4. Companhias Aéreas

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4. Companhias A?reas

4.1. Companhias A?reas Nacionais

Como j? exposto anteriormente, n?o s? as companhias a?reas cargueiras transportam cargas. As duas maiores empresas brasileiras em participa??o no Mercado: a TAM Linhas A?reas e a Gol Linhas A?reas Inteligentes (GLAI) n?o possuem aeronaves cargueiras. Suas cargas s?o transportadas nos por?es das aeronaves de passageiros. Essas empresas, que transportam passageiros e cargas, s?o chamadas como companhias mistas.

4.1.1. Mistas

Como empresas mistas nacionais, podemos destacar as duas empresas l?deres em participa??o no mercado brasileiro, a TAM e a Gol. Al?m delas, detalharemos as opera??es da TAF, Total Linhas A?reas, OceanAir e a Webjet. Essas empresas possuem uma divis?o cargueira que fica respons?vel pelo transporte de carga.

4.1.1.1. TAM Linhas A?reas

A divis?o de cargas da TAM Linhas A?reas, a maior companhia a?rea do pa?s, chamava-se TAM Express at? o ano de 2007, quando passou por uma reformula??o. Agora todo servi?o de transporte cargueiro da maior empresa a?rea brasileira recebe o nome de TAM Cargo. Em 2007, a TAM cargo transportou cerca de 165 mil toneladas de carga. O aumento da oferta de v?os de passageiros e chegada de mais avi?es permitiu ? TAM disponibilizar mais por?es para carga, aumentando tamb?m a oferta da TAM Cargo, lembrando que a empresa n?o opera cargueiros puros. O crescimento de 176,6% da receita internacional, foi poss?vel gra?as ? mudan?a no modelo de comercializa??o de cargas na Europa e ? inaugura??o dos novos v?os para Mil?o, Madri, Frankfurt, Montevid?u e Caracas. A receita dom?stica da empresa tamb?m teve bons resultados, apesar da limita??o

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da disponibilidade de por?es para cargas, por exemplo, com as restri??es de pista em Congonhas e Guarulhos no decorrer do ano passado e a redu??o do n?mero de autoriza??es de v?os (slots) nos principais centros de conex?o, como Congonhas em S?o Paulo.

Atrav?s da mesma malha a?rea operada pela TAM Linhas A?reas, a TAM Cargo disponibiliza uma m?dia de 700 v?os di?rios, que atendem a 45 aeroportos no Brasil, al?m de 17 aeroportos internacionais nos Estados Unidos, Europa e Am?rica do Sul. Atrav?s dessa opera??o e dos acordos com parceiros internacionais, a TAM Cargo Internacional chega a mais de 120 cidades no exterior e mais de 45 pa?ses.

A TAM Cargo utiliza a mesma frota da TAM Linhas A?reas, composta atualmente por 116 aeronaves (agosto/2008), das quais 110 s?o avi?es da Airbus, al?m de tr?s Boeings MD-11 e dois Boeings 767-300. Ainda est? prevista a chegada de quatro Boeings 777-300ER quando os MD-11 ser?o devolvidos. O plano de frota da companhia prev? encerrar este ano com 123 aeronaves. A TAM Cargo conta ainda com mais de 350 ve?culos que operam em territ?rio nacional. A companhia possui acordos com empresas de transporte nos modais a?reos e terrestre, no Brasil e no exterior.

At? o final de 2008, a TAM dever? investir aproximadamente 21,8 milh?es de reais e infra-estrutura nos terminais de cargas dom?sticos em todo o pa?s e outros 8 milh?es de reais em sistemas de cargas (nacional e internacional). No mercado internacional, tr?s novos destinos ou freq??ncias, como GIG-MIA e GIG-JFK (ambos previstos para o final de setembro de 2008), devem ampliar ainda mais as op??es dos clientes neste ano. A TAM Cargo conta com mais de 2 mil colaboradores no Brasil e exterior.

