Trabalho Final de Curso - TFC



UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY

Escola de Gestão e Negócio

Administração de Empresas

Tema: O processo de logística reversa das garrafas PET como uma das maneiras de reduzir o impacto da degradação ambiental.

*Leonardo de Matos Nejm (leo_nejm@.br), Leonardo Sant’anna Rodrigues (lrodrigues@.br), Michelly Gouveia Domingues (michellygd@.br), Monique Dornelles de Carvalho (nickdornelles@.br), Roberto da Silva Pereira (rpereira1617@), Tâmara Pereira (tamarapereirasilva@.br).

Resumo

O presente trabalho objetiva compreender como o processo de logística reversa pode contribuir para amenizar o impacto da degradação ambiental provocado pelo descarte incorreto das garrafas PET. Para tanto, foram utilizadas informações qualitativas aplicando um questionário e realizando duas entrevistas, de forma que ao final deste projeto pudesse compreender os processos de logística reversa, os processos de reciclagem e a situação atual do meio ambiente. Com base nestas pesquisas, foi possível atingir os objetivos propostos. No entanto, existe ainda necessidade de um estudo mais aprofundado, futuramente, para um completo entendimento deste tema.

Palavras chaves: logística reversa, reciclagem, meio ambiente.

Abstract

This work aims to further knowledge on how the reverse logistics process can contribute to minimizing the environmental degradation caused by the inappropriate disposal of PET bottles. For this purpose, it used qualitative information by applying a questionnaire and conducting two interviews in order to enhance understanding of the reverse logistics processes, recycling processes and the current situation of the environment. Nevertheless, there is still the need for a more specific study for a fuller understanding of this topic.

Key words: reverse logistics, recycling, environment

1 INTRODUÇÃO

A questão do impacto ambiental é um dos problemas que preocupa a sociedade nos dias atuais. A degradação que o meio-ambiente sofre com o despejo de resíduos de pós-consumo é um dos fatores que influenciam a visão ecológica dos habitantes e dos visitantes do município do Rio de Janeiro de forma negativa, que tem como umas de suas atividades econômicas o turismo. De acordo com o site da Prefeitura do Rio de Janeiro, o município do Rio foi o mais visitado por estrangeiros no ano de 2003, atingindo a marca de 36,9% do total registrado no País. A logística reversa é um dentre os diversos meios de amenizar a situação da degradação ambiental, porém, ainda existe pouco interesse pelo estudo dos canais de distribuição reversos devido a pouca importância econômica que representam e o baixo retorno financeiro que eles proporcionam. O procedimento da logística reversa consiste em planejar, operar e controlar o fluxo e as informações correspondentes do retorno dos bens pós-consumo ao ciclo produtivo ou de negócio. As embalagens plásticas PET (Polietileno Tereftalato) utilizadas principalmente pelas indústrias de refrigerantes e sucos, são descartadas pela sociedade após o consumo e representam de certa maneira uma agressão ao meio ambiente, visto que o PET demora mais de 200 anos para se deteriorar no meio ambiente e ainda ocupam espaço nos aterros sanitários, dificultando a compactação. Quando lançadas indevidamente no ambiente, contribuem para entupimentos de bueiros, provocando proliferação de vetores e doenças infecto-contagiosas, prejudicam a navegação marítima e agridem a fauna aquática, causando assim um mau aspecto estético (SITE RECICLOTECA). De acordo com Instituto Recicle, apenas 10% dos resíduos coletados são dispostos em aterros sanitários e 76% são depositados em lixões, causando transmissão de doenças, deslizamentos de terras, entupimentos em bocas de lobo e de redes de esgoto, atraindo catadores que podem contrair doenças. Com isso provoca poluição visual, poluição do solo e do ar agravando a situação dos lençóis subterrâneos de água através do “chorume” (líquido resultante da decomposição dos resíduos), visto que no Brasil das 9 milhões de unidades de garrafas PET produzidas, apenas 47% são recicladas. A revalorização da garrafa PET pelo sistema de reciclagem é uma das maneiras encontradas pelas empresas fabricantes de refrigerantes em tentar minimizar os danos causados no meio ambiente. Porém, o caminho que esse material reciclado pode ter após o retorno para o ciclo produtivo ou de negócio é bem variado, vai desde a composição em uma camisa à fabricação de tintas.

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA

A dificuldade das empresas fabricantes de refrigerantes em conseguir recolher garrafas PET com fins de realizar o processo de logística reversa no município do Rio de Janeiro. Neste âmbito, este projeto objetiva compreender que o sistema de logística reversa pode contribuir para amenizar a situação da degradação ambiental provocado pelo descarte incorreto das garrafas PET.

Foi estabelecido como objetivos intermediários: a) compreender a importância da aplicação da logística reversa para a preservação ambiental; b) a maneira com que a logística reversa pode contribuir para a imagem corporativa e o marketing social de uma empresa; c) identificar a importância da logística reversa no cenário empresarial moderno e mostrar que as empresas se preocupam não somente em fabricar e vender os seus produtos, mas também na melhor forma de descarte dos materiais constituintes de seus produtos; d) descrever o impacto da degradação ambiental com o descarte das garrafas PET; e) mostrar a importância do processo de reciclagem na preservação do meio-ambiente, a revalorização dos produtos em um novo ciclo produtivo e como a reciclagem se tornou uma alternativa de geração de renda, que de acordo com dados do CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem, 2005) o Brasil tem os maiores índices de reciclagem do mundo com 96% da produção de latas de alumínio e 47% do PET; f) descrever os diversos caminhos que a garrafa PET pode percorrer após a reciclagem, na transformação em matéria-prima secundária e posterior revalorização em outros bens na cadeia produtiva, transformando-os em produtos como: corda, carpete, tintas, tecido entre outros e ainda sendo aproveitado antes mesmo de passar por este processo, como é o caso dos objetos como, puff’s, cadeiras entre outros criados por artesões. Como uma das hipóteses para este projeto, pode-se mencionar a dificuldade de locomoção com muitas garrafas e o valor muito baixo que se paga em troca delas, que de acordo com o site da Prefeitura do Rio, hoje no município se paga R$ 800,00 por tonelada da lata de alumínio, enquanto paga-se R$ 200,00 por tonelada do PET e esse é um dos fatores que desestimula o recolhimento das garrafas, se comparado à quantidade de latas que podem ser transportadas pelas pessoas e também pela facilidade das latas se compactarem, outra hipótese é que se o PET fosse melhor aproveitado sendo transformado em produtos secundários antes de seguirem para a reciclagem, como já acontece, porém com baixa freqüência, o índice desse material lançado no meio ambiente seria menor. Alguns objetos de utilidade domiciliar são criados a partir do PET, como: cadeiras, puff’s, caixa de presente, plantas, cadeiras, entre outros, esse tipo de trabalho poderia contribuir de alguma forma para diminuir a quantidade desse produto no meio ambiente e ainda no aumento da geração de emprego e renda.

