Substratos alternativos e métodos de quebra de dormência ...

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Tiago Reis Dutra et al.

Substratos alternativos e m?todos de quebra de dorm?ncia para produ??o de mudas de canaf?stula

Tiago Reis Dutra1, Mar?lia Dutra Massad2, Mateus Felipe Quintino Sarmento3, J?ssica Costa de Oliveira4

RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de diferentes m?todos de quebra de dorm?ncia e o uso do baga?o de cana para composi??o de substratos alternativos, constitu?dos a partir da mistura de um substrato comercial, na produ??o de mudas de canaf?stula (Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert). O experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados, no esquema fatorial 5 x 4, sendo cinco substratos, Bioplant?; 75% Bioplant? + 25% Baga?o de cana (75B+25BC); 50% Bioplant? + 50% Baga?o de cana (50B+50BC); 25% Bioplant? + 75% Baga?o de cana (25B+75BC); Baga?o de cana (100%), e quatro m?todos de quebra de dorm?ncia (testemunha, escarifica??o com o uso de lixa, imers?o em ?gua quente e escarifica??o com ?cido sulf?rico) com tr?s repeti??es. Foram avaliados o ?ndice de velocidade de emerg?ncia (IVE); o tempo m?dio de emerg?ncia (TME); a percentagem de germina??o; a altura da parte a?rea; o di?metro do coleto; a massa seca da parte a?rea; a massa seca de raiz; a massa seca total; a rela??o altura da parte a?rea/di?metro do coleto; a rela??o altura da parte a?rea/massa seca da parte a?rea; o ?ndice de qualidade de Dickson; a taxa de crescimento absoluto e a taxa de crescimento relativo. Os tratamentos de imers?o em ?gua quente e de escarifica??o com ?cido sulf?rico foram respons?veis pelos maiores percentuais de emerg?ncia e IVE, al?m dos de menor TME. O uso do baga?o de cana mostrou-se tecnicamente vi?vel na composi??o dos substratos 75B+25BC e 50B+50BC, que, juntamente ao Bioplant?, proporcionaram as maiores taxas de crescimento e os maiores ?ndices de qualidade das mudas de canaf?stula.

Palavras-chave: Peltophorum dubium ((Sprengel) Taubert), sementes florestais, Bioplant?, baga?o de cana, viveiro.

ABSTRACT

Alternative substrates and methods of breaking dormancy for the production of canaf?stula seedlings

This study aimed to evaluate the effect of different methods to break dormancy and the use of sugarcane bagasse in the composition of alternative substrates made from a mixture of commercial substrate, in canafistula (Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert) seedling production The experiment was carried out in randomized blocks in a 4 x 5factorial design, with five substrates, Bioplant?; 75% Bioplant? + 25% sugarcane bagasse (75B+25BC); 50% Bioplant? + 50% sugarcane bagasse (50B+50BC); 25% Bioplant? + 75% sugarcane bagasse (25B+75BC), sugar cane bagasse (100%) and four methods of breaking dormancy (control, scarification with sandpaper, immersion in hot water and scarification with sulfuric acid) with three replications. The emergence index (IVE), mean emergence time (TME), emergence percentage,

Recebido para publica??o em 08/07/2011 e aprovado em 11/12/2012. 1 Engenheiro Florestal, Mestre. Instituto Federal de Educa??o, Ci?ncia e Tecnologia do Norte de Minas Gerais, Campus Salinas, Fazenda Varginha, Km 02, Rodovia Salinas/ Taiobeiras, 39560-000, Salinas, Minas Gerais, Brasil. tiagoreisdutra@ (autor para correspond?ncia). 2 Engenheira-Agr?noma, Mestre. Instituto Federal de Educa??o, Ci?ncia e Tecnologia do Paran?, Campus Irati, Pedro Koppe, 100, Vila Matilde, 84500-000, Irati, Paran?, Brasil. mariliamassad@.br 3 Graduando em Engenharia Florestal. Instituto Federal de Educa??o, Ci?ncia e Tecnologia do Norte de Minas Gerais, Campus Salinas, Fazenda Varginha, Km 02, Rodovia Salinas/ Taiobeiras, 39560-000, Salinas, Minas Gerais, Brasil. mateusengflorestal@ 4 Graduando em Engenharia Florestal. Instituto Federal de Educa??o, Ci?ncia e Tecnologia do Norte de Minas Gerais, Campus Salinas, Fazenda Varginha, Km 02, Rodovia Salinas/ Taiobeiras, 39560-000, Salinas, Minas Gerais, Brasil. jessicataiocosta2010@

