeto de estudo. Veja foi selecionada por ser a revista de maior circula??o no Brasil, considerada refer?ncia no jornalismo de revista brasileiro, e por explicitar uma tend?ncia contr?ria ao candidato e depois presidente Luiz In?cio Lula da Silva. CartaCapital foi escolhida por ter apoiado abertamente a candidatura de Lula em 2002.

S?o comparados textos e capas de edi??es desses ve?culos com a mesma data de publica??o. A an?lise de conte?do ? baseada na valora??o positiva ou negativa atribu?da por esses ve?culos ao presidente, a seus aliados, a seu governo e ao Partido dos Trabalhadores, evidenciada nas capas e textos das duas revistas. A an?lise comparativa entre os dois ve?culos foca-se especialmente em edi??es do segundo semestre de 2005, per?odo crucial para os desdobramentos da Comiss?o Parlamentar Mista de Inqu?rido (CPMI) dos Correios, que gerou diversas den?ncias contra o governo Lula. Nos dias 10 e 17 de agosto, principais datas da an?lise, Veja apontou em suas capas a possibilidade de impeachment de Lula; por isso, essas edi??es foram escolhidas. As edi??es de Carta Capital publicadas nos mesmos dias, por sua vez, n?o fizeram nenhuma refer?ncia a um poss?vel impeachment.

Enquanto uma revista toma uma posi??o quase "golpista", outra poderia ser considerada "chapa-branca", conforme o jarg?o jornal?stico define os ve?culos de sustenta??o ao governo. Essas posi??es dos ve?culos influenciaram suas coberturas jornal?sticas de modo a criar diferentes realidades em rela??o ao "esc?ndalo do mensal?o".

Opini?o x informa??o

Por natureza, o jornalismo ? ideol?gico. Em seu tempo de afirma??o, diz Jos? Marques de Melo, "o jornalismo caracterizava-se pela express?o de opini?es. Na medida em que a liberdade de imprensa beneficiava a todos, as diferentes correntes de pensamento ou os distintos grupos sociais se confrontavam atrav?s das p?ginas que editavam" (Melo, 2003: 23).

Conforme Luiz Amaral,

"At? a primeira metade do s?culo XIX n?o havia preocupa??o, por parte do editor e do leitor, com equil?brio e imparcialidade. Como a imprensa era sobretudo pol?tico-partid?ria, compravase (assinava-se) jornal para saborear a vers?o parcial dos acontecimentos e para se ler as cr?ticas aos advers?rios, quase sempre pessoais, procedentes ou n?o, e invariavelmente em termos fortes, quando n?o afrontosos" (Amaral, 1996: 26).

N?o era objetivo desse jornalismo publicista oferecer informa??o objetiva e isenta, mas ganhar adeptos para as id?ias defendidas. O principal respons?vel pela mudan?a na condu??o do jornalismo foi o capitalismo (cfr. Amaral, 1996; Pereira JR., 2001). Nos Estados Unidos, tomou corpo o jornalismo industrial, que vendia a not?cia como mercadoria. Ganhava for?a o jornalismo informativo, que

"afigura-se como categoria hegem?nica, no s?culo XIX, quando a imprensa norte-americana acelera seu ritmo produtivo, assumindo fei??o industrial e convertendo a

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informa??o de atualidade em mercadoria. A edi??o de jornais e revistas que, nos seus prim?rdios, possui o car?ter de participa??o pol?tica, de influ?ncia na vida p?blica, transformase em neg?cio, em empreendimento rent?vel" (Melo, 2003: 24).

Para fazer de um jornal uma empresa rent?vel, era necess?rio conquistar mais leitores, atraindo assim o mercado publicit?rio. Para isso, era necess?rio transformar a not?cia no simples relato desapaixonado do fato.

