Prefeitura Municipal de Governador Valadares - Principal



Introdução

O município de Governador Valadares realizou na segunda quinzena de março/2021 o levantamento do índice de infestação do Aedes Aegypti, que apresentou um índice de 6,7% valor este considerado alto, conforme parâmetros definidos pela Organização Mundial de Saúde – OMS, que estabelece os Índices de Infestação Predial (IIP) conforme segue: inferior a 1% - está em condição satisfatória, de 1% a 3,9% - está em situação de alerta e superior a 3,9% - há risco para surto. Ou seja, no universo de 100 imóveis, quase 7 (sete) apresentam focos do Aedes aegypti, sinalizando entretanto que permanece um cenário para alta incidência de casos de febre por zika vírus, dengue ou febre Chikungunya, especialmente no período de verão, quando o clima (chuva e calor) favorece a reprodução do vetor (mosquito).

[pic]Figura 1a: Série histórica do LIRAa, período 2011 – 2021, Governador Valadares – MG ¹.

A série histórica dos últimos 10 anos (Figura 1a) mostra que permanece uma tendência de alta densidade vetorial no município de Governador Valadares, muito provavelmente em decorrência da associação de duas variáveis relevantes: o clima quente e a existência de reservatórios que frequentemente têm sido fonte de criadouro dos vetores.

O Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) é uma metodologia definida como de primeira escolha pelo Ministério da Saúde para o mapeamento e identificação dos pontos do território com altos índices de infestação do mosquito Aedes aegypti. Sua implementação possibilita abordagens antecipatórias nos possíveis bairros e/ou ruas que serão críticos para situação de epidemia das doenças causadas pelo Aedes, além de instrumentalizar a avaliação das atividades desenvolvidas, o que possibilitará um melhor aproveitamento dos recursos humanos e materiais disponíveis.

Tabela 1: Cenário de infestação dividido por estrato, com comparação dos resultados de janeiro/2019 a março/2021. Fonte: Gerência de Controle de Zoonoses – Governador Valadares / MG - Acesso em 18/03/2021.

|EStrato |IIP (%) JAN/19 |IIP (%) |IIP (%) out/19 |IIP (%) jan/2020 |IIP (%) jan/2021 |IIP (%) marc/2021 |

| | |maio/19 | | | | |

|ESTRATO 1 |8,4 |6,9 |6,1 |10,9 |6,4 |8,4 |

|Nova Vila Bretas, Mãe de Deus, Santo Antônio, | | | | | | |

|Altinópolis | | | | | | |

|ESTRATO 3 |6,8 |7 |5,6 |9,6 |6,3 |10,6 |

|Santa Helena, Morro do Carapina, N Srª das | | | | | | |

|Graças, Querosene, Monte Carmelo | | | | | | |

|ESTRATO 5 |13,4 |11,9 |8,5 |9,7 |3,0 |4,8 |

|Ilha dos Araújos | | | | | | |

|ESTRATO 7 |5,7 |9,5 |4,3 |7,5 |5,6 |5,2 |

|Centro, Esplanada, Esplanadinha, São Pedro | | | | | | |

|ESTRATO 9 |10,5 |11,5 |6,0 |12 |9,4 |4,9 |

|Jardim do Trevo, Santa Paula, Planalto, | | | | | | |

|Turmalina, Posto Planalto, Retiro dos Lagos, | | | | | | |

|Sertão do Rio doce, Os Borges | | | | | | |

|ESTRATO 11 |3,5 |5 |2,6 |9,4 |6,1 |8,8 |

|Santa Rita | | | | | | |

|ESTRATO 13 |5,9 |7,8 |5,6 |9,5 |5,6 |6,1 |

|Atalaia, Vila do Sol, Ipê, Vila dos Montes, | | | | | | |

|Vale do Sol, Cidade Jardim | | | | | | |

Fonte: Gerência de Controle de Zoonoses – Governador Valadares / MG - Acesso em 18/03/2021

