A arte na imprensa de Novo Hamburgo - UFRGS



A arte na imprensa de Novo Hamburgo

Felipe Mesquita Silveira, Leila Ermel, Rafael Furtado, Priscila Mathias Rosa

Acadêmicos do Curso de Comunicação Social – Jornalismo, Centro Universitário Feevale

Resumo: Este estudo teve como objetivo compreender como a imprensa de Novo Hamburgo registrou e vem registrando os diferentes movimentos artísticos ocorridos na cidade e cuja riqueza caracteriza a história do município. Compreende-se que os jornais têm-se constituído uma forma primordial de documentação da história social, política e econômica das cidades interioranas, conforme salienta Dornelles (2003), sem esquecer, também, de levar conta “as influências culturais dessa produção junto aos leitores e nem as condições de produção desses impressos” (BARBOSA, 2004). Dessa forma, a partir das considerações feitas por Bourdieu (1997), quanto à influência do campo jornalístico sobre os demais campos, e de Paviani (2002), com relação à arte, buscou-se compreender como o tema é trabalhado pela imprensa local, qual o destaque que recebe. Para isso, optou-se pela realização de um Estudo de Caso, a partir de uma abordagem qualitativa das matérias publicadas nos jornais NH, Folha de Novo Hamburgo e ABC Domingo, contribuindo para o registro dos enfoques adotados pela mídia regional quando o tema se refere à cultura.

PALAVRAS-CHAVE – MÍDIA REGIONAL – JORNAIS DO INTERIOR - JORNALISMO CULTURAL – ARTE

1 Introdução

De acordo com Beatriz Dornelles (2003, p. 15), os jornais do interior têm desenvolvido uma importante missão: “registrar a história social, política e econômica das cidades e de seus líderes, pois dificilmente os grandes jornais terão espaço para publicarem os acontecimentos sociais de cada município, assim como o crescimento e a evolução das cidades do interior e de suas culturas”. Ao analisar a documentação sobre os movimentos artísticos ocorridos na cidade de Novo Hamburgo, o papel da imprensa local destaca-se notavelmente, tornando-se, em alguns casos, a única fonte histórica.

Uma das poucas obras existentes sobre a arte na região, o livro “A Arte no Vale do Sinos”, de Líbia Maria Martins Wendling, utiliza-se, em vários capítulos, de citações do jornal NH como documentação de manifestações dos artistas de Novo Hamburgo, que, de outra forma, não contariam com nenhum registro. A leitura do livro de Wendling, baseado em dissertação de Mestrado da autora, demonstrou como as artes visuais tiveram um grande destaque na cobertura jornalística até os anos 90, servindo como referência para uma comparação sobre como o registro dessa área é feito atualmente.

Para compreender a arte é abordada, na imprensa de Novo Hamburgo, optou-se por uma pesquisa qualitativa a partir de uma amostra aleatória dos três principais jornais locais que circulam no município: o jornal NH, a Folha de Novo Hamburgo e o ABC Domingo. Foi escolhido aleatoriamente o mês de setembro de 2004 para a pesquisa. De forma a dividir equitativamente as leituras entre o grupo, foram tomados ainda jornais dos últimos dias de agosto e dos primeiros dias de outubro. Entre os itens levados em conta no estudo, estão: como é a divulgação das artes plásticas em Novo Hamburgo, como os artistas da região são valorizados dentro da imprensa local e que tipo de notícia propiciava a sua divulgação.

2 As artes visuais em Novo Hamburgo

A arte começou a receber destaque no Vale do Sinos por volta de 1969, com o surgimento dos movimentos que valorizavam a arte e a cultura da região. Um pouco mais tarde, surge o movimento artístico e cultural “Casa Velha Convívio de Arte”. Criado em 10 de abril de 1977, durou apenas dois anos. Mesmo com pouco tempo de existência, revolucionou a arte hamburguense.

O movimento “Casa Velha” recebeu esse nome por ter como sede uma casa antiga no bairro Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo. O lugar foi criado para o convívio da arte. Idealizado por Marciano Schimitz, Flávio Scholles e Carlos Alberto Oliveira (Carlão). O espaço era aberto dia e noite para os artistas e para o povo. “Essa casa possuía um espaço adequado para o objetivo proposto. Internamente, o local oferecia amplas salas que podiam ser usadas para aulas, para galerias e obras de arte”. (WENDLING, 1999, p. 41).

Logo no seu início, o “Casa Velha” sofreu rejeição da população, mas, em pouco tempo de existência, pelas diferentes ações que realizava, passou a ser lugar de convívio de todos. Além do povo, a elite hamburguense freqüentava o ambiente, acompanhada por prefeitos, advogados e pessoas de destaque.