"Menos partidarismo, menos preconceito, menos distor??es, menos parti pris, mais leitores, mais an?ncios, receita maior. (...). O mecanismo da mudan?a foi simples: ficou decidido que a not?cia guardaria isen??o e apareceria em sua forma crua, natural, sem interpreta??o. Os fatos, exclusivamente os fatos" (Amaral, 1996: 34).

No Brasil, o jornalismo informativo consolidou-se na d?cada de 1950, como resultado da concorr?ncia dos ve?culos impressos com a TV, novidade que prometia arrebatar os leitores de jornais. "Os sistemas de difus?o foram revolucionados, nas d?cadas de 40 e 50, com a chegada da TV. O seu crescimento afetou as outras ind?strias culturais, entre outras coisas, em termos da competi??o pelo lucro na publicidade" (Pereira JR., 2001: 44).

Os jornais di?rios adotaram uma aparente posi??o de neutralidade para conquistar um maior n?mero de leitores, agradando o mercado publicit?rio e aumentando a renda dos ve?culos. A not?cia com ar de imparcialidade pode conquistar p?blicos mais amplos. Foi por essa raz?o que a limita??o das not?cias a um suposto relato imparcial dos fatos foi t?o cultuada na primeira metade do s?culo XX. Apesar disso, embora

"a objetividade fosse um aut?ntico valor profissional do jornalismo, na d?cada de 30, era um valor que, segundo Michael Schudson, parecia desintegrar-se t?o logo foi formado. Ela se tornou um ideal exatamente quando a subjetividade passou a ser encarada como inevit?vel por ser insuper?vel na apresenta??o das not?cias" (Amaral, 1996: 62).

Cl?vis Rossi explica:

"(...) entre o fato e a vers?o que dele publica qualquer ve?culo de comunica??o de massa h? a media??o de um jornalista (n?o raro, de v?rios jornalistas), que carrega consigo toda uma forma??o cultural, todo um background pessoal, eventualmente opini?es muito firmes a respeito do pr?prio fato que est? testemunhando, o que o leva a ver o fato de maneira distinta de outro companheiro com forma??o, background e opini?es diversas. ? realmente invi?vel exigir dos jornalistas que deixem em casa todos esses condicionamentos e se comportem, diante da not?cia, como profissionais ass?pticos" (Rossi, 2000: 10).

Hoje, muitos grandes ve?culos impressos brasileiros apresentam-se (inclusive em suas campanhas publicit?rias) como ve?culos informativos isentos, imparciais, objetivos, embora a realidade derrube o mito da objetividade. A suposta objetividade jornal?stica ? ilus?ria, j? que a informa??o passa pelo filtro de um sujeito, que seleciona a informa??o e a apresenta sempre a partir de um ponto de vista e de uma angula??o determinadas. A "realidade objetiva" transmitida pelo jornal ? sempre uma representa??o da realidade, constru?da a partir da manipula??o dos dados pelo jornalista. Esses dados passam por in?meros "filtros" subjetivos: a sele??o da pr?pria informa??o considerada relevante, a escolha dos aspectos mais importantes dessa informa??o e a constru??o da narrativa, por exemplo, s?o elementos que carregam necessariamente a subjetividade do jornalista que transmite a not?cia.

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N?o obstante procurem apresentar-se aos leitores como neutros, isentos, imparciais, transmissores de uma informa??o "verdadeira" baseada na reprodu??o da realidade objetiva, muitos ve?culos mal escondem sob essa aparente neutralidade suas prefer?ncias pol?ticas. N?o ? conden?vel, muito menos antijornal?stico, que um ve?culo demonstre sua satisfa??o ou insatisfa??o a respeito de algu?m ou algo, desde que explicitamente. O problema ? esconder as opini?es sob uma apar?ncia de objetividade e imparcialidade.