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shoot height, diameter of the collar; shoot dry weight, root dry weight, total dry weight, the shoot height:diameter of the colla ratio and shoot height:shoot dry weight ratio; Dickson quality index, absolute growth rate and relative growth rate. The treatments of immersion in hot water and sulfuric acid scarification were responsible for the highest percentages of emergence and IVE, and the lowest TME. The use of sugarcane bagasse proved to be technically feasible in the composition of substrates 75B+25BC and 50B+50BC, where they, along with the Bioplant?, provided the highest growth rates and quality score for canafistula seedlings.

Key words: Peltophorum dubium ((Sprengel) Taubert), forest seeds, Bioplant?, sugar cane bagasse, nursery.

INTRODU??O

A canaf?stula (Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert), popularmente conhecida na regi?o norte de Minas Gerais como "acari", apresenta grande distribui??o natural, desde a Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, at? o Paran? (Lorenzi, 2002).

Sua ?rvore ? muito utilizada na arboriza??o urbana, na constru??o civil e no reflorestamento misto de ?reas degradadas. Al?m de proporcionar ?tima sombra, quando isolada, apresenta grande porte, alcan?ando de 15 a 40 metros de altura e r?pido crescimento (Piroli et al., 2005; Alves et al., 2011).

A crescente expans?o dos projetos de restaura??o florestal tem aumentado a demanda por esp?cies nativas, tornando-se cada vez mais necess?rios estudos que visem ? produ??o de mudas com menores custos e com qualidade elevada.

A dorm?ncia das sementes e a composi??o do substrato s?o dois dos v?rios fatores que exercem influ?ncia no desenvolvimento de mudas, durante a fase de viveiro.

A dorm?ncia de sementes representa recurso eficaz para a perpetua??o das esp?cies, conferindo ? semente resist?ncia ?s condi??es desfavor?veis do ambiente e distribuindo a germina??o no tempo (Brancalion et al., 2011). Entretanto ?, geralmente, uma caracter?stica indesej?vel para os viveiristas, gerando problemas como desuniformidade entre as mudas, al?m de maior tempo de exposi??o ?s condi??es adversas, como a a??o de insetos e doen?as, e maior risco de perda de sementes por deteriora??o (Azeredo et al., 2010).

Para a produ??o de mudas de canaf?stula, ? necess?ria a quebra da dorm?ncia natural de suas sementes, ocasionada pela impermeabilidade de seu tegumento. A dorm?ncia tegumentar ? muito frequente entre as esp?cies florestais, caracterizando-se pela dificuldade de absor??o de ?gua pela semente, o que a impede de iniciar a hidrata??o e, consequentemente, restringe as rea??es metab?licas b?sicas da germina??o (Azeredo et al., 2010; Vasconcelos et al., 2010). Entre os tratamentos de quebra de dorm?ncia utilizados, com sucesso, para supera??o da dorm?ncia

tegumentar de esp?cies florestais, destacam-se as escarifica??es mec?nica e qu?mica, al?m da imers?o das sementes em ?gua quente (Oliveira et al., 2003). Esses m?todos baseiam-se no princ?pio de dissolver a camada cuticular cerosa, ou formar estrias ou perfura??es no tegumento das sementes, o que propicia o in?cio mais r?pido e uniforme do processo germinativo (Scalon et al., 2005).

