Nunca fui a Moçambique - ANPUH
X ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA
26 a 30 DE JULHO DE 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA/RS
SIMPÓSIO TEMÁTICO 08:
ESTUDOS ÉTNICOS E IDENTIDADES SOCIAIS
Uma viagem por Moçambique através dos nganos – contos tradicionais moçambicanos[1]
Valeska Garbinatto[2]
Especialização História Africana e Afro-Brasileira - FAPA/RS
vgarbinatto@
Resumo:
O livro através do qual me aproximei de Moçambique foi fruto de um concurso literário em 2006, seu título é bastante atraente: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. São histórias contadas por jovens da etnia ndau, uma das muitas que compõem o panorama cultural e lingüístico de Moçambique. Através deste concurso, estes jovens escritores não só aperfeiçoaram os seus conhecimentos na língua oficial de seu país, como intentaram a recuperação de suas raízes culturais.
Este artigo é um esforço de compreensão da realidade moçambicana , mas também de sua relação com o Brasil atual, no que diz respeito à educação, ao domínio da língua portuguesa, da reconstrução nacional.
Palavras-Chave: Moçambicanidade; Tradição oral; Tradição Escrita; Identidade; Etnia
I. Introdução: Nunca fui a Moçambique...
Nunca fui a Moçambique. Na verdade nunca saí do Brasil.
Fui a Moçambique através da história, que como diz François Hartog é um outro território. Mas na realidade pura e crua da vida nunca fui Moçambique.
Nem sei de onde me veio esta vontade de ver este país tão distante para mim. Não tenho amigos moçambicanos. Não conheço nada além do que o próprio nome. E, no entanto me veio um livro sobre esta terra.
Mas Moçambique veio a mim. Timidamente. Através das mãos de uma amiga. Através de uma menina que nem sabia se Moçambique e eu nos entenderíamos. Mas Moçambique se fez para mim mais presente do que poderia imaginar.
A primeira notícia que tive de Moçambique foi num livro que recebi das mãos de minha amiga. Notícias não é bem o termo. Recebi histórias, pequenos relatos de uma vida que se desfaz, que se desintegra. Lembranças de adolescentes, de uma terra que tenho dúvidas de falar se existiu... Acho que eles também têm esta dúvida caso contrário não teriam escrito o que li... Li e reli aqueles textos, contos ou lembranças... Invencionices de adolescentes? Não sei dizer. Mas de alguma forma Moçambique entrou em minha vida e nem sei se quero que saia.
Mas vamos a buscar Moçambique...
O livro através do qual me aproximei de Moçambique foi fruto de um concurso literário em 2006, seu título é bastante atraente, mas ainda não sei se é o mais correto Nganos: contos tradicionais moçambicanos.
Já explico o meu ponto de vista. O livro e seu original concurso são dois momentos de uma ação intencional de resgate da cultura de uma etnia específica de Moçambique, a cultura Ndau. Portanto os contos são as histórias que a tradição familiar de jovens diferentes receberam sobre a sua etnia dentro de um território, que hoje conhecemos por Moçambique. São histórias que de alguma maneira são a visão destes jovens sobre a sua percepção do mundo e, conseqüentemente, seu Moçambique...
E no emaranhado de histórias, de relatos de outras pessoas que jamais vi ou pude sequer sonhar que existissem, surge também a minha percepção do Moçambique que não conheço...
II. Jovens demais para não saber...
Há vinte anos o nosso país era outro país... E talvez a maioria de nossos adolescentes nem saibam muito, não por falta de informação, mais por falta de experiência mesmo...
O que significam vinte anos numa vida? Por certo que muito. Será? Entre idas e vindas das mudanças econômicas, nas mudanças da moda, vinte anos foram um piscar de olhos para nós que passamos uma relativa estabilidade política e social em nosso Brasil.
O que não é o mesmo para os jovens que fizeram parte do livro Nganos... Em sua maioria pertencente à etnia Ndau, vindos das mais diferentes regiões de Moçambique[3]: Buzi, Mucheve, Mutabira, Machanga, Inharinge-Machanga, Inhanguno-Machanga, Djambe, Chibabava, Manbone, Beira, Muxungüe, Mutindire, Divinhe, Riconde, Chiluane, Cherinda. Literalmente vêm das mais diferentes áreas do país, de pontos tão distantes que teríamos dificuldade para nos localizarmos[4]. De semelhante possuem a mesma origem étnica, possuem famílias pobres, muitos possuem apenas uma muda de roupa e um par de sapatos (quando muito), dormem em esteiras de palha por eles mesmos confeccionadas, estão internos numa missão católica na região de Mangunde na província de Sofala, em área litorânea do país.
Para além da etnia há os sonhos que relatam. Sonhos simples. Sonhos de trabalho, de realizar-se numa profissão: professores de matemática, de português, pilotos de avião, engenheiros, arquitetos, filósofos, historiadores, contabilistas, advogados, juristas, padres... Sonhos de reconstrução. Sonhos de escrever a História do seu Moçambique.
Em verdade parece que os países da África estão sempre a se reconstruir... Tal o estado de coisas deixado pelas potências européias na região. Com Moçambique não foi diferente. Os jovens escritores ndau, que têm em média 20 anos, cresceram sob o impacto de uma guerra que dilacerou o país. Primeiro seus pais virão o emergir de uma luta anticolonial sob a liderança da FRELIMO, que desde 1962 vinha se organizando, depois com o fim da ocupação portuguesa, era a vez de saber-se quem comandaria o jovem país independente, porém pobre e desestruturado pela saída de milhares de colonos portugueses e companhias estrangeiras privadas.