A partir da necessidade de mostrar um jornalismo sem opini?o, os ve?culos impressos criaram espa?os delimitados para a express?o aberta de id?ias, sem a obriga??o de imparcialidade. Separar graficamente e bem distintamente colunas opinativas de reportagens "objetivas" ? um recurso para criar a impress?o de que a opini?o est? reservada somente ?quelas poucas se??es: a exist?ncia desses espa?os espec?ficos para a manifesta??o da opini?o faz o leitor supor que, nos demais textos da publica??o, s? vai encontrar informa??o objetiva e isenta de ju?zos de valor.

Entretanto, n?o ? o que acontece. O processo de produ??o jornal?stica, conforme j? comentado, ? permeado de escolhas subjetivas, de tal modo que n?o se pode dizer que o que est? nas p?ginas dos ve?culos ? informa??o objetiva e isenta. Os ve?culos, n?o obstante, escondem seu direcionamento editorial sob o v?u de uma propalada isen??o.

As revistas

Os jornais di?rios, antes da difus?o dos meios eletr?nicos de comunica??o, eram os principais ve?culos de informa??es novas. Com o avan?o dos ve?culos eletr?nicos, os di?rios encontraram seu espa?o oferecendo ao leitor um aprofundamento das reportagens ? na impossibilidade de competir com a velocidade e o imediatismo dos meios eletr?nicos, os impressos t?m caracteristicamente uma profundidade maior no trato das informa??es. A competi??o dos impressos com os meios eletr?nicos ? um problema ainda maior no caso das revistas semanais de informa??o. As revistas acabaram por criar um modelo mais anal?tico e interpretativo de cobertura dos fatos. Um jornal di?rio vai de novidades e not?cias quent?ssimas a passado de museu em um curto per?odo de 24 horas. No caso da revista, por ela.

"dispor de um tempo maior para informar, analisar e interpretar o fato, a revista semanal de informa??es n?o busca extremos de imparcialidade. Al?m do mais, a imparcialidade ? um mito da imprensa di?ria. Um mesmo texto pode conter informa??o, an?lise, interpreta??o e ponto de vista. Outra caracter?stica da revista semanal de informa??es ? assumir mais declaradamente o papel de formadora de opini?o" (Vilas Boas, 1996: 34).

Entretanto, mesmo que assumam "mais declaradamente" esse papel, as revistas n?o se apresentam como ve?culos de jornalismo opinativo ? a opini?o expl?cita tamb?m ? separada graficamente das reportagens informativas, ou, mais propriamente, interpretativas: o jornalismo t?pico de revista ? o jornalismo interpretativo, que busca n?o apenas informar acerca dos fatos, mas buscar os antecedentes, a contextualiza??o e as conseq??ncias dos fatos noticiados. Veja-se o que afirma a publica??o "A revista no Brasil" sobre a revista Veja, criada em 1968: "nos moldes da americana Time, (...) com a disposi??o de ir al?m da mera resenha da semana, servindo ao leitor coberturas exclusivas e, sobretudo, interpreta??o: o contexto em que o fato se deu, seus poss?veis desdobramentos e conseq??ncias" (2000: 60).

A revista CartaCapital, por sua vez, teve seu primeiro exemplar datado de 1994. Quem assina o editorial n?mero 1 ? Mino Carta, evidenciando o destaque aos assuntos pol?ticos da nova publica??o e o desejo de influenciar os detentores do poder:

"[...] uma CARTA Capital endere?ada ao cora??o do poder. De fato, ela vai falar de e para aqueles que, nos mais diversos n?veis, decidem os destinos de comunidade. Aqueles que teriam de dar o exemplo ao escolher as melhores rotas com os

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olhos voltados para os interesses da sociedade toda" (Carta, 1994).

As duas revistas t?m linhas editoriais distintas. Com base na ideologia daqueles que controlam um ve?culo informativo, estabelece-se sua linha editorial, que condiciona que tipo de informa??o ser? divulgado, de que maneira o ser? e quem ter? voz no ve?culo.