Al?m do tratamento pr?-germinativo, o tipo de substrato influencia tanto a germina??o das sementes, quanto o crescimento das mudas. Segundo Martins et al. (2008), substrato ? o suporte f?sico no qual a semente ? colocada e tem como fun??o manter as condi??es adequadas de fornecimento de ?gua, oxig?nio e nutrientes, para sua germina??o e posterior desenvolvimento das mudas. In?meros substratos, em sua constitui??o original, ou combinados, s?o usados atualmente para propaga??o de esp?cies florestais (Sim?es et al., 2012), devendo-se observar, no momento da escolha, al?m de suas caracter?sticas f?sicas e qu?micas, os aspectos econ?micos, quais sejam: baixo custo e grande disponibilidade (Dutra et al., 2012).

O desenvolvimento da consci?ncia ambiental e a busca por alternativas econ?mica e tecnicamente vi?veis v?m tornando o reaproveitamento de res?duos e o uso de compostos org?nicos alvo de pesquisas, para incorpora??o desses insumos na composi??o dos substratos. Dentre os res?duos com potencial de utiliza??o, destaca-se o baga?o de cana.

A utiliza??o do baga?o de cana na composi??o de substrato para produ??o de mudas, na regi?o de SalinasMG, constitui-se em alternativa barata e de f?cil disponibilidade, j? que a cana-de-a??car ? mat?ria prima para o principal e o mais conhecido produto da regi?o, a cacha?a artesanal.

Em geral, esse res?duo apresenta adequada composi??o qu?mica, capaz de proporcionar bom desenvolvimento ?s plantas (Cunha et al., 2005), al?m de sua utiliza??o contribuir para a diminui??o do seu ac?mulo no meio ambiente.

O uso de substrato que cont?m, em sua mistura, o baga?o tem sido realizado com ?xito para produ??o de

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mudas de eucalipto (Freitas et al., 2006) e citros (Serrano et al., 2004), conferindo a essas mudas qualidades morfofisiol?gicas semelhantes ou superiores ?s alcan?adas com o uso de substratos comerciais.

Diante do exposto, objetivou-se, com este trabalho, avaliar o efeito de diferentes m?todos de quebra de dorm?ncia e o uso do baga?o de cana para composi??o de substratos alternativos, constitu?dos a partir da mistura de um substrato comercial, na produ??o de mudas de canaf?stula.

MATERIAL E M?TODOS

As sementes de canaf?stula (Peltophorum dubium) foram coletadas de sete matrizes localizadas no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais ? (IFNMG / Campus Salinas) (22?13'16" S e 54?48'2" O), munic?pio de SalinasMG, em outubro de 2010.

O experimento foi realizado durante os meses de novembro de 2010 a fevereiro de 2011, no Setor de Agricultura I, do IFNMG ? C?mpus Salinas, em delineamento de blocos casualizados, com tr?s repeti??es, no esquema fatorial (5 x 4), sendo avaliados cinco tipos de substratos e quatro m?todos para quebra de dorm?ncia das sementes. A unidade experimental foi constitu?da por 12 sementes.

Os substratos avaliados foram: Bioplant?; 75% Bioplant? + 25% Baga?o de Cana (75B+25BC); 50% Bioplant? + 50% Baga?o de Cana (50B+50BC); 25% Bioplant? + 75% Baga?o de Cana (25B+75BC); Baga?o de Cana (100%).

A caracteriza??o qu?mica dos substratos foi realizada pelo Laborat?rio de Fertilidade do Solo da UFVJM. As caracter?sticas f?sicas de porosidade total, macroporosidade, microporosidade e capacidade m?xima de reten??o de ?gua dos substratos, foram determinadas por metodologia proposta por Carvalho & Silva (1992) citado por Dutra et al. (2012) (Tabela 1).