Durante os anos que se seguem do final da guerra de libertação (1975) até a estruturação de uma política de estado única e a pacificação do país em 1992, o país empobreceu mais ainda: áreas inteiras deixaram de ser cultivadas, a fome tornou-se endêmica, os índices de alfabetização e de saneamento para as camadas pobres e negras da população praticamente não haviam sido alterados. Diante disso, não é estranho que Moçambique, assim como outros países africanos tenham sido alvo da piedade cristã das nações mais ricas e mesmo de associações e organizações que visavam unicamente auxiliar os povos massacrados pela guerra e pela miséria.
Estes jovens ndau que hoje lançam um livro são a minha porta de entrada para um país que nunca conheci... E que eles não conheceram também... São contos milenares, ancestrais, passados de geração para geração, em momentos de pouca paz em que os mais velhos contavam histórias de um tempo que se perderam desde o momento que o primeiro português aportou em Sofala.
Esses jovens que representam o futuro do país, não é mera coincidência dizer esta frase, são educados em língua portuguesa, numa missão católica, onde além da língua oficial eles também aprendem o que oficialmente se deve esperar deste mundo novo que surgira para África no contato com a Europa.
Segundo as estatísticas oficiais são ao todo 44 etnias habitando em Moçambique, os ndau são apenas uma das mais numerosas com uma população que pode ser colocada na casa de 1.900.000 espalhados por várias áreas do país[5]. Trata-se de uma etnia ligada ao grupo de línguas Bantu[6] que vai ser localizado desde Angola, foz e bacia do rio Congo, Nigéria, sul da África, Zâmbia, Zimbabué e em algumas áreas do Quênia e Etiópia[7].
Que histórias são essas? São metáforas de um mundo em transformação e em guerra.
III. Minha língua, minha Pátria... Será?
Os contos reunidos em Nganos são histórias coletadas das experiências sociais e familiares de jovens ndau, estão intimamente vinculados a oralidade e a uma lógica temporal e espacial que foge a compreensão ocidental e européia. Nesse sentido estes contos são pontos de resistência de uma cultura.
A forma de registro que o conto assume é a língua portuguesa e não é sem motivo. O concurso que deu origem ao livro pretendia que esses jovens pudessem desenvolver a prática da escrita objetivando a construção da coerência e lógica textual, bem como a desenvoltura e habilidade com língua portuguesa, língua oficial de Moçambique, mas que se encontra restrita a uma parcela de 40% da população do país, utilizada em estabelecimentos oficiais como escolas, repartições públicas, hospitais e em áreas urbanas significativamente.
Moçambique se dá a conhecer a mim através da língua portuguesa. A língua do dominador... Num país multicultural e multilingüe a existência de uma língua oficial pode ser uma dificuldade, afinal será esta um veículo muito forte com o período colonial. Mas essa será uma percepção precipitada...
Em conversas informais com os organizadores da coletânea deixam clara a preocupação em buscar através da escrita a identidade destes moçambicanos ndau: sua ancestralidade, sua condição como homens e mulheres responsáveis por suas comunidades, que foram buscar longe de casa os instrumentos oficiais[8] de reconstrução deste país africano, seus sonhos e uma lição a ser apreendida de cada história.
Essa identidade “ndau moçambicana” ou “moçambicana ndau” é uma questão que se encontra em aberto, de certa maneira, para todas as etnias que povoam este país. E num sentido amplo não se pode falar desta construção identitária sem penetrar nas questões da apropriação e transformação da língua nacional e da fixação de momentos específicos da história nacional.
Língua e História estão imbricadas num processo de construção histórica e social de um determinado povo, no caso de Moçambique, vários povos que sob o regime de ocupação e colonização português impôs não só fronteiras territoriais arbitrárias para estes povos (ou nações), como a desestruturação de seus modos de vida (o que vale dizer utilização de terras, cultivos de determinados produtos, regras sociais).
Falar de domínio dos instrumentos oficiais e encarar o uso da língua portuguesa como sendo um destes é entender que, ainda durante a luta de libertação de Moçambique, o português foi reapropriado pelas lideranças da FRELIMO como um elemento de unificação de um novo projeto nacional, agora não mais luso, mas independente, autônomo, livre...
Como diz Mia Couto: “O idioma português não é a língua dos moçambicanos. Mas, em contrapartida, ela é a língua da moçambicanidade”[9] O que antes fora um dos marcos da dominação tornar-se-á um pilar de afirmação.
No entanto, este pilar de afirmação deve passar por um grande processo de reconstrução nacional, o que incluiu forçosamente o sistema de ensino pós 1975. Segundo os estudos apresentados por Armando Jorge Lopes o português é uma das línguas faladas em todo o país, que é apontado como sendo um dos 15 países africanos com elevada diversidade lingüística[10].
Parece então óbvio que o sistema de ensino deva se adaptar a esta realidade e fornecer condições para que lingüisticamente todos os moçambicanos tenham condições de estabelecer novos elos de comunicação sem, no entanto, deixar perderem-se os elos que já estavam presentes.
