Nome 1º autor, e-mail, instituição - UniSALESIANO



Créditos Bancários

Critérios para concessão a pessoas físicas

Luiza dos Santos Oliveira

luilu_santos@

Tatiane Giacomini dos Santos

tati.giacomini@

Francisco Cesar Vendrame

fcvendrame@unisalesiano.edu.br

Máris de Cássia Ribeiro

Maris@unisalesiano.edu.br

RESUMO

As condições impostas pelo crescente número de empresas insolventes e pessoas físicas inadimplentes tem tornado relevante a importância da análise financeira na administração de créditos. O crédito constitui um dos recursos imprescindíveis para a organização alavancar suas receitas, no entanto, a análise minuciosa antes da concessão requer distintos processos que evidenciarão os riscos e a viabilidade da operação. Buscou-se como metodologia intercalar as diversas fontes bibliográficas e meios midiáticos, a fim de coletar normas e procedimentos bancários na restrição ou concessão de créditos, bem como, apresentar ferramentas utilizadas como apoio à decisão e gerenciamento de créditos. Verificou-se que os principais fatores de sucesso das operações de crédito são o conjunto de dados cadastrais e financeiros que subsidia o processo decisório de crédito e que aliado a um processo de gerenciamento de riscos eficaz e a agilidade e visão antecipada do gerente possibilitam conclusões assertivas sobre a capacidade de pagamento do tomador.

Palavras chave: Administração de Crédito. Riscos de Crédito. Restrições e concessão. Pessoas físicas.

1. INTRODUÇÃO

A análise de créditos é uma técnica imprescindível para ações assertivas das organizações que optam por restringir ou conceder créditos. Esta análise ocorrerá conforme as necessidades do solicitante e dentro de um nível de risco aceitável, a partir de documentação apresentada e análise da mesma, objetivando a maximização dos resultados da instituição, segundo Schirickel (2000). Tal prerrogativa se dá devido à possibilidade de identificação dos riscos que permeiam a operação evidenciando se a concessão é recomendável ou não. Ou seja, analisar créditos é medir a viabilidade de um negócio. No entanto, apesar de sua funcionalidade esta pode ser altamente complexa e requer do gerenciador de créditos uma análise minuciosa da capacidade de pagamento do tomador, tal minúcia é procedida nas análises: cadastral, idoneidade, financeira, relacionamento, patrimonial e de sensibilidade.

Para os bancos e instituições de créditos em geral, o produto principal é o dinheiro, não há possibilidade de venda à vista, o que torna o crédito o próprio negócio da instituição.

As políticas e os critérios para as operações de créditos requerem a constante busca de componentes novos, funcionários ágeis e especializados, ferramentas e produtos modernos; para que seja obtida a rentabilidade esperada e seja mantida a credibilidade da instituição junto à comunidade e investidores.

O processo de análise de crédito para pessoa física baseia-se na qualidade e nas decisões decorrentes, visando identificar os riscos para a organização que está concedendo o crédito e evidenciar conclusões quanto á capacidade de repagamento do tomador.

Conceder créditos é uma questão de risco e oportunidade, então quais os critérios utilizados que restringem ou que levam a concessão do crédito bancário?

É comumente conhecido o papel dos bancos como intermediadores de crédito, no entanto, pouco se conhece a base em que os mesmos se apóiam para concedê-los, isto tem ocorrido devido à escassez de informações ou até mesmo por questões de interesse. A questão levantada possibilitou a percepção de que este é um campo a ser explorado e conhecido e fez aflorar a oportunidade da criação deste trabalho.

Este artigo contempla uma abordagem teórica sobre instrumentos utilizados para análise e concessão de créditos, incluindo as técnicas de análise, identificação dos riscos envolvidos, demonstrando por fim a utilização dessas técnicas na prática.

Sem dúvida, uma pesquisa bem elaborada e ancorada em fontes referenciais seguras pode proporcionar o levantamento de informações consistentes que auxiliam um processo decisório ou enriquecimento intelectual a respeito de um assunto.

