Jornal em Mato Grosso - UFRGS | Universidade Federal do ...



II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho

Florianópolis, de 15 a 17 de abril de 2004

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GT História das Mídia Impressa

Coordenação: Prof. Luís Guilherme Tavares (NEHIB)

Jornal em Mato Grosso -

no começo de tudo, a participação popular

Sônia Zaramella[1]

Resumo

Jornais impressos circulam em Mato Grosso há 165 anos. Esta pesquisa registra a chegada da tipografia no Estado em 1839, os primeiros periódicos em circulação em Cuiabá e a movimentação da imprensa até a Proclamação da República, em 1889. Destaca ainda a participação popular para a instalação da primeira tipografia na capital, demonstrando que as dificuldades de comunicação e de transporte daquela época não comprometeram a prática cultural em Cuiabá. Este texto faz parte de um estudo que tem por objetivo apresentar a origem e a expansão do Jornal, do Rádio e da Televisão em Mato Grosso.

1. O começo da imprensa em Mato Grosso

No ano da chegada da imprensa no Brasil, em 1808, a Capitania de Mato Grosso girava em torno de dois núcleos habitacionais - o de Cuiabá e o de Vila Bela (capital) - e era governada pelo Capitão-General João Carlos Augusto D’Oyenhuasen Gravenburg. A atividade de mineração presente no século XVIII estava em decadência e a economia sustentava-se na agricultura e na pecuária, desenvolvidas com técnicas rudimentares. A comunicação por escritos, como cartas, relatórios oficiais e relatos diversos, era restrita à elite dirigente e letrada, e a transmissão das mensagens ocorria por meio de precários caminhos por terra interligados pela via fluvial, demorando meses, dependendo do destino das correspondências.

Em virtude dessas deficiências nos setores da comunicação e do transporte, a notícia da elevação da Vila de Cuiabá à condição de cidade por Carta Régia de D. João VI de 17 de setembro de 1818, ainda na administração de D’Oyenhausen Gravenburg, só chegou ao conhecimento das autoridades locais no início de 1819, já no governo do Capitão General Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho, que assumira o cargo no dia 6 de janeiro daquele ano. O mesmo atraso se deu com a notícia da Independência, em setembro de 1822, mas só conhecida em Cuiabá no dia 5 de janeiro[2], num momento político instável, marcado pela duplicidade de poder e de comando motivado pelas disputas entre Cuiabá e Vila Bela, então sede da Capitania de Mato Grosso.

Com a outorga da Constituição do Império de 25 de março de 1824, as Capitanias passaram a denominar-se Províncias. Como a imprensa inexistia na Província de Mato Grosso, a partir de 1830 os atos oficiais da administração regencial, bem como estatutos e editais de entidades, entre outros documentos que necessitavam de publicidade, além das notícias mato-grossenses, começaram a ser impressos no jornal Matutina Meyapontense, da vizinha Província de Goyaz.

Esse periódico circulou de 5 de março de 1830 a 24 de maio de 1834 no Arraial goiano de Meyaponte (hoje Pirenópolis), onde foi montada a primeira tipografia da região Centro Oeste do país, que foi a Typographia Oliveira. Era de propriedade do Comendador Joaquim Alves de Oliveira, um mecenas das artes e das letras. O jornal Matutina Meyapontense trazia impresso embaixo do seu cabeçalho a seguinte informação:

Subscreve-se para esta Folha na Cidade de Cuiabá, na loja do Senhor Fleury de Camargo; na cidade de Goyaz, na do Senhor Sargento-Mor Manoel Francisco Ferreira; na Villa de S. João d’El Rei, na Typographia do Astro; no Arrayal de Trahira, em casa do Rmª Senhor Visitador Manoel da Silva Álvares e neste Arrayal na Typographia de Oliveira. As Folhas, por hora, sahirão as Terças e Sextas-Feiras; o preço da Assignatura: 28000 réis por trimestre.[3]

O jornal Matutina, portanto, alcançava localidades de Goiás e de Minas Gerais e ainda a cidade de Cuiabá, em Mato Grosso. Foi nesse periódico que, utilizando o espaço reservado para as informações mato-grossenses em duas colunas intituladas A Província de Mato Grosso e Miscelânia Cuiabanense, a Sociedade dos Zelosos da Independência publicou seus Estatutos na edição do dia 13 de novembro de 1833. Essa entidade cuiabana foi quem coordenou a Rusga[4], movimento nativista ocorrido na capital mato-grossense no período regencial, época marcada por lutas políticas e movimentos sociais em todo o país.