Em Governador Valadares, a Secretaria Municipal de Saúde, através do serviço de Vigilância Ambiental / Controle de Zoonoses, realiza todos os anos levantamento conforme preconizado pelo Ministério da Saúde. De forma amostral – são visitados 20% dos imóveis nos quarteirões selecionados pelo sistema, que correspondem a aproximadamente 6.000 dos imóveis do município, e envolvendo 93 bairros, como preveem os protocolos ministeriais. Esta atividade é desenvolvida pelos Agentes de Combate a Endemias (ACE’s) e respectivos supervisores de campo, devidamente preparados e capacitados, bem como por demais profissionais da equipe multiprofissional de Vigilância em Saúde composta por médico veterinário, biólogos e agentes de saúde pública.

A pesquisa, realizada em 5.617 (Cinco mil, seiscentos e dezessete) imóveis do município, revelou que mais de 90% dos focos do mosquito continuam dentro dos domicílios. Fica evidente que ralos destampados, armazenamento de água de maneira inadequada e pratos de planta têm sido os reservatórios predominantes, fruto de comportamentos que aumentam o risco individual e coletivo para infecção por arbovírus. Observa-se um percentual relevante de focos encontrados em materiais inservíveis (lixo), e outras situações que se deve considerar o aumento no percentual de pneus, que teve alta significativa em relação a pesquisa anterior – de 3% para 9% - (detalhamento na Figura 1b).

Figura 1b: Distribuição percentual dos tipos de reservatórios identificados no LIRAa março/2021.

[pic]

Fonte: Gerência de Controle de Zoonoses – Governador Valadares / MG - Acesso em 18/03/2021.

As arboviroses podem ser facilmente confundidas com o novo Coronavírus, pois apresenta sintomas semelhantes como dor de cabeça, dor no corpo e febre, dentre outros, por isso num cenário mais delicado em que o mundo corre contra o tempo para vencer a batalha da Covid-19, doenças como dengue, zika e chikungunya merecem atenção, pois todas são transmitidas por um único mosquito que vem constantemente se adaptando a novas realidades de espaços urbanos.

Mesmo com o fim da ocorrência das chuvas que se inicia no período de outubro e vai até março e contribui muito para a formação de depósitos, o Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti LIRAa) apresentar como sendo os reservatórios predominantes os (ralos, calhas, vasos de plantas e reservatórios de água secundário) sendo que estes independem do período chuvoso, possibilitando à fêmea do Aedes aegypti a postura dos seus ovos, sendo assim é essencial que medidas de combate aos criadores do vetor permaneçam.

Assim, pela potencial ameaça que significa à saúde humana, os arbovírus requer especial atenção no que se refere ao estabelecimento/consolidação de programas compulsórios de controle e combate eficazes das doenças em humanos¹.

Sendo importante que os serviços de saúde se mantenham atentos e vigilantes aos processos de identificação dos casos suspeitos e de sua notificação.

Figura 02: Comparativo de casos prováveis de arboviroses notificados no SINAN, por semana epidemiológica, Governador Valadares - MG, 2018 a 2021¹ até a semana epidemiológica 17.

[pic]

Fonte: SINAN Online – acesso em 03-05-2021.

Nota: ¹dados parciais, sujeitos a alteração/revisão.

A Figura 2 e Tabela 02 representam a análise conjunta das três doenças transmitidas pelo Aedes (Dengue, Chikungunya e Zika). Fazendo um comparativo de casos dos anos de 2018 a 2021 (SE 01 a SE 17), é possível observar um aumento no número de casos informados a partir da semana 10 com relação aos anos anteriores.

Tabela 02: Comparativo de casos de arboviroses: dengue, zika e chikungunya, por semana epidemiológica, Governador Valadares - MG, 2018 a 2021.

[pic]Fonte: SINAN Online – acesso em 03-05-2021.

Nota: ¹Dados parciais, sujeitos a alteração/revisão.

Figura 03: Comparativo de casos prováveis de arboviroses notificados no SINAN, por semana epidemiológica, por período sazonal Governador Valadares - MG, 2020/2021¹ até a semana epidemiológica 17.