Os objetivos da pesquisa são determinados de maneira a trazer as informações que solucionam o problema da pesquisa. É um processo interdependente e que exige total coerência entre o problema definido e os objetivos do projeto de pesquisa. (SAMARA; BARROS, 2002, p.12)

Em concordância ao acima exposto, esta pesquisa se discorre sobre as indiscutíveis vantagens que a concessão de créditos trouxe para as empresas em geral e proporcionaram também a capacidade de subsistência e expansão de forma equilibrada aos tomadores de crédito. No entanto, atraídos pela excelente oportunidade de crescimento ou de saldar dívidas, muitas vezes não se conhece os critérios para a restrição ou concessão de créditos nas redes bancárias.

E isto justifica a demanda intensa e a oferta diversificada de créditos bancários. Foi exatamente esta falta de informação que nos proporcionou a oportunidade de levantar os dados, procedimentos e recursos tecnológicos utilizados pelas instituições bancárias ao conceder créditos, garantindo sua rentabilidade em segurança.

Deve, portanto, esta pesquisa ser entendida como um meio de obtenção de informações para posteriormente, dar base a decisões mais assertivas para o futuro tomador de crédito.

Optou-se pelo método analítico de caráter exploratório visando obter dos vários referenciais teóricos (livros, artigos, pesquisa bancários e periódicos) o cruzamento e identificação de informações que evidenciassem claramente as normas, políticas e procedimentos bancários no gerenciamento das análises financeiras para concessão ou restrição de créditos. O universo do estudo corresponde às redes bancárias do Brasil.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ENFOQUES GERAIS- ANÁLISE DE CRÉDITOS

2.1.1 CRÉDITOS- CONCEITOS

Segundo Schrickel (1998), crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente, depois de decorrido o tempo estipulado. Além desse conceito, pode-se afirmar que:

a) crédito é lógica, bom senso; é um raciocínio;

b) crédito é confiança;

c) crédito requer garantia e conhecimento;

d) crédito implica aceitar riscos.

O crédito, sem dúvida, cumpre importante papel econômico e social, á saber: a) possibilita ás empresas á aumentarem seu nível de atividade; b) estimula o consumo influenciando na demanda; c) ajuda ás pessoas a obterem moradia, bens e até alimentos; d) facilita a execução de projetos para as quais as empresas não disponham de recursos próprios suficientes. A tudo isso, entretanto, deve-se acrescentar que o crédito, pode tornar empresas ou pessoas físicas, altamente endividadas, assim pode ser forte componente de um processo inflacionário. (SILVA, 2006, p.44)

2.1.2 ANÁLISES DE CRÉDITOS

Conforme Tofóli (2008), as operações a prazo, devem ser efetivadas com base em uma análise criteriosa dos dados cadastrais, ou seja, a situação do cliente deve ser monitorada sempre, independente se será a primeira ou segunda vez que tomará o crédito. É importante o acompanhamento do seu histórico de pagamento, pontualidade ou atraso, no cumprimento de suas obrigações financeiras.

A análise de crédito envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas. Esta habilidade depende da capacidade de analisar logicamente situações, não raro, complexas, e chegar a uma conclusão clara, prática e factível de ser implementada. (SCHRICKEL, 2000, p.27)

A política de crédito de uma empresa é um elemento fundamental na determinação da estratégia de expansão de seus negócios. Ao fazer uso de tal ferramenta, a organização deve levar em consideração os custos de manutenção dessa política, bem como, analisar as condições da operação; a quem conceder crédito; metodologia de cobrança ou recuperação de créditos; prazo; padrão de créditos e concessões de descontos.

Para que ocorra uma análise minuciosa de risco da operação de concessão de crédito à pessoa física, é preciso passar por algumas fases distintas durante o processo. Santos (2006) define seis fases para este processo, conforme a seguir:

2.1.2.1 ANÁLISE CADASTRAL

A análise cadastral refere-se a processo de análise dos dados de identificação dos clientes. Conforme Blatt (1999), evidencia, o sucesso da concessão do crédito,depende de informações confiáveis a respeito do cliente. Santos (2006) complementa, dizendo que:

O levantamento e a análise das informações básicas de crédito são requisitos fundamentais para a determinação do valor do crédito, prazo de amortização, taxas de juros e, se necessário reforço ou vinculação de novas garantias.(SANTOS, 2006, p. 47).