Lembra Melo (2003) que escolher os temas que compor?o uma edi??o de jornal ou revista ? a primeira maneira de expor a ideologia de uma empresa jornal?stica. A decis?o sobre o que ? e o que n?o ? not?cia acaba sendo fruto de crit?rios subjetivos dos respons?veis pela sele??o da informa??o a divulgar. Essa sele??o representa a vis?o que um ve?culo possui do mundo, e ? a principal maneira de o ve?culo expressar suas id?ias. A sele??o da informa??o de um ve?culo determina sua linha editorial. Os filtros ideol?gicos est?o presentes nas etapas do processo produtivo de uma not?cia, desde a escolha do que ser? ou n?o divulgado, passando pelo enfoque que ser? dado (pauta), como ser? pesquisado (cobertura), quem ganhar? voz dentro do ve?culo (escolha das fontes), at? a ?ltima filtragem do que foi apurado (edi??o ou copy-desk).

A pauta direciona o percurso do rep?rter e indica o ?ngulo sob o qual o assunto dever? ser tratado. Esse ?ngulo ? definido por um seleto grupo dentro da reda??o. S?o pessoas diretamente ligadas aos interesses ideol?gicos e comerciais da empresa ? editores, pauteiros, chefe de reportagem, editor-chefe, dirigentes. S?o esses, segundo Melo (2003), os encarregados de orientar a opini?o do ve?culo.

O relacionamento e a escolha das fontes tamb?m s?o determinantes para a orienta??o ideol?gica de uma empresa jornal?stica ? a consulta a certas fontes e n?o a outras conduzir? a informa??o numa determinada linha.

Depois de produzido o texto pelo rep?rter, esse texto, para ser publicado, precisa passar pelo ?ltimo filtro: a figura do copy-desk. Hoje, essa figura, em grande parte dos ve?culos, foi substitu?da por profissionais com fun??es que carregam outras denomina??es, como editor de p?gina ou simplesmente editor. O termo copy-desk est? caindo em desuso. ? fun??o do editor corrigir eventuais erros, reordenar par?grafos, se preciso, enfim, fazer as corre??es necess?rias. O editor exerce essa fun??o, mas seu trabalho n?o se limita ?s caracter?sticas textuais: ele ? o microfiltro ideol?gico, a ?ltima peneira da produ??o jornal?stica, com fun??o e autonomia para barrar aquilo que n?o conv?m ? linha editorial da institui??o jornal?stica. O editor ? o vigia da empresa.

A organiza??o vertical de uma empresa jornal?stica, que permite a supervis?o da reda??o por parte dos organizadores, e a maneira como ? exposta a opini?o assinada em um jornal di?rio, a fim de isentar o ve?culo que a divulga, atrela a orienta??o ideol?gica ?queles que controlam a institui??o. A execu??o dessa orienta??o ? dever dos rep?rteres e editores. Eventuais impasses e desacordos s?o inicialmente discutidos. Advert?ncias aos rep?rteres podem acontecer. Em casos mais graves, pode at? ocorrer o desligamento do rep?rter da institui??o.

A express?o opinativa por parte de um ve?culo acaba sendo fruto de um acordo entre todos os integrantes de sua reda??o e seus superiores. A dire??o determina um ?ngulo mais espec?fico da cobertura de um assunto. Editores e rep?rteres, em prov?vel consenso com o que foi determinado, executam a tarefa. Cada um cumpre seu papel, o que n?o gera uma batalha pelo controle ideol?gico. H? um interesse natural de eleva??o de cargos na empresa, inibindo nos jornalistas atitudes contr?rias ?s orienta??es da dire??o.

Portanto, em que pese a suposta neutralidade ou imparcialidade que o ve?culo se atribua (inclusive explicitamente em campanhas publicit?rias, como ? freq?ente acontecer), h? uma ideologia que permeia a publica??o, definida pela sua linha editorial, que se choca com qualquer id?ia de "objetividade".

? o que se pode depreender da cobertura do "esc?ndalo do mensal?o" feita por Veja e CartaCapital.

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