[pic]

Fonte: SINAN Online – acesso em 03-05-2021.

Nota: ¹dados parciais, sujeitos a alteração/revisão.

Destacamos que em 2021, até a semana epidemiológica (17) o município apresentou 1066 casos notificados prováveis de arboviroses, sendo dengue (572), chikungunya (490) e zika (4). Ao analisar a figura 03 observamos um acréscimo de casos com relação ao inicio do período de sazonalidade (semana 49). É importante ressaltar, que ainda nos encontramos em período de sazonalidade, por isso é necessário intensificar os trabalhos de combate ao mosquito através de medidas preventivas e a participação da comunidade é fundamental.

[pic]

Tabela 04: Frequência de casos prováveis de dengue e chikungunya notificados no SINAN, distribuídas por bairro, Governador Valadares - MG, 2021 ¹.

|Bairros |Dengue |Chikungunya |Zika |Total Geral |

|Total Geral |572 |490 |4 |1066 |

|SAO CRISTOVAO |58 |71 |0 |129 |

|ALTINOPOLIS |51 |22 |0 |73 |

|JARDIM PEROLA |20 |20 |0 |40 |

|VILA IMPERIO |14 |12 |0 |26 |

|PALMEIRAS |12 |11 |0 |23 |

|TURMALINA |11 |9 |0 |20 |

|CENTRO |8 |9 |1 |18 |

|SANTA HELENA |9 |9 |0 |18 |

|FRATERNIDADE |7 |7 |0 |14 |

|SAO RAIMUNDO |10 |4 |0 |14 |

|VILA BRETAS |7 |5 |0 |12 |

|VERA CRUZ |7 |4 |0 |11 |

|BELA VISTA |8 |1 |0 |9 |

|SANTOS DUMONT I |2 |7 |0 |9 |

|ATALAIA |7 |1 |0 |8 |

|JARDIM ALICE |7 |0 |1 |8 |

|CANAA |3 |4 |0 |7 |

|SERTAO DO RIO DOCE |7 |0 |0 |7 |

|CASTANHEIRAS |5 |1 |0 |6 |

|JK III |2 |4 |0 |6 |

|VITORIA |4 |2 |0 |6 |

|FLORESTA |4 |1 |0 |5 |

|SAGRADA FAMILIA |4 |1 |0 |5 |

|TIRADENTES |2 |3 |0 |5 |

|BAGUARI |0 |4 |0 |4 |

|JK II |0 |4 |0 |4 |

|SANTA PAULA |2 |2 |0 |4 |

|ESPLANADA |2 |1 |0 |3 |

|MAE DE DEUS |2 |1 |0 |3 |

|NOSSA SENHORA DE FATIMA |2 |1 |0 |3 |

|SANTA EFIGENIA |1 |2 |0 |3 |

|CARAVELAS |2 |0 |0 |2 |

|CONQUISTA |2 |0 |0 |2 |

|JK I |1 |1 |0 |2 |

|PARQUE OLIMPICO |1 |1 |0 |2 |

|SAO TARCISIO |2 |0 |0 |2 |

|VILA MARIANA |1 |1 |0 |2 |

|CHACARA BRAUNAS |1 |0 |0 |1 |

|JARDIM PRIMAVERA |0 |1 |0 |1 |

|MONTE CARMELO |0 |1 |0 |1 |

|OLIMPIO DE FREITAS |1 |0 |0 |1 |

|SANTO AGOSTINHO |1 |0 |0 |1 |

|SAO VITOR |1 |0 |0 |1 |

|VALE PASTORIL II |1 |0 |0 |1 |

VILA OZANAN1001Fonte: SINAN Online – acesso em 03-05-2021.

Nota: ¹Dados parciais, sujeitos a alteração/revisão.

Obs: Os bairros que não estão representados na tabela não possuem casos prováveis.