Os dados que deverão ser identificados para análise, segundo Santos (2006), deverão ser os seguintes:

a) escolaridade;

b) estado Civil;

c) idade;

d) idoneidade;

c) moradia (se própria ou alugada e tempo de residência);

e) número de dependentes;

f) renda (principal e complementar);

g) situação legal dos documentos; e

h) tempo no atual emprego ou atividade exercida.

Santos (2006), ainda defende que no processo de análise de crédito deve-se considerar todas as informações relacionadas com a situação financeira do cliente, pois a análise conjunta dos dados irá fornecer informações mais precisas para a tomada de decisão. Para Schrickel (2000), o agente de crédito deve atentar para a seguinte documentação legal:

a) certidão de Casamento, se casado (a);

b) cédula de Identidade (RG);

c) cartão de Identificação do Contribuinte (CPF);

d) declaração de Bens (anexo da declaração do Imposto de Renda),

e) comprovante de rendimentos;

f) comprovante de residência;

g) procurações (se houver);

h) cartões de Instituições Financeiras (originais); e

i) ficha Cadastral preenchida e assinada.

Por fim Blatt (1999), explica que a ficha cadastral é um resumo da vida do cliente, por meio da qual o credor tem a possibilidade de obter um conhecimento inicial sobre o mesmo.

2.1.2.2 ANÁLISE DE IDONEIDADE

Já a análise de idoneidade consiste no levantamento e análise de informações relacionadas à idoneidade do cliente com o mercado de crédito. Segundo Santos (2006), esta análise baseia-se na coleta de informações sobre o solicitante do crédito junto às empresas especializadas no gerenciamento de risco de crédito. Empresas como Serasa e SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) são exemplos de organizações que podem fornecer informações úteis sobre a situação de crédito do cliente.

Para Santos (2006), a análise da idoneidade deve ser um das primeiras informações averiguadas, pois caso o cliente não possua informações negativas as demais informações poderão ser coletadas e analisadas para a análise do risco total.

A idoneidade do cliente pode ainda ser classificada em quatro categorias, conforme Santos (2006):

a) sem Restritivos: quando não há informações negativas sobre o cliente no mercado de crédito;

b) alertas: quando há registros antigos no mercado de crédito, já solucionados, que não impedem a concessão de novos créditos. Apenas ocorre a exigência de uma análise mais criteriosa por parte do agente de crédito;

c) restritivos: indicam que o cliente possui informações desabonadoras no mercado de crédito. São exemplos: registros de atrasos, renegociações e geração de prejuízos a credores. Podem ser classificadas como de caráter subjetivo (de uso interno de instituições do mercado de crédito) ou de caráter objetivo, tais como protestos, registros de cheques sem fundo, ações de busca e apreensão, dentre outros.

d) impeditivos: são apontamentos que impedem que pessoas físicas atuem como tomadores de crédito, a exemplo de bloqueios de bens, impedimentos no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), proibições legais de concessão de crédito, dentre outros.

2.1.2.3 ANÁLISE FINANCEIRA

Em relação à análise financeira Blatt (1999), explica que a mesma é primordial para a determinação das forças e fraquezas financeiras do cliente, a partir das informações das demonstrações financeiras do mesmo. A análise da renda total do cliente e posterior análise de compatibilidade com os créditos pretendidos é uma fase de vital importância no processo de análise dos riscos de crédito.