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 LOGÍSTICA

O desenvolvimento da logística está ligado aos progressos das atividades militares. A utilização da logística teve início pela utilização do Exército Persa na expedição de Xerxes de encontro aos Gregos, em 481 a.c. onde foram utilizados mais de 3.000 navios para sustentar o exército. Na Segunda Guerra Mundial, a logística teve maior impulso com a necessidade intensa de planejamento, transporte e alojamento das tropas e o fluxo de materiais bélicos para o alcance dos seus objetivos. Porém, reza a lenda, que antes desses acontecimentos oficiais, grandes líderes como Julio César e Napoleão utilizaram à logística em seu planejamento estratégico para que o seu exército alcançasse países como à Grécia, Pérsia e Índia (SITE TIGERLOG). O termo Logistics, foi criado pelo Barão Antoine Henri Jomine, em meados do século XIX baseado em suas experiências de guerrilha vividas ao lado de Napoleão que deu origem ao seu livro “Sumário da Guerra” em 1836. Outros fatos históricos da logística se dão pelo fato de a primeira vez em que o termo “logística” foi tratado academicamente ocorreu no século XX, em 1901 através de um artigo de John Crowell o então Report of the Industrial Commission on the Distribution of Farm Products, tratando dos custos e fatores que afetavam a distribuição dos produtos agrícolas. Anos mais tarde, na década de 50, as empresas começaram a centralizar as suas atividades na satisfação do cliente e no lucro, nos serviços direcionados aos clientes, que se torna mais tarde a pedra fundamental da administração da logística. Nos anos 70 a informática ainda era restritiva e nos anos 80 é criada a Associação Brasileira de Logística (SITE TIGERLOG).

De acordo com Reis (2007, p. 75), a logística passa a ter uma crescente importância como diferencial competitivo, quando na década de 90 há uma desregulamentação dos mercados por causa da abertura comercial. Ao longo dos tempos, o aumento da demanda pelo menor tempo para a realização das transações comerciais devido as novas tecnologias, como os sistemas de informações, a globalização, que gera muita concorrência e uma demanda maior por qualidade com menor tempo possível e o foco em custos, fizeram com que os administradores se deparassem com a necessidade de um planejamento mais adequado para atender os consumidores (NOVAES, 2001).

A logística consiste em um gerenciamento da cadeia de suprimento, hoje chamado de Supply Chain Management (SCM), onde existe uma preocupação em atender de forma eficiente o caminho que os produtos/serviços percorrem, desde a sua fabricação até a chegada ao seu consumidor final, o que implica no fornecimento de matéria-prima para a fabricação de um bem, armazenamento do mesmo e operacionalização do estoque para que não ocorram perdas de mercadorias. A logística consiste em planejar a forma com que o produto/serviço chegue em tempo satisfatório ao cliente e controla o fluxo de entrada e saída de produtos em diversos processos com o objetivo de gerenciar de maneira eficiente a cadeia de suprimentos (FLEURY, 2000). Para Novaes (2001:36), a logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviços e informações associadas, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de se atender aos requisitos do consumidor. A logística tem a missão de fornecer produtos e serviços aos consumidores de acordo com suas necessidades de maneira rápida e eficiente. A missão da logística é dispor produtos ou serviços certos, no lugar certo, no tempo certo, e nas condições desejadas, ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuição à empresa (BALLOU, 2001:21). Alguns fatores implicam na maneira de planejamento da logística, as mudanças econômicas, a globalização, maiores ou menores ciclos de vida dos produtos e o aumento pela demanda de serviços, são fatores que estão diretamente ligados a essa área da administração empresarial (FLEURY, 2000).

Considerando o texto acima, hoje em dia existe uma preocupação a parte por esta área da administração, pois a importância da logística para as organizações está envolvida com o desenvolvimento dos processos produtivos, a necessidade de atender bem o seu consumidor final, o gerenciamento da cadeia de distribuição, que é o objetivo de qualquer empresa com fins lucrativos (NOVAES, 2001).

2.2 LOGÍSTICA REVERSA

O conceito que se pode obter a partir do entendimento extraído das publicações existentes, é que a logística reversa consiste no retorno dos bens após a entrega para seu consumidor final ao seu fabricante inicial, ou seja, existe a operação logística de entregar um determinado produto ao seu consumidor final, entretanto o retorno do bem por algum motivo ou finalidade para o fabricante, ou outro destino, é o que chamamos de logística reversa (LEITE, 2003). A idéia central da logística reversa é a recuperação de valor através do retorno dos bens ao processo produtivo ou ao ciclo de negócios. Além disso, fatores relacionados a questões ambientais de relacionamento com o cliente e imagem corporativa, ressaltam o papel estratégico da logística reversa (SABBADINI, PEDRO E BARBOSA, 2005). Segundo Betim (2005), as empresas vêem o fluxo reverso de mercadorias como um entrave ao processo de negócios, pois demanda pessoal, estrutura física e conseqüentemente aumenta os custos da empresa, não consideram o retorno econômico, ecológico e de imagem corporativa que o gerenciamento do fluxo reverso de mercadorias pode proporcionar, ou seja, não percebem a oportunidade de negócio que a reintegração dos resíduos ao ciclo produtivo constitui. Para Novaes (2001:53), a logística reversa cuida dos fluxos dos materiais que se iniciam no ponto de consumo dos produtos e termina no ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor. Apesar de ser um tema extremamente atual, esse processo já podia ser observado há alguns anos na indústria de bebidas, com a reutilização de vasilhames, isto é, o produto chegava ao consumidor e retornava ao seu centro produtivo para que sua embalagem fosse reutilizada e voltasse ao consumidor final. Esse processo era contínuo e aparentemente cessou a partir do momento em que as embalagens passaram a ser descartáveis (SABBADINI, PEDRO E BARBOSA, 2005).

Para Leite (2003:16,17), logística reversa é a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando valor econômico, ecológico, legal, de imagem corporativa, entre outros. Hoje a questão da logística reversa contribui em amenizar a degradação ambiental, pois essa área da logística também contribui em retornar com os materiais de pós-consumo e pós-venda depois de utilizados pelos consumidores, para um destino seguro ou para a revalorização na cadeia produtiva por meio da reciclagem. As iniciativas relacionadas com a logística reversa têm trazido bons retornos financeiros e sociais para as empresas, contribuindo para minimizar a degradação ambiental e ainda colaborando com a economia, como por exemplo, as indústrias têxteis que utilizam a fibra de algodão e poliéster proveniente do PET reciclado, que pode ser usado na confecção do jeans, edredons e carpetes, entre outros produtos. A revalorização de alguns materiais dá origem à matéria-prima secundária, que é utilizada na fabricação de outros bens, como o tecido, a tinta, a corda, carpetes, peças de barco, capachos, enchimento de sofás, cadeiras, travesseiros, cobertores, cortinas, lonas, rolo de pintura, filtros, ferramentas de mão, mantas de impermeabilização, garrafas, embalagens, bandejas, fitas, calçados, malas, mochilas, resinas liquidas, adesivos (SITE AMBIENTE BRASIL). Essa iniciativa tem gerado ganho na economia na compra da matéria-prima virgem. No âmbito social, essa iniciativa incentiva e beneficia o mercado informal, tendo como principais agentes de atuação as cooperativas e os catadores que atuam nas ruas, pois esse setor envolve atualmente mais 150 mil brasileiros no País e faturam R$ 250 milhões em derivados do plástico (SITE SEBRAE, 2007).

Segundo Lacerda (2002) "no início do processo de logística reversa é preciso identificar o estado dos materiais que retornam, para que estes possam seguir o fluxo reverso correto ou mesmo impedir que materiais que não devam entrar no fluxo o façam". Para Costa e Valle (2004), a atenção para a logística reversa esteve focada essencialmente para questões ambientais pelo fato da reciclagem ser um de seus pontos principais. No entanto, iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido oportunidades de melhoria ou de ganho para as empresas por meio do reaproveitamento de materiais para a produção. Desta forma, verificou-se o quão a logística reversa é fundamental atualmente, justificando-se não somente pela oportunidade de recuperar o valor de bens materiais, mas também pela oportunidade de diferenciação de níveis de serviços oferecidos em mercados globalizados e altamente competitivos. Segundo Daher et al. (2007) "o que se pretende é apenas uma questão de tempo até que a logística reversa ocupe posição de destaque nas empresas. As empresas que forem mais rápidas terão uma maior vantagem competitiva sob as que demorarem a implementar o gerenciamento do fluxo reverso, vantagem que pode ser traduzida em custos menores ou melhora no serviço ao consumidor. Uma integração de cadeia de suprimentos também se fará necessária e o fluxo reverso de produtos deverá ser considerado na coordenação logística entre as empresas".