Em 1975, cerca de 80% dos moçambicanos não falavam o idioma português. A popularização da língua é obra da independência. Hoje 2008, e em 2006 quando os contos foram escritos, tem-se pelos menos 40%, talvez com variações mínimas, que dominam o idioma luso. O que, novamente vale citar Lopes, significa dizer:
“Os falantes de português como língua materna representam 3% da população local e constituem uma percentagem considerável (17,7%) do número de falantes na capital, a Cidade de Maputo. No país, mais de 90% de falantes do português como língua materna são urbanos, enquanto que a esmagadora maioria dos falantes de línguas bantu como línguas maternas vive no campo. Quase metade da população situa-se na faixa etária dos cinco aos 19 anos, e 5,2% são do sexo feminino. Por fim, cerca de 40% da população total do país fala, compreende e escreve português. Mas é claro que, seu no seio, uso efectivo e eficiente da língua portuguesa é variável”[11].
O ensejo do concurso literário foi mais que oportuno se pensarmos essa realidade cultural e sócio-política, como bem podemos inferir pelas palavras de um de seus organizadores:
“Mangunde é o interior de Moçambique onde a eletricidade é por gerador isso só na Missão onde tem internato, pois quase toda gente usa phante, uma espécie de candeeiro com querosene ou ainda foto de tocos de arvores. A maioria da população quase toda é analfabeta e eles vivem ainda sob moldes tradicionais, a língua portuguesa não é muito usada senão mesmo salvo no hospital ou mesmo na escola. Então, a Missão serve de foco de "civilização" na qual se poder usufruir os benefícios que a modernidade oferece: eletricidade, aquisição da língua portuguesa como a segunda língua, conhecimento científico, aprender a ler e escrever, uso de computador, internet, para além de uma socialização maior entre os alunos oriundos de diversas parte do distrito, da província e até do pais que acorrem aquele estabelecimento devido a sua fama de qualidade de ensino que presta”[12].
Claro que poderíamos questionar, de maneira muito ampla, se esta apropriação da língua nacional coloca em risco as mais de 30 línguas dos diferentes grupos étnicos. Ou mesmo como garantir um convívio sem hegemonia? E a resposta está no desenvolvimento que o governo de Moçambique vem realizando no sentido de várias experiências de ensino bilíngüe em todo o território. Contudo, o destino das línguas é governado por outras razões talvez mais profundas. E é claro, também que a contar pelos índices fornecidos poderíamos questionar a eficiência destas experiências, mas será que este é realmente o nosso papel aqui? Penso que não, por ora...
Indo à contracorrente do que foi dito por Mia Couto sobre os escritores moçambicanos que escrevem em português: “Fazem-no porque sentem em português, vivem em português. Porém, é já um português outro, uma língua afeiçoada à cor e à textura da nação moçambicana”[13]. Estes jovens ndau escrevem em português não tanto porque o sintam em português, mas que escolheram o português e, porque não dizer, fazer parte de uma realidade nacional que consiga dar conta das inúmeras faces que têm Moçambique... Mas esta é uma primeira leitura...
IV. O sobrenatural, o sagrado: Os mortos visitam, os espíritos instruem, os ancestrais se manifestam... Uma forma de resistir à missão?
É neste momento que podemos perceber a proximidade entre os nganos, os missossos[14], as lendas e todas as histórias que vão compor o pantheon sagrado africano. È claro que não podemos pretender visualizar uma uniformidade ou mesmo homogeneidade entre as tradições religiosas presentes na África, seria uma afirmação muito difícil de se sustentar, é só darmos uma olhada na cultura religiosa de matriz africana que está representada nos países da América como um todo: voduns, orixás, batuque, Xangô, santerias... No entanto, há elementos comuns e que de alguma forma se conectam com estes contos.
Em O segredo[15] um jovem caçador sai à caça com seu cão Chang, consegue abater uma gazela e na tentativa de abater uma segunda se fere gravemente. Sentado no meio da mata, sem poder deslocar-se tendo com companhia seu fiel cão, desabafa para aquele que não pode lhe responder ou apaziguar... Será? O cão se manifesta em uma linguagem clara para o caçador e o ajuda em troca ele, o caçador, ficará com o dom de entender a língua de todos os animais, contudo há uma condição: não deverá revelar esse segredo a ninguém, sob pena de morrer. Levado pela pressão da cunhada em entender o que se passava com o jovem caçador este revela o segredo e morre.
É incrível a semelhança entre a história narrada por Chicopa João e a de “Nhanga Dia Ngenga e os seus cães”[16], um conto angolano. Não se pode esquecer que esta familiaridade não é sem motivo, tanto Angola quanto Moçambique são países cujas etnias que povoam têm como raiz lingüística comum as línguas bantu, além disso desde antes da chegada dos portugueses nestas terras africanas, os grupos humanos se deslocam em rotas de comércio de longa distância, sendo mesmo referido na literatura especializada a existência de portos importantes tanto em Sofala, quanto em vários pontos dos rios Zambeze e Limpopo[17].
No conto Os dois amigos[18], o leitor vai se deparar com Guidione, o corcunda e Makaro, o coxo. Ambos são companheiros de longa data e de infortúnios, passam os dias buscando uma solução para seus defeitos físicos, apelando para chás, rezas, simpatias e feitiços. Numa noite, após beberem muito, voltam caminhando até suas casas, no caminho Guidione cai em frente à entrada do cemitério e lá fica desacordado enquanto que Makaro segue trôpego. Um fantasma muito simpático tenta em vão puxar assunto com o rapaz, vendo-o tão cansado suspeita que a bagagem (corcunda) que este carrega é que deva ser o motivo daquele sono todo. Simpaticamente a retira das costas de Guidione que ao acordar percebe a transformação.
