Jane Austen Orgulho e Preconceito Tradução de Maria ...

Jane Austen

Orgulho e Preconceito

T¨ªtulo original: Pride and Prejudice

Tradu??o de Maria Francisca Ferreira de Lima

Tradu??o portuguesa c de P. E. A.

Capa: est¨²dios P. E. A.

Editor: Francisco Lyon de Castro

Publica??es Europa-Am¨¦rica, Lda.

Apartado 8

272¨® Mem Martins Codex

Portugal

Edi??o n.o: 151034/¨®472

Execu??o t¨¦cnica:

Gr¨¢fica Europam, Lda.,

Mira-Sintra - Mem Martins

Dep¨®sito legal: 9727¨®/9¨®

ISBN 972-1-04084-3

Orgulho e Preconceito

Orgulho e Preconceito ¨¦, sem d¨²vida, uma das obras em que

melhor se pode descobrir a personalidade liter¨¢ria de Jane

Austen.

Com o fino poder de observa??o que lhe era peculiar, a

autora d¨¢-nos um retrato impressionante do que era o mundo

da pequena burguesia inglesa do seu tempo: um mundo

dominado pela mesquinhez do interesse, pelo orgulho e

preconceitos de classe.

Esses orgulho e preconceito que, no romance, acabam por

ceder o passo a outras raz?es com bem mais fundas ra¨ªzes no

cora??o humano.

Cap¨ªtulo I

? uma verdade universalmente reconhecida que um homem

solteiro na posse de uma bela fortuna necessita de uma

esposa.

Por muito pouco que se conhe?am os sentimentos ou modo

de pensar de tal homem ao entrar pela primeira vez numa

vizinhan?a, esta verdade encontra-se de tal modo enraizada

nos esp¨ªritos das fam¨ªlias circundantes que ele ¨¦ considerado

como propriedade leg¨ªtima desta ou daquela de suas filhas.

- Meu caro Sr. Bennet - disse-lhe sua mulher um dia -, sabe

que Netherfield Park foi finalmente alugado?

O Sr. Bennet respondeu-lhe que n?o sabia.

- ¨¦ como lhe digo - tornou ela -; pois a Sr.a Long ainda h¨¢

pouco aqui esteve e contou-me tudo.

O Sr. Bennet n?o deu qualquer resposta.

- N?o lhe interessa saber quem o alugou? - exclamou a

mulher, impaciente.

- A senhora pretende participar-mo, e eu n?o me oponho a

ouvi-la.

Como convite, era mais que suficiente.

- Pois saiba, meu caro, que, pelo que a Sr.a Long me disse,

Netherfield foi alugado por um jovem de grande fortuna do

Norte de Inglaterra. Chegou na segunda-feira, numa

carruagem puxada por quatro cavalos, para visitar o local, e

ficou t?o encantado que desde logo aceitou as condi??es do

Sr. Morris. Vem ocupar a casa ainda antes do dia de S.

Miguel e alguns dos seus criados dever?o chegar j¨¢ no fim

da pr¨®xima semana.

- Como se chama ele?

- Bingley.

- ¨¦ casado ou solteiro?

- Oh! Solteiro, naturalmente, meu caro! Um homem solteiro

e de grande fortuna, com rendimentos no valor de quatro ou

cinco mil libras anuais. Que maravilhoso acontecimento para

as nossas filhas!

- Como assim? Que t¨ºm elas a ver com isso?

- Meu caro Sr. Bennet - retorquiu sua mulher -, que ma?ador

que o senhor ¨¦! Sabe perfeitamente que encaro a

possibilidade de ele vir a casar com uma delas.

- ¨¦ essa a inten??o dele ao vir instalar-se para aqui?

- Inten??o! Que disparate ¨¦ esse que est¨¢ a dizer! Por¨¦m, ¨¦

muito natural que ele se apaixone por uma delas, e

exactamente por isso o senhor deve ir visit¨¢-lo logo que ele

chegue.

- N?o vejo raz?o para isso. Podem perfeitamente ir a senhora

e as pequenas, ou envia-las a elas sozinhas, o que talvez

fosse prefer¨ªvel, pois, uma vez que a senhora ¨¦ t?o bonita

como qualquer delas, o Sr. Bingley poderia escolhe-la a si

como a flor do grupo.

- Meu caro, o senhor lisonjeia-me. Fui, de facto, bonita nos

meus tempos, mas n?o pretendo ser hoje em dia nada de

extra ordin¨¢rio. Quando uma mulher se v¨º m?e de cinco

filhas crescidas, ela tem, necessariamente, de deixar de

pensar na sua pr¨®pria beleza.

- Em tais casos, ¨¦ raro uma mulher ter alguma beleza em que

pensar.

- N?o obstante, meu caro, o senhor tem de ir visitar o Sr.

Bingley mal este chegue ao bairro.

- ¨¦ coisa que n?o lhe garanto, desde j¨¢ a previno.

- Considere ao menos a sorte de suas filhas. Pense s¨® que

bela coloca??o n?o seria para uma delas. Sir William e Lady

Lucas est?o resolvidos a ir dar-lhes as boas-vindas, e

unicamente por esta raz?o, pois, como sabe, n?o ¨¦ seu

costume visitarem quaisquer rec¨¦m-chegados. O senhor n?o

pode deixar de ir, pois ser-nos-¨¢ imposs¨ªvel a n¨®s visit¨¢-lo

sem a sua ida pr¨¦via.

- Sem d¨²vida que exagera nos seus escr¨²pulos. Estou

persuadido de que o Sr. Bingley ter¨¢ todo o prazer em

recebe-la; e vou aproveitar o ensejo para lhe enviar, por seu

interm¨¦dio, um bilhetinho em que o asseguro do meu pleno

consentimento quanto ao seu casamento com aquela das

minhas filhas que mais lhe agradar; n?o posso, no entanto,

deixar de incluir uma palavrinha em favor da minha pequena

Lizzy.

- Espero bem que n?o fa?a tal coisa. Lizzy n?o ¨¦ melhor que

as outras. N?o ¨¦ nem mais bonita que Jane, nem t?o alegre

como Lydia, apesar de o senhor lhe dar sempre a prefer¨ºncia.

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