4.1.1.2. VARIG

O per?odo analisado por este trabalho marca o fim de uma das maiores empresas brasileiras, a VARIG (Via??o A?rea Rio Grandense). Nesse per?odo, a empresa foi dividida em duas, o que ficou conhecido como "velha Varig", a VARIG Comercial, agentes de terra e uma ?nica aeronave apenas e a "nova Varig", que em termos pr?ticos seria a VARIG Operacional, com avi?es e rotas. A "nova" que consistia numa empresa financeira e estruturalmente boa foi vendida

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inicialmente ? VarigLog, quando passou a se chamar VRG Linhas A?reas. Menos de 1 ano depois de adquirida pela VarigLog, a VRG Linhas A?reas foi comprada pela Gol Linhas A?reas Inteligentes. Todas essas opera??es ficaram compreendidas no per?odo de 2005 a 2007. Os pr?ximos par?grafos ser?o dedicados a esta empresa, um ?cone da avia??o comercial internacional, que por muitos anos liderou o mercado brasileiro, sendo respeitada internacionalmente como uma transportadora eficiente que passava seguran?a e credibilidade aos seus clientes e que quase foi ? fal?ncia antes de sua venda em 2006.

A VARIG foi fundada em 7 de maio de 1927. Seu primeiro funcion?rio, Rubem Berta, tornou-se o presidente da empresa e guiou a Varig para tempos de grande expans?o, quando ela absorveu o Cons?rcio Real-Aerovias e herdou as linhas europ?ias da Panair do Brasil, ent?o a maior companhia a?rea do pa?s, fechada por decreto do governo militar. Ele deixou seu cargo apenas quando faleceu, em 1966.

A primeira rota internacional foi para Montevid?u, iniciada em 5 de agosto de 1942. O primeiro v?o regular para os Estados Unidos foi em 1955, tendo Nova Iorque como destino, nas asas do Super G Constellation, encomendado especialmente para esta rota. Em 1962, chegou o primeiro dos 14 Lockheed L-188 Electra, que se tornaram famosos na Ponte A?rea Rio-S?o Paulo. Os v?os para a Europa come?aram em fevereiro de 1965 quando o governo militar resolveu desativar a Panair do Brasil. Em 1968, a Varig inaugurou sua linha para o Jap?o.

Em junho de 1975 assumiu o controle acion?rio da Cruzeiro do Sul, que foi completamente integrada a VARIG em janeiro de 1993. Na d?cada de 80 criou a Rio Sul. Na d?cada de 90, comprou a Nordeste Linhas A?reas. Em 1996 mudou a identidade visual. Em 1997 a VARIG entrou para a Star Alliance, a maior alian?a de empresas a?reas do mundo.

A VARIG apresentava balan?os negativos nos ?ltimos quinze anos. Antes de ser vendida em 2006 mudou de comando mais de cinco vezes nos anos 2000. Com d?vidas estimadas em mais de sete bilh?es de reais, as dificuldades enfrentadas pela empresa s?o, supostamente, reflexo do congelamento das tarifas a?reas nas d?cadas de 80 e 90, complementadas por uma administra??o muito ineficiente.

A d?cada de 90 marcou tamb?m o inicio da crise financeira que fez com que a empresa deixasse de voar para v?rios destinos no Brasil e exterior, com

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fechamento desses escrit?rios e devolvesse mais de cinquenta aeronaves. Sem d?vidas os seguintes fatores contribu?ram para esse resultado: Guerra do Golfo e a alta do Petr?leo (1991) e a crise cambial do Governo Fernando Henrique Cardoso (1999).

A d?cada seguinte come?ou com aumento na concorr?ncia: a TAM iniciou suas opera??es para o exterior e a Gol entrou no mercado. No cen?rio mundial, os ataques terroristas de 11 de setembro geraram uma crise na avia??o. A empresa se dividiu em tr?s: Varig Transportes A?reos, Varig Engenharia e Manuten??o (VEM) e a Varig Log?stica S.A. (VarigLog). Incorporou suas subsidi?rias Rio Sul Linhas A?reas e a Nordeste Linhas A?reas, al?m de vender a uruguaia Pluna.

Mesmo assim, ao completar 75 anos de exist?ncia, a VARIG tinha o posto de maior companhia a?rea da Am?rica Latina, uma das l?dereres na avia??o mundial, com mais de 2,5 milh?es de v?os e 210 milh?es de passageiros transportados.

