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Packet Radio e Internet

1. Introdução

Temos muito ouvido falar sobre a Internet, seus recursos e suas facilidades. Mas o que é a Internet ? E o radioamadorismo, como ele participa da Internet ?

O objetivo deste paper é mostrar um pouco sobre o mundo do radioamadorismo na Internet. Procuraremos conceituar a Internet, mostrar seus recursos e suas limitações, e, principalmente, mostrar como os radioamadores usufruem dos recursos oferecidos pela rede e como eles contribuem para o desenvolvimento científico na área de redes de computadores.

Também não podemos deixar de cometar sobre a AmprNet (Amateur Packet Radio Network) brasileira, que nestes últimos meses tem evoluído de forma estraordinária, com abertura de novos gateways no país, integrando nossas redes AX25 que até então ficava restrita aos 1200/300bps nas ondas de HF ...

2. A Internet

Historicamente, a Internet nasceu da necessidade do governo americano ter suas redes de computadores interligadas. No início da década de 70, o DARPA (Defense Advanced Project Agency) iniciou o projeto de interligação de redes chamado de “Internetting Project”, objetivando a interligação de órgãos governamentais, universidades e centros de pesquisas.

As ligações entre as redes foram evoluindo para o que conhecemos hoje como Protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol), que define a linguagem de comunicação nas redes de computadores da Internet.

O grande propulsor para o avanço da Internet foi o sistema operacional Unix, que é um sistema multiprocessado e imbute todos os conceitos de interconexão de redes e tem o protocolo TCP/IP nativo, além de ser um sistema aberto e difundido em universidades.

Atualmente a Internet encontra-se espalhada por cerca de 146 países, interligando não somente universidades e centros de pesquisas, mas sim uma infinidade de órgãos, instituições militares e civis, comerciais ou não. A Internet tornou-se a Redes das Redes, pois sua filosofia é de conexões abertas baseadas no TCP/IP, onde cada órgão que queira fazer parte da grande rede liga-se ao ponto mais próximo da rede e assim sucessivamente.

No Brasil, a Internet começou nas universidades, através de um projeto do Ministério da Ciênca e Tecnologia, que definia a Rede Nacional de Pesquisa, a RNP. Atualmente, temos a distribuição da Internet por dois órgãos governamentais, sendo a RNP, através de seus Pontos-de-Presença (POP) nos estados, e a Embratel. Estes são os dois links principais no país, que distribuem as conexões para outras empresas, provedores, universidades, etc., formando a malha naional da Internet, mas com a queda do monopólio das telecomunicações, nada impede que apareça outra empresa qualquer com links para fora do país e repasse as conexões Internet para usuários do Brasil.

3. Os Radioamadores na Internet

Os radioamadores não poderiam ficar fora dessa, ou melhor, eles sempre estão destro dessa, pois, geralmente, são os precursores dos acontecimentos.

As redes de Packet desenvolvida pelos radioamadores cresceu de forma a se tornar um padrão de fato, seja nos comunicados em HF, VHF, UHF ou com Satélites, pois é baseada no protocolo de comunicação AX25 (adaptação do X25 para trafegar no rádio), que possui características muito semelhantes ao protocolo comercial X25, que forma as grandes redes de pacotes comerciais mundias (aqui no Brasil a RENPAC, por exemplo).

A questão era, como interligar a rede de Packet, baseada em AX25, com a Internet, que é baseada em TCP/IP ? Surgiu então os conhecidos gateways *NOS , que são softwares que interligam as redes de Packet com as redes TCP/IP (Internet). Phil Karn (KA9Q) é mundialmente conhecido pode ter iniciado esta interconexão com o software KA9Q NOS (Network Operating System). Com base no KA9Q muitos outros surgiram, como o JNOS, desenvolvido por Johan Reinada WG7J, o TNOS, desenvolvido por Brian Lantz KO4KS, o WNOS, etc.

A idéia básica dos *NOS é disponibilizar os serviços TCP/IP sobre a rede de Packet AX25, onde os recursos existentes na Internet são estendidos sobre a rede de Packet e vice-versa, utilizando-se a infra-estrutura da Internet.

*NOS é o nome genérico que utilizamos para designar qualquer software baseado no KA9Q, trabalhando com TCP/IP e AX25.

4. Serviços Internet (TCP/IP) Rede Packet (AX25)

4.1 Recursos Básicos da Internet

Dentro do mundo Internet, o conectividade é total, ou seja, todas a máquinas conectadas a grande rede podem conversar entre si. Os softwares implementados nessas máquinas é que determinam os recursos disponíveis; vejam, o TCP/IP é apenas a linguagem de comunicação !

Vamos relembrar que temos dois mundos: o da Internet propriamente dita, que possui redes locais interligadas a redes locais através de circuitos dedicados em TCP/IP, seja através de telefone ou de outro meio, possuindo velocidades de comunicação razoável entre as redes, e temos a rede de Packet de Radioamadores, baseada no protocolo AX25, com Nodes (nós roteadores), BBS, baixas velocidades e frequências compartilhadas. Dito isso, é importante estabelecer os limites existentes entre as redes, principalmente a nível de recursos oferecidos nessas redes.

