A interferência dos avanços químicos na natação

[Pages:6]Reda??o selecionada e publicada pela Olimp?ada de Qu?mica SP-2017 Autor: Fabr?cio Meyer Trevisan S?rie: primeira (2016) do Ensino M?dio Profa.: Maria Fernanda Baptista Munhoz Col?gio: Caranda Vivavida Cidade: S?o Paulo

A interfer?ncia dos avan?os qu?micos na nata??o

? desinformado quem acredita que o avan?o tecnol?gico manisfesta-se somente no uso de aparelhos populares, como os eletrodom?sticos ou eletroeletr?nicos. Os investimentos na ci?ncia v?m trazendo inova??es setorizadas e em diversas escalas, facilmente percebidas por aqueles que dela usufruem. O empres?rio, por exemplo, se beneficia com o aumento da banda de internet em seu local de trabalho, enquanto a fun??o do m?dico ? facilitada atrav?s dos exames cada vez mais espec?ficos e desenvolvidos.

N?o ? diferente no esporte e os avan?os nesse setor podem ser bem observados ao longo dos anos. ? por isso que os jogos ol?mpicos, que ocorrem a cada quatro anos, se tornaram o principal canal de aparecimento e divulga??o destas mudan?as no ?mbito esportivo.

Pontualmente, notamos que as partidas de v?lei, por exemplo, adotaram a tecnologia como forma de aux?lio para o cumprimento das regras, nas ?ltimas olimp?adas. Atrav?s do recurso conhecido como "Hawkeye", aprovado pelo Comit? Ol?mpico Internacional (COI), os times de v?lei t?m o direito de utilizar um tira-teima para lances duvidosos atrav?s de imagens em v?deo.

Mas, mais do que isso, descobertas de ?reas da qu?mica v?m promovendo a elabora??o dos recursos e a consequente melhora no desempenho de atletas em cada um dos esportes. Na nata??o, por exemplo, uma s?rie de recordes v?m sendo quebrados ao longo das olimp?adas, como demonstra a tabela abaixo:

Jogos Ol?mpicos

Recordes Mundiais Recordes Ol?mpicos

Atlanta (1996)

2

3

Sidney (2000)

15

38

Atenas (2004)

8

25

Pequim (2008)

14

Londres (2012)

9

22

16

Rio (2016)

7

13

N?o ? ? toa que tantas marcas foram batidas nos ?ltimos dezesseis anos, e a melhora e adequa??o dos trajes aqu?ticos ? o principal fator respons?vel por este aumento no desempenho dos nadadores.

Atualmente, mal se consegue imaginar uma roupa espec?fica para nado com peso de 5kg. Por incr?vel que pare?a, em 1900, esse era o tipo de traje que se utilizava na pr?tica do esporte. Em seguida, j? em 1924, foram adotadas as primeiras linhas de mai?s fabricados com seda, uma fibra t?xtil natural extra?da dos casulos do bicho-da-seda.

Este tecido ? composto por duas principais prote?nas: a sericina e a fibro?na que quando unidas, e em contato com o ar, se solidificam e formam um fio leve e brilhante que deu origem aos revolucion?rios mai?s da ?poca. Estes j? proporcionavam maior velocidade embaixo d'?gua, apesar de possu?rem alta taxa de absor??o e se tornarem pesados.

Ent?o foram lan?ados os trajes de algod?o, outra fibra t?xtil natural composta principalmente por celulose [(C6H10O5)n]. A celulose ? um pol?mero (macromol?cula formada pela uni?o de outras mol?culas menores denominadas de mon?meros) classificado como carboidrato que apresenta uma s?rie de hidroxilas em suas extremidades, como demonstra a estrutura abaixo:

Os grupos hidroxilas presentes ao longo da cadeia interagem com a ?gua - esses grupos possuem dipolos el?tricos, como os presentes nas mol?culas de ?gua, atraindo-se mutuamente. Essa intera??o denominada de liga??es de hidrog?nio, justifica a grande capacidade de absor??o apresentada pelo algod?o. Sendo assim, essa fibra hidrof?lica tamb?m n?o ? um bom material para a confec??o dos mai?s, que se tornam muito pesados depois de entrarem em contato com o l?quido das piscinas.