Para Blatt(1999), deve ser dada atenção especial à análise da renda, pois consideram existir relação direta entre a renda e a taxa de inadimplência de pessoas físicas. Santos (2006) ainda diz que é de suma importância determinar o valor exato da renda e a sua regularidade, bem como a probabilidade de continuar sendo recebida. Desta maneira é possível identificar fatores que poderão vir a prejudicar o futuro pagamento da dívida contraída

No caso de pessoas físicas autônomas ou profissionais que trabalhem em atividades sazonais, o agente de crédito deve tomar especial cuidado com discrepâncias na renda média mensal do cliente. Para Santos (2006), nessa situação, a comprovação da renda é de extrema dificuldade e por isso o agente de crédito deve se basear em cálculos aproximados a partir de demonstrativos bancários, tais como extratos de contas bancárias.

2.1.2.4 ANÁLISE DE RELACIONAMENTO

A análise de relacionamento baseia-se principalmente na análise realizada sobre as informações extraídas do histórico do relacionamento do cliente com o credor e o mercado de crédito. Quando o cliente já é conhecido da instituição de concessão de crédito, é possível extrair informações de créditos adquiridos anteriormente, taxas de juros aplicadas, freqüência de utilização, pontualidade na amortização, dentre outros.

Santos (2006), acredita que essa análise de relacionamento auxilia na análise da idoneidade do cliente e pode garantir uma decisão mais favorável ou não à concessão do crédito. Contudo, aponta a dificuldade dos agentes de crédito de conseguirem informações precisas junto a outras instituições de crédito devido à necessidade de manter sigilo sobre as operações com que trabalham. Conhecer o patrimônio dos clientes é importante no processo de análise de crédito, principalmente para que seja possível vinculá-lo em contratos de crédito sempre que for verificada a existência de algum risco maior.

2.1.2.5 ANÁLISE PATRIMONIAL

A análise patrimonial é frequentemente utilizada para a avaliação das garantias que os clientes podem oferecer para vincularem ao contrato de concessão, segundo Santos (2006). O autor define garantia como a vinculação de um bem que assegure a liquidação do crédito caso o tomador não honre suas dívidas.

Entretanto Blatt (1999), defende que a concessão do crédito não pode estar atrelada ao bem disposto como garantia, pois assim a organização estaria comprando um bem que não é de interesse.

Santos (2006) ,complementa dizendo que a finalidade da garantia é evitar que fatores imprevisíveis impossibilitem a quitação do crédito adquirido pelo solicitante.

Além disso Santos (2006), diz que as garantias reais (bens) devem ser corretamente analisadas para se verificar a possibilidade de solvência das mesmas, assim como seu valor de mercado real e a existência de ações legais que impeçam que sejam utilizadas.

2.1.2.6 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

A análise de sensibilidade é uma fase extremamente importante do processo de análise de concessão de crédito. É através dela que o agente de crédito ou analista financeiro irá monitorar a situação macroeconômica a fim de prever situações que poderão aumentar o nível de risco da operação.

Santos (2006), cita como exemplo o monitoramento das taxas de juros. Esses aumentos podem desencadear redução do nível de atividade econômica e até recessão, reduzindo a capacidade de geração e retenção de caixa das pessoas físicas, comprometendo a capacidade de pagamento das mesmas.

É importante que os analistas de crédito monitorem a situação do mercado a fim de prever situações de desequilibro na economia que poderão acarretar um aumento na inadimplência de suas carteiras de crédito. Blatt (1999) explica que uma correta avaliação do mercado pode ajudar a definir quais taxas serão praticadas, quais prazos de pagamento são mais favoráveis e em quais situações o solicitante poderá vir se tornar inadimplente.

Segundo Tófoli (2008), ao estabelecer a política de análises de créditos a empresa deve elaborar parâmetros que definam a concessão ou não, verificar as condições que definiram a restrição ou concessão, o valor do limite do crédito, estabelecer normas realizáveis para que as vendas ocorram em maior volume e o recebimento seja seguro.

A eficácia de uma política de crédito é notada quando ocorre a adequação do “volume de vendas desejado” ao “fluxo de caixa” gerado pela política adotada. Visto que, os objetivos da venda ou concessão de créditos são fatores alternantes da necessidade de financiamento de uma empresa ou rede bancária e tais alterações pode confrontar-se com a política estipulada, podendo afetar a imagem da empresa ou a sua relação com a concorrência. Neste contexto, cabe ainda a busca constante por inovações na oferta; produtos de última geração; profissionais especializados e arsenal tecnológico capazes de aguçar e satisfazer a necessidade dos clientes de forma a obter a rentabilidade esperada e manter a credibilidade da instituição.