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Podemos classificar os acessos e tráfego na Internet como sendo textual e de modo gráfico. No modo textual, toda a interface com o usuário e o tráfego baseia-se em caracter, enquanto que no modo gráfico, a interface é baseada no Windows.

No Radio Pacote (Packet) para amadores, os softwares *NOS existentes hoje não implementam recursos gráficos (eles até podem ser gráficos localmente, mas não na rede), limitando acessos a recursos gráficos como o World Wide Web (WWW) da Internet, por exemplo, mas isso não torna o recurso inacessível, pois existem muitas formas de acessar os recursos da Internet.

Por outro lado, a Internet oferece um mundo de opções aos usuários de Packet a nível de disponibilização de informações e conexão entre redes.

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Vejamos alguns recursos básicos da Internet que são estendidos para qualquer usuário do Packet.

Obs.: Qualquer software de comunicação usado no packet (BayCom, GP, TPK, WinPack, Terminal, Lan-Link, etc.) pode ser usado para acessar os gateways Internet, mas apenas os softwares *NOS é que implementam o TCP/IP sobre o AX25, o que possibilita que os recursos da Internet sejam extendidos até sua estação, ou seja, com um software *NOS, o usuário é visto por outros usuários da Internet, enquanto que com um software AX25, apenas o gateway é visto pos usuários da Internet.

4.2 Emulação Remota (TELNET)

O serviço Telnet permite uma conexão remota a uma máquina dentro da Internet. Qualquer usuário conectado a rede, pode solicitar uma conexão com outra máquina, independentemente do local e tipo, desde que essa máquina ofereça esse serviço. O TCP/IP garante a unicidade de cada máquina dentro da Internet através dos Números IPs (exemplo 44.174.4.1), que são administrados e coordenados por órgãos responsáveis em cada país.

No Radio Pacote (Packet), é possível conectar qualquer máquina da Internet utilizado-se da infra-estrutura da rede AX25 que suporte o TCP/IP (*NOS).

4.3 Transferência de Arquivos (FTP)

O serviço FTP (File Transfer Protocol) permite que se faça transferências de arquivos entre máquinas da Internet. O usuário solicita o serviço a outra máquina e transfere os arquivos, independentemente do tipo de arquivo e localização da máquina, desde que a máquina ofereça este serviço.

No Radio Pacote (Packet), é possível fazer transferências de arquivos entre máquinas da Internet e máquinas que estejam na rede Packet utilizando o TCP/IP.

4.4 Correio Eletrônico (MAIL)

Um dos serviços mais usados na Internet. O correio eletrônico permite que qualquer usuário que tenha uma conta em uma máquina da internet, comunique-se com outro usuário da rede através de mensagens. Isto abriu as portas para muitos outros recursos baseados em correio eletrônico que estão disponíveis também para a rede de Packet.

Com a integração das redes (Internet e Packet Radio), qualquer usuário da rede de Packet pode enviar/receber mensagens de usuários da Internet. A Integração a nível de correio eletrônico permitiu que os BBS das redes de Packet trocassem mensagens com a Internet, abrindo horizontes antes inexistentes.

O correio eletrônico permitiu a criação de grupos de notícias (NEWSGROUP), que funciona como um centro de distribuição de notícias, com diversos assuntos, permitindo que os usuários enviem e recebam mensagens desses grupos, formando grupos de discussões.

Os radioamadores usufruem muito dos NEWSGROUP, pois existem grupos de discussões específicos para amadores de assuntos diversos (Antenas, DX, Packet, Satélites, etc.), que são acessíveis das redes de Packet. O universo de informações é muito grande, pois a Internet integra muitos centros de pesquisas, como a AMSAT, NASA, CERN, organizações amadorísticas como a ARRL, FCC, TAPR, etc.

Nas redes de Packet, o correio eletrônico é o recursos mais utilizado, pois é menos afetado pelos problemas de velocidade de comunicação e tempo de resposta.

4.5 TCP/IP sobre AX25

A rede de Packet (AX25) suporta o protocolo TCP/IP através do uso de software *NOS e/ou Nodes com roteamento IP (TheNet X1J por exemplo).

A idéia é que se tenha uma porta de entrada para a Internet através de um software *NOS conectado em uma rede local que esteja na Internet. Por exemplo, aqui em Curitiba temos um JNOS conectado na rede local do Laboratório de Informática da Universidade Federal do Paraná, que integra a rede de Packet de Curitiba com a Internet. Os usuários do Packet, podem conectar-se diretamente com o gateway em AX25, utilizando-se dos mais diversos programas de comunicação para esse fim. Uma vez conectado ao gateway, o usuário pode usufruir dos serviços oferecidos pelo gateway (e-mail, telnet, converse, etc.).

Veja, o usuário conectou o gateway de um ponto remoto, via rádio, em AX25, mas ele pode também, usar um software *NOS em sua estação e conectar o gateway em TCP/IP, o que estende alguns serviços da Internet até a sua estação.