Não é preciso ir adiante para deduzir que Makaro resolve também adormecer no cemitério para ver se consegue se livrar de sua deficiência... Mas pobre Makaro, ele encontra o simpático fantasma, que o confunde com Guidione e devolve sua bagagem, achando que o jovem havia voltado para buscá-la! Ao final do conto a conclusão de Guidione ao escutar o relato entristecido do amigo: “Você precisava mais do que almejava, esse é seu fruto”[19].
Irônico? Cruel? Ou simplesmente uma interessante interpretação dos desígnios divinos?
Em História de Inhangoma-Imwe[20] o relato gira entorno desta região de ilhas no litoral moçambicano. Na região ao amanhecer e ao pôr-do-sol ouvia-se um misterioso som de batuque e via-se uma grande quantidade de equipamentos tradicionais utilizados em cerimônias de curandeirismo e de iniciação de novos curandeiros. Os nativos acreditavam que tais cerimônias e os sinais que viam eram de responsabilidade do deus dos oceanos, responsável pelo batismo de novos curandeiros. Quando os portugueses chegaram à região perceberam a sua riqueza, lá se instalando. Mas aos fazerem isso desrespeitaram as tradições locais. Em conseqüência disso a ira dos espíritos tradicionais foi despertada e numa noite tudo foi destruído pelas águas.
A região é alvo da curiosidade e do temor das populações próximas até os dias atuais, segundo o autor. Há redemoinhos que impedem a pesca na região tirando muitas vidas incautas e de quem não respeitam as tradições, obviamente, aquele que deseja ser um curandeiro não deve ir ao mar na região antes de prestar o mjunju[21] devidamente, caso contrário perderá a sua consciência normal.
A vida humana ou não só se estabelece a partir do consentimento das divindades, mas influenciada e mantida sob seus auspícios. O sobrenatural é uma dimensão tão concreta quanto a dimensão da vida material cotidiana. Não há uma dicotomia, tal como os ocidentais europeus constroem, na qual religião e ciência separam-se para nunca mais se reunir[22].
Já em Karingana wa karingana[23] temos um conto sobre os ordálios, os julgamentos rituais, em que a verdade vem à tona num momento de crise e de prova de coragem. Um caçador de nome Gabriel tem duas esposas a mais velha Helena e a mais nova Maria, com todas teve filhos. Depois de um dia de caça ele traz para casa uma perdiz e uma galinha do mato. Em casa deixou que as esposas escolhessem os animais, Maria escolheu a galinha do mato por ser maior e Helena teve de contentar-se com a perdiz. Porém, o prato de caril preparado por Helena foi muito mais apreciado pelo esposo, que percebeu seu cuidado no preparo para que o alimento ficasse saboroso e rendesse para todos. Maria com inveja, num momento de ausência de Helena, entra na sua casa e come todo o caril. Mas interrogada ela nega. Gabriel leva a questão ao sacerdote da aldeia que propõe um ordálio: caminharem por um fio, sendo que abaixo dele, havia um poço fundo. Quem roubou cairia enquanto os inocentes passariam incólumes. Cada membro da família que passava, o fazia entoando uma cantilena no idioma ndau.
Neste conto também aparece a mescla entre a tradição ndau e a cultura européia que se instala pela presença de nomes europeizados nos protagonistas. Contudo, é a cultura e os costumes da comunidade que prevalecem e que são referendados: a poligamia, a consulta ao sacerdote, a prática dos ordálios[24].
Os cultos africanos, como um todo, apresentam muitas semelhanças nas suas estruturas, embora cada etnia tenha seu conjunto de divindades, rituais religiosos e de iniciação sexual, animais e plantas sagrados. No geral, os contos tradicionais falam de migrações e do contato com etnias e culturas diferentes, da interação e do hibridismo resultante disso.
Nas religiões africanas tradicionais a família é um dos pilares de sustentação das comunidades, morrer sem deixar filhos é visto como uma desgraça. Mas a noção de família, como já foi dito, é ampla: inclui os vivos, os mortos, os agregados (escravos, servos, empregados) e os ainda por nascer, ou seja, os descendentes. Quando uma família se extingue o elo com os ancestrais e a Terra (o planeta, mas a própria fertilidade) é cortado, pois não existirá mais quem os cultue. Sendo assim, se entende a importância da constituição de uma família e a manutenção de várias famílias é a possibilidade de muitos possíveis descendentes. Por isso a punição para uma mentira ou para a inveja é a morte exemplar, já que é a instauração de uma crise, de um desequilíbrio entre os entes de um mesmo círculo[25].
Por outro lado, a intervenção dos espíritos dos mortos na vida material é algo entendido como comum e em certa medida natural, para a maioria dos africanos, os mortos vivem na outra vida do mesmo modo que aqui na Terra. Oferendas coletivas ou isoladas são necessárias, sendo encaradas como forma de homenagem[26]. Interessante é perceber que no contato com as religiões islâmica e cristã as religiões africanas vão buscar os exemplos de contato entre vivos e mortos: Lázaro ressuscitado, a menina que Jesus cura do sono da morte, a visitação dos anjos anunciadores...
Quando nos contos aqui relatados percebemos a presença destes elementos, o que é possível de ser pensado? Mais do que resistência à ação evangélica católica, há a permanência ou continuidade de práticas religiosas e culturais milenares que a despeito da ação cristã, se mantém e se mesclam a ela, buscando os elementos que as reforçam...
