Como escrever relatórios de Eletrônica

Como escrever relat?rios de Eletr?nica

Ant?nio Carlos Moreir?o de Queiroz UFRJ - DEL

acmq@coe.ufrj.br

Resumo Este artigo descreve a forma ideal de se escrever um relat?rio, na forma de um artigo cient?fico t?pico, o que ajuda ao aluno a se acostumar a organizar e expor suas id?ias em forma eficiente e profissional.

I. INTRODU??O

? comum se ver relat?rios das aulas pr?ticas de eletr?nica escritos de forma inadequada. H? um excesso de p?ginas, apresenta??o amador?stica, informa??es irrelevantes, falta de conclus?es precisas, gr?ficos mal feitos, falta de compara??o entre teoria e pr?tica, etc.

Por outro lado, na vida profissional o engenheiro deve ser capaz de apresentar bem suas id?ias, e especialmente se enveredar pelas ?reas de pesquisa, deve ser capaz de escrever artigos t?cnicos de boa qualidade.

O desenvolvimento destas t?cnicas leva algum tempo, e portanto ? bom que se comece logo. Uma boa forma ? aproveitar estes relat?rios como treinamento.

Nas se??es seguintes se descreve como escrever um relat?rio no formato de um artigo t?cnico de qualidade profissional.

II. O ASPECTO GERAL

Aqui se assume um relat?rio escrito em um editor de texto, num computador, o que ? atualmente pr?tica universal. N?o fica exclu?da a possibilidade de se fazer relat?rios manuscritos, entretanto. Neste caso, o formato ? mais livre, talvez n?o sendo usadas 2 colunas, mas as recomenda??es sobre conte?do permanecem as mesmas. Tomando como base um t?pico artigo das revistas t?cnicas e congressos do IEEE, e outras organiza??es, observa-se as seguintes caracter?sticas:

? O artigo ? escrito em duas colunas, com espa?amento simples, com letras de 10 pontos.

? Na primeira p?gina h? um t?tulo, e dados sobre os autores, ocupando ambas as colunas. As letras do t?tulo s?o maiores, como 18 pontos.

? N?o existe capa nem encaderna??o. ? O artigo ? iniciado por um resumo ("abstract"),

e a seguir dividido em se??es numeradas, cada

uma com seu t?tulo. Os tipos de fonte a usar nestas se??es s?o como neste artigo. ? A primeira se??o, a introdu??o, deve descrever tudo o que existe no artigo, talvez incluindo revis?o de trabalhos anteriores, se for o caso. ? As demais se??es poderiam ser, no caso de um relat?rio, uma sobre a teoria envolvida, outra sobre os resultados experimentais, e outra comparando os resultados experimentais com a teoria. Pode ser inclu?da mais outra se??o com resultados de simula??o, ou isto pode ser colocado junto da teoria, j? que ? teoria. ? Finalmente, deve haver uma se??o de refer?ncias, onde s?o citados todos os livros e outras fontes de onde foi extra?do o material usado. ? O tamanho total do artigo/relat?rio n?o dever exceder quatro p?ginas. N?o deve tamb?m ser inferior a duas p?ginas.

III. A TEORIA

Os relat?rios devem sempre incluir tudo o que for relevante para o entendimento e explica??o te?rica dos resultados da experi?ncia. Materiais muito b?sicos ou inteiramente contidos em livros devem ser apenas referenciados [1], nesta forma. Na se??o sobre teoria devem aparecer todas as f?rmulas e t?cnicas usadas no dimensionamento do circuito da experi?ncia, com explica??es do porqu? dos procedimentos. Resultados intermedi?rios ou facilmente dedut?veis devem ser omitidos. F?rmulas relevantes devem ser mencionadas no texto e ser numeradas, como por exemplo, eq. 1:

Vin (t) = A cos(t + )

(1)

Vcc

? IABC

Io +

?Vee

Fig. 1 - Exemplo de figura com esquema de circuito (no caso, um OTA). Componentes e valores mencionados no texto devem ser identificados.