De acordo com Ballou (2001), a logística reversa é uma maneira que descreve as atividades relativas aos fluxos de entrada dos materiais e as saídas de produtos, que pode proporcionar ganhos no uso de uma visão integrada entre as empresas na medida em que passam a planejar em conjunto e assim melhorar o serviço das empresas para o mercado e ganhos em eficiência e eficácia. Bowerson e Closs (apud Leite, 2003) propõem um conceito de “Apoio ao Ciclo de Vida”, uma forma que vai além do conceito de logística moderna, no qual o apoio ao ciclo de vida é realizado pelo fluxo direto dos materiais, mas também aos fluxos reversos dos produtos em geral. Gomes e Ribeiro (2004:1, apud LEITE, 2003), definem logística reversa “como o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, a movimentação e o armazenamento de materiais, peças e produtos acabados por meio da organização e dos seus canais de marketing, de modo a poder maximizar a lucratividades presente e futura com o atendimento dos pedidos a baixo custo”.

Diante da realidade do comércio mundial, que tem como característica básica o dinamismo, onde se transforma o novo em ultrapassado num espaço curto de tempo, juntamente com as exigências dos consumidores e o acirramento da concorrência, as empresas sobrevivem da sua capacidade de atendimento de todas as exigências do mercado sem perder o foco no objetivo principal, que é a qualidade de seus produtos/serviços, buscando mais do que a satisfação de seus clientes. Pode-se perceber que no caso da logística reversa diante da preservação do meio ambiente, visando o desenvolvimento sustentável, planejar com eficácia torna-se fundamental não somente para as empresas, mas também para a sociedade como um todo (OLIVEIRA e SILVA). Neste âmbito, quanto mais as empresas investirem nos procedimentos da logística reversa, mais o processo de reciclagem se tornará viável economicamente, agregando assim valor ao negócio principal da empresa. Além dos ganhos financeiros e logísticos que a logística reversa é capaz de proporcionar, a sua imagem institucional estará agregada à uma postura ecologicamente correta diante da concorrência e dos seus clientes. Outro ponto relevante da logística reversa é a possibilidade de unir as indústrias ao atacado/distribuidor, o varejo e os demais elos da cadeia de abastecimento, como já acontece com a Latasa, (fabricante de latas de alumínio) a Ambev (fabricante de cervejas e refrigerante) e o Extra (Supermercado). Juntos instalaram máquinas de auto-atendimento que recebem latas e garrafas PET para reciclagem, onde o consumidor faz os seus depósitos e recebem um cupom referente ao valor do material que pode ser utilizado como pagamento de suas compras (NETTO, 2004).

De acordo com Costa e Valle (2006), a importância da logística reversa está atrelada às razões econômicas, governamentais, sociais e de responsabilidade corporativa. Por meio da adaptação de novos recursos para a obtenção de novos produtos, minimiza os custos com a produção de novos produtos com material reciclado, contribuindo concomitantemente para imagem social da empresa agregando valor perante a sociedade. Algumas empresas e parte da sociedade brasileira, mesmo antes de imposições governamentais, estão se conscientizando quanto à importância da preservação do meio ambiente e dos ganhos que todos os envolvidos podem obter, sejam eles econômicos, sociais ou de imagem corporativa. O índice de conscientização do valor da coleta seletiva ainda é baixo, pois existe uma destinação inadequada de mais da metade de todo o lixo gerado no país e apenas 2% é coletado seletivamente (IBGE apud SERRA, 2005). Para entender a logística reversa, serão ilustrados na Figura 2.1 os principais canais reversos chamados de pós-consumo e pós-venda.

Figura 2.1 - Fluxos diretos reversos de bens Pós-venda e Pós-consumo.

Fonte: Elaborado por Leite (2003).

A figura 2.1 mostra que o fluxo direto se refere à transação de matérias-primas puras, ou nomeadas primárias, que são processadas e transformadas em produtos e chegam ao mercado primário por intermédio de atacadistas ou distribuidores, que chegam até o varejo e ao consumidor final. Após consumido, o determinado produto adquirido poderá ser aproveitado por meio dos canais de distribuição reversos. Existem dois tipos de canais reversos, os bens pós-consumo e os bens pós-venda.

Os bens pós-venda são formados pelas diversas probabilidades que uma parte do produto, com pouco ou nenhum uso, sejam reaproveitados realizando o fluxo reverso, ou seja, do consumidor final ao fabricante. Os produtos, por sua vez, são devolvidos ao fornecedor por diversos motivos, dentre eles: defeitos de fabricação ou de funcionamento, por consignação, seja por liquidação de estação, desova de estoques, substituição de componentes, recall, produtos sazonais, defeitos causados por transporte, retorno do e-commerce, por imposições legais, como exemplo, as baterias, celulares, pneus, entre outros, que não tenham mais utilidade para ninguém e são encaminhados para disposição final, que também são chamados de aterros sanitários ou incineração (na figura lê-se Disposição Final) (LEITE, 2003).

Para Guarnieri (2005), a caracterização da logística reversa de pós-venda se dá quando há reutilização. A revenda como subproduto ou produto de segunda linha e a reciclagem de bens são devolvidos pelo cliente a qualquer ponto da cadeia de distribuição por erros comerciais, expiração do prazo de validade e devolução por falhas na qualidade, ao varejista, atacadista ou diretamente a indústria. A logística reversa de pós-venda deve planejar, operar, e controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-venda por motivos das seguintes classificações: “Garantia/Qualidade”, “Comerciais” e de “Substituição de Componentes” (OLIVEIRA e SILVA).

O objetivo estratégico da logística reversa de pós-consumo é agregar valor a um produto logístico constituído por bens sem serventia ao proprietário original, ou que possuam condições de utilização por produtos que foram descartados por terem atingido o fim de vida útil e pelos resíduos industriais (OLIVEIRA e SILVA). Os canais reversos pós-consumo são formados por uma parte dos produtos e de seus componentes. Após o termino de tempo de vida útil, os produtos são descartados e podem ou não retornar ao ciclo produtivo por meio de três maneiras que são chamadas de reciclagem, reuso e desmanche.

a) O reuso pode ser definido como o canal utilizado para produtos ou materiais classificados como bens duráveis, cuja vida útil estende-se por vários anos. Depois de consumido eles voltam para o mercado como produto de segunda mão e não sofre alterações, fazendo com isso que o produto atinja o máximo de sua vida útil sem nenhum tipo de remanufatura (LEITE, 2003); b) A reciclagem são materiais derivados de produtos descartados que são industrialmente extraídos e se transformam em matérias-primas secundárias e incorporam para a fabricação de novos produtos (LEITE, 2003); c) O desmanche sofre um processo industrial de desmontagem nos quais os componentes que tem condições de uso ou de remanufatura são separados em partes e o que não serve, é destinado aos aterros sanitários ou são incinerados. Os materiais que têm melhores condições são revalorizados ou passam pela reciclagem industrial.