VII. Através da tradição oral a reconstrução... Ou a moral dos antepassados...
A tradição africana, como um todo, é pródiga em relatos sobre a intervenção dos seres divinos, ou mesmo do sobrenatural, para além de um registro escrito o que temos é um registro memorial baseado na ação e na construção de uma oralidade milenar, em que o jogo de palavras, a associação de características entre os personagens das histórias, a repetição de eventos e de narrativas vêm a contribuir para que essa tradição seja mantida através dos séculos, apesar das pessoas...
Este registro memorialístico, porque com base nas lembranças e na tradição que é passada de pai para filho, tem sua força na existência e no respeito a uma estrutura muito maior, que é a instituição familiar, na qual os indivíduos mais velhos são os detentores do conhecimento, dos costumes e da história do próprio grupo. Os mais velhos são o elemento de mantém os fundamentos da própria comunidade.
Ao longo da leitura do livro, Nganos: contos tradicionais moçambicanos, é possível reconhecer a força destes velhos, antepassados que espreitam a escrita realizada por estes jovens ndau; eles estão lá, nas histórias como personagens, ou como narradores que são incorporados pelos mais novos, nos títulos.
Dos vinte contos apresentados pelos menos alguns trazem literalmente a participação dos velhos das aldeias nas histórias e é a estes que vamos passar agora.
Em Cinhamussonongora na Mbarapahuma[27] nós temos como personagens principais uma avó e seus dois netos: Manuel (também chamado de Cinhamussonongora) e Amanuchel (conhecido por Mbarapahuma), esses são os nomes de batismo dos garotos, porém a avó os ensinara a atender quando chamados pelos nomes em ndau. Acontece que estes nomes em ndau são também expressões que significam respectivamente: tirar com um pauzinho o resto da carne que fica entre os dentes e a cor branca na face ou na testa, enquanto o resto do corpo do animal predomina outra cor[28].
Certo dia apareceu na frente da casa da pequena família uma vaca que eles não sabiam de onde havia vindo, sem saber o dono e sem inscrições no animal, resolveram matá-la e secar sua carne no fogo a fim de terem provisões, afinal carne não é coisa que se encontre fácil em determinadas regiões. Porém, cinco dias após o ocorrido, o dono do animal aparecera indagando se o haviam visto, a avó chamou seus netos pelos nomes em ndau que, coincidentemente, correspondiam as características da vaca: uma mancha branca na testa e a carne que era tirada entre os dentes! O homem surpreendeu-se com tal situação e perguntou aos garotos se tinham visto a tal vaca, eles responderam que não e o homem se foi. Ao final do relato a avó parabeniza os jovens por sua prontidão em atendê-la quando os chamou e reitera a necessidade de ser sempre solícito sempre que um dos seus nomes é falado.
O segundo relato é intitulado Os três conselhos[29], numa aldeia viviam mãe e filha, a pobreza e as necessidades obrigaram a jovem a ir para a cidade procurar emprego, tornando-se empregada doméstica numa casa, todo final do mês ela mandava para mãe comida, que passava os dias sozinha interrogando aos deuses o porque de sua má sorte em ver a única filha tão longe. A moça vivendo na cidade conhece um rapaz por quem se apaixona e acaba por engravidar. Ele a abandona. Porém, ela não se deixa abater continua sua vida até o dia do parto, quando pede a sua patroa que a deixe ter o filho junto de sua mãe, a patroa aceita.
Passados alguns dias a moça não retorna e a patroa vai até aldeia procurá-la, chegando lá encontra a velha senhora com um bebê muito lindo. A jovem falecera no parto. Compadecida da situação a patroa propõe criar o menino, a avó aceita, mas quer ensiná-lo sobre os costumes da aldeia e sobre sua mãe. Passam-se alguns anos e a patroa volta para buscar o menino que será seu filho adotivo; a avó dá três conselhos ao menino: 1) Ver, ouvir e calar; 2) Perto do mar não se dorme; 3) Comida servida não se nega. O menino segue com sua mãe adotiva e passa a viver na cidade.
Até o dia em que os conselhos da avó começam a serem postos em prática. O primeiro conselho o jovenzinho vê sua mãe adotiva trair o marido. De sua boca nada sai, a mãe adotiva aprende a confiar no garoto e a cuidá-lo ainda mais, despertando o ciúme do pai adotivo que decide matá-lo. Na primeira tentativa de morte resolve simular uma pescaria, mas anoitece e os capangas decidem acabar com a vida do menino ao amanhecer, é a vez do segundo conselho, o menino vai para outra ponta da praia dormir e a maré sobe matando os capangas. Na terceira tentativa, os novos capangas devem pegá-lo na estrada em que ele voltava da escola, mas uma senhora no meio do caminho oferece comida ao jovem e ele lembra-se do terceiro conselho. Por coincidência quem volta pela estrada sozinho é o filho legítimo de seus pais adotivos, que é morto em seu lugar. O garoto vive bem sempre seguindo os sábios conselhos de sua avó.
No terceiro e último conto sobre a participação dos velhos na vida da comunidade temos como título: A vida dos antepassados[30], nele logo na abertura temos o seguinte parágrafo de abertura:
“A vida dos antepassados era uma vida segura. Ela era protegida de modo a garantir a saúde e longevidade. As crianças aprendiam desde cedo a ganhar responsabilidade, respeito, moral e a viver em comunidade”[31].