O movimento foi responsável por toda consciência e valorização artística observada hoje na região. Desde o início do “Casa Velha”, o jornal NH sempre apoiou e noticiou as ações, propostas e exposições dos artistas do movimento, a partir, principalmente, da jornalista Evânia Reichert.

No anos 70, depois de uma trajetória de estudos em São Paulo, Flávio Scholles voltou para Novo Hamburgo, sendo que, em 1977, fundou a “Casa Velha – Convívio de Arte”, tendo o apoio da esposa Marisa e colaboração efetiva de Marciano Schmitz e Carlos Alberto de Oliveira (Carlão). Wendling destaca que o movimento que teve início na época foi tão profundo, que ainda hoje se encontram suas raízes e seus seguidores. Apesar de ser mais conhecido como pintor, Scholles também trabalhou como escultor em Novo Hamburgo. Um dos destaques é o “Monumento ao Sapateiro”, que está inserido numa linguagem própria do autor, com formas de cubismo e aspectos mais subjetivos do expressionismo.

A partir do Casa Velha, Marciano Schmitz passou a ser um artista profissional independente. Em sua atuação no Centro Cavalo Azul e no início do movimento Casa Velha, explorou o campo surrealista. Fazia mostras com estudos feitos a cera e a lápis, que serviam de base para as telas que ia pintar. Elaborava ainda telas em grandes tamanhos, feitas de pastel, cera, lápis. A pintura a óleo sobre tela também é encontrada nas obras dele.

Tendo aparecido como revelação durante a Sesquibral em 1974 e exposto suas telas no Centro Cavalo Azul, Carlos Alberto de Oliveira (Carlão), “O carteiro pintor”, teve impulso para sua carreira artística no período do movimento “Casa Velha”, ocasião em que teve a oportunidade de ser contratado pela prefeitura, pintando então vários painéis que hoje fazem parte do acervo artístico de Novo Hamburgo.

3 Ernesto Frederico Scheffel, um reconhecimento registrado pela imprensa

Tanto os jornais dos anos 70 como a leitura dos exemplares do jornal NH, ABC Domingo e Folha de Novo Hamburgo, de agosto a setembro de 2004, deixam claro o reconhecimento obtido na comunidade pelo artista plástico Ernesto Frederico Scheffel. Há um grande número de matérias que acompanham a carreira do artista, que, atualmente, mora na Itália, e a quem é dedicada a Fundação Ernesto Frederico Scheffell. Além de ser artista plástico, dedicado à pintura em óleo sobre tela, afrescos, desenhos esculturais, também é músico, compositor, escultor, restaurador de obras de arte e filósofo.

Ele não participou diretamente do movimento “Casa Velha”, apesar de ter incentivado e prestigiado os jovens artistas. O motivo foi a diferença de gerações. Afinal, a história de Scheffel inicia-se em 1940, a dos jovens artistas do Cavalo Azul em 1974, e a da Casa Velha em 1977. No entanto, as atividades desse conceituado artista plástico correram paralelas às do grupo de jovens de Novo Hamburgo.

4 A cobertura das artes visuais nos jornais locais

A pesquisa realizada neste estudo é de natureza qualitativa. Segundo Lima (2004), esse tipo de pesquisa se caracteriza por ser o exercício de compreensão e interpretação, pautados na descrição densa. O método utilizado foi o Estudo de Caso. De acordo com a autora, “o método de Estudo de Caso corresponde a uma das formas de realizar uma pesquisa empírica de caráter qualitativo sobre um fenômeno em curso e em seu contexto real” (2004, p. 31). Por seu turno, Gil (1999) caracteriza o Estudo de Caso como um estudo que permite o conhecimento amplo e detalhado, através de uma análise profunda e exaustiva sobre um ou mais objetivos.

A partir da análise dos exemplares do jornal NH, da Folha de Novo Hamburgo e ABC Domingo, além dos registros sobre a cobertura da imprensa que podem ser observados no livro “A arte no Vale do Sinos”, pode-se afirmar que as artes plásticas recebem destaque na mídia de Novo Hamburgo.

Apesar de não possuir uma crítica especializada, o jornal NH publica constantemente matérias sobre artistas plásticos da região, agenda de galerias, e etc. Toda essa atenção dada às artes visuais pela imprensa, em especial pelo NH, pôde ser constatada já em 1977, com o surgimento do movimento artístico e cultural “Casa Velha Convívio de Arte”, iniciativa que tinha por objetivo aproximar o artista da sua região através de diferentes manifestações. Na época, todas atividades que envolviam o “Casa Velha” recebiam destaque: “a cobertura da imprensa local, principalmente do jornal NH, com a jornalista Evânia Reichert, foi permanente. Outros jornais também noticiavam dia-dia o que estava acontecendo. (WENDLING, 1999, p. 50).