Neste trabalho encontra-se um estudo da logística reversa de reciclagem das garrafas PET, onde após este processo, a matéria-prima secundária retorna ao ciclo produtivo como uma alternativa para fabricação de novos produtos, conforme o diagrama abaixo:

2.3 RECICLAGEM

A reciclagem é uma das soluções mais utilizadas nos últimos anos. A reciclagem começou a ser divulgada e estudada no final dos anos 80 quando foi constatado que as fontes de petróleo e outras matérias-primas não renováveis, estavam e estão se esgotando, porém são práticas bastante antigas. Os “sucateiros” da antiguidade recolhiam espadas nos campos de batalha para fazer novas armas. Restos de alimentos eram aproveitados pelos animais e como adubo nas plantações. Reciclar significa repetir o ciclo, entretanto devemos entender que o ato de refazer o ciclo significa trazer ao inicio, como matéria-prima secundária, materiais que possuem difícil degradação no meio-ambiente (SITE AMBIENTE BRASIL).

A reciclagem não deve ser confundida com reutilização de materiais ou reuso de alguns artigos, como vasilhames e garrafas retornáveis. Nesse caso a reciclagem não existe, o que existe é a reutilização do mesmo artigo, na mesma forma que foi originalmente produzido. A partir da reciclagem podemos reduzir o volume dos resíduos a serem tratados ou dispostos em aterros sanitários, recuperar valor que seriam perdidos, além de gerar empregos (VALE, 1995:71). A enorme quantidade de produtos que estão sendo lançados no mercado tem favorecido à descartabildade e a minimização do ciclo de vida dos produtos. Onde tínhamos uma maior utilização de produtos, hoje temos a facilidade de trocá-los e os produtos duráveis tornaram-se semiduráveis e os semiduráveis tornaram-se descartáveis. Essa tendência ao descarte de bens, deixou uma brecha na economia e a reciclagem encontrou no mercado uma oportunidade de negócio (REVISTA CHEPS, 2002). Para Wechsler e Morilhas (2006), as oportunidades de novos negócios podem surgir da reciclagem, como por exemplo, o desenvolvimento de novos produtos utilizando material reciclado o que pode em alguns casos reduzir custos e resultar em preços mais atrativos.

A reciclagem é o canal reverso de revalorização em que os materiais constituintes dos produtos descartáveis são extraídos industrialmente transformando-os em matérias-primas secundárias ou reciclados, que serão reincorporados à fabricação de novos produtos (LEITE, 2003:71). Para Vale (1995), o ato de reciclar, isto é, refazer o ciclo, permite trazer de volta à origem sob a forma de matéria-prima secundária aqueles materiais que não se degradam facilmente e que podem ser processados mantendo suas características básicas. Em alguns casos, o material que foi reciclado substitui a matéria-prima virgem que foi utilizada na confecção de novos a custos baixos. Com exceção do papel e alguns tipos de plásticos que não possuem qualquer distinção em seu aspecto final entre os materiais virgens e os reciclados.

De acordo com Lacerda (2007), o escopo e a escala das atividades de reciclagem e o reaproveitamento de produtos e embalagens, têm aumentado consideravelmente nos últimos anos por causa das questões ambientais, principalmente pela clara tendência de que a legislação ambiental caminha no sentido de tornar as empresas mais responsáveis pela concorrência e na diferenciação por serviços, os varejistas acreditam que os clientes valorizam as empresas que possuem políticas mais liberais de retorno de produtos e redução de custos, onde são notórias as economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção, que tem trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas. De acordo com o site da ABIPET (Associação Brasileira de Indústria do PET), a maneira de conseguir matéria-prima, ou seja, os bens de pós-consumo são por meio da coleta, seleção e preparação desses materiais. A coleta é realizada pelos catadores informais, pelas empresas de coleta de lixo seletivo, onde o consumidor é orientado em separar o lixo orgânico dos reciclados, por cooperativas ou por programas de incentivos de coleta. Porém, segundo Wechsler e Morilhas (2006), para garantir a sustentação econômica da reciclagem, deve-se levar em consideração os custos de separação, coleta, transporte, armazenamento e preparação do resíduo antes do processamento e ainda ter disponível a quantidade suficiente em condições de limpeza e ainda atentar para o custo de processamento do produto e as aplicações do produto resultante. Hoje a indústria de reciclagem está se expandindo de forma contínua, segundo Sr. José Roberto Giosa (Presidente da Tamra Latasa Recicladora S.A.) em entrevista ao site do Sebrae, o mercado movimenta 800 milhões de reais ao ano em reciclagem e pretende-se crescer 8% nos próximos períodos. O País produz 245 mil toneladas diárias de lixo, em que 70% poderiam ser reutilizados, 35% poderiam ser reciclados e outros 35% transformados em adubo orgânico. A quantidade de material descartável é crescente e este tipo de atividade está contribuindo em amenizar a quantidade de lixo que é descartado incorretamente na natureza contribuindo para a degradação ambiental (VALE, 1995).

Diante da quantidade de materiais descartáveis que são lançados no mercado e o que se recicla hoje ainda não é o suficiente para suprir essa demanda, como por exemplo, hoje contamos apenas com 47% de reciclagem das embalagens plásticas que são lançadas no mercado (SITE COCA-COLA BRASIL). De acordo com a Portaria nº. 987 de 08 de dezembro de 1998, anexo 2.1.1 da ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária), discorre que as embalagens fabricadas pelas indústrias são formadas por uma camada interna que deve ser PET virgem onde esta é a única a ter contato com o alimento. A partir da segunda camada, pode ser usado o PET reciclado ou virgem e ainda outros plásticos com a finalidade de melhorar a embalagem o que dependerá do processo utilizado. Esse é um dentre os fatores que contribuem para um percentual tão baixo da demanda por este tipo de produto, pois as garrafas PET ainda não podem voltar ao ciclo produtivo acondicionando alimentos, o interesse pelo recolhimento do PET pós-consumo poderia ser diferente, principalmente para as empresas que utilizam a garrafa PET como parte de seu produto (SITE INSTITUTO COCA-COLA BRASIL).

Em contra partida aos parâmetros legais da utilização das garrafas PET, entrou em análise na Câmara Federal o Projeto de Lei 520/07 do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) com uma proposta de estabelecer um prazo de seis anos para que as indústrias alimentícias passem a utilizar somente embalagens recicláveis de vidro. O deputado acredita que essa atitude pode contribuir em minimizar problemas relacionados à gestão do lixo no Brasil, segundo ele, se produz seis bilhões de garrafas desse tipo por ano, visto o tempo de deterioração desse tipo de material no meio ambiente (SITE ABRIR – Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerante e de Bebidas não Alcoólicas). Tendo em vista a busca por alternativas de utilização das garrafas PET recicladas, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) abriu um debate sobre os critérios para reciclagem de embalagens e equipamentos plásticos PET. “A proposta da Anvisa aberta a contribuições trata do aproveitamento seguro desses produtos para a fabricação de novas embalagens de alimentos.” O texto de consulta pública 74 sugere regras para que o plástico PET seja reciclado de forma que se assegure a saúde da população. Este tipo de procedimento tornou comum na ANVISA, pois antes da publicação de toda nova norma, resolução ou regulamento, a agência tem esse tipo de procedimento para averiguar a opinião da população sobre o tema. Já existem alguns pedidos recebidos pela ANVISA de empresas do setor requerendo autorização para o uso do PET no contato direto com alimentos, sob a alegação de que já existem tecnologias capazes de oferecer um material descontaminado independente do sistema de coleta (SITE AMBIENTE BRASIL).