Os softwares *NOS nas estações dos usuários, abrem horizontes para serviços da Internet como Mail direto de sua estação, Telnet para outras máquinas, FTP entre máquinas, enfim, a estação remota passa a ter o TCP/IP e faz parte da Internet, acessando-a plenamente e também sendo vista por usuários da rede.

Os gateways *NOS são bem versáteis, pois implementam recursos de BBS, inclusive integrando-se com os BBS das redes de Packet a nível de mensagens (forward entre o F6FBB e o JNOS, por exemplo), disponibilizam conexões em AX25 e TCP/IP para as portas de rádio, integram-se a diferentes tipos de redes baseadas em TCP/IP (Ethernet, PPP, SLIP, etc.), mantém uma ótima conectividade entre redes, oferecendo inúmeros recursos aos radioamadores.

Muitas organizações de amadores, como a AMSAT, ARRL, FCC, centros de pesquisas como a NASA, CERN, etc. possuem máquinas acessíveis pela internet, disponibilizando muitas informações, sendo acessíveis também pelas redes AX25 através dos gateways. Vale ressaltar aqui que os dois recursos mais utilizados pelos amadores a nível de TCP/IP são o correio eletrônico e o telnet (isto se deve ao fato das redes de Packet em AX25 dos amadores não suportarem velocidades suficientes para outros serviços da Internet, como o WWW por exemplo).

Outro grande destaque dos gateways *NOS na Internet é permitir a interligação de redes de Packet de diversos locais, sendo que a Internet oferece apenas o meio de ligação. Por exemplo, hoje temos a rede de Packet do Paraná ligada a rede de Packet de Porto Alegre pelos respectivos gateways *NOS; ligamos também nossa rede de Packet a rede de Montreal, no Canadá, sendo a Internet apenas o elo de ligação.

5. A AmprNet Brasileira

Ainda não foi possível relacionar todos os fatos e acontecimentos que contribuíram para o surgimento e desenvolvimento da Rede Nacional de Packet na Internet, mas, certamente, o Estado de Santa Catarina teve um papel fundamental neste contexto.

Por enquanto, vou restringir-me a relatar a situação atual da AmprNet Brasileira na Internet, com enfoque no Estado do Paraná.

Em meados de 1992, surgiu o interesse da Associação dos Radioamadores do Paraná, ARPA, em participar mais ativamente das atividades de pesquisa e desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná, UFPR, na área de comunicações e informática, o que culminou em um Convênio de Cooperação Mútua entre as entidades, proporcionando a ARPA a transferência de seu BBS F6FBB para as dependências da UFPR, no Centro Politécnico, em Curitiba.

O convênio abriu espaço para algumas iniciativas, sendo uma delas a abertura de um gateway Internet, baseado no JNOS, no Departamento de Informática, conectando a rede de Packet de Curitiba (envolvendo os BBS F6FBB PY5UFP, PU5YSN, PY5EJ e os Nodes da região) a Internet. Além disso, alguns cursos sobre radioamadorismo foram ministrados para alunos da UFPR, foi feito um workshop sobre o Radio Pacote em uma feira de informática na UFPR, entre outros, de forma a incentivar e divulgar o radioamadorismo em toda a comunidade.

Todo este trabalho está sendo muito gratificante, pois, além dos inúmeros amigos que perfizemos neste caminho, atualmente contamos com uma estrutura de acesso a Internet, com dois gateways na UFPR, garantindo a integração da rede de Packet de Curitiba e Região, além de disponibilizar serviços TCP/IP para usuários remotos, com portas em 1200bps e 9600bps, com acessos em AX25 e TCP/IP.

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No contexto brasileiro, o Estado de Santa Catarina deu o start inicial a toda AmprNet Brasileira, abrindo um gateway na Universidade Federal, em Florianópolis. Logo em seguida surgiu o gateway de Porto Alegre, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na sequência veio o Paraná, com gateway em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Recentemente, abrimos gateway em Belo Horizonte/MG e Foz do Iguaçu/PR, sendo que algumas localidades estão em vias de abertura de seus gateways, como Maringá/PR, Blumenau/SC, Joinville/SC e Fortaleza/CE.

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Vale ressaltar que estamos em expansão com a AmprNet Brasileira, onde objetivamos a integração dos Estados e usuários de forma a formarmos uma malha nacional eficiente e com serviços úteis para o desenvolvimento de toda nossa comunidade.

6. Conclusão

Gostaria de ressaltar que o TCP/IP sobre o AX25 e os gateways Internet são apenas complementos relativos as nossas redes de Packet, pois muitos outros serviços existem com seus objetivos específicos.

A evolução na área de redes é constante e estamos caminhando para um futuro promissor onde teremos uma infra-estrutura de suporte a comunicação que nos permitirá buscar as informações que realmente nos interesse em um pequeno espaço de tempo. Dentre os diversos aspectos do Radio Pacote, o suporte a informação é o que mais nos atrai.

Este material pode ser reproduzido e distribuído, desde que mantido sua integridade e referência ao autor.

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