A cobertura da imprensa, hoje, entretanto, é mais informativa, bastante determinada pela agenda de exposições. No livro de Wendling, foram encontradas referências a momentos em que as artes visuais estiveram no centro de polêmicas entre os colunistas e de debate entre a comunidade. Crônicas e artigos polêmicos não foram encontrados nos jornais atuais.

Um desses momentos de polêmica ocorreu em 1987, quando o Rio dos Sinos esteve seriamente ameaçado pela poluição de suas águas. Nessa época, foi criado, em Novo Hamburgo, o “Grupo Valão”, constituído por renomados artistas locais da época, sendo alguns deles participantes de movimentos artísticos anteriores, como o movimento “Casa Velha”.

Os artistas do Grupo Valão realizaram pinturas de protesto em um muro localizado em uma parte central da cidade, o que chocou parte da comunidade. O cronista do jornal NH Alceu Feijó foi porta-voz dessa indignação, considerando a pintura do muro em prol do movimento ecológico, inclusive como um mau exemplo para as crianças de uma escola próxima ao local e como uma forma de poluição. “Tivesse permanecido o cinza teria ficado melhor, mais limpo, menos poluído”. (FEIJÓ, 1987, apud WENDLING, 1999, p. 129).

Em contrapartida, no mesmo jornal NH, a jornalista Evânia Reichert escreveu um comentário a favor do Grupo Valão e da causa ecológica, contestando Feijó: “O muro foi ‘pichado’ e já devia ter sido há muito tempo. O único rio que temos está morrendo, já tem data para os atos fúnebres, e a gente não dá bola mesmo para a gravidade do assunto”. (REICHERT, 1987 apud WENDLING, 1999, p. 129-130).

O movimento de artistas como Flávio Scholles e Ariadne Decker mexeu com as idéias das pessoas. Percebendo-se disso, o Grupo Editorial Sinos resolveu encampar a campanha para salvar o Rio dos Sinos, indo diretamente ao encontro de seus interesses mercadológicos. Como afirma Paviani: “A indústria da cultura tende a ignorar a crítica ou ao menos atrelá-la aos seus interesses. [...]. De outro lado, a indústria da cultura pode usar a crítica e os críticos como apoio mercadológico, como modalidade de promoção das obras de arte”. (PAVIANI, 2003, p. 58).

Polêmicas como essa envolvendo o Grupo Valão foram freqüentes no passado, mas não foram encontradas nos jornais atuais.

Analisando o jornal NH, foi possível perceber que as matérias sobre artes plásticas são trazidas aos leitores como produto de massa, como mercadoria ou como objeto de distinção social. As matérias, notas ou agendas publicadas, na maioria das vezes, estão nas colunas sociais, ou na Editoria de Geral. Durante uma semana, apenas uma notícia ocupou a editoria de Variedades, a matéria era de meia página, com foto. O artista em destaque foi Ernesto Frederico Scheffel, reconhecido na região.

Dos anos 70 aos 90, a jornalista Evânia Reichert, do jornal NH, se destacou por ser uma grande colaboradora para a divulgação e desenvolvimento da arte em Novo Hamburgo. Comparando os textos da época, registrados no livro de Wendling com os atuais, pôde-se constatar que havia muito mais críticas e polêmicas em torno da produção de artes visuais do que atualmente. Em geral, a movimentação em torno das artes plásticas tinha uma cobertura maior e mais presente.

Os primórdios da produção artística de Novo Hamburgo são registrados tanto no jornal NH como no Correio do Povo, de Porto Alegre. Um artigo assinado por Paulo Scherer, registra uma exposição que integrava os Carrosséis de Arte. No NH, pôde-se encontrar anúncios sobre a forma de associação ao Centro de Pesquisa de Artes do Cavalo Azul, o que contribuiu para o sucesso das promoções feitas pelo grupo.

Analisando a semana compreendida entre os dias 29 de agosto e 4 setembro de 2004 dos jornais NH, Folha de Novo Hamburgo e ABC Domingo, pôde-se perceber que não existe um espaço específico para a divulgação de artes visuais. As matérias voltadas para o assunto espalham-se na coluna social, páginas dedicadas à editoria de Geral, apesar de terem ocupado, nessa semana, em sua maioria, a editoria de Variedades, tanto no jornal NH quanto no ABC Domingo.

A Folha de Novo Hamburgo, por ser um jornal semanal, poderia disponibilizar um espaço para artes e cultura em geral, o que não acontece. O semanário de 3 de setembro apresenta apenas notas de agenda e duas colunas específicas: uma de poesias e outra, tradicionalista.