Portanto, este é um assunto que tem provocado debates entre várias entidades, por justamente se tratar de questões dúbias, pois de um lado estão às indústrias que utilizam o plástico do PET e do outro os problemas do descarte incorreto desse material no meio ambiente. A utilização da reciclagem pode apresentar vantagens em vários aspectos, além de ser uma forma de destinação de resíduos, o seu benefício vai desde o meio social com a geração de empregos, a diminuição da quantidade de resíduos sólidos enviado aos lixões e aterros; ambientais, na melhoria da limpeza de ruas e diminuição da possibilidade de entupimento de bueiros, redução da quantidade de resíduos sólidos despejados em estradas, rios e lagos; econômicos, como a geração de renda, de recursos com a venda do material coletado e na redução dos gastos com aterros sanitários, lixões e coleta de lixo urbano (ALVES, 2003). Por não dispor-mos em abundância local para depósitos de resíduos que são dispersos pela sociedade, começa então a busca por novas soluções para amenizar os danos provocados ao meio ambiente. Essas soluções buscam tratar, reaproveitar, minimizar e até eliminar os resíduos que são despejados no meio ambiente (VALE, 1995). Para Wechsler e Morilhas (2006), a utilização da reciclagem está atrelada diretamente às oportunidades de mercado, ou seja, uma brecha que se abriu diante das exigências do meio-ambiente. Outro dado importante é o fato desse material secundário ser mais barato que a matéria-prima pura para a fabricação de novos produtos.

2.4 MEIO AMBIENTE

Pode-se dizer que o aumento do aquecimento global, que é percebido pelas mudanças bruscas de temperatura ao extremo e as catástrofes naturais, são fatores provocados pelas agressões do homem à natureza. Por esta razão, tem aumentado as obrigações da sociedade com a preservação ambiental que cujo objetivo é tentar amenizar ou reverter esta situação. Os programas adotados para essas causas vão desde a conservação da água e energia à qualidade do ar. Mesmo se tendo um dispêndio econômico, as organizações estão visando a sua própria sobrevivência no mercado que está relacionada com a idéia de empresa socialmente responsável, onde atualmente é tratado como uma vantagem competitiva (SITE INSTITUTO COCA-COLA BRASIL). O foco das recentes preocupações é decorrente de um sistema de produção e consumo que eleva custos ambientais relativos aos recursos naturais, tal como os resíduos biodegradáveis que ultrapassam a capacidade da natureza de absorver esses detritos e componentes. A crise ecológica que o planeta está sofrendo nos dias de hoje, onde mais de 40% da produção líquida de energia e de recursos naturais estão comprometidas para o consumo humano, tem elevado o índice de conscientização a respeito do problema (LIMA et al). A crise ambiental nas três últimas décadas fez com que as organizações considerassem gradualmente os efeitos causados pelo homem no meio ambiente, causando um propósito para adequar as organizações às corretas práticas ambientais, tal como a gestão ambiental. Várias organizações estão buscando de alguma forma soluções em seus negócios com o intuito de amenizar os efeitos que a industrialização provocou na natureza (SILVA et al).

De acordo Arima e Battaglia (2007), que realizou uma pesquisa com critério de avaliar as empresas com base no seu faturamento, composta por 73 empresas, dentre essas, 48% faturam mais de 100 milhões/ano. Quanto à principal atividade das empresas, 41% realizam atividades industriais. Foi questionado se as empresas dispõem de política ambiental corporativa. O resultado foi que as preocupações com questões ambientais e atitudes específicas, que demonstram uma maior consciência ambiental, estão mais presentes nas empresas no grupo das maiores, o que efetivamente contribuem para o aumento médio da presença de consciência ambiental da amostra total. Analisou-se por ramo de atividade e observou-se que o conjunto de conceitos de consciência ambiental está mais presente no ramo industrial, o que de fato não surpreende por suas características. Uma situação possível, é que talvez o comércio tenda a delegar a responsabilidade por questões ambientais à indústria, elo anterior da cadeia. Identificou-se também a evolução dos processos referentes à logística reversa nas organizações. Para 57,6% desses entrevistados, as melhorias nos processos de logística reversa vêm em conseqüência de pressões dos clientes, enquanto apenas 42,4% o fazem por pressões legais. Teixeira e Malheiros (2004), citam uma série de princípios que se adotados podem contribuir para a situação ambiental atual, tais como: o princípio de sustentabilidade ambiental, princípio do poluidor, da precaução, da responsabilidade, do menor custo de disposição, da redução na fonte e o uso de melhores tecnologias disponíveis, que tem como objetivo a prevenção do meio-ambiente que em alguns países esses princípios são instrumentos muito importantes na redução de resíduos sólidos.

De acordo com Rohirich e Cunha (2004), as influências do ambiente externo passam a ser consideradas a partir do fator prevenção ambiental para o próprio crescimento. Engajadas pelas influências dos consumidores, as empresas passam a adotar novas tecnologias de gestão ambiental e a previsão de orçamentos para essas causas. As empresas brasileiras têm demonstrado aspectos diferentes quanto à gestão ambiental, em algumas delas observam-se a existência de Sistemas de Gestão Ambiental com certificações ISO 14.000. O conjunto dessas normas fornece uma estrutura para que as organizações gerenciem os impactos ambientais oriundos das suas atividades, produtos ou serviços, indiferente do seu porte ou ramo de atividade. Mas diante do aspecto ecológico, ainda é pouco o que se vem fazendo diante da situação atual ambiental, porém, existem empresas que adotam práticas preventivas de melhorias ambientais, enquanto outras somente trabalham neste âmbito quando existe a influência dos fatores de competitividade.

De acordo a reportagem do Jornal O Dia (2007), onde foi divulgada uma pesquisa do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) que consistiu na avaliação da percepção das empresas sobre o ecossistema. De acordo com o estudo sobre “Sustentabilidade: Hoje ou Amanhã?” os dados apurados apontam que as empresas ainda têm uma visão muito distante do impacto que causam na sociedade e no meio ambiente e que no Brasil pouco se investe em programas de desenvolvimento ambiental. Para a maioria dos entrevistados (59%) sustentabilidade está atrelada aos conceitos de responsabilidade social e preservação ambiental. Outro ponto relevante desta pesquisa foi apontar que a maioria dos entrevistados, todos executivos, identificam um grande distanciamento entre a crença e a prática de ações de preservação ambiental e ainda concordam que separar para a reciclagem é uma obrigação da sociedade.

Para uma correta compreensão da questão ambiental é importante conhecer duas atitudes e posturas que se divide em aqueles que se preocupam com o meio ambiente: a conservação e a preservação ambiental. Na preservação adota-se o critério da intocabilidade da natureza pelo homem, na conservação aproveitam-se os bens e os recursos que constituem o ecossistema que permitam a recomposição de forma induzida ou naturalmente. No intuito de assegurar a qualidade do meio ambiente devemos controlar e minimizar as fontes de poluição e encaminhar corretamente os resíduos que foram gerados pela sociedade e pelas empresas. (VALE, 1995:10). Para Wechsler e Morilhas (2006), a atual situação da crescente escassez dos recursos naturais, tem elevado os números de pessoas conscientes em relação às questões ambientais. A logística reversa, a reciclagem, o descarte seguro de bens, vem colaborando para uma melhor visibilidade ecológica, além de trazer benefícios para a economia global. (LEITE, 2003). De acordo com Vale (1995, p.6), a poluição ambiental pode ser definida como toda ação ou omissão do homem que através da descarga de material ou energia atuando sobre as águas, solo e o ar que cause desequilíbrio nocivo, seja de curto ou longo prazo sobre o meio ambiente. A legislação ambiental no Brasil foi criada em 1998 pelo Ministério da Indústria, Comércio e Turismo e foram elaboradas propostas gerais sobre o projeto de resíduos sólidos, que em geral é recomendado que o agente poluidor deva ser responsável pelo pagamento da solução do problema, o “poluidor-pagador”. Ainda não existe legislação que obrigue as empresas a fazerem o ciclo logístico reverso de seus produtos. No País, existem apenas resoluções para algumas áreas, como por exemplo, as empresas fabricantes de pneus, que são obrigadas a fazer o retorno de seus produtos. Porém, para o alcance do objetivo de minimizar a degradação ambiental, a logística verde ou ecológica age em parceria com a logística reversa, com o intuito de amenizar o impacto ambiental em todos os aspectos do ciclo de vida dos produtos. Considera-se que a legislação ambiental envolve diferentes aspectos, desde a fabricação de um bem, até o seu descarte de maneira correta na natureza. Dessa maneira, as legislações regulamentam a produção e o uso de selos verdes, para identificar produtos “amigos da natureza”, como o ISO 14000 (SITE BRASIL SUPPLY). A preocupação dos consumidores com a degradação do meio ambiente trouxe um novo segmento de consumidores: os consumidores verdes ou ecológicos, que manifestam na hora de sua compra a preocupação com o meio ambiente e buscam produtos que causam menor impacto sobre o meio ambiente (SILVA et al).