Em 1835 Cuiabá passou oficialmente a ser a capital da Província, depois de um movimento liderado pela elite local desejosa de inserir Mato Grosso no comércio internacional, fornecendo matéria prima para países europeus. Em 1836, quando a imprensa vai multiplicando a circulação de periódicos nos principais centros do Brasil, assume a presidência da Província de Mato Grosso o jurista Antônio José Pimenta Bueno. Caberá a ele a iniciativa de instalar a imprensa regional.

2. A tipografia, a participação popular e o primeiro jornal de MT

Foi o jurista Antônio José Pimenta Bueno, depois Marques de São Vicente, quem mostrou, por meio de Relatório Presidencial lido perante a Assembléia Legislativa Provincial em 1º de março de 1837, a necessidade de implantar uma tipografia na Província de Mato Grosso. Conforme o Relatório:

As instituições políticas, assim como as demais coisas, têm atributos e dependências que são essenciais à sua natureza. O sistema administrativo que nos rege exige a publicidade dos atos das autoridades, que também dela dependem muitas vezes, para que bem possam corresponder a seus fins. Tal é uma das condições que as leis demandam: é justo, é mesmo indispensável fazê-las conhecidas, quanto possível, aliás a pena imposta pela sua inobservância será repetidas vezes verdadeira tirania. E porquanto o interesse comum seja o fim desse sistema, justo é vulgarizar também o conhecimento de todos os melhoramentos que as circunstâncias da Província possa adotar para que dessa arte sirva-se ao mesmo interesse.[5]

Em seguida, no mesmo Relatório Presidencial, explicou como seria adquirida a tipografia:

[...] Assim é que a não existência de uma só tipografia nesta província, resolveu-me a fazer agitar subscrição[6] pelos diferentes Municípios para compra e estabelecimento de uma que se destine só e unicamente aqueles fins, e cuja propriedade fique pertencendo a esta Assembléia Provincial. O produto das subscrições já é de 3:000$000, eleva-se pelo menos a essa quantia, metade da qual já está arrecadada; trato de fazê-la vir, e, estabelecida que seja teremos removido a dificuldade em que, por esse lado, laboramos. Seria justo que o Cofre das Rendas Provinciais concorresse com alguma quantia para um Estabelecimento tão útil ao público serviço e aos trabalhos desta Assembléia.[7]

A proposta do Presidente Pimenta Bueno foi acolhida pela Assembléia Provincial e a implantação da primeira tipografia foi uma iniciativa bem sucedida, pois, em 1838, ele encaminhava novo Relatório à Assembléia, prestando contas da subscrição popular:

O total arrecadado da subscrição que o Governo fez agitar para a compra da Tipographia Provincial elevou-se a 2:948$868. Ela já se acha comprada, e segundo sou informado, é boa e bem sortida A sua importância, incluindo papel e tinta de que vem acompanhada, foi de 1:178$480. O negociante João Francisco da Rocha, por contrato reduzido a escrito, obrigou-se a conduzi-la da Corte para esta cidade. Um empregado de Goiás ofereceu- se em data de 15 de outubro último para vir dirigir a composição e trabalho tipográfico. Se houver acordo nas condições é provável que ele seja encarregado dessa tarefa. O Cofre Provincial deixou de despender a quantia que havia sido consignada para este Estabelecimento, por isso que o produto da subscrição, feita compra, chega também para as despesas de transporte e para mantê-lo.[8]

Dessa forma, a introdução da técnica tipográfica em Mato Grosso ocorreu com a contribuição financeira de sua população da época. Contudo, a tipografia comprada com o dinheiro arrecadado junto à comunidade, bem como seu vínculo administrativo, ficou com a Assembléia Provincial, que se encarregou também do conteúdo dos impressos. Assim, 30 anos depois de instalada no Brasil, a tipografia chegava a Mato Grosso com a ajuda financeira popular. Uma forma, aliás, muito diferente da verificada com a instalação da Imprensa Régia no Rio de Janeiro em 1808, custeada integralmente pela Coroa.