Os bairros com maior número de casos apresentados na Tabela 04, Santa Rita e São Cristovão (129 casos), Vila Rica (74), Altinópolis (73), JK (44) e Jardim Perola (40), tem sido áreas estratégicas no tocante a intensificação das ações de controle e de monitoramento pela vigilância, assim como as demais

localidades que mesmo diante do cenário que temos vivenciado de pandemia da COVID-19 não deixaram de ser realizadas como:

Visitas em pontos estratégicos;

Bloqueio dos casos notificados de arboviroses com UBV leve;

E retorno das visitas domiciliares em peridomicilios.

Sendo de fundamental importância a integração com os demais setores que compõem a rede de saúde do município, cuja intervenção também tem como subsídio, a organização sócio territorial.

Avançando a temática para o registro de óbitos, até o período avaliado – semana epidemiológica nº 12/2021, não foram identificados no município nenhum óbito suspeito por arboviroses.

Nesse sentido, faz-se necessário manter a sensibilização com relação à vigilância e suspeição dos casos de arboviroses, no intuito de mitigar os riscos das subnotificações, além de evitar que se tornem silenciosas, entendendo a sua relevância enquanto fontes notificadoras. Sendo que para reduzir a letalidade é necessário o reconhecimento oportuno dos casos suspeitos, o tratamento adequado do paciente conforme protocolo do Ministério da Saúde, além de organização da rede dos serviços de saúde.

Reforçamos, entretanto a importância da realização de exames específicos (sorologia e isolamento viral) visto que a detecção precoce da circulação viral no município é também uma das medidas para desencadear as ações de controle vetorial e contribuirá para a diminuição da incidência de casos, sendo também relevante a identificação do sorotipo viral circulante no território, na perspectiva da vigilância (cenário da doença).

Sendo disponíveis as metodologias de:

Sorologia - Realizado após o 6º dia de inicio dos sintomas;

Isolamento Viral – (Detecção do sorotipo circulante) – realizado até o 4º dia de inicio dos sintomas.

Tendo sido identificado no município em 2020 através de isolamento viral a circulação de dois sorotipos, DENV-1 e DENV-2, e chikungunya na analise de amostras de isolamento viral enviadas no ano de 2021.

Dúvidas e/ou esclarecimentos poderão ser encaminhados aos seguintes contatos:

Gerência de Epidemiologia/DVS-SMS-GV

Telefone: (33) 3271-0196 / 3275-5288

Centro de Controle de Zoonoses/DVS-SMS-GV

Telefone: (33) 3271-1164 / 3273-1014

Equipe de Elaboração:

Fabiana Almeida Leão

Giovanna Carvalho Silva Alvarenga

Raylaine Castro dos Santos

Gerente de Epidemiologia

GEPI/DVS/SMS-GV

José Batista do Anjos Júnior – Médico Veterinário

Maressa Taborda

Gerente do Centro de Controle de Zoonoses

CCZ/DVS/SMS-GV

Edna Gomes de Oliveira Leite

Diretora – Departamento de Vigilância em Saúde

DVS/SMS-GV

Caroline Sangali Martins

Secretária Municipal de Saúde de Governador Valadares

Referências:

¹Características gerais e epidemiologia dos arbovírus emergentes no Brasil. Em: . [acesso em 12 Julho 2017].

SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) [base de dados do Município de Governador Valadares]. Tabulação de dados: Dengue; [acesso em 03 de maio de 2021].

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O CORONAVÍRUS É UMA REALIDADE, MAS A DENGUE TAMBÉM É.

Coronavírus é uma realidade, mas a dengue também necessita de vigilância constante.

O isolamento sem os cuidados contra o mosquito pode favorecer a proliferação do vetor, transmissor também da chikungunya e da zika.

Além de sobrecarregar o sistema de saúde, que também enfrenta outras doenças respiratórias nesta época do ano.

Cada pessoa é responsável e precisa semanalmente fazer vistorias no seu imóvel para evitar focos do mosquito.

APROVEITE A QUARENTENA PARA PROTEGER A SUA CASA DO AEDES

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Boletim Epidemiológico

Arboviroses

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Edição especial, 03 de maio de 2021.

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