De acordo com o Site da Revista Exame (JUN, 2007), atualmente, a área brasileira oficialmente "limpa" de agrotóxicos e transgênicos - 803 000 hectares - representam apenas 0,2% da terra utilizada pela agropecuária no país. O Brasil ocupa o 5º lugar do mundo em área certificada de orgânicos, mas sua produção ainda é pequena. O faturamento no país é de 200 milhões de dólares por ano, enquanto os Estados Unidos - o maior mercado do mundo - movimentam 13 bilhões de dólares. O nicho de produtos orgânicos vem crescendo no Brasil a uma taxa anual de quase 50%, o dobro do índice mundial, por ser um mercado novo no país, o crescimento se dá sobre números ainda pequenos. Em alguns casos, os consumidores pagam mais por produtos ambientalmente responsáveis e estão preocupados não só com a satisfação de suas necessidades, mais sim pela proteção do meio ambiente. (SILVA et al). Os reflexos do prejuízo causado com a degradação ambiental têm causado mudanças de comportamento para algumas atividades econômicas, é o que vem acontecendo com pequenos pescadores da Baía de Guanabara, que antes dependiam somente da pesca para sobreviver. De acordo com a Fundação Instituto de pesca do Estado do Rio (Fiper), o Rio de Janeiro é o segundo estado que mais consome peixe no Brasil e no estado 60 mil pessoas vivem da atividade pesqueira. Hoje, diante do cenário ecológico, os peixes dão lugar ao lixo, neste caso os pescadores somam a quantia arrecadada com a venda de peixe extraído das águas da Baía de Guanabara, com a venda do PET recolhido do mesmo local. Além de colaborar de certa maneira, mesmo que em pequenas proporções à realidade para minimizar a quantidade desse lixo local, esses pescadores acabam contribuindo para a sua própria sobrevivência econômica. Visto as condições da Baía de Guanabara, a conclusão que se pode chegar, é que é cada vez menor a quantidade de pesca devido ao estado de conservação neste local (JORNAL EXTRA, 2007).

3 METODOLOGIA

Com o objetivo de descrever os canais reversos da logística, as questões de cunho ambiental e os procedimentos da reciclagem quanto ao retorno do PET ao ciclo produtivo, optou-se pelo método descritivo e com a intenção de explicar as diversas abordagens sugeridas no problema/tema deste trabalho, optou-se também pelo método explicativo. Para o cumprimento dos objetivos propostos, foi realizado um levantamento das empresas que utilizam as garrafas PET na composição de seu produto no município do Rio de Janeiro, onde se concentra alguns fabricantes de refrigerante e utilizou-se como critério de escolha uma empresa que possuísse destaque nesse segmento, neste caso, a Coca-Cola Brasil. Ainda para contribuir na pesquisa e no levantamento de dados, foi realizado um levantamento de empresas que coletam e reciclam as garrafas PET no município do Rio de Janeiro, e como amostra, ou seja, a unidade de estudo, utilizou-se a empresa Brasilpet. Para elucidar e completar o estudo deste trabalho optou-se também por realizar um levantamento com profissionais da área do artesanato que reaproveitam as garrafas PET para a confecção de diversos objetos e como amostra, coletou-se informações de um artesão, que utiliza somente a garrafa PET na confecção de seus produtos.

Para que fosse possível verificar e mostrar a relevância dos temas abordados as informações contidas neste trabalho, buscou-se nas literaturas existentes, como livros e artigos a pesquisa bibliográfica. Foi utilizado o estudo de caso, uma vez que permite investigar empiricamente um fenômeno atual, foi tomado também como base de estudo, a pesquisa de campo, com o interesse de investigar as questões levantadas nos objetivos desse trabalho, neste caso, foram desenvolvidos dois roteiros de perguntas para realizar as entrevistas e um outro para aplicar o questionário. Por se tratar de pesquisa de campo, foi selecionado como sujeito do questionário o diretor de comunicação da Empresa Coca-Cola Brasil, que também acumula o cargo de Diretor Superintendente do Instituto Coca-Cola Brasil e pelo fato de ser um representante do projeto Reciclou Ganhou que visa a preservação do meio ambiente. E os sujeitos das entrevistas, o responsável pelo processo de compra e venda do material reciclável da Empresa Brasilpet, por obter conhecimento técnico sobre o processo de reciclagem e o artesão, por ser especialista em transformar as garrafas PET em mais de 170 objetos de venda em sua loja. Os sujeitos foram escolhidos de forma que fosse possível ao término desse estudo, obter uma escala gradativa de informações qualitativas das questões atuais sobre a logística reversa, meio ambiente e a reciclagem do PET.

4 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 DADOS DOCUMENTAIS

A Brasilpet Reciclagem de Plásticos Ltda., empresa de gestão familiar, fundada em 1995, com aproximadamente 40 funcionários, situada no Bairro de Honório Gurgel, no Município do Rio de Janeiro, que se denomina uma empresa que comercializa produtos reciclados derivados das garrafas PET. O surgimento dessa empresa no mercado de reciclagem de PET se deu pelo fato de seus fundadores, e na época sócios, terem a preocupação em preservar o meio ambiente e começou esse trabalho retirando as garrafas PET dos rios e lagos do Rio de Janeiro. Partindo desse principio, viram que esse tipo de atitude poderia gerar algum tipo de retorno financeiro e assim providenciou máquinas vindas da França para realizar o trabalho de reciclagem que hoje tem uma moagem de 400 toneladas por mês de PET e a estimativa de 800 toneladas para 2008. A Brasilpet conta hoje com a parceria da Ong Ecovida para a captação de garrafas PET, que além que obter um ganho financeiro ainda traduz uma iniciativa de responsabilidade com o meio-ambiente. Empresa esta, que utiliza em 100% de sua atividade o PET, onde podemos comprovar que o negócio da reciclagem de PET é possível, rentável e ainda preserva o meio-ambiente.

A Coca-Cola Brasil tem atuação desde 1942 neste país, porém a Coca-Cola Company existe há mais ou menos 121 anos, presente em mais de 200 países e responsável por mais 400 marcas de bebidas não-alcoólicas. Possui em suas operações em todo o mundo mais de 50 mil funcionários. O sistema Coca-Cola Brasil é composto por 17 grupos empresariais independentes, chamados de fabricantes autorizados, que elaboram o produto final em suas 41 unidades industriais e os distribuem aos pontos de vendas. Sua missão é “refrescar o mundo em corpo, mente e espírito”. O sistema Coca-Cola Brasil responde cerca de 25% do mercado nacional de bebidas não-alcoólicas, como o refrigerante coca-cola entre outros, com cerca de 1 milhão de pontos-de-vendas. Possui um programa de responsabilidade social, o Reciclou Ganhou, criado em 1996, onde utiliza o processo logístico reverso dessas garrafas pós-consumo,com a intenção de promover a educação ambiental e estimular a reciclagem minimizando os impactos no meio-ambiente e está presente em 20 estados brasileiros.