Foram aplicados os seguintes tratamentos ?s sementes: Testemunha (sementes sem tratamento para quebra de dorm?ncia); Escarifica??o mec?nica (Lixa n? 60): as sementes foram lixadas superficialmente na regi?o oposta ao eixo embrion?rio e imersas em ?gua, por 24 horas, ? temperatura de 25 ?C; Imers?o em ?gua quente: as sementes foram imersas em ?gua quente (95 ?C) e deixadas em repouso fora do aquecimento, por 24 horas, ? temperatura de 25 ?C; Escarifica??o qu?mica: as sementes foram submersas em ?cido sulf?rico concentrado (98%) por 15 minutos e, em seguida, lavadas em ?gua corrente.

Ap?s a realiza??o dos tratamentos para quebra de dorm?ncia, as sementes foram desinfestadas em solu??o de hipoclorito de s?dio (2%) por 3 minutos, posteriormente, foram semeadas em tubetes com capacidade volum?trica de 55 cm?, preenchidos com os diferentes ti-

pos de substratos, sendo mantidos sob irriga??o por microaspersores bailarina, com vaz?o de 85 L h-1, em viveiro telado, coberto com sombrite de 50%. As temperatura e umidade relativa do ar, m?dias, durante o per?odo experimental foram, respectivamente, 29,7 ?C e 52,3%.

O n?mero de sementes emergidas foi avaliado diariamente, sempre no mesmo hor?rio, adotando-se como crit?rio a emerg?ncia dos cotil?dones, com o consequente surgimento do hipoc?tilo. Aos 28 dias ap?s a semeadura (DAS), foram avaliados os seguintes par?metros: Emerg?ncia - percentagem de sementes que emergiram; ?ndice de velocidade de emerg?ncia (IVE) ? determinado de acordo com a metodologia de Maguire (1962), descrita por Carvalho & Carvalho (2009); Tempo m?dio de emerg?ncia (TME) ? de acordo com a metodologia de Laboriau (1983), descrita por Carvalho & Carvalho (2009), com o resultado expresso em dias ap?s a semeadura.

A partir do 30? DAS, as mudas receberam fertirriga??o quinzenal, com 6 mL planta-1 de solu??o aquosa, contendo 4g L-1 de sulfato de am?nio, 10g L-1 de superfosfato simples, 4g L-1 de cloreto de pot?ssio e 1g L-1 de FTE BR12 (9% Zn, 3% Fe, 2% Mn, 0,1% Mo, 1,8% B, 0,8% Cu).

Aos 100 DAS, foram avaliados a altura da parte a?rea (H; cm), com uma r?gua, bem como o di?metro do coleto das plantas (DC; mm), com paqu?metro. Em seguida, as plantas foram colhidas e separadas em parte a?rea e ra?zes, lavadas em ?gua corrente e secadas em estufa com circula??o for?ada de ar, a aproximadamente 65? C, at? peso constante. Avaliaram-se massa seca da parte a?rea (MSPA; g planta-1) e massa seca de ra?zes (MSR; g planta-1), a partir das quais foi determinada a massa seca total (MST; g planta-1). Esses par?metros foram transformados em ?ndices de qualidade de mudas, conforme sugerido por Gomes et al. (2002): H/DC, H/MSPA, MSPA/ MSR, e no ?ndice de Qualidade de Dickson - IQD (Dickson et al., 1960), calculado por:

Tamb?m foram calculadas as taxas de crescimento absoluto e de crescimento relativo, conforme metodologia proposta por Hunt (1982):

em que: TCA = taxa de crescimento absoluto (g dia-1), TCR = taxa de crescimento relativo (g g-1 dia-1), P ? o peso total da mat?ria seca da planta e t = tempo, com ?ndice 1 = valor inicial (28 DAS) e ?ndice 2 = valor final (100 DAS).