Com o obejtivo de reduzir os custos operacionais, o governo tentou em 2003 promover uma fus?o entre a Varig e a TAM. Essa medida tinha como base minimizar as conseq??ncias dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Ap?s v?rios adiamentos, entrou em vigor em mar?o de 2003 o acordo operacional. Por?m, n?o obteve o resultado esperado e durou aproximadamente 2 anos. Na pr?tica, o que ocorreu foi o compartilhamento (code-share) de alguns v?os entre as duas companhias a?reas.

A crise se agravou e a VARIG passou a ocupar o 3? lugar no mercado dom?stico em maio de 2005. Em 22 de junho de 2005 a justi?a brasileira deferiu o pedido de recupera??o judicial protocolado em 17 de junho do mesmo ano pela VARIG. Com essa decis?o, a empresa teve seus bens protegidos de a??es judiciais por 180 dias, mas disp?s de um prazo de sessenta dias para apresentar um plano de viabilidade e de recupera??o a seus credores. As d?vidas da VARIG, inscritas no balan?o de 2004, chegavam a 5,7 bilh?es de reais.

Em novembro de 2005 a TAP Portugal, em conjun??o com investidores brasileiros, formalizam a compra das subsidi?rias Varig Log e VEM, garantindo o pagamento de credores internacionais. No m?s seguinte, a Funda??o Rubem Berta (FRB) fecha um acordo para transferir para a Docas Investimentos 67% das a??es ordin?rias da FRBPar, propriet?rias da VARIG. A Justi?a do Rio de Janeiro, no entanto, suspende a opera??o, justificando que a troca de controle teria de passar

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primeiro pela aprova??o dos credores. A FRB ? afastada da gest?o da Varig, enquanto os credores rejeitam a oferta da Docas Investimentos e aprovam um plano de reestrutura??o da companhia.

Em abril de 2006 v?rios destinos s?o retirados da malha da companhia. Um dos ?ltimos destinos internacionais da VARIG foi Frankfurt, na Alemanha, devido ? demanda de passageiros para a Europa pela realiza??o da Copa do Mundo de Futebol.

Por meio do plano de emerg?ncia - elaborado com a finalidade de sustentar o fluxo de caixa da empresa at? meados de julho/agosto de 2006 - a VARIG tenta conseguir mais prazo com os credores para quitar suas d?vidas. Em abril de 2006 a VarigLog oferece 350 milh?es de d?lares pela empresa, mas a proposta ? recusada pelos credores. Uma nova oferta de 400 milh?es ? feita mas, sem uma defini??o da empresa, retirada no m?s seguinte. No dia 9 de maio uma nova assembl?ia dos credores define os termos de leil?o da VARIG, que poder? ser vendida integralmente (a Varig Opera??es, que cuida dos v?os nacionais e internacionais) ou separada (a Varig Regional, que cuida das opera??es dom?sticas). Os pre?os m?nimos s?o, respectivamente, US$ 860 milh?es e US$ 700 milh?es. Ap?s outra proposta de compra feita pela VarigLog, uma nova assembl?ia foi realizada em 17 de junho de 2006. Os credores da classe 1 da empresa, formada pelos trabalhadores, aprovaram a oferta. Mas os da classe 2, que conjuga fundos de pens?o e o Banco do Brasil, e da classe 3, reunindo empresas p?blicas e de leasing, rejeitaram a proposta. Foram mais de 20 votos contr?rios s? na classe 3, a maior parte deles advindos de empresas estrangeiras. Este resultado inviabilizou a realiza??o de um novo leil?o da VARIG, e como consequ?ncia a justi?a pode vir a decretar a fal?ncia da empresa.

Em 20 de julho de 2006, a empresa foi vendida por 24 milh?es de d?lares, em leil?o, para a VarigLog, que assumiu 245 milh?es de reais em bilhetes emitidos e o passivo (milhas acumuladas) de 70 milh?es reais do Smiles. A VarigLog se comprometeu a emitir deb?ntures (t?tulos de d?vida) de 100 milh?es de reais, que poderiam ser convertidas em 10% de participa??o na nova empresa para funcion?rios e credores com garantias, como o Instituto Aerus de Seguridade Social, fundo de pens?o dos empregados da empresa. A VarigLog foi a ?nica empresa a participar do leil?o. Segundo analistas, o risco de sucess?o de d?vidas foi o principal fator que afastou o interesse de outras empresas nos leil?es da

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