Neste relato um velho vê passar ao longe um jovem casal de 19 anos, recém-casados, e resolve chamar o marido para uma conversa sobre o passado, embaixo de uma frondosa árvore. A conversa na verdade é um monólogo em que o velho expõe as diferenças entre a vida que hoje se leva na comunidade e a vida que se vivia há séculos atrás, ou na sua época. Os ritos de iniciação sexual dos rapazes são descritos, a necessidade do casamento, a idade certa para que um homem e uma mulher se unam.
Ao final do conto o jovem conclui “vi que tudo era ao contrário daquilo que é feito hoje. A modernidade trouxe a desgraça”[32].
Tal qual nos missossos angolanos, os nganos moçambicanos relatados aqui vão buscar nos velhos, em sua figura carregada de dignidade, de sabedoria, de conhecimento do passado; os elementos de suporte para a vida moderna que se inicia.
Novamente temos a impressão que a escrita não vem anular a oralidade ou as tradições orais, é certo que na medida em que as histórias que eram passadas de pai para filho e agora são transpostas para o veículo ou o suporte da escrita há uma cristalização da narrativa, dos personagens e até do enredo. Contudo, não se pode evitar pensar que também se torna um elemento de resistência desses jovens que através do recontar destes nganos estão a reafirmar valores que transcenderam a ótica colonial, a ótica portuguesa e que se mantiveram mais firmes e fortes nas áreas rurais de seu país, áreas em que o poder colonial sem forças e homens suficientes para se fazer presente teve de aceitar a mediação doas homens fortes locais, os régulos, os líderes das aldeias e até dos curandeiros e sacerdotes ditos pagãos.
Entender que a modernidade trouxe a desgraça é assumir uma fala que a priori não é sua como jovem de vinte e poucos anos, mas que pertence a um Outro que é revelado através de sua escrita e de sua fala no ngano em que é publicado. É possível perguntar de que modernidade está-se falado, de que desgraça se está a reclamar. Ora, a guerra civil é a modernidade por mais de 20 anos. A ocupação portuguesa é a desgraça por mais de cem anos. Um sistema de ensino e de saúde que não atende a toda a população e que não permite a emergência e a continuidade dos sistemas de educação e de controle da saúde por meio dos curandeiros e sacerdotes é uma desgraça que se abate, pois em seu lugar o que é colocado?
Por outro lado, esses jovens acreditam que o domínio de determinados instrumentos oficiais é a porta de entrada para uma nova realidade em seu país, e seus pais também assim acreditam caso contrário porque os teriam enviado para tão longe do convívio familiar? O grande desafio moçambicano é encontrar um caminho que vença o desequilíbrio introduzido nas comunidades africanas pela ocupação colonial, seja portuguesa ou qualquer outra, ao mesmo tempo em que realiza um projeto de integração nacional, levando em conta a realidade fragmentada política, social, étnica e economicamente.
VIII. Onde estará Moçambique?
O que foi feito neste trabalho é um esforço de compreensão inicial de um material recentemente lançado, que se estrutura na necessidade de sistematização e aplicação da língua portuguesa como língua oficial de um país que há mais de 30 anos tornou-se uma nação independente da ação imperialista de uma potência européia.
No entanto, este exercício de análise e compreensão não foi realizado por um crítico literário e, penso eu, nem foi esta a minha proposta, é um exercício de uma historiadora a se debruçar sobre um conjunto de fontes escritas que têm sua origem na tradição oral de uma etnia específica e como tal deve ser entendido.
Quando um historiador se propõe a ler os documentos originários nas tradições orais é necessário que pondere uma série de aspectos da constituição e da preservação destes documentos dentro de um contexto que extrapola a comunidade de origem.
Num primeiro momento, deve-se levar em conta que uma civilização oral, ou uma comunidade oral, apresenta uma atitude para com a fala, com o discurso totalmente diferente de uma civilização na qual a escrita é o seu elemento de preservação e de registro das mensagens ou idéias. A Fala para os grupos africanos que tem sua tradição na oralidade assume um aspecto não só de preservação dos conhecimentos e da sabedoria coletiva, mas é instância criadora do universo das coisas. A oralidade é percebida como uma atitude diante da realidade e não como uma ausência da habilidade escrita.
Numa visão mais antropológica, a tradição oral vai ser compreendida como um testemunho transmitido oralmente de uma geração para outra. Contudo, por sua complexidade, para nós historiadores e antropólogos um documento oral assume diferentes características, já que um indivíduo pode interromper, transformar, alterar, excluir, incluir e mesclar, corrigir e recomeçar seu testemunho diversas vezes. Mesmo quando este testemunho é transposto para o veículo escrito ou fonográfico[33].
Quando me deparei pela primeira vez com os nganos pude perceber que tratavam-se de documentos escritos que tinham a função de um registro para aqueles jovens, são narrativas, corretas do ponto de vista lingüístico, mas que ao mesmo tempo servem de testemunho de um conjunto de saberes que formam uma tradição oral. E a noção de testemunho é fundamental neste caso. Na tradição cristã, evangélica e católica, dar o testemunho é dar provas através da fala, da pessoa, do corpo físico de sua crença, da intervenção divina na sua vida material. Estes jovens deram o seu testemunho de quem são!
Não é possível na leitura destes nganos identificar a origem da tradição oral ndau, isso porque uma tradição oral pode ter por início um testemunho ocular, um boato ou mesmo uma nova criação mítica ou lendária. A tradição oral de uma civilização vai ser composta tanto de testemunhos oculares como também de crônicas, genealogias, cronologias de reis, depoimentos, rituais de nascimento e morte, lendas e histórias sobre divindades, ou mesmo obras literárias como as epopéias e os poemas (épicos ou não).