A pedido, Pimenta Bueno deixou o cargo e foi substituído pelo Cônego José da Silva Guimarães que, por sua vez, foi substituído por Estevão Ribeiro de Rezende em 16 de setembro de 1838. Foi Ribeiro de Rezende, no dia 2 de maio de 1839, quem informou à Assembléia Provincial, também por meio de Relatório Presidencial, que a tipografia comprada no Rio de Janeiro com o dinheiro arrecadado por meio de subscrição já estava em Cuiabá, bem como os artigos necessários para a impressão, como papel e tinta.[9]

Explicou ainda o Presidente que o negociante João Francisco da Rocha havia cumprido com o contrato celebrado, trazendo os componentes tipográficos até Cuiabá, e que havia sido paga a importância de 772$346 relativa ao frete do transporte, na razão de 1$000 por cada arroba. Esclareceu também que, como a subscrição havia arrecadado 2:948$768, existia um saldo de 848$042 que ele aplicara no pagamento dos serviços do tipógrafo encarregado da montagem da gráfica e nas despesas de sua viagem de Goiás para Cuiabá.

O empregado da Província de Goiás que se havia oferecido para vir dirigir a composição e os trabalhos tipográficos declarou em data de 16 de agosto último que se sujeitava a vir montar a tipographia e ficar nela empregado para trabalhar e ensinar composição, vencendo a gratificação anual de 600$00 e com a condição de se lhe abonar 200$000 como ajuda de custo para seu transporte[10].

As condições propostas pelo tipógrafo goiano foram aceitas pelo Presidente, argumentando a inexistência de mão de obra específica em Mato Grosso para operar a tipografia:

A falta absoluta de compositores que há nesta Província e as crescidas despesas que seriam precisas fazer-se para mandar vir da Corte um que decerto não se satisfaria senão com o duplo da quantia daquela gratificação foram outros tantos motivos que obrigaram-me a aceitar as condições propostas.[11]

No relatório, Ribeiro de Rezende adiantou ainda a necessidade de uma medida legislativa que autorizasse as despesas para manutenção da tipografia – batizada com o nome de Tipographia Provincial – e ainda que estabelecesse provisoriamente o numero de empregados indispensáveis para o trabalho dela, com vencimentos a título de gratificação até que uma lei ordinária os regulassem definitivamente, além de outras despesas decorrentes da impressão. O então Presidente revelou no mesmo Relatório o conteúdo do futuro impresso da tipografia comprada com o dinheiro arrecadado:

[...] uma folha destinada só e unicamente para transcrever e publicar todos os atos oficiais que não exigirem segredo do Governo, da Assembléia Legislativa Provincial, das Repartições Fiscais, das Câmaras Municipais, dos Jurados; as participações das Autoridades Policiais, as decisões das Juntas de Paz, finalmente mesmo as leis e atos do Governo Central que disserem respeito a esta Província. Não convem, Senhores, que essa folha, cuja publicação tanto interessa, tenha outro destino a não ser o indicado para que não sejam anulados os salutares efeitos que ela, de força, deve produzir [...][12]

Assim estava vedada a impressão de informações originárias de outras fontes, como da comunidade, por exemplo, pela tipografia comprada com o dinheiro popular, sendo autorizada somente a publicação de atos de caráter oficial e legal.

O tipógrafo goiano mencionado no Relatório do presidente Ribeiro de Rezende era Francisco José de Melo, oriundo do arraial de Meyaponte. Ele fez a instalação da Tipographia Provincial de Mato Grosso, na qual foi impresso o primeiro jornal de Cuiabá, lançado no dia 14 de agosto de 1839, com o nome de Themis Matogrossense. Com quatro páginas, o jornal era impresso em papel almaço, medindo 0,31 cm de altura por 0,21 cm largura, próximo do formato tablóide atual, que é de 28 cm de largura por 32 cm de altura, e que corresponde à metade de um jornal do formato standard.

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O Themis, cujas páginas eram divididas em duas colunas largas, circulava às quartas-feiras. Apesar do caráter oficial, seus exemplares eram comercializados, pois a assinatura do jornal era feita na casa de João Alves Ferreira e Joaquim de Almeida Falcão, em Cuiabá, ao custo de 800 réis por trimestre. O exemplar avulso saía a 80 réis. No ano do lançamento do seu primeiro jornal, o Themis Matogrossense, Cuiabá tinha uma população estimada em 12 mil habitantes.