Ap?s era das roupas aqu?ticas feitas a partir de fibras t?xteis naturais, a qu?mica desenvolveu fibras t?xteis artificiais, que mudaram muita coisa, al?m da confec??o de roupas para o nosso cotidiano. A vida dos atletas foi facilitada quando, na d?cada de 50 foi lan?ado um traje de nylon, o primeiro tecido sint?tico a produzido no mundo. Na imagem a seguir est? apresentada a

estrutura do Nylon 6,6:

Com uma estrutura polim?rica pouco polar (as liga??es de hidrog?nio ainda existir?o, mas a maior parte da macromol?cula ter? apenas intera??es do tipo dipolo induzido-dipolo induzido), o nylon ? um pol?mero que atrai mol?culas de ?gua, por?m em baixa quantidade. Isso o torna um tecido mais leve e proporciona maior velocidade ao nadador enquanto durante pratica do esporte. As posteriores sungas de lycra(imagem abaixo), outra fibra artificial, pesavam cerca de 18g e tamb?m eram pouco absorventes. O nome "lycra" ? o nome usado para comercializa??o do pol?mero de poliuretano.

Aos poucos, desconstr?i-se a ideia de que cobrir menos partes do corpo com o traje aqu?tico aumenta o desempenho. Apesar disso, at? hoje as roupas compostas por fibras sint?ticas comandam o mercado do esporte. Nas olimp?adas de Atlanta, em 1996, o mai? utilizado ainda era composto por lycra, mas cobria grande parte do corpo. Apesar dos poucos recordes quebrados neste per?odo, o traje caracteristicamente el?stico trouxe bons resultados para os atletas, resultando em 77% das medalhas ol?mpicas destinadas ?queles que o utilizavam.

Por?m, a verdadeira inova??o vem nos anos seguintes. Para as olimp?adas de Sidney, nos anos 2000, uma s?rie de estudos t?cnicos desenvolveram um produto ainda mais tecnol?gico. Baseando-se no desenho do maior e mais r?pido predador aqu?tico, o tubar?o, se desenvolve um traje excepcionalmente colado ao corpo, que repele a ?gua e reduz o arrasto. Tal novidade resulta na quebra de 15 recordes mundiais nesta ocasi?o, todas por atletas que utilizavam roupas deste pol?mero sint?tico composto com resinas e outras subst?ncias imperme?veis.

J? em 2004 n?o houve muitas novidades na confec??o dos mai?s, mas para 2008, o aumento na quantidade de elastano (lycra pura) naquele mesmo modelo das olimp?adas de Sidney o tornou ainda mais aderente a pele. Sem costuras e colado ao corpo, o traje comprimia a musculatura, tornando as bra?adas e pernadas mais leves e eficientes. Al?m disso, ?reas como o t?rax, coxas e n?degas eram cobertas pela roupa com pain?is de politetrafluoretileno, conhecido popularmente como "teflon". Abaixo imagem da estrutura de politetrafluoretileno:

Com cadeia polim?rica apolar, esse outro pol?mero possui como caracter?stica ser liso e escorregadio e ? usado para impermeabilizar produtos t?xteis. O resultado foi quatorze recordes mundiais batidos nas olimp?adas de Pequim.

Em 2009 ocorre ent?o a maior pol?mica na hist?ria da nata??o. Um traje feito inteiramente de poliuretano ? lan?ado e facilita ainda mais a pr?tica dos atletas. O mesmo serve como gota d'?gua para que a FINA (Federa??o Internacional de Nata??o) pro?ba os mai?s que geraram a quebra de tantos recordes nos anos anteriores. A partir de ent?o, s? seriam autorizados trajes compostos apenas de materiais t?xteis, vetando o uso de "qualquer dispositivo ou mai? que possa aumentar a velocidade, a flutua??o ou a resist?ncia durante uma competi??o".

Outro fator interessante de ser analisado ? a disponibilidade dos trajes entre as delega??es. Como todo bom tipo de tecnologia, seu acesso ? limitado entre as pessoas, e na nata??o, isso acaba por gerar uma desigualdade entre as oportunidades que cada atleta recebe de acordo com o investimento e o incentivo que o pa?s deles fornece ao esporte.

Surge ent?o uma d?vida com rela??o aos motivos para esta proibi??o. ? prov?vel que tenha sido questionada a interfer?ncia que as descobertas do campo cient?fico estavam exercendo sobre o desempenho dos atletas, o que poderia descaracterizar o esporte aqu?tico e at? a capacidade f?sica humana. Ent?o, a interfer?ncia do desenvolvimento da qu?mica, principalmente na ?rea de qu?mica dos materiais, nas olimp?adas foi determinante.

Portanto, a verdade ? que durante toda a hist?ria evolutiva dos trajes de nata??o, a influ?ncia dos estudos qu?micos foi decisiva. A reflex?o sobre o assunto ? importante, tendo em vista que por tr?s de todos os recordes quebrados, h? o trabalho de pesquisadores ao redor de todo o mundo, tal como o esfor?o dos pr?prios atletas.

Refer?ncias Bibliogr?ficas:



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