Ao optar por uma política de crédito o gestor de tal estratégia deve disciplinar os procedimentos e ferramentas que darão apoio a suas decisões gerenciais. Por isso, são imprescindíveis estruturas cadastrais baseadas em informações sociais, composição de capital, endereço e referencias comercial e bancárias; que subsidiarão e apoiarão o processo decisório de crédito, permitindo a identificação, o conhecimento, avaliação da capacidade de pagamento do proponente de operações de crédito.

Uma vez cumprida a avaliação criteriosa, é de fundamental importância considerar que a opção por uma política de crédito liberal provoca elevação do volume de vendas acompanhado do risco de inadimplência maior que uma política de crédito rígida que naturalmente restringe o volume de vendas. Assim, com uma política de crédito liberal, isto é, com o abrandamento do rigor estabelecido no critério de concessão de crédito, gerará elevação nos valores vendidos implicando em possíveis perdas por não pagamentos. Por outro, ao se aplicar uma política mais rigorosa reduz-se as vendas e se tem garantia de recebimentos. A política mais liberal refere-se á ampliação de prazo concedido ou abrandamento das exigências contidas nos critérios enquanto que a política mais rígida refere-se ao contrário. (TÓFOLI, 2008, p.82)

2.2 MÉTODOS DE ANÁLISE DE CRÉDITOS

Na análise de créditos existe sistema que auxiliam o processo decisório, dentre os quais se destacam:

Os cinco Cs: sistema que permite o estudo do cliente quanto a caráter, a sua capacidade, o capital, as condições econômicas e a cessão de ativos como garantia.

O sistema de pontuação: é a graduação em pontos de uma série de variáveis: situação patrimonial e garantias; sendo suas experiências anteriores possuidoras de um determinado peso na análise.

Análise das Demonstrações Financeiras: sistema bastante utilizado em conjunto com os 5Cs. Neste sistema existe a possibilidade de conhecer e examinar o cliente tecnicamente, através da análise de balanços dos índices de liquidez, rentabilidade, endividamento e caixa, de acordo com Santos (2006)

Conceder créditos é uma estratégia que deve ser analisada a miúde; requer muito cuidado, pois o gestor deve estabelecer os fatores para a concessão com base na qualidade do cliente, no montante de crédito solicitado, nos padrões éticos e buscar não concentrar demais para que reduza e dissolva o risco da operação.

2.3 MÉTODOS CREDIT SCORING DE ANÁLISE DE CRÉDITO

A aplicação de modelos de credit scoring e outras ferramentas para análises de crédito se iniciaram na década de 1930, em companhias seguradoras, conforme Blatt (1999).

O termo credit scoring é utilizado para descrever métodos estatísticos adotados para classificar candidatos à obtenção de um crédito em grupos de risco. Segundo Blatt (1999) a partir do histórico de concessões de crédito efetuadas por uma instituição de crédito é possível, através de técnicas estatísticas, identificarem as variáveis sócio-econômicas que influenciam na capacidade do cliente em pagar o crédito, ou seja, na qualidade do crédito da pessoa física.

O método de credit scoring é baseado na classificação de candidatos a crédito em grupos de acordo com seus prováveis comportamentos de pagamento. Santos (2006) complementa, explicando que o modelo, baseado em informações do passado recente da carteira de crédito, gera notas (scores) para novos candidatos ao crédito que representam a expectativa de que os clientes paguem suas dividas sem se tornarem inadimplentes.

A partir de uma equação gerada através de variáveis referentes ao candidato à operação de crédito, os analistas de credit scoring geram uma pontuação que representa o risco de inadimplência, ou seja, o escore que resultante da equação de credit scoring pode ser interpretado como probabilidade de inadimplência.

