As estratégias da indústria automobilística brasileira - FAE

As estrat?gias da ind?stria automobil?stica brasileira

Ind?stria automobil?stica brasileira inova para acompanhar as mudan?as do mercado

A ind?stria automobil?stica brasileira, durante o Plano Real, esteve inserida em um ambiente que priorizou mais a

estabilidade que o crescimento. A abertura de mercado exigiu que se remodelassem as estrat?gias vigentes, a fim de

que sua sobreviv?ncia fosse garantida. O investimento externo veio em busca do mercado potencial. Fabricantes

adicionais e ind?strias reformularam a oferta. Se at? 1990 havia apenas os quatros fabricantes tradicionais (Volkswagen,

GM, Fiat e Ford), em 1998 novas montadoras j? participavam com 6% das vendas internas totais, com tend?ncia a

aumentar esse percentual, uma vez que muitas das empresas que aqui investiram ainda n?o participam do mercado.

Embora apresente tend?ncia a se transformar, diante dos investimentos realizados pelos novos participantes, a

estrutura do mercado automobil?stico no Brasil ? de um oligop?lio diferenciado-concentrado, pois mais de 90% desse

mercado ? dominado por cinco fabricantes (os quatro

tradicionais mais a Renault).

Desenvolvendo os conceitos de produ??o

As principais barreiras ? amplia??o desse grupo s?o de

flex?vel e fornecedores sistemistas,

escala t?cnica, pelo volume m?nimo necess?rio para que

a ind?stria automobil?stica reformulou

um novo concorrente tenha pre?os competitivos, e de

sua estrat?gia, para priorizar a

diferencia??o, pelas caracter?sticas t?cnicas criadas principalmente pelo mercado de carros populares

rela??o cliente-fornecedor

inexistentes em outros pa?ses. A produ??o quase dobrou entre 1990 e 1998 (Anfavea, 1999) e os pre?os dos populares

tiveram um aumento real a partir de 1995, quando as vendas j? estavam estabilizadas e as barreiras ? entrada criadas.

O "pre?o limite" aumentou e a estrat?gia foi minimizar a guerra de pre?os atrav?s da inser??o de mais opcionais nos

ve?culos populares. Mas o mercado ainda passa por reformula??es, dado que novos ve?culos devem entrar nessa

concorr?ncia, movimentando as estrat?gias emergentes das empresas.

Abertura de Mercado

As montadoras foram afetadas pela abertura de mercado na d?cada de 90, mas foram habilidosas ao aproveitar o novo mercado de carros populares, cujo conceito foi introduzido pelo governo por meio de incentivos

fiscais. Desenvolvendo os conceitos de produ??o flex?vel e fornecedores sistemistas, a ind?stria automobil?stica reformulou sua estrat?gia para priorizar a rela??o clientefornecedor. Al?m disso, a ind?stria automobil?stica local se desenvolveu tecnologicamente para tentar ratificar a import?ncia da engenharia local no conceito de carros

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An?lise Setorial

globais. Para isso, investiu no treinamento e na forma??o de funcion?rios e fornecedores. Enfim, a estrat?gia foi reformular, repensar, inovar, com o objetivo de atender a mercados internos e externos.

O desafio ? inovar e oferecer produtos de qualidade a pre?os competitivos

Os custos s?o uma forte e crucial preocupa??o das empresas que buscam, na rela??o com os fornecedores, a co-responsabilidade pelo desenvolvimento de novos produtos, mais baratos e eficientes que os atuais. Essa vantagem competitiva ? fundamentada pelas estrat?gias emergentes que predominam sobre a realizada, uma vez que as montadoras tornam-se cada vez mais flex?veis e capazes de se adaptar ?s novas demandas. Os ciclos do produto s?o cada vez mais curtos para atender aos vari?veis e exigentes padr?es de consumo. O desafio ? inovar e oferecer produtos de qualidade a um pre?o competitivo.

Estrat?gias

Cada empresa da ind?stria automobil?stica elabora sua estrat?gia a partir do modo como a empresa compreende o mercado e traduz isto em objetivos e em formas de alcan??los. E este modo de "enxergar" o mercado se alterna de empresa para empresa, segundo as mudan?as nos fatores sist?micos e estruturais, a exemplo dos fatos relevantes na d?cada de 90, como a abertura de mercado, a evolu??o do imposto de importa??o, o incentivo de impostos para carros populares, a estabiliza??o monet?ria e a desvaloriza??o do c?mbio em 1999.

A Fiat, por exemplo, adotou a estrat?gia de vender mais barato e se concentrar em carros populares para conquistar fatias de mercado. A Ford procurou refor?ar o nome das marcas e fortalecer a identidade do grupo, para responder ? queda de participa??o do mercado nos ?ltimos anos. A Volkswagen buscou reduzir custos, atrav?s da interliga??o de sistemas com fornecedores, e cativar pela marca, relacionandoa ? qualidade. No entanto, perdeu mercado pela falta de competitividade em pre?os no segmento de carros populares. A GM apostou no marketing da segmenta??o da marca, aproveitando sua vantagem de obter o melhor mix de produtos e buscando a lideran?a por segmenta??o, que lhe garantiu a perda de somente 3% com a abertura de mercado.

Todas as montadoras mudaram sua estrat?gia para a Am?rica Latina depois da desvaloriza??o do real em 1999, em fun??o da redu??o de custos em d?lares no Brasil, que incentivou a transfer?ncia das ind?strias dos pa?ses vizinhos da Am?rica Latina para o Brasil. Entretanto, com a desvaloriza??o do peso argentino os carros argentinos j? custam em torno de 3% menos que os fabricados no Brasil, segundo levantamento realizado pela Gazeta Mercantil. As mudan?as cambiais e regulamentares transformam essa ind?stria em uma das maiores zonas de conflito do Mercosul.

Desafios

A conjuntura ? desafiadora. A capacidade ociosa das montadoras no Brasil ficou em torno de 40% em 2001 e se exporta menos de 20% da produ??o total. Mesmo diante desses n?meros, a ind?stria automobil?stica acredita no potencial de crescimento do mercado, destinando vultosas verbas para a publicidade. Enquanto em 2000 a Ford e a Volkswagen apareciam com verbas publicit?rias superiores a R$ 100 milh?es, em 2001, al?m da Volkswagen, a Fiat, GM e Renault ocuparam posi??o entre as dez maiores empresas anunciantes.

Entre 2001 e 2003 est?o previstos investimentos de US$ 6,7 bilh?es na atualiza??o do parque industrial e no lan?amento de novos produtos. No caso espec?fico do Paran?, os investimentos aportados no Estado j? trazem reflexos para a economia local, e os autom?veis j? se tornaram um dos principais produtos da pauta de exporta??o paranaense. A combina??o de incentivos fiscais, infra-estrutura, fornecimento garantido de energia e investimentos fez do Paran? o terceiro maior p?lo automotivo e o que mais cresce no Brasil, respondendo por quase 10% da produ??o nacional de ve?culos, contra 0,8% em 1995.

Christian Luiz da Silva Economista, mestre e doutorando em Engenharia de Produ??o e professor da FAE Business School. E-mail: christian.silva@avalon..br

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