Os dados obtidos foram submetidos ? an?lise de vari?ncia e, quando o efeito do tratamento pr?-emerg?n-

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cia, ou do tipo de substrato, foi significativo, as m?dias foram comparadas pelo teste de Tukey (p < 0,05). Todas as an?lises estat?sticas foram realizadas utilizando-se o software Statistica 8.0 (StatSoft, 2007).

RESULTADOS E DISCUSS?O

N?o houve efeito significativo da intera??o entre os m?todos de quebra de dorm?ncia e os tipos de substratos, para nenhuma das caracter?sticas avaliadas, ocorrendo somente o efeito isolado desses fatores (Tabela 2).

Os tratamentos de pr?-emerg?ncia influenciaram o ?ndice de velocidade de emerg?ncia (IVE), o tempo m?dio de emerg?ncia (TME) e a percentagem de emerg?ncia (E) (Tabela 2).

Nota-se que as sementes submetidas aos tratamentos de imers?o em ?gua quente e de escarifica??o qu?mica com ?cido sulf?rico apresentaram m?dias de IVE (16,60 e 17,42, respectivamente) e E (95,5 e 98,9%, respectivamente) superiores ?s da testemunha (3,25 e 22,4%); as submetidas ? escarifica??o com lixa, m?dias 10,23 e 61,7% (Tabela 3). Os mais altos teores de ?gua alcan?ados pelas sementes, nos dois tratamentos (Imers?o em ?gua quente: 69,8%; Escarifica??o com ?cido sulf?rico: 72,3%), em compara??o aos demais (Testemunha: 9,82%; Lixa: 67,9%), podem ter contribu?do de forma direta para a superioridade dos valores de IVE e percentagem de emerg?ncia.

O maior ?ndice de velocidade de emerg?ncia das pl?ntulas, proporcionados por esses m?todos de quebra de dorm?ncia, ? de grande import?ncia, haja vista que

maiores valores de IVE poder?o resultar na forma??o de mudas em menor tempo e, consequentemente, menor necessidade de perman?ncia no viveiro. Resultado semelhante foi observado por Oliveira et al. (2003), avaliando diferentes m?todos de quebra de dorm?ncia, para a mesma esp?cie em estudo; entretanto, os valores da velocidade de emerg?ncia, obtidos por esses autores, s?o inferiores aos observados neste trabalho. A efici?ncia dos dois m?todos em promover mais r?pida emerg?ncia tamb?m foi observada em outras esp?cies, como a Leucaena leucocephala (Oliveira & Medeiros Filho, 2007) e a Apeiba tibourbou (Pacheco & Matos, 2009).

O menor IVE (3,25), nas sementes sem tratamento pr?germinativo (Testemunha), resultou em maior TME (Tabela 3). Esses resultados confirmam a ocorr?ncia de dorm?ncia tegumentar nas sementes de canaf?stula, pois seu percentual de germina??o, ao final dos 28 dias, foi de apenas 22,4% (Tabela 3), ?ndice 3,8 vezes menor que o da m?dia dos demais tratamentos.

Outros autores que trabalharam com sementes de canaf?stula tamb?m recomendaram, para melhor germina??o, os tratamentos de imers?o em ?gua quente (Salerno et al., 1996; Oliveira et al., 2003) e de escarifica??o qu?mica com ?cido sulf?rico (Piroli et al., 2005).

A altura da parte a?rea (H), o di?metro do coleto (DC), a massa seca da parte a?rea (MSPA), a massa seca de raiz (MSR), a massa seca total (MST), os ?ndices H/MSPA e IQD, al?m das taxas de crescimento absoluto (TCA) e relativo (TCR) foram influenciados pelos tipos de substratos

Tabela 1. Caracter?sticas qu?micas e f?sicas dos substratos utilizados na produ??o de mudas de canaf?stula

Caracter?sticas1

Bioplant?