Assim, a idéia essencial dos modelos de credit scoring é identificar certos fatores-chave que influenciam na adimplência ou inadimplência dos clientes, permitindo a classificação do mesmo em grupos distintos e, como conseqüência, a decisão sobre a aceitação ou não do crédito em análise.

A diferenciação desse modelo em relação aos modelos subjetivos de análise de crédito se dá pelo fato da seleção dos fatores-chave e seus respectivos pesos serem realizada através de processos estatísticos. Além disso, a pontuação gerada para cada cliente, a partir da equação do modelo credit scoring, fornece indicadores quantitativos das chances de inadimplência desse cliente, conforme Blatt (1999).

Blatt (1999), ressalta que a metodologia básica para o desenvolvimento de um modelo de credit scoring não difere entre aplicações para pessoa física ou jurídica, sendo que as seguintes etapas devem ser cumpridas para o seu desenvolvimento:

Planejamento e definições: mercados e produtos de crédito para os quais será desenvolvido o sistema, finalidades de uso, tipos de clientes, conceito de inadimplência a ser adotado e horizonte de previsão do modelo;

Identificação das variáveis potenciais: caracterização do proponente ao crédito, caracterização da operação, seleção das variáveis significativas para o modelo e análise das restrições a serem consideradas em relação às variáveis;

Planejamento amostral e coleta de dados: seleção e dimensionamento da amostra, coleta dos dados e montagem da base de dados;

Determinação da fórmula de escoragem através de técnicas estatísticas, como por exemplo, a análise discriminante ou regressão logística; e

Determinação do ponto de corte, a partir do qual o cliente é classificado como adimplente ou bom pagador; em outras palavras, é o ponto a partir do qual a instituição financeira pode aprovar a liberação do crédito.

Verifica-se, portanto, que os modelos de credit scoring podem trazer significativos benefícios à instituição quando adequadamente desenvolvidos e utilizados. No entanto, eles também possuem limitações que precisam ser bem avaliadas antes do desenvolvimento e implementação de um modelo dessa natureza.

2.4 INTRODUÇÃO À ATIVIDADE BANCÁRIA

A atividade de analisar e gerenciar créditos possui caráter relevante na manutenção e dinâmica da economia de um país, visto que por meio do crédito as empresas podem adquirir recursos para atender suas necessidades de investimento e de capital de giro e, de igual forma também precisam as pessoas físicas. E nesse contexto, cabe aos bancos desempenhar a função de intermediar o suprimento financeiro de tais recursos.

A compreensão sistêmica do processo é uma necessidade para os gestores de créditos e de outras atividades financeiras, uma vez que, a qualidade de uma carteira de crédito depende de fatores (política de crédito, qualidade dos recursos humanos, recursos materiais e tecnológicos) que fundamentam a concessão ou a restrição da operação, fatores estes que podem contribuir positivamente para o aumento de lucros, diminuição dos riscos ou negativamente levando o tomador de créditos a insolvência, ou a quebra da empresa ou do órgão concedente.

A intermediação financeira é o grande cenário do qual a atividade de crédito faz parte. As operações passivas de um banco consistem em captar dinheiro junto aos depositantes. As operações ativas consistem em emprestar o dinheiro que captou. As funções de captar e emprestar caracteriza a atividade de intermediação financeira desenvolvida pelos bancos. (SILVA, 2006, p.2)

Intermediar recursos financeiros pode ser compreendido como a captação de recursos junto às unidades econômicas superavitárias onde os bancos desempenham suas funções ativamente (quando empresta os recursos que captou) e passivamente (quando captam os recursos dos depositantes). Aos bancos cabe o papel de gerir tais recursos de forma criativa desenvolvendo modalidades diversas de créditos aos seus clientes, tais como: cartões de créditos, empréstimos, financiamentos e outros.

Segundo Silva, (2006) são processos como estes que desencadeiam a principal fonte de renda bancária, ou seja, na diferença entre as taxas de juros pagas aos fornecedores de fundos e taxas de juros cobradas dos demandadores.