Esquemas partiais ou totais podem aparecer nesta se??o. Devem ser feitos de forma a se encaixarem em uma coluna, sempre que poss?vel. Se necess?rio, podem ocupar duas colunas, mas sem interromper o texto. Figuras n?o devem ficar em folhas separadas, mas integradas no relat?rio. Devem ser tratados como figuras, com numera??o, refer?ncia no texto, e legenda, como a fig. 1 acima.

IV. TABELAS E GR?FICOS

Tabelas e gr?ficos costumam ser o ponto mais fraco dos relat?rios usuais, enquanto que em artigos t?cnicos s?o um aspecto de import?ncia fundamental.

Tabelas com medidas devem aparecer sempre que se mede um n?mero pequeno de casos, como tens?es e correntes em v?rias partes de um circuito, ou valores dos elementos em um circuito. N?o devem ser usadas quando mostrando dados levantados para se plotar um gr?fico. Nestes casos o gr?fico deve ser feito diretamente. Um exemplo de tabela seria a tabela 1 abaixo:

V1 = 1 V

V2 = 3 V

V4 = 5 V

V5 = 2.2 V

V6 = 8 V

V 7 = 9 V

I1 = 3 mA

I2 = 7 mA

I3 = 9 mA

Tabela 1: Medidas no circuito montado.

No caso acima, as tens?es e correntes teriam que estar identificadas em uma figura correspondente. Note que as unidades s?o colocadas separadas dos valores, j? que s?o palavras separadas. O mesmo naturalmente vale para texto normal. 1 mA ? correto, enquanto 1mA ? errado.

Gr?ficos com linhas devem mostrar linhas, n?o pontos. Gr?ficos com medidas experimentais devem mostrar onde est?o os pontos experimentais. A escolha das escalas ? importante. Existem casos em que as convencionais escalas lineares n?o s?o adequadas, e ? melhor usar escalas logar?tmicas. Um t?pico exemplo ? o de gr?ficos de resposta em freq??ncia, que devem sempre ser plotados com escala logar?tmica no eixo de freq??ncia e no eixo de m?dulo (usando decib?is), como na fig. 3.

Fig. 3. T?pico gr?fico de resposta em freq??ncia, curva de m?dulo.

Na constru??o de gr?ficos com escalas n?o lineares, ? importante escolher adequadamente os pontos experimentais a tomar, para que estes apare?am uniformemente distribu?dos nas curvas experimentais. O caso mais t?pico ? o das escalas logar?tmicas, onde os pontos devem ser tomados com espa?amento geometricamente uniforme, ou seja, por exemplo em um gr?fico de resposta em freq??ncia, cada freq??ncia deve ser a anterior multiplicada por um fator, e n?o a anterior com um fator somado a ela.

Fig. 2. Exemplo de um gr?fico de formas de onda.

Gr?ficos tamb?m devem ser encaixados em uma coluna sempre que poss?vel. Quando muito extendidos para 2 colunas. N?o devem ser sobrecarregados com muitas curvas, legendas in?teis (como menus de simuladores), grades densas, etc. Devem sempre ter escalas e legendas, como na figura 2.

Fig. 4. Exemplo de compara??o entre resultados experimentais (pontos interligados) e uma curva te?rica.

J? que o objetivo de muitas experi?ncias ? verificar que a teoria permite prever como um circuito vai se comportar, ? sempre importante apresentar resultados experimentais, nestes casos, acompanhados da previs?o te?rica. Um gr?fico mostrando medidas experimentais junto com as curvas te?ricas ? a forma padr?o de apresentar estes resultados. Como na fig. 4.

O aspecto de curvas assim fica melhor se for usada uma imagem baseada em vetores em vez de um "bitmap". H? muitos programas de computador que permitem a gera??o destas figuras a partir de tabelas de pontos. A interliga??o dos pontos experimentais com retas, como na fig. 4, ? s? um aux?lio ? visualiza??o. Melhor seria interpolar as liga??es com curvas suaves em vez de retas.

