Capítulo 5 Variáveis aleatórias - Anderson R. Silva

Cap?tulo 5

Vari?veis aleat?rias

5.1 Introdu??o

Em experimentos aleat?rios cujo espa?o amostral cont?m alguns eventos de interesse ?, em geral, mais f?cil lidar como uma vari?vel aleat?ria, isto ?, ? mais f?cil sumarizar a informa??o do espa?o amostral em valores associados a eventos. Por exemplo, em um estudo ecol?gico pode haver o interesse em determinar se certa esp?cie vegetal est? ou n?o presente em n locais de um continente Atribuindo 1 ? presen?a e 0 ? aus?ncia, o espa?o amostral teria 2n elementos. N?o obstante, se a informa??o de interesse for o n?mero de locais que cont?m a esp?cie, ent?o poderia ser definida a vari?vel X representando o n?mero de locais onde a esp?cie est? presente, captando assim a ess?ncia do problema.

Considere ainda o exemplo a seguir: Tome o ato de identificar o sexo de duas crias de uma ?gua como sendo um experimento aleat?rio. O espa?o amostral associado ? definido por S = {M M, M F, F M, F F }. Seja X a vari?vel aleat?ria que representa o n?mero de machos obtidos nas duas crias Tem-se ent?o que: X(M M ) = 2, X(M F ) = 1, X(F M ) = 1 e X(F F ) = 0.

Ao especificar a quantidade X, definimos uma transforma??o a partir de cada elemento A pertencente ao espa?o amostral S para um novo espa?o amostral R, um conjunto de n?meros reais (no ?ltimo exemplo: 0, 1, 2). Essa fun??o a partir do espa?o amostral nos reais ? o que chamamos de vari?vel aleat?ria, como ilustra a Figura 5.1.

Probabilidades podem ent?o ser associadas aos valores ou intervalo de valores de uma vari?vel aleat?ria, constituindo assim a distribui??o de probabilidades dessa vari?vel. Muitas das t?cnicas estat?sticas s?o baseadas em modelos de distribui??o de probabilidades, os quais podem, obviamente, serem utilizados para calcular probabilidades de interesse. Um exemplo cl?ssico

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40

Figura 5.1: Ilustrando a defini??o de vari?vel aleat?ria, dom?nimo (S) e contradom?nio (R)

.

dessa aplica??o ? o c?lculo do valor-p nos testes de hip?teses. O uso de vari?veis aleat?rias equivale a descrever os resultados de um

experimento aleat?rio por meio de valores num?ricos ao inv?s de palavras, o que nos permite um melhor tratamento matem?tico.

Uma vari?vel aleat?ria quantitativa pode ser discreta ou cont?nua.

5.2 Vari?vel aleat?ria discreta

Uma vari?vel aleat?ria X ? considerada discreta se o conjunto de valores dessa vari?vel, seu espa?o amostral, for enumer?vel. Em geral, os valores assumidos s?o n?meros inteiros, por exemplo: n?mero de animais doentes, n?mero de insetos praga por planta, tamanho da leitegada etc.

A distribui??o de probabilidades de uma vari?vel aleat?ria discreta X pode ser caracterizada pela sua fun??o de probabilidade (f.p.), de modo que a probabilidade de X assumir um certo valor x ? determinada pela f.p., denotada por PX(X = x) ou simplesmente PX(x).

A fun??o PX ? dita f.p. de X se e somente se satisfizer:

1. PX(X = x) 0 x;

2. x PX(X = x) = 1.

Formalmente, denominamos distribui??o de probabilidades da v.a.d. a cole??o de pares [xi, PX(xi)], i = 1, 2, ..., n, que pode ser apresentada por meio de tabelas ou gr?ficos.

Revisitando o exemplo das duas crias de uma ?gua, poder?amos definir a seguinte distribui??o de probabilidades (tabela 5.1) da vari?vel discreta X, o n?mero de machos.

Assim, podemos calcular probabilidades do tipo P (X 1), ao menos 1 macho:

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Tabela 5.1: Distribui??o de probabilidades de X, o n?mero de machos em dois partos de uma ?gua.

Xi 0 1 2 P (Xi) 1/4 1/2 1/4

P (X 1) = PX(X = 1) + PX(X = 2) = 1/2 + 1/4 = 3/4

Calcule P (X > 1).

M?dia e vari?ncia

O valor esperado ou m?dia e a vari?ncia de uma vari?vel aleat?ria discreta s?o obtidos fazendo

E(X) = x xPX(X = x) V ar(X) = E[X - E(X)]2

= E(X2) - [E(X)]2 Para a distribui??o de probabilidades apresentada na tabela 5.1, temos:

e tamb?m,

E(X) = x xPX(X = x) = x1P (x1) + x2P (x2) + x3P (x3) = 0 ? 1/4 + 1 ? 1/2 + 2 ? 1/4 =1

V ar(X) = E(X2) - [E(X)]2 = [x21P (x1) + x22P (x2) + x23P (x3)] - 12 = [02 ? 1/4 + 12 ? 1/2 + 22 ? 1/4] - 1 = 1/2

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5.3 Vari?vel aleat?ria cont?nua

Uma vari?vel aleat?ria ? do tipo cont?nua se puder assumir todo e qualquer valor em algum intervalo [a, b]. Em geral, tais valores s?o obtidos por um processo de medi??o, por exemplo: altura das plantas (em cm), peso dos animais (em kg), rendimento de gr?os (em kg/ha) etc.

A distribui??o de probabilidades de uma vari?vel aleat?ria cont?nua X pode ser caracterizada pela sua fun??o densidade de probabilidade (f.d.p.), denotada por fX, de modo que probabilidades de X assumir valores num dado intervalo podem ser determinadas integrando fX.

A fun??o fX com dom?nio real e contradom?nio no intervalo [0, ) ? dita f.d.p. de X se e somente se satisfizer

1. fX(x) 0 x;

2.

-

fX

(x)dx

=

1;

3.

PX(a X b) =

b a

fX

(x)dx.

Exemplo: Seja a vari?vel aleat?ria cont?nua X denotada pela fun??o densidade de probabilidade a seguir, representada na figura 5.2:

3x2,

se 0 x < 1

f (x) =

0,

para outros valores de x

f(x)

3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5

f(x) = 0

0.0 0.0

f(x) = 3x2

0.5 x

f(x) = 0

1.0

Figura 5.2: Fun??o densidade de probabilidade de X.

43 Com f (x) podemos calcular, por exemplo,

P (X > 0, 5) =

1 0,5

fX

(x)dx

=

1 0,5

3x2dx

= 7/8

A figura 5.3 indica a ?rea sob a curva referente a esta probabilidade.

f(x)

3.0

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

P(X > 0.5)

0.0

0.0

0.5

1.0

x

Figura 5.3: P (X > 0, 5).

Calcule P (0, 3 X < 0.5).

Observa??es

? Se X ? vari?vel aleat?ria cont?nua no intervalo [a, b], ent?o PX(X = x) = 0 x [a, b], isto ?, probabilidades pontuais s?o consideradas nulas. Assim, por exemplo, P (X 2) = P (X > 2).

? Diferentemente do caso discreto, a f.d.p. n?o determina probabilidades diretamente, como ocorre com a f.p.

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