2.4.1 TIPOS DE EMPRÉSTIMOS

Um banco é a instituição financeira que aceita depósitos e concede empréstimos. O banco tem por funções depositar capital em formas de poupança, emprestar dinheiro, financiar automóveis e casas, trocar moedas internacionais, realizar pagamentos, etc.

Toda e qualquer operação de empréstimo deve envolver: o valor do crédito concedido; a taxa de juros remuneratórios a ser paga pelo devedor ao credor; a forma de amortização dos juros e do principal da dívida; o prazo final para o vencimento da dívida; as características das garantias à operação dadas pelo devedor e aceitas pelo credor; e o contrato formal consensualmente pactuado entre as partes. (FORTUNA, 2010, p.191)

O Banco pode oferecer para o tomador vários tipos de empréstimos, conforme a seguir:

Empréstimo para Aposentados e Pensionistas do INSS: Para aposentado ou pensionista do INSS. Necessitam do número do benefício, RG, CPF e comprovante de residência. Até 60 meses para pagar. Desconto direto do benefício. Sem consulta ao SPC/Serasa.

Empréstimo para compra de automóveis: Empréstimo ou financiamento de veículos é exigido pela financeira como garantia a alienação fiduciária de veículo.

Empréstimo Pessoal: O Empréstimo Pessoal é uma operação financeira de crédito rápido. O tempo e o valor das parcelas variam de acordo com a necessidade e capacidade de pagamento do tomador. È debitado em conta corrente.

Empréstimo Consignado: O Empréstimo Consignado é uma linha de crédito pessoal aberta para funcionários de empresas privadas, também muito utilizadas pelos aposentados e pensionistas do INSS, servidores públicos em geral e militares das forças armadas. O valor é descontado direto na Folha de Pagamento.

Crédito Imobiliário: Essa opção de empréstimo, o imobiliário é interessante para quem quer comprar uma casa ou reforma.

Crédito Rural: O crédito rural serve para investimentos feitos em empresas ou pessoas físicas que trabalham com o meio Rural.

Empréstimo com Cheque especial: Neste tipo de empréstimo o banco que o cliente tem conta corrente disponibiliza um crédito pré-aprovado com um limite de recurso em dinheiro estabelecido de acordo com o perfil do correntista que pode usar como empréstimo com cheque especial quando quiser. A única facilidade é não ter que pedir o dinheiro emprestado na hora de ter que equilibrar o orçamento ou em uma emergência. O ponto negativo são os juros altos cobrados, e o fato de achar que esse dinheiro faz parte de sua renda. É bom pensar muitas vezes antes de utilizar cheque especial como empréstimo de dinheiro.

Empréstimo com Penhor: Com esse tipo empréstimo a pessoa tem acesso a um crédito rápido, se livra de análise de cadastro de crédito e não tem que apresentar nenhum avalista. Além disso, o consumidor pode estar com o nome sujo (inscrito em cadastros do SPC, Serasa ou CCF), ou seja, pode estar inadimplente que ainda assim pode penhorar qualquer coisa sem problema. Apesar das facilidades do empréstimo com penhora, é preciso ter cuidado com os custos do penhor, os juros e tarifas são altos.

Antecipação de Recebíveis: Antecipação de IR, de forma rápida e segura. Para solicitar a antecipação, deve-se indicar na declaração enviada à Receita Federal a conta corrente para o crédito da restituição do IRPF, ou efetuar a contratação na agência, para isso basta levar a declaração.

Neste contexto, gerir créditos deve ser uma atividade praticada a miúde, pois a função de gerenciar créditos constitui também na capacidade de avaliar o pagamento do tomador, visando assegurar a solidez e reputação bancária e redução dos riscos.

2.5 AVALIAÇÃO DO RISCO E DECISÕES DE CRÉDITO BANCÁRIO ÀS PESSOAS FÍSICAS

A avaliação e decisões do crédito nas redes bancárias são inerentes de uma análise minuciosa e política de crédito rígida. Medir os riscos da operação é tarefa indispensável para o gestor; uma vez que tal fator é um perigo inerente a todas as atividades, de acordo com Fortuna (2010).

