RECOMENDAÇÕES PARA VIAJANTES QUE VÃO À COPA DO …



recomendações para viajantes - Copa do Mundo - África do Sul

Sociedade Brasileira de Infectologia

Infectologistas da SBI e especialistas na área de Medicina de Viagem apresentam importantes recomendações para que os colegas infectologistas orientem às pessoas que viajarão para o continente africano no próximo mês por ocasião da Copa do Mundo.

“Como em qualquer país da África, é sempre bom lembrar que existem riscos de saúde causados por doenças endêmicas, como a malária, ou doenças transmitidas por picadas de insetos. Igualmente relevantes são os cuidados com o consumo de água e alimentos contaminados”, recomenda a Coordenadora do Comitê Científico de Medicina de Viagem da SBI, Sylvia Lemos Hinrichsen, docente da Universidade Federal de Pernambuco. Segundo ela, daí a importância de quem for viajar para qualquer local do continente africano estar atento à adoção de medidas preventivas, especialmente a vacinação contra certas doenças (ver quadro abaixo).

|RECOMENDAÇÕES DE VACINAS PARA A ÁFRICA DO SUL |

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|Febre Tifoide |

|Vacinar todos os viajantes |

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|Febre Amarela |

|Para os viajantes procedentes de áreas de risco (incluindo o Brasil). É necessário o comprovante internacional de |

|vacinação. Pessoas com imunodepressão, gestantes e crianças com menos de nove meses de vida não devem ser vacinadas. |

|Nestes casos, deve-se obter uma declaração médica de isenção de vacinação e profilaxia da Febre Amarela. |

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|Hepatite A / B |

|Vacinar todos os viajantes |

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|Raiva |

|Para os viajantes em áreas rurais e ou de alto risco para mordeduras de animais ou que estejam envolvidos em atividades |

|que possam levá-los ao contato direto com animais, especialmente morcegos. |

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|Sarampo, Caxumba e Rubéola (SCR) |

|Vacinar todos os viajantes sem imunidade comprovada contra estas doenças. |

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|Tétano e Difteria |

|Vacinar todos os viajantes. Lembrar que quem já for vacinado deverá fazer reforços da vacina a cada dez anos. |

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Segundo a especialista, os locais de maior risco de infecção por malária na África do Sul são Mpumalanga Province (incluindo Kruger National Park), Limpopo Province, Northern Province e algumas regiões de KwaZulu-Natal. O período do ano em que esse risco é maior situa-se entre os meses de outubro a maio, o que não exclui a necessidade de se adotar medidas profiláticas anteriores à viagem. Ela recomenda como prevenção contra picadas de mosquitos e outros insetos que se evite os períodos de maior circulação, entre o entardecer e o amanhecer, além do uso de roupas de mangas longas, calças compridas, camisetas ou camisas por dentro da calça, dando preferência por roupas claras ou brancas. Também deve-se evitar o uso de perfumes, cremes ou loções pós-barba. Outra orientação é que se utilize mosquiteiros, telas nas janelas ou manter o ambiente fechado após controle do mosquito.

O infectologista paranaense Jaime Rocha, da diretoria da SBI e também especialista em Medicina de Viagem, chama a atenção para os sinais da doença, que ele descreve como febre alta com calafrios, náuseas, vômitos, diarreia, dores pelo corpo e icterícia (amarelão). “Como o período médio de incubação desta doença é de duas semanas, se a pessoa apresentar estes sintomas até seis meses após o retorno, deve comunicar o médico para que seja investigada a possibilidade de malária”, comenta Rocha. Ele alerta que a infecção pode ocorrer mesmo que a pessoa tenha tomado medicamentos profiláticos e usado adequadamente as proteções contra mosquitos.

A coordenadora do Comitê de Medicina de Viagem da SBI comenta que recentemente foi detectado um surto da Febre do Vale Rift na África do Sul, mas que está diminuindo. Segundo Sylvia, parece que não há risco real para os turistas, a menos haja contato direto com tecido animal infectado. Ela diz ter que espera-se para os próximos dias um novo comunicado sobre o caso de um turista alemão considerado como positivo para RVF. “Parece que este turista não teve RVF e que o teste laboratorial pode ser um ‘falso positivo’. Mesmo assim, diante de pequenas possibilidades, considera-se importante que todos os viajantes saibam um pouco o que vem a ser a Febre do Vale do Rift para uma maior prevenção”, observa Sylvia.

Repelentes

Para uso na própria pele, são recomendados os repelentes à base de N,N-diethyl – 3 – methylbenzamide (DEET 50%) ou Icaridina. Ao aplicá-lo, no corpo, deve-se usar o suficiente para cobrir a pele exposta (não aplicar sobre a pele embaixo da roupa). Não é recomendada a aplicação sobre feridas ou pele irritada, além de evitar aplicá-lo nas áreas dos olhos e boca. O produto não deve ser usado em áreas fechadas, evitando-se também aspirá-lo. Se for um repelente com concentração baixa (< 10 %), a aplicação deverá ser repetida a cada 1 a 2 horas; já aqueles com concentração de 50%, o uso deve ser a cada 5 horas.

Um conselho do infectologista paranaense para quem irá visitar os parques sul-africanos é o cuidado com carrapatos. “A pessoa deve examinar e bater suas roupas e calçados antes de vesti-los, bem como a roupa de cama, fazendo uma verificação permanente da presença de carrapatos”, alerta. Segundo ele, para o preparo de vestimentas e do ambiente, o ideal é borrifar repelentes à base de permetrina em roupas, sapatos, telas, redes, material de camping, repetindo a aplicação a cada cinco lavagens.