É claro que ao analisar uma tradição oral específica estaremos lidando com uma gama infinita de possibilidades de interpenetração entre tradições e culturas que habitam uma mesma região, por isso o estudo destas sempre será um estudo transdisciplinar envolvendo a lingüística, a antropologia, etnografia, a história e a arqueologia de uma dada região. No caso específico dos nganos aqui apresentados a intenção foi buscar uma compreensão que aliasse na medida do possível todas estas informações.
É importante salientar o contexto social e cultural em que estes nganos foram produzidos, por isso preciso se faz não esquecer que tudo que uma sociedade considera como importante para o seu funcionamento, para a preservação de seus grupos e famílias vai ser transmitido por agentes especialmente escolhidos para este fim[34]. Numa sociedade oral, ou que ainda mantém este traço significativo de oralidade, isso se dará pela transmissão da tradição; tradição esta transposta para a escrita, portanto não são apenas histórias bonitas, comoventes ou contos de fadas, são os elementos de manutenção de um ethos social e cultural por parte de indivíduos que por sua inserção numa nova ordem sócio-política se tornam os novos guardiões e depositários de uma tradição que se transforma a passos largos, como o próprio Moçambique se transforma de um país agrário, eminentemente, para um país em que se vê um pólo industrial a ser construído e equipado nas províncias litorâneas, em que é necessário gerar empregos e renda para uma população que sente a falta de recursos mínimos como água encanada, eletricidade, sistema de ensino e de saúde, saneamento básico...
Onde está Moçambique? Está não só no passado desta tradição oral registrada com cuidado e português perfeito, mas nos sonhos destes jovens de escrever a história de seu país, sem guerra fratricida, através de profissões como médico, arquiteto, engenheiro, padre, missionário, economista, juiz ou advogado para evitar que outras coisas continuem a serem violadas[35]...
Valeska Garbinatto[36]
IX. Referências
Bibliografia :
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ANTÓNIO, Francisco Castigo. O rapaz que raptou uma rapariga (este é um dos contos que me foi contado pela minha avó). In: MACHADO, Alexsandro dos Santos (coord.). Nganos: contos tradicionais moçambicanos.Porto Alegre: Algo Mais/La Salle. 2007. pág. 23-24
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Os Orixás no Brasil. Caixa Econômica Federal/Ministério da Habitação e Bem-Estar Social. Rio de Janeiro: Spala Editora. 1989
CHINHOCA, João Zacarias. A vida dos antepassados. In: MACHADO, Alexsandro dos Santos (coord.). Nganos: contos tradicionais moçambicanos.Porto Alegre: Algo Mais/La Salle. 2007. pág. 45-46
COUTO, Mia. A língua portuguesa em Moçambique. http: //ciberduvidas.pt/articles
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JOÃO, António Chicopa. O segredo. In: MACHADO, Alexsandro dos Santos (coord.). Nganos: contos tradicionais moçambicanos.Porto Alegre: Algo Mais/La Salle. 2007. pág. 15-16
JOAQUIM, Maite. Os cinco amigos. In: MACHADO, Alexsandro dos Santos (coord.). Nganos: contos tradicionais moçambicanos.Porto Alegre: Algo Mais/La Salle. 2007. pág. 39-41
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LOPES, Armando Jorge. Reflexões sobre a situação lingüística de Moçambique (pág. 35-46). In: CHAVES, Rita e MACEDO, Tânia. Marcas da diferença: as literaturas africanas de língua portuguesa. São Paulo: Alameda. 2006
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MANHANHE, Armando Manuel Machel. Cinhamussonongora na Mbarapahuma. In: MACHADO, Alexsandro dos Santos (coord.). Nganos: contos tradicionais moçambicanos.Porto Alegre: Algo Mais/La Salle. 2007. pág. 21-22
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POSNANSKY, M. Introdução ao fim da pré-história na África subsaariana. In: MOKHTAR, G. História Geral da África: II. África Antiga. São Paulo. Ática/Unesco. 1983
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ZIMBANDUE, Sónia Dungo de Castigo. Os três conselhos. In: MACHADO, Alexsandro dos Santos (coord.). Nganos: contos tradicionais moçambicanos.Porto Alegre: Algo Mais/La Salle. 2007. pág. 33-35.
Sites específicos:
a) Jornais e Notícias:
Afrikara :
Afrologia: .
Canal de Moçambique:
CiberDúvidas de Língua Portuguesa: http: //ciberduvidas.pt/articles
Ethnologue Languages -
Jornal Zambézia Online:
Moçambique Online:
Moçambique para todos – weblog :
b) Institucionais:
Associação Amigos de Moçambique – Esmabama:
Instituto Nacional de Estatística de Moçambique:
Ministério da Educação e Cultura de Moçambique:
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[1] O texto original foi uma artigo apresentado na disciplina de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Eliana Inge Pritsch (UNISINOS e FAPA).
[2] Licenciada em História/UFRGS. Professora da rede estadual de ensino em Porto Alegre, nos colégios: Elpídio Ferreira Paes e Alceu Wamosy. Especialização em História Afro-Brasileira e Africana/FAPA.
[3] No índice do livro há a foto de cada um dos jovens escritores, junto há informações sobre sua data de nascimento, o local onde nasceu, a turma a qual pertence na escola e o fundamental seu maior sonho.
[4] Em mapas na web certas áreas nem aparecem, pois não prioridades ou por não concentrarem população suficiente ou por não fazerem parte de zonas economicamente ativas para o país.
[5] Ver site: Ethnologue Languages -
[6] Adoto aqui a terminologia: Bantu (plural de muntu que significa “homem” ou “pessoa”). Esta terminologia foi aplicada por Bleek em 1862 e é citada por POSNANSKY, M. Introdução ao fim da pré-história na África subsaariana. In: MOKHTAR, G. História Geral da África: II. África Antiga. São Paulo. Ática/Unesco. 1983. pág. 551
[7] OLDEROGGE, R. Migrações e diferenciações étnicas e lingüísticas. In: KI-ZERBO, J. História Geral da África: I. Metodologia e pré-história da África. São Paulo. Ática/Unesco. 1982. pág. 304-5. POSNANSKY, M. Introdução ao fim da pré-história na África subsaariana. In: MOKHTAR, G. História Geral da África: II. África Antiga. São Paulo. Ática/Unesco. 1983. pág. 551-2
[8] Por instrumentos oficiais: o domínio da língua portuguesa, já que a missão católica administrada pela associação civil Esmabama é um estabelecimento de ensino no qual estes jovens vão buscar um conhecimento que somente a poucos tem chegado; mas é também um espaço em que se toma contato com a cultura ocidental mais ampla nas diferentes disciplinas ministradas, o próprio concurso literário é uma parceria entre as disciplinas de Língua Portuguesa e Moral e Cívica o que nos mostra a intenção de formação de uma consciência identitária que vai além dos laços tradicionais que os costumes ndau prevêem.
[9] COUTO, Mia. A língua portuguesa em Moçambique. http: //ciberduvidas.pt/articles
[10] Lopes faz coro com Couto quando cita o congresso da FRELIMO em 1971 e Dar-es-Salam (Tanzânia) e o debate surgido entre o uso do português como língua nacional em relação às demais línguas bantu que aparecem no país.
[11] LOPES, Armando Jorge. Reflexões sobre a situação lingüística de Moçambique (pág. 35-46). In: CHAVES, Rita e MACEDO, Tânia. Marcas da diferença: as literaturas africanas de língua portuguesa. São Paulo: Alameda. 2006. pág. 37
[12] Domingos Pedro Zina Faz-Ver. Conversa via e-mail durante o mês de novembro de 2008.
[13] COUTO, Mia. A língua portuguesa em Moçambique. http: //ciberduvidas.pt/articles
[14] PADILHA, Laura Cavalcante. Entre a voz e a letra: o lugar da ancestralidade na ficção angolana do século XX. Niterói: EdUFF/Pallas, 2007. pág. 45 a 75
[15] JOÃO, António Chicopa. O segredo. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 15 e 16
[16] PADILHA, Laura Cavalcante. Entre a voz e a letra: o lugar da ancestralidade na ficção angolana do século XX. Niterói: EdUFF/Pallas, 2007. pág. 48 e 49. A autora analisa os Contos populares de Angola, 1964.
[17] FAGE, D. O Nordeste e a expansão Bantu na África. In: .
[18] FRANCISCO, Gimo Cuarussua. Os dois amigos. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 25 e 26
[19] FRANCISCO, Gimo Cuarussua. Os dois amigos. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 26
[20] DOCODO, Domingos Francisco de Assis. História de Inhangoma-Imwe. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 31 e 32
[21] Ritual de batismo dos curandeiros.
[22] SILVA, Fernando Correia da. Contos Africanos. São Paulo: Editora Cultrix Ltda, 1989
[23] ZEFANIAS, Gabriel Chidequere. Karingana wa karingana. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 55 e 56
[24] Deve ser ponderado que os ordálios já eram conhecidos das comunidades gregas e romanas e praticados durante toda a Idade Média sob a égide da igreja católica.
[25] GARDNER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. O livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. pág. 97-104
[26] GARDNER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. O livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. pág. 97-104
[27] MANHANHE, Armando Manuel Machel. Cinhamussonongora na Mbarapahuma. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 21 e 22
[28] MANHANHE, Armando Manuel Machel. Cinhamussonongora na Mbarapahuma. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 21
[29] ZIMBANDUE, Sónia Dungo de Castigo. Os três conselhos. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 33 a 35.
[30] CHINHOCA, João Zacarias. A vida dos antepassados. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 45 e 46
[31] CHINHOCA, João Zacarias. A vida dos antepassados. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 45
[32] CHINHOCA, João Zacarias. A vida dos antepassados. In: Nganos: contos tradicionais moçambicanos. pág. 46
[33] VANSINA, J. A tradição oral e sua metodologia. In: In: KI-ZERBO, J. História Geral da África: I. Metodologia e pré-história da África. São Paulo. Ática/Unesco. 1982. pág. 157-59
[34] VANSINA, J. A tradição oral e sua metodologia. In: In: KI-ZERBO, J. História Geral da África: I. Metodologia e pré-história da África. São Paulo. Ática/Unesco. 1982. pág. 159
[35] O sonho de Augusto Francisco Mapa autor de Coração de Ouro. Pág. 07
[36] Licenciada e Bacharel em História pela UFRGS. Professora das escolas: C.E.E.F.M. Elpídio Ferreira Paes e E.E.E.F. Alceu Wamosy. Especialista em História Contemporânea e Supervisão Educacional, ambas FAPA. Aluna Especialização em História Africana e Afro-Brasileira
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