75B+25BC

Substrato2 50B+50BC

25B+75BC Baga?o de Cana

pH, ?gua

M.O, dag kg-1

P, mg dm-?

K, mg dm-?

Ca, cmol d m-? c

Mg, cmolc d m-? Al, cmolc d m-? H+Al, cmolc d m-? t, cmolc d m-? T, cmol d m-?

c

SB, cmol d m-? c

m, %

V, %

Porosidade Total, %

Macroporosidade, %

Microporosidade, %

CMRA, mL 55 cm-3

5,0 20,5 776,48 1.410 12,22

4,72 0,17 8,1 20,73 28,66 20,56 1,0 72 62,57 19,57 43,01 23,65

5,1 7,7 535,99 843,6 7,52 3,34 0,17 5,80 13,02 13,19 18,82 1 69 61,58 22,48 39,10 21,50

5,3 7,3 400,47 630,8 4,82 2,92 0,13 3,70 9,36 9,49 13,06 1 72 54,21 23,13 31,08 17,10

5,3 7,3 244,56 486,4 3,44 2,28 0,15 4,20 6,97 7,12 11,17 2 62 44,48 21,31 23,17 12,74

5,5 6,3 7,30 60,8 0,40 0,24 0,17 1,50 0,80 0,97 2,30 18 35 25,38 12,77 12,61 6,93

1 M.O. = mat?ria org?nica; t = capacidade efetiva de troca de c?tions; T = capacidade de troca de c?tions; SB = soma de bases; m = satura??o por alum?nio; V = satura??o por bases; CMRA = Capacidade m?xima de reten??o de ?gua. 2 B = % de Bioplant?; vermiculita; BC = % de Baga?o de Cana.

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Tabela 2. Resumo das an?lises de vari?ncia das vari?veis avaliadas nas mudas de canaf?stula (Peltophorum dubium) aos 100 dias ap?s semeadura1

Bloco

Substrato (S)

Dorm?ncia (D)

S x D

Res?duo

GL

2

4

3

12

38

Quadrados m?dios

IVE TME E Altura Di?metro MSPA MSR MST H/DC H/MSPA MSR/MSPA IQD TCA TCR

0,67n.s 2,20n.s 143,9n.s 84,69n.s 4,93n.s 3,20n.s 0,73n.s 6,99n.s 0,28n.s 1,84n.s 0,005n.s 0,183n.s 0,001n.s 0,0003n.s

2,41n.s 0,51n.s 363,6n.s 53,25* 3,86* 1,87* 0,20* 3,29* 0,21n.s 1,82* 0,037n.s 0,068** 0,0006* 0,0003*

588,3* 1041,5* 17425,3*

2,52n.s 0,18n.s 0,004n.s 0,001n.s 0,004n.s 0,16n.s 0,32n.s 0,012n.s 0,0005n.s 0,000002n.s 0,0006n.s

3,61n.s 1,43n.s 132,0n.s 1,38n.s 0,03n.s 0,04n.s 0,005n.s 0,06n.s 0,17n.s 0,44n.s 0,022n.s 0,001n.s 0,00001n.s 0,00002n.s

6,97 1,87 217,1 5,12 0,32 0,17 0,022 0,308 0,303 0,54 0,018 0,006 0,00006 0,00004

* significativo a p < 0,05; n.s - n?o significativo a p < 0,05. ?ndice de velocidade de emerg?ncia (IVE); Tempo m?dio de emerg?ncia (TME); Percentagem de emerg?ncia (E); Massa seca da parte a?rea (MSPA); Massa seca de raiz (MSR); Massa seca total (MST); Rela??o altura da parte a?rea di?metro do coleto (H/DC); Rela??o altura da parte a?rea massa seca da parte a?rea (H/MSPA); ?ndice de qualidade de Dickson (IQD); Taxa de crescimento absoluto (TCA) e Taxa de crescimento relativo (TCR).