Diarreia

As principais doenças adquiridas pela ingestão de água e ou de alimentos contaminados são a hepatite A, a febre tifoide e a chamada diarreia do viajante, afirma a infectologista pernambucana. Segundo ela, para se prevenir a diarreia do viajante, deve-se evitar o consumo de água e de alimentos contaminados. “Devemos orientar nossos pacientes para sempre ingerir produtos de boa procedência, de preferência cozidos ou industrializados. Também é fundamental que se lave as mãos antes e após as refeições ou quando do uso de banheiros”, alerta Sylvia. Segundo a especialista, em caso de diarréia leve, com uma ou duas evacuações líquidas em 24 horas, é importante aumentar a ingestão de líquidos. Em casos moderados, em que ocorrem mais de duas evacuações em 24 horas, acompanhadas de outros sintomas, pode ser necessário o uso de antibióticos e medicamentos sintomáticos, que devem ser previamente orientados e prescritos por um médico.

Mas ela chama a atenção para as situações de maior gravidade, com a ocorrência de mais de seis evacuações em 24 horas ou presença de febre ou diarreia com sangue, com dor abdominal importante. Nesse caso, ela afirma que poderá ser necessário o uso de antibióticos por três dias, sempre por recomendação médica, lembrando que não devem ser usados medicamentos antidiarreicos.

“Orientamos que os viajantes levem um antibiótico para ser iniciado imediatamente, caso ocorra diarreia significativa, definida como três ou mais vezes em um período de oito horas, cinco ou mais vezes em um período de 24 horas, especialmente se for acompanhado por náuseas, vômitos, cólicas, febre ou sangue nas fezes, e se estiver sem condições de assistência médica”, recomenda a médica. “Se a diarreia é grave ou persiste por mais de 72 horas, a assistência médica deve ser procurada o mais rápido possível”, alerta Sylvia.

Cuidados com o calor

Para se prevenir contra os efeitos do calor, Rocha recomenda que se mantenha adequada hidratação, com ingestão de água engarrafada e sucos industrializados. “Bebidas alcoólicas aumentam a sede e pioram a desidratação”, lembra o médico. Usar roupas claras e leves, de preferência de mangas longas, que protejam do sol e da picada de insetos, além de chapéu e óculos de proteção, também ajudam a amenizar os efeitos do calor. Ele também recomenda não andar ao ar livre nas horas mais quentes do dia, permanecendo em locais onde haja sistema de refrigeração. Utilizar protetor solar com, no mínimo, fator 15 sempre que se expuser a ambientes externos, reaplicando a cada 4 horas e usar protetores labiais com filtro solar para evitar lesões e, consequentemente, os riscos de aparecimento do herpes labial também ajudam na proteção.

Cuidados com a água e alimentos que se consomem são recomendações essenciais para viajantes (veja lista abaixo). A dica do médico paranaense é que até mesmo a escovação dos dentes seja feita somente com água mineral, tratada ou fervida. “É importante lembrar que não se pode considerar a água como segura para consumo baseado em aparência, odor ou sabor e, infelizmente, não há métodos totalmente satisfatórios de uso rápido”, alerta Rocha.

Precauções com alimentos e água

• Não beber água da torneira ou fervida, filtrada ou quimicamente desinfetada. Não ingerir bebidas na própria garrafa e ou acompanhada de pedras de gelo.

• Não comer frutas ou vegetais que não tenham sido cozidos.

• Evitar alimentos cozidos que não estiverem quentes, pois aqueles que forem deixados à temperatura ambiente podem se deteriorar e causar doenças

• Evitar leite não pasteurizado e quaisquer produtos que possam ter sido feitos com leite não pasteurizado, como sorvete.

• Evitar alimentos e bebidas comprados diretamente na rua. Não comer carne crua ou mal cozida ou peixe; alguns tipos de peixe podem conter biotoxinas venenosas, mesmo quando cozidos.

Referências:

1 - FIFA. World Cup South Africa 2010 website

2 - Medtravelhealth website - destination: South Africa  

3 - BLUMBERG, Lucille H. et al. The 2010 FIFA World Cup: Communicable Disease Risks and Advice for Visitors to South Africa. Journal of Travel Medicine, vol 17, nº 3, p. 150 – 152, published online 8 Apr 2010. Veja a íntegra do artigo no PEC/SBI Medicina de Viagem clicando aqui.

4 - National Institute for Communicable Diseases (NICD), National Health Laboratory Service (NHLS) - South Africa () 

- A Guide for 2010 FIFA World Cup Visitors to South Africa

- Communicable Diseases Surveillance Bulletin, March 2010, Volume 8, no. 1

- Travel Advisory - Communicable Diseases and 2010 FIFA World Cup

5 - HINRICHSEN, SL.  Traveling to South Africa - World Cup 2010. Veja a íntegra do artigo no PEC/SBI Medicina de Viagem clicando aqui.

6 - HINRICHSEN, SL. et al . Medicina de Viagem (Saúde do Viajante) In: Hinrichsen, SL. Rio de Janeiro. Medsi/Guanabara Koogan. 2005. pp . 942-956.

7 - A Short History of South Africa

8 - South Africa: History, Geografy, Government, and Culture

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