O risco representa a incerteza em relação às conseqüências e resultados decorrentes de uma decisão. Seus efeitos podem ser amenizados desde que seja identificado e a exposição a ele controlada.

Por ser intermediadora de recursos, a exposição a riscos no setor bancário é elevada e constante; e deve ser ajustado de forma a minimizar as perdas e garantir aumento dos bons resultados.

O processo decisório de crédito bancário é caracterizado por quatro fatores principais que conforme Silva (2006) são:

a) iniciação: fase esta responsável pela identificação do cliente e sua capacidade legal e solvência econômica, nesta fase objetiva-se colher o maior volume de informações possíveis sobre o cliente, e deve ser executada em sua totalidade, pois uma iniciação deficiente ou conhecimento inadequado do cliente implicam em maior risco para a operação.

b) aprovação: neste momento, o gestor já tem avaliado o tipo de operação solicitada; conhece suas características (valor, prazo, rentabilidade, garantias) e enquadramento nos critérios da instituição financeira. É ainda nesta fase que ocorre o deferimento ou não da operação, que deve ser formalizada e liberada de acordo com os procedimentos para cada tipo de produto.

c) administração: acompanhamento constante e periódico da operação, mensuração do risco que a mesma oferece e elaboração de planos de ação para minimizá-los.

d) recuperação: política de cobrança empregada para recuperar o crédito concedido.

A política de crédito bancária objetiva sempre conceder linhas de crédito, proteger o capital do banco, preservar a rentabilidade patrimonial, manter a credibilidade com os investidores que mantêm relação direta e indireta.

CONCLUSÃO

A elaboração de uma política de crédito e técnicas de análise adequadas depende de um consistente serviço de inteligência e análise criteriosa com base no conhecimento global do cliente e das ações que compõe a política de crédito bancária. Tal conhecimento é totalizado através do cruzamento de dados coletados, e de posse destas informações obtém-se a possibilidade de efetivar a operação de crédito e obter a compreensão das necessidades do cliente e da empresa ao optar pela concessão dos créditos.

As análises racionais nas operações de crédito possibilitam a redução dos riscos do crédito e garante maior estruturação das operações bancárias e ainda viabiliza a determinação de novas estratégicas fazendo com que os bancos ganhem forças competitivas e mantenham a qualidade da carteira de crédito.

O gerenciamento adequado do crédito é parte da postura tecnológica e do profissional operante, pois diante de tantas transformações tecnológicas, torna-se necessária a adequação e utilização também destas ferramentas como diferencial competitivo. Pois pessoas qualificadas são cada vez mais necessárias no mundo dos negócios, bem mais ainda no meio bancário, especialmente nos cargos de gerência, e uma empresa com alta tecnologia consegue se despontar no mercado, ganha com credibilidade, reputação e aumento na lucratividade.

REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, A. Silva, C. A. T. Administração do Capital de Giro. 3 ed.São Paulo: Atlas,2002

BLATT, A. Avaliação de Riscos e Decisão de Crédito: um Enfoque Prático. São Paulo: Nobel, 1999.

BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1999.

FARIA P. Gestão pelo Caixa. Suma Econômica. Copyriht. RJ

FORTUNA, E. Mercado Financeiro: Produtos e Serviços. 17º ed.rev. e atual. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010.

SAMARA, B. S.; BARROS, J.C. Pesquisa de marketing: conceito e metodologia, 3 ed.São Paulo; Prentice HALL,2002

SANTOS, J. O. Análise de Crédito: Empresas e pessoas físicas. 2º ed. São Paulo: Atlas, 2006.

SCHRICHEL, W. K. Análise de Crédito: Concessão e Gerência de Empréstimos. 4ºed. São Paulo: Atlas, 2000.

SILVA, J. P. Da. Gestão e análise do risco do crédito. São Paulo: Atlas, 2006.

TÓFOLI, I. Administração Financeira Empresarial: Uma Tratativa Prática. 1° ed. Campinas: Arte Brasil, 2008.

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III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO

UNISALESIANO

Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores

Lins, 17 – 21 de outubro de 2011

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