Segundo o jornalista e escritor Pedro Rocha Jucá[13];

[...] A Tipografia Provincial trouxe para a capital não apenas o primeiro jornal de Mato Grosso, mas também a primeira profissão fora dos limites tradicionais do poder: a de tipógrafo [...]. [...] foi uma espécie de revolução profissional., pois ocupava uma escala bem acima daqueles trabalhos manuais sem remuneração condigna.

Para Lenine de Campos Póvoas[14], a circulação do Themis foi “um fato, sem dúvida, da maior relevância para a história da cultura de nossa terra”. Todavia, o Themis teve breve periodicidade, em virtude de divergências políticas. Conforme o historiador Estevão de Mendonça[15], o primeiro jornal mato-grossense desapareceu em virtude da oposição da Assembléia Legislativa Provincial ao governo do Presidente Estevão Ribeiro de Rezende, em 1840.

O legislativo encerrou os trabalhos antes do prazo normal e sem votar a Lei do Orçamento. Convocado extraordinariamente em julho daquele ano suprimiu a verba destinada ao custeio da Tipographia Provincial[16] e o jornal Themis Mattogrossense teve sua circulação interrompida.

3. Os jornais oficiais sucessores do Themis Mattogrossense

Em 28 de outubro de 1840 assumiu a Presidência da Província o Cônego José da Silva Guimarães. Ele reorganizou a Tipographia Provincial, o que viabilizou o retorno do jornal na capital, desta vez com o nome de Cuyabano Official, a partir de 30 de julho de 1842. Esse novo jornal impresso pela Tipographya teve, um ano depois, o nome trocado para O Cuyabano, que circulou até julho de 1845. Dois anos depois, no governo do Tenente Coronel Ricardo José Gomes Jardim, em 2 de junho de 1847, o jornal lançado pela Tipographia ganha o nome de Gazeta Cuyabana.

A Gazeta Cuyabana circulava às quartas-feiras e aos sábados, com quatro páginas, e o seu formato aproximava-se do Themis, com 33 centímetros de altura e 21 centímetros de largura. A exemplo dos outros títulos publicados pela oficina tipográfica oficial trazia impresso na primeira página os dizeres Impresso em Cuiabá na Typographia Provincial. Além de atos legais, esse jornal publicava textos variados, mais informativos, e não registravam os atrasos de meses em relação à ocorrência deles, verificados nos periódicos oficiais anteriores. Publicava também, na primeira página, informações de serviço, tais como as fases da Lua e a Partida dos Correios, relacionando datas, trajetos e destinos:

Para a Corte, por Goyaz e S. João d’El Rey a 2 e 17; Para a cidade de Matto Grosso pela Villa e Poconé a 4 e 18. Para a Villa de Diamantino a 5 e 19.[17]

Ainda na primeira página, desenhada com duas largas colunas, trazia impresso, na coluna da direita, como título, a expressão Parte Não Official, e um subtítulo com a palavra Introducção. Para o jornalista Pedro Rocha Jucá[18], o que foi publicado na Gazeta Cuyabana, com esse título, foi o primeiro editorial da imprensa mato-grossense, limitado pelas leis e pela política da época. Acompanhe trecho do texto, a seguir:

[...] não temos por tanto obrigação de mexer-nos com ninguém na arena política, por que não só falta-nos para isso a necessária aptidão, como também por ser-nos inhibido pelas Leis orgânicas do estabelecimento typográphico da Província a tratar em seo jornalismo e semelhante objecto; temos pois de nos contentar em satisfazer somente aos leitores com a publicação de algumas boas idéias acerca da literatura, história, moral, religião, sciencias, artes e industria, que nos forem transmitidas por pessoas intelligentes ou que deparar-mos nos autores clássicos, e mesmo em outros jornaes, além das notícias aos melhoramentos, e tranqüilidade pública da Corte e mais Províncias do Império [...] [19]

Acrescenta ainda Jucá[20] que a Gazeta Cuyabana

[...] era um jornal muito avançado para a época. O seu texto era ágil e fluente[...] [...] o jornal ensaiou os primeiros passos de uma imprensa mais informativa e até mesmo mais opinativa, isto num período em que existiam apenas duas opções: ou ficar contra ou a favor do governo, deixando o leitor na incômoda posição dos extremos [...]