Graficos e tabelas devem sempre ter legendas, dizendo exatamente o que respresentam.

V. COMENT?RIOS E CONCLUS?ES

Esta ? a parte mais importante do relat?rio. N?o adianta apenas descrever o que foi feito sem mencionar as conclus?es tiradas da experi?ncia, ou colocar um coment?rio padr?o, tipo "a experi?ncia foi ?til para melhorar o entendimento do assunto". Todos os fen?menos observados devem ser mencionados, e, sempre que poss?vel, explicados adequadamente. A observa??o de pequenos detalhes (como: "o que causa este pequeno pico de tens?o nesta forma de onda?") ? o que faz a diferen?a entre um relat?rio apenas regular e um realmente bom, e ? o que faz a distin??o entre uma experi?ncia realizada "mecanicamente" e uma experi?ncia que realmente ensina alguma coisa.

Os resultados medidos devem sempre ser comparados com o que pode ser previsto pela teoria, dado o grau de aproxima??o desta com a realidade sendo considerado. Afinal de contas, num curso de engenharia espera-se que os estudantes possam "explicar" os fen?menos observados ? luz da teoria corrente, e n?o apenas observ?-los. As compara??es s?o usualmente feitas atrav?s de tabelas e gr?ficos, onde s?o comparadas as medidas experimentais com as previs?es te?ricas.

? importante que os alunos tenham a previs?o te?rica dos resultados conhecida antes da realiza??o da experi?ncia, para que erros experimentais e te?ricos grosseiros sejam imediatamente observados durante a pr?tica experimental. A teoria permite tamb?m prever quais os aspectos mais importantes a observar na experi?ncia. Um bom trabalho preparat?rio ? essencial para um bom aproveitamento do tempo de laborat?rio, que tem tendido a ficar mais curto para cada disciplina, com a inclus?o de aulas de laborat?rio de outras disciplinas no curr?culo.

verdade, e em muitos casos fazer funcionar um circuito em um simulador ? um problema bastante diferente, e mais trabalhoso, do que ? faz?-lo funcionar na pr?tica. O uso correto de simuladores ? para confirmar se projetos est?o corretos antes da montagem pr?tica, especialmente no caso de circuitos n?o triviais, ou quando a constru??o pr?tica seja muito mais complexa que a simula??o. O uso de simuladores para ajustar valores de componentes "experimentalmente" ? uma distor??o de seu uso, e deve ser evitada, sempre que um procedimento anal?tico de projeto for poss?vel. Um uso similar, mas mais v?lido, ? o de experimentar varia??es de um projeto que j? se tem como correto.

? importante lembrar sempre que componentes colocados em simuladores usuais s?o ideais, absolutamente precisos, todos do mesmo tipo s?o rigorosamente iguais, e n?o h? interfer?ncias externas no circuito. Isto n?o ocorre na pr?tica, e pode levar a significantes discrep?ncias com a experi?ncia.

O uso de resultados simulados para representar a previs?o te?rica do resultado de um experimento ? v?lido, mas previs?es retiradas diretamente da teoria devem ser sempre consideradas. Resultados simulados podem incluir fatores usualmente ignorados no projeto te?rico idealizado, caso em que realmente adicionam alguma coisa ao experimento.

VII. REFER?NCIAS

A ?ltima parte do relat?rio deve ser uma cita??o das refer?ncias usadas no relat?rio. As refer?ncias devem ser referenciadas no texto como [1], e listadas nesta se??o na forma:

[1] Autor do livro, "T?tulo do Livro", Editora do livro, local, ano, p?ginas.

Podem ser citados aida artigos, notas de aula, s?tios no www, programas de computador utilizados, etc.

VI. SOBRE SIMULA??ES

? muito comum que os alunos se acostumem a usar simuladores de circuitos, e achem que seu uso ? essencial no projeto de circuitos. Isto nem sempre ?

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