O artesão em referência, realiza seu trabalho há aproximadamente 12 anos com este tipo de produto, lojista do Shopping Bay Market em Niterói, onde comercializa seus produtos confeccionados a partir das garrafas PET e já produziu cerca de 177 objetos diferentes. Membro e colaborador da Ong Recicloteca, situada em Laranjeiras no município do Rio de Janeiro, que tem o objetivo de cultivar e realizar projetos sócio-ambientais. Suas informações são relevantes pelo fato do conhecimento específico da utilização da garrafa PET em diferentes fins, pois utiliza somente a garrafa PET para confeccionar seus produtos e ainda a pela sua visão sócio-ecológica sobre a relação da garrafa PET e o meio-ambiente.

4.3 DADOS DAS ENTREVISTAS

Para que fosse possível obter informações relevantes, foram coletados dados qualitativos das entrevistas e do questionário para as conclusões deste projeto. De acordo com a entrevista na recicladora Brasilpet, no processo de reciclagem são percebidas algumas dificuldades em encontrar matéria-prima, entre elas, o preço competitivo no estado do Rio de Janeiro e em São Paulo, devido à concorrência entre as recicladoras, obrigando assim em optar pela busca de materiais em outros estados que também se justifica pela falta de informação da população que desconhece seu valor econômico e a importância de separação deste tipo de resíduo para o meio-ambiente: a falta de apoio do governo na legalização das empresas desse segmento: a falta de incentivo da coleta seletiva e a disposição de depósitos para a reciclagem e a alta carga tributária para os produtos reciclados. Após o processo de coleta e separação, as garrafas PET passam por um processo de trituração onde são transformadas em flocos (flakes), prontas para serem derretidas e utilizadas na confecção da fibra de algodão. Os flocos de rótulos servem para a fabricação de fitilho e o pó do PET serve para a produção de resina. Este tipo de revalorização do produto dá origem à matéria-prima secundária que tanto contribui para economia, quanto para o meio ambiente, já que ha uma diminuição de garrafas PET sendo lançadas e agredindo o meio-ambiente. Esse tipo de material também sofre uma influência da variação do dólar, já que grande parte da produção vai para exportação. O mercado também é restrito, pois as garrafas PET não podem ser recicladas com objetivo de voltar ser totalmente embalagem de alimentos, já que existem restrições da ANVISA (Portaria 987/98) quanto à utilização do PET reciclado para a fabricação de embalagem que entre em contato com alimentos e ainda a diferença de valorização quando se comparado ao alumínio, já que este pode voltar ao mercado como novas embalagens em contato com alimentos. Porém, os Estados Unidos e países da Europa como, Alemanha, Bélgica e Áustria, a resina de PET reciclada pode ser utilizada na fabricação de embalagens para alimentos. Diante disso, o mercado de garrafas PET recicladas se restringe a indústria têxtil, a embalagem de limpeza e a confecção de uma série de produtos em substituição aos existentes, o que justifica o percentual de apenas 47% das garrafas PET que são recicladas. De acordo com a ABEPET (Associação Brasileira dos Fabricantes de Embalagens de PET), a coleta é realizada em sua maioria por catadores informais, por coleta seletiva e a coleta realizada por cooperativas. A reciclagem é um dos meios do processo logístico reverso, pois realiza o retorno dos bens pós-consumo a um novo ciclo produtivo e é aplicado como uma das maneiras de minimizar o impacto que a garrafa PET provoca no meio ambiente.

Dentre os processos logísticos reversos, averigua-se que a Empresa Coca-Cola Brasil utiliza os canais reversos de reciclagem, dando apoio à criação de cooperativas de catadores, as escolas, ong’s e igrejas, disponibilizando um local para a coleta das garrafas PET. Nessa parceria, a Coca-Cola Brasil promove um tipo de troca, estipulado em seu programa de responsabilidade social, onde a quantidade de garrafa PET recolhida é trocada por móveis e equipamentos necessários nestes locais, nas diversas fábricas da Coca-cola espalhadas pelo Brasil. Hoje as empresas que utilizam a matéria-prima secundária ou investem em projetos sócio-ambientais, tem um aumento em sua valorização, seja em ações cambiais ou no aumento de suas vendas por conta da consciência da população que vem sendo modificada, além disso, a matéria-prima secundária possui um custo menor, aproximadamente 30% menos para as empresas. A Coca-Cola Brasil expõe a sua preocupação por meio de seus programas, como por exemplo, o Programa Água Limpa, de Conservação de Energia, Ar Limpo, Proteção da Camada de Ozônio e o Reciclou Ganhou, com objetivo de minimizar a degradação ambiental. De acordo com o programa Reciclou Ganhou, que visa a gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável, onde são adotados procedimentos logísticos reversos para a realização desse ciclo, apesar das restrições do Ministério da Saúde e da ANVISA, a Coca-Cola Brasil utiliza a garrafa PET reciclada para outros fins, como por exemplo, na composição dos uniformes de seus funcionários e o trabalho de coleta das garrafas realizado pelas ong´s, igrejas e escolas, são revertidos em diversos brindes, como computadores.

Para o artesão, mesmo existindo campanhas de incentivo à reciclagem e conscientização da população para a redução da poluição ambiental, existe também a falta de educação ambiental, onde em sua opinião, as pessoas não têm uma cultura voltada para essa causa e que se levassem na íntegra essa prática, esse problema poderia ser reduzido. Mesmo sem o incentivo por parte dos órgãos públicos e privados, houve uma redução do nível de degradação desde 2005, mas esse dado poderia ser melhorado se fossem criados programas de coletas seletivas e maiores esclarecimentos sobre esta questão. Neste sentido, o artesão entende que a arte com o PET pode reduzir de 30 à 40% a poluição visual dos rios, lagos e ruas, causadas pelo descarte das garrafas PET no meio ambiente, como ele já pôde perceber as diferenças nestes 12 anos de trabalho como multiplicador de idéias. No aspecto da logística reversa, o artesão procura as cooperativas de catadores e o ferro-velho para a aquisição das garrafas PET, já desenvolvem esse tipo de processo, porém, normalmente consegue esse material comprando em sua residência, no entanto, esse processo não é tão fácil, justamente pelo fato de haver pouca consciência da população em separar este tipo de material.