Nessa fase da imprensa regional, a Província de Mato Grosso, em 31 de agosto de 1848, no governo do Presidente João Crispiniano Soares, colocou em hasta[21] pública a Tipographya Provincial. A decisão provocou reação na sociedade mato-grossense, especialmente entre os participantes da subscrição popular promovida por Pimenta Bueno para sua compra. A forma como foi conduzida a hasta e o seu resultado foi relatada por JUCÁ, referenciando o historiador Virgilio Corrêa Filho:

Autorizado a vende-la, o presidente Soares mandou avalia-la em 800$000 e o seu sucessor A. Nunes da Cunha completou-lhe a iniciativa. Por ordem de 25 de agosto, a Estação das Rendas Provinciais anunciou a hasta pública, mediante a qual foi arrematada por dedicados funcionários do governante por 810$000. Ao fim de dez dias, o novo proprietário José Leite Penteado contratou a publicação dos atos oficiais por 1:200$000. Os subscritores protestaram e a venda foi anulada. Enquanto corria morosamente o processo, Penteado transferiu o material a Manoel Alves Ribeiro, que o transportou para Poconé, onde estaria a salvo de qualquer medida policial. Afinal, a lei de 23 de agosto de 1851 rematou a contenda, ao revalidar a negociação. Embora adversário político dos compradores, Leverger, que a sancionou, deu as razões do seu procedimento.[22]

Com a venda da tipografia oficial[23], a Província e a comunidade mato-grossense inauguram uma nova etapa de relacionamento com o jornal, que passa a ser impresso por oficinas gráficas particulares.

4. Os jornais particulares, a disputa pela publicidade oficial e a defesa das causas políticas e sociais.

A Tipographia Provincial foi arrematada por José Leite Penteado e, já na condição de oficina tipográfica particular, logo imprimiu e fez circular um novo jornal, o Echo Cuiabano, identificado por JUCÁ[24] como o primeiro periódico particular de Mato Grosso. Editado a partir de 2 setembro de 1848, o novo veículo impresso, já de caráter privado, tinha um formato de 26,5 centímetros de altura por 15,5 centímetros de largura, um pouco menor que os jornais oficiais anteriores, publicando, entre outras informações, os atos e a legislação oficial.

A publicação dos atos oficiais no Echo Cuiabano, contratada pelo Presidente Crispiniano por 1:200$000, formalizou uma conduta que o governo da Província passaria a adotar a partir daquela data, qual seja a de pagar os jornais particulares pelo espaço utilizado para a publicidade de seus atos. Mas a circulação do Echo durou, inicialmente, somente dois meses. Esse periódico foi relançado depois, em 23 de fevereiro de 1850, publicando a coleção de leis da Província relativa àquele ano. Não se tem a data precisa, porém, que o Echo Cuiabano deixou de circular definitivamente na segunda fase de impressão.

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Em 1857, no dia 3 de maio, é registrada a circulação do primeiro número do Noticiador Cuiabano, também em gráfica particular, de propriedade de José Delfino de Almeida e Companhia, e editado pelo Capitão Lauriano Xavier da Silva. O Noticiador Cuiabano era semanário[25], com quatro páginas, e apresentava um conteúdo diversificado, além de trazer o brasão do Império do Brasil estampado na capa, ou primeira página.

Publicava também informações de serviço, como as fases da Lua e as partidas do Correio para localidades de Mato Grosso e para outras Províncias. Abria espaço também para a publicidade governamental, conforme observou o professor Antônio Ernani Pedroso Calhao, referenciado por JUCÁ[26],

[...] os atos da Presidência da Província sobre escravos e tratados e limites geográficos, entre outras questões, e ainda atos da Assembléia Legislativa Provincial ocupavam sempre destaque das páginas editadas. Isso quer dizer que esse jornal também foi utilizado para dar publicidade aos atos oficiais da época [...]