(Tabela 2). Nota-se que, em boa parte, essas vari?veis, avaliadas nos substratos 75B+25BC e 50B+50BC, apresentaram valores superiores, igualando-se aos observados no Bioplant? (Figura 1), demonstrando grande potencial do uso do baga?o de cana na composi??o de substratos para produ??o de mudas de canaf?stula, proporcionando redu??o nos custos de produ??o, al?m dos ganhos ambientais pelo reaproveitamento desse res?duo.

Tanto a altura como o di?metro s?o par?metros de f?cil mensura??o, amplamente utilizados como indicador de qualidade das mudas (Gomes et al., 2003), sendo de boa aceita??o t?cnica, oferecendo excelente estimativa da predi??o do crescimento inicial no campo.

Os substratos Bioplant?, 75B+25BC, 50B+50BC e 25B+75BC proporcionaram os maiores valores da altura da parte a?rea das plantas (H), atingindo H m?xima de 13,8; 13,5; 12,8 e 11,2 cm, respectivamente (Figura 1a). O bom crescimento em altura de mudas de esp?cies florestais, utilizando substratos compostos por res?duos org?nicos, tamb?m foi obtido por Muniz et al. (2007).

Assim como observado para altura da parte a?rea (H), as mudas cultivadas em Bioplant? (3,55 mm), 75B+25BC (3,33 mm) e 50B+50BC (3,36 mm) apresentaram os maiores valores de di?metro do coleto das plantas (DC) (Figura 1b). Segundo Souza et al. (2006), essas mudas apresentariam maiores percentuais de sobreviv?ncia no campo, pois plantas de DC superiores possuem maior capacidade de forma??o e de crescimento de novas ra?zes.

As caracter?sticas qu?micas mais elevadas dos substratos Bioplant?, 75B+25BC e 50B+50BC, como os te-

ores de P e K (Tabela 1), podem ter contribu?do para a maior produ??o de massa seca da parte a?rea (MSPA) (1,363; 1,280; e 1,251 g planta-1, respectivamente), massa seca de ra?zes (MSR) (0,512; 0,485 e 0,437 g planta-1, respectivamente) e massa seca total (MST) (1,875; 1,764 e 1,688 g planta-1, respectivamente) das mudas de canaf?stulas (Figuras 1c, 1d e 1e). Resultados similares com o uso do baga?o de cana foram observados na produ??o de massa seca da parte a?rea e do sistema radicular (Freitas et al., 2006) de mudas de eucalipto e na MSPA de mudas de maracujazeiroamarelo (Serrano et al., 2006). O substrato 50B+50BC apresentou valores superiores em vari?veis de grande relev?ncia na produ??o de mudas, possibilitando uma redu??o no uso de 50% do substrato comercial e, consequentemente, reduzindo os custos de produ??o.

Esses substratos tamb?m apresentaram caracter?sticas f?sicas superiores ?s dos demais (Tabela 1). Os mais

Tabela 3. ?ndice de velocidade de emerg?ncia (IVE), tempo m?dio de emerg?ncia (TME) e percentagem de emerg?ncia (E) de mudas de canaf?stula, submetidas a diferentes tratamentos pr?germinativos1

Tratamentos

Vari?veis IVE TME (dias) E (%)

Testemunha Escarifica??o (Lixa) Imers?o em ?gua quente ?cido sulf?rico (98%)

3,25 c 10,23 b 16,60 a 17,42 a

26,2 a 11,1 b 11,3 b 11,8 b

22,4 c 61,7 b 95,5 a 98,9 a

M?dias seguidas da mesma letra na coluna n?o diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

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elevados valores de CMRA proporcionaram melhor suprimento de ?gua para a germina??o das sementes e posterior desenvolvimento das mudas, j? suas mais elevadas porosidades permitiram maior movimenta??o de ?gua e ar em suas estruturas, favorecendo a indu??o, a diferencia??o e o crescimento de ra?zes.