Quanto ao ABC Domingo, percebe-se, na edição de 29 de agosto, um grande destaque para o “Porto Alegre em Dança”, evento realizado anualmente na capital gaúcha. O assunto aparece no Caderno Domingo, possivelmente tirando um espaço que seria destinado às artes, inexistente na edição.

Já nas seis edições analisadas do jornal NH, o espaço de Variedades é responsável pelas atividades culturais, dentre elas, as artes visuais. Apenas na edição de sexta-feira nada constou sobre artes. Nas demais, duas grandes notícias com fotos, entrevistas e relação de participantes de duas exposições (quinta-feira e sábado). No mais, registraram-se agendas ou pequenas notas informativas. Os destaques que possivelmente tiraram espaço das artes visuais foram, então, o “Porto Alegre em Dança”, a “Semana da Pátria” e os preparativos para a Semana Farroupilha.

Durante a semana de 26 de setembro a 2 de outubro, apenas no jornal Folha de Novo Hamburgo pôde ser encontrada uma entrevista, feita com o artista Marciano Schmitz, um dos fundadores do movimento “Casa Velha: Convívio de Arte”, bastante influente na produção artística local. No ABC Domingo, apenas duas notas de serviço de exposições de artistas que não são da região em Porto Alegre. A semana teve poucas exposições divulgadas, sendo os artistas que tiveram destaque: Ceiça Alles, Amélia Brandelli, Sérgio Lopes, Marciano Schmitz e Ênio Lippmann.

As exposições feitas por Ceiça Alles, Amélia Brandelli e Sérgio Lopes foram registradas em pequenas notas. Marciano Schmitz recebeu um tratamento de maior destaque, merecendo uma reportagem, com foto, onde o artista relata o trabalho que vem desenvolvendo. O destaque foi dado pelo jornal Folha de Novo Hamburgo. Ênio Lippmann teve duas reportagens no jornal NH durante a semana estudada. As duas notícias traziam foto do artista.

5 Algumas considerações

As primeiras considerações que foram obtidas foram que a impressa dá uma grande importância à arte local, sendo o Grupo Sinos tem feito uma grande divulgação e promoção de eventos de arte, dispondo, inclusive, de um espaço para exposição dentro do prédio do grupo.

O espaço para as artes plásticas dentro dos jornais existe. Entretanto, para que as reportagens sobre as artes visuais sejam mais críticas é preciso que os jornalistas se especializem mais nesta área, pois, conforme se observou, o jornal NH possui espaço para isso. Já a Folha de Novo Hamburgo pareceu um jornal fraco nesse ponto, pois sendo uma publicação semanal, circulando nas sextas-feiras, poderia ter um espaço maior ou bem mais organizado para divulgação de exposições de uma forma mais crítica.

Após acompanhar o que foi noticiado no jornal NH sobre artes visuais, é possível perceber que hoje em dia, as matérias não possuem uma crítica especializada, como era feita anteriormente pelos jornalistas do Grupo Sinos. Naquela época existia de fato o jornalismo cultural, pois as pessoas que escreviam sobre arte, tratavam o assunto com especialização.

Hoje, a arte é tratada como produto, o jornalista não apresenta uma crítica aprofundada sobre o que é tratado, e isso em pouco acrescenta ao leitor, que, ao ler uma matéria, mais sabe onde vai encontrar a obra para comprar, do que realmente o que ela significa culturalmente, ou a que época pertence.

Obras consultadas

BARBOSA, Marialva. Como escrever uma história da imprensa?. In: ENCONTRO NACIONAL DA REDE ALFREDO DE CARVALHO, 2, 2004. Anais eletrônicos... Florianópolis, 2004. Disponível em: . Acesso em: 30 ago 2004.

BOURDIEU, Pierre. A influência do jornalismo. In: BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

DORNELLES, Beatriz. Jornalismo do interior atende expectativa dos assinantes. In: MENEZES, Francisco. A comunicação, o social e o poder: cultura, complexidade e tolerância. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.

DORNELLES, Beatriz. Jornalismo “comunitário” em cidades do interior – uma radiografia das empresas jornalísticas: administração, comercialização, edição e opinião dos leitores. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2004.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

LIMA, Manolita Correia. Monografia: a engenharia da produção acadêmica. São Paulo: Saraiva, 2004.

PAVIANI, Jayme. Estética mínima. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.

WENDLING, Líbia Maria Martins. A arte no Vale do Sinos. São Leopoldo: UNISINOS, 1999.

FOLHA DE NOVO HAMBURGO, setembro 2004.

JORNAL NH, setembro a outubro de 2004.

JORNAL ABC DOMINGO, setembro a outubro de 2004.

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