O jornal trazia ainda anúncios, principalmente sobre fuga de escravos, e apresentava uma seção policial, além de reclamações e declarações de particulares. O Noticiador Cuiabano publicava também uma seção de Variedades, abordando satiricamente aspectos peculiares da época e outras produções literárias. Esse periódico circulou até o dia 3 de abril de 1859, depois de editar 100 números, o que JUCÁ[27] considera um recorde para a época.

Ainda em 1859, no dia 23 de julho, é lançado o jornal A Imprensa de Cuyabá, considerado o primeiro periódico de oposição ao governo em Mato Grosso. Esse jornal se apresentava como ‘veículo político, mercantil e literário’ e foi fundado pelo Padre Ernesto Camilo Barreto e por João de Souza Neves. O Redator-Chefe era José Jacinto de Carvalho e a oficina tipográfica de A imprensa de Cuyabá ficava na Rua Augusta, nº 50, em Cuiabá.

A Imprensa de Cuyabá, na avaliação de JUCÁ, representou uma revolução editorial na imprensa mato-grossense, no momento em que desenvolveu nas suas páginas uma contundente oposição ao governo da época, do Tenente Coronel Antônio Pedro de Alencastro. Em função dessa posição política do jornal, um de seus fundadores, o Padre Ernesto Camilo Barreto, foi preso e deportado para o Rio de Janeiro, num episódio que repercutiu nacionalmente e que motivou a demissão de Antônio Pedro de Alencastro do seu cargo de Presidente da Província.

Anúncios variados eram publicados também na Imprensa de Cuyabá:

“No Beco Torto, casa 1, aluga-se um quarto de loja”.

“Augusto Carstens – Alfaiate. Rua do Commercio, 52”

“Compra-se um escravo de 18 a 20 annos que seja de bonita figura e não tenha vicios nem achaques: na Rua Bella do Juis, nº 22”

“Theatro. Companhia Gymnastica. Havisa ao respeitável público que sábado 12 do corrente terá espetáculo e espera a proteção do mesmo. S bilhetes achão-se à venda na Rua Formosa, nº 19. Camarote 6$000. Platéia 1$000. Luiz Gindice.[28]

Apesar de fazer oposição ao governo, esse jornal publicava também atos oficiais da administração e da Assembléia Legislativa. Não se tem a data precisa do desaparecimento desse periódico, mas sua contribuição para a história de Mato Grosso pode ser avaliada pela notícia que publicou na edição de 9 de maio de 1865, relatando detalhadamente a recepção dos cuiabanos ao segundo-tenente João de Oliveira Melo que, na manhã de 30 de abril de 1865, depois de romper o cerco das tropas paraguaias, chegou à Cuiabá, conduzindo 230 praças do exercito, vários presos, diversos civis e grande quantidade de mulheres e crianças.

A Guerra da Tríplice Aliança contra a República do Paraguai (1865-1870) não mereceu destaque apenas de A Imprensa de Cuyabá. O conflito foi acompanhado pelos periódicos mato-grossenses, confirmando uma fase marcada pela preocupação da imprensa regional com as causas políticas e sociais. A participação mato-grossense na guerra despertava a atenção dos jornais da época, especialmente porque o governo paraguaio dirigido por Francisco Solano Lopez aprisionou o vapor Marques de Olinda, em 12 de novembro de 1864, que trazia a bordo o novo Presidente da Província Coronel Frederico Carneiro de Campos.

Essa segunda metade do século XIX foi marcada pelo capitalismo, em sua fase industrial. Isso significava que a produção local, além de abastecer o mercado interno, cuja população crescia, teria que atender também ao comércio internacional. Foi um momento de movimentação econômica em Mato Grosso, principalmente em função da abertura da navegação pelo rio Paraguai, conforme ressalta Elisabeth Siqueira[29]:

Assim, nosso Estado, então província, com a abertura da navegação pelo rio Paraguai (1856) entrou no circuito nacional e internacional do capital. Mercadorias industrializadas eram trazidas de toda Europa para a América, inclusive para Mato Grosso, entrando as mesmas, via Estuário do rio da Prata/rio Paraguai e rio Cuiabá. Dentre esses produtos industrializados estavam as maquinarias modernas, responsáveis pela produção e refinação do açucar assim como a aparelhagem responsável pela destilação da aguardente e do álcool.