Maiores valores da rela??o H/MSPA indicam menor resist?ncia das mudas aos estresses ambientais, ap?s o transplantio para o campo. Analisando-se a Figura 1f, observa-se que as mudas crescidas nos substratos Bioplant? e 75B+25BC apresentaram os menores valores da rela??o (1,029 e 0,875 respectivamente). Segundo Gomes (2001), quanto menor o quociente obtido, maior ser? a capacidade de sobreviv?ncia, resultado de maior rusticidade das mudas.

Os maiores ?ndices de Qualidade de Dickson (IQD), observados nas plantas crescidas nos substratos Bioplant? (0,28), 75B+25BC (0,26) e 50B+50BC (0,25) (Figura 1g), foram superiores ao valor m?nimo de 0,20 (Hunt, 1990, citado por Gomes, 2001), recomendado para que a vari?vel seja um bom indicador de qualidade de mudas. Nota-se que, al?m da inferioridade estat?stica apresentada pelos tratamentos 25B+75BC (0,17) e Baga?o de Cana

(0,09) (Figura 1g), esses n?o alcan?aram o valor de 0,20 para o IQD.

Gomes (2001), citando trabalhos de outros pesquisadores, afirmou que, quanto maior o valor do IQD e menor o valor da rela??o H/PMSPA, melhor ser? a qualidade da muda produzida; em vista disso, os substratos Bioplant?, 75B+25BC e 50B+50BC foram os mais indicados para a produ??o de canaf?stula.

As vari?veis taxa de crescimento absoluto (TCA) e taxa de crescimento relativo (TCR) podem ser usadas para estimar a velocidade m?dia de crescimento, ao longo do per?odo de observa??o, e a rapidez com que uma planta cresce, quando comparado o tamanho final com seu tamanho inicial, respectivamente (Benincasa, 2003). Para as duas vari?veis, os substratos Bioplant?, 75B+25BC e 50B+50BC mostraram-se mais eficientes (Figuras 1h e 1i). Esse resultado pode estar atribu?do ao porte das mudas crescidas nesses substratos, que apresentaram maior produ??o de mat?ria seca (Figura 1e), reflexo de suas caracter?sticas qu?micas e f?sicas superiores (Tabela 1). Maiores taxas de crescimento de mudas, utilizando-se, na composi??o dos substratos, res?duos org?nicos, tamb?m foram observados por Dantas et al. (2009).

Figura 1. Altura da parte a?rea; di?metro do coleto; massa seca da parte a?rea (MSPA) raiz (MSR) e total (MST); rela??o altura da parte a?rea e massa seca da parte a?rea (H/MSPA); ?ndice de qualidade de Dickson (IQD); taxa de crescimento absoluto (TCA) e taxa de crescimento relativo (TCR) de mudas de canaf?stula (Peltophorum dubium) cultivadas em cinco tipos de substratos. M?dias seguidas de mesma letra n?o diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Rev. Ceres, Vi?osa, v. 60, n.1, p. 072-078, jan/fev, 2013

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Tiago Reis Dutra et al.

CONCLUS?ES

A dorm?ncia tegumentar das sementes de canaf?stula foi superada, de forma mais eficiente, pelos tratamentos de imers?o em ?gua quente e de escarifica??o com ?cido sulf?rico, sendo eles respons?veis por proporcionarem menor tempo de emerg?ncia das pl?ntulas, o que possibilitou a forma??o de mudas com qualidade, em menor tempo.

O uso do baga?o de cana na composi??o de substratos, a partir da mistura com o Bioplant?, mostrou-se t?cnica e economicamente vi?vel, na propor??o de 3:1 (75% de Bioplant +25% de Baga?o de cana) e 1:1 (50% de Bioplant +50% de Baga?o de cana), nas quais proporcionaram as maiores taxas de crescimento e maiores ?ndices de qualidade das mudas de canaf?stula.

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