5 CONCLUSÕES

A importância de reutilizar produtos recicláveis, no caso o PET, pode contribuir de forma significativa em minimizar a degradação ambiental provocado pelo descarte incorreto no meio-ambiente. Como uma das formas de contribuir para esse fim, utiliza-se a logística reversa que é uma importante ferramenta para a atividade econômica devido ao impacto ambiental e social. Dentre os processos de logística reversa, a reciclagem é uma das maneiras mais utilizadas neste ciclo. É possível realizar a reciclagem com vários tipos de materiais, dentre as quais as garrafas PET, que diante dos dados coletados e analisados, o ambiente vem sendo degradado de diversas maneiras, sendo uma delas pelo descarte incorreto das garrafas PET. O objetivo desse trabalho foi compreender que a logística reversa e os canais reversos da reciclagem podem contribuir para a redução da poluição do meio-ambiente no município do Rio de Janeiro. Essa iniciativa tem por objetivo diminuir os níveis de poluição do solo, água e ar, prolongar a vida útil de aterros sanitários, melhorar a produção de compostos orgânicos, gerar empregos, aumentar a receita com a comercialização dos recicláveis, contribuir para a valorização da limpeza pública e para formar consciência ecológica (SITE AMBIENTE BRASIL). A reciclagem diminui a necessidade de exploração dos recursos naturais economizando inúmeras etapas de produção e transporte que geram emissões de gases poluentes e contribuem para a mudança climática e reduz o número de disposição final de produtos, tanto de resíduos, quanto de restos de alimentos biodegradáveis e também contribuem para diminuir o efeito estufa. Além disso, a matéria-prima reciclada tem um preço menor que a matéria-prima virgem (SITE CEMPRE). Identificaram-se algumas dificuldades de tornar mais viável o procedimento logístico reverso das garrafas PET ao canal logístico reverso de reciclagem das empresas pesquisadas, tais como: a) A impossibilidade de utilizar as garrafas PET recicladas para confeccionar novas embalagens que entrem em contato com produtos alimentícios, porém este cenário pode ser modificado em 2008, pois já está em negociação a regulamentação desse procedimento. No caso de permissão, as empresas poderão usar o material reciclado proveniente das garrafas PET para acondicionar alimentos e essa atitude tornaria menor a diferença tão desproporcional ante a reciclagem dos alumínios que chegam a 96% contra os 47% do PET. Essa liberação tem a possibilidade de trazer ganhos para o meio ambiente como a redução dos custos de produção para as empresas e ainda permite aos empreendedores praticarem a sustentabilidade corporativa, como é o caso das empresas fabricantes de refrigerantes, caso invistam neste projeto. A Coca-Cola Brasil mostra-se interessada nesse projeto, pois a utilização das garrafas PET recicladas já é uma realidade em suas operações em 17 países, onde firma parcerias com fábricas de reciclagem de PET, que além da economia de 30% na obtenção de matéria-prima reciclada para a confecção das garrafas, tem-se ainda um ganho ecológico e social. No processo de reciclagem com resina reciclada, usa-se menos energia e água na fabricação de garrafas PET, quando se comparado com a resina virgem. O Ministério do Meio Ambiente pretende adotar o modelo de projeto utilizado na Alemanha, onde os fabricantes são responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos e para as embalagens plásticas, foi estabelecida a obrigatoriedade de fabricantes e distribuidores recolherem e reciclarem os materiais. Neste sentido, foi criado pelas empresas deste setor a Duales System Deutschland Gmbh (DSD) entidade sem fins lucrativos que organiza a coleta e faz a triagem e a reciclagem de todo o material (REVISTA EXAME, DEZ 2007). Porém, enquanto isso não acontece, aqui no Brasil a Coca-Cola Brasil investe em tecnologia para promover o uso do PET reciclado na própria cadeia, como a transformação do PET em estantes usadas nos ponto-de-vendas já existente nos supermercados, os separadores de pallet, utilizados nas fábricas que estão em estudo e devem ser vendidos ainda este ano. O Brasil por sua vez, já possui tecnologia para este fim, porém, a garrafa PET fabricada a partir do material reciclado é exportada. A Bahia Pet Reciclagem e a From Pet (Recife) utilizam o processo físico-químico, internacionalmente conhecido como bottle-to-bottle (garrafa-a-garrafa) que é capaz de processar e transformar a garrafa novamente em polímero PET capaz de gerar uma nova garrafa, porém exportam esse tipo de produto, pois na Europa esse material é muito valorizado. Diante desse fato, percebe-se que o nosso país já possui tecnologia adequada para a produção de garrafa PET com material reciclado, o que falta, são apenas detalhes burocráticos de regulamentação. b) Outra dificuldade é o preço pago pelo PET que é inferior ao que se paga pelo alumínio, por esse motivo existe menor tendência de coleta por esse tipo material; c) Outro ponto relevante é o nível de consciência da sociedade e governos, que se tivessem a cultura ou até mesmo algum incentivo para realizar a coleta domiciliar ou seletiva que hoje chega a 2% no país, provavelmente o descarte de materiais na natureza teria uma redução. No caso dos programas de reciclagem e reutilização das garrafas PET para fins de matéria-prima secundária, nota-se pouca divulgação para a população sobre essa alternativa; d) O custo com a logística reversa de reciclagem ainda é grande, porém já existem estudos de custo x benefício deste processo, pois esse investimento pode agregar valor ao negócio principal da empresa, além de proporcionar ganhos financeiros com a produção de matéria-prima secundária, que custa em média 30% menos em relação à matéria-prima virgem da resina do PET, a logística reversa é capaz de proporcionar uma postura ecologicamente correta diante da concorrência. Além disso, a logística reversa, por meio de seus canais reversos, possibilita ganhos econômicos ao empreendedor criando diversas oportunidades de aplicação da garrafa PET reciclada. O Supermercado Zona Sul importa do Canadá carrinhos de compras fabricados com PET reciclado, para a indústria têxtil, se extrai a fibra de algodão 100% PET reciclado, a chamada fibra ecológica, que possibilita a confecção de malhas, jeans, moletons, entre outros. Utiliza-se também na fabricação de tintas, cordas, carpete. Algumas empresas do ramo da construção civil fabricam a brita de plástico PET, que tem o benefício de ser suscetível a fungos e não atraem roedores, possibilitando características especiais à argamassa e ao concreto. Portanto, existem diversas utilidades para as garrafas PET recicladas por meio do canal logístico reverso, portanto, existem diversas possibilidades para a realização de novos estudos neste sentido.

Pode-se perceber a dificuldade de identificar uma única causa para a poluição, porém atitudes e a consciência de implantar programas e campanhas de melhoria para o meio-ambiente e a desburocratização para o uso de material reciclado extraído das garrafas PET, podem de alguma maneira contribuir para minimizar a degradação ambiental. A logística reversa é uma importante aliada às empresas de refrigerantes do município do Rio de Janeiro para as questões de cunho ambiental e econômico, pois como se pode verificar anteriormente, este processo proporciona diferentes maneiras de revalorização de bens pós-consumo.

Cabe ressaltar, que a logística reversa de reciclagem é uma das maneiras de contribuir para este fim, pois no caso das garrafas PET, ao entrarem neste ciclo é possível retirar do meio-ambiente um percentual maior e transformá-los em outros produtos antes de ser descartado no meio ambiente. A Cola-Cola Brasil, por exemplo, além de utilizar a reciclagem das garrafas PET para a confecção dos uniformes de seus funcionários, utiliza também a logística reversa do reuso, pois neste caso ela possui programas de retorno de garrafas de vidro para serem utilizadas no envasamento de seu produto. No caso do artesão, pode se dizer que se aplica a logística reversa de desmanche, pois ele consegue extrair a matéria-prima utilizada em seu trabalho e confecciona novos produtos, sem que precise passar por qualquer tipo de processo químico ou de moagem. Para alcançar níveis menores de poluição ambiental, o processo de logística reversa das garrafas PET, deveria ser realizado por um número maior de pessoas e tomar atitudes conscientes na hora de descartar esses materiais. Diante disso, considerando o estudo realizado neste projeto, compreende-se que as empresas praticantes da logística reversa tendem a ter um diferencial para a sua imagem social e ainda contribuem para a preservação ambiental. A logística reversa pode ajudar a amenizar o impacto da degradação ambiental provocado pelo descarte incorreto das garrafas PET e as informações apresentadas neste artigo e seus argumentos, possibilitaram atingir os objetivos propostos inicialmente neste projeto e a oportunidade de estudos futuros.

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*Alunos da Graduação da Escola de Gestão e Negócios da UNIGRANRIO.

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