Paralelamente movimentavam-se as áreas de educação e de cultura da Província, especialmente em Cuiabá, que ganhava estabelecimentos de ensino, influindo no desenvolvimento educacional da população: o Seminário da Conceição (1858), o Colégio Imaculada Conceição (1870), o Curso de Matemática (1871), a primeira Escola Normal da Província (1875), o Colégio São João Batista (1879), o Liceu Cuiabano (1879) e o Externato Mato-grossense (1882).

Depois do término do conflito com o Paraguai, a atividade cultural na Província de Mato Grosso foi fecunda. Associações culturais foram fundadas, entre elas, o Gabinete de Leitura (1874), Sociedade Dramática Amor à Arte (1877), Clube Literário (1882), Sociedade Terpsícore Cuiabana (1883) e Associação Literária Cuiabana (1884). Durante a guerra, foi fundada a Sociedade Teatral, em 1867.

O período de incremento na Província de Mato Grosso em virtude da navegação repercutiu também na dinâmica de produção de jornais, que permanecia despertando interesse no contexto regional. O jornal A Voz da Verdade circulou no dia 1º de janeiro de 1860, sob a direção de José Pinto Gomes. No dia 12 de janeiro de 1867 circulou um novo O Cuiabano e ainda nesse mesmo ano o jornal Tributo às Letras e ainda o periódico A Matraca. No dia 10 de outubro de 1868 foi lançado O Popular, editado por A J. Rosa e Manoel Teixeira Coelho.

Conforme JUCÁ[30], a partir de seu 314º número, de 19 de janeiro de 1865, A Imprensa de Cuyabá, passou a se chamar Boletim de Mato Grosso. Já com esse título, o jornal entrou para a história, pois em suas páginas narrou a retomada de Corumbá, em 13 de junho de 1867, que pôs fim à invasão paraguaia naquela cidade.

No dia 4 de outubro de 1868 foi editado o primeiro número do o jornal A Situação, talvez o de maior duração nesse período na Província, pois sobreviveu até a Proclamação da República em 1889, completando 21 anos de existência. Circulando inicialmente aos domingos, A Situação se apresentava como ‘jornal official, político e litterário’ e pertencia ao Partido Conservador. Era impresso na gráfica da firma Souza Neves e Companhia e editado por Joaquim da Costa Teixeira. Apresentava um formato maior que os anteriores, medindo 52 centímetros de altura por 30 centímetros de largura e tinha quatro páginas. Depois passou a ser bissemanário.

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A Situação foi lançado com apoio do vice-presidente da Província José Antônio Murtinho, que sofria oposição do periódico O Popular. Conforme JUCÁ[31], referenciando Antonio Ernani Pedroso Calhao, esse periódico “ora vinculava-se ao poder e em sua defesa se coloca, ora se distancia dele, opondo-se de forma decisiva, não poupando as críticas à administração da Província”. Nos 21 anos de circulação do jornal, observa-se que o fator determinante para mudança de sua linha editorial – a favor ou contra o governo – foi a publicidade oficial, ou seja, quando se encarregava da publicação de atos oficiais da Província estava a favor e quando perdia essa publicidade fazia oposição.

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Ao lado de A Situação e de O Popular, registra-se, já na fase de pós-guerra do Paraguai, a circulação também dos jornais A Independência, lançado no dia 7 de setembro de 1870, e do Primeiro de Março, no dia 1º de março de 1871, tendo como seu redator principal o poeta Amâncio Pulquério de França. O periódico O Liberal, que se apresentava como ‘jornal oficial, político e noticioso’, também circulou nesse ano em Cuiabá. No dia 30 de abril de 1872 circulou o Filha do Povo. Em 13 de junho de 1877 foi a vez de O Porvir, cujo corpo redatorial era composto de Manoel Escolástico Virgílio, Pedro Pio Gualberto de Matos, Custódio Alves Ferreira e Antonio Azevedo, entre outros, apresentando-se como ‘periódico noticioso, recreativo e literário’.

Em Corumbá, hoje pertencente a Mato Grosso do Sul, foram lançados em 1878 dois jornais – A Opinião, que se apresentava como ‘periódico literário e noticioso’, e A Tesoura, apresentando-se com ‘completa neutralidade na luta dos partidos políticos’. Em 1879, ainda em Corumbá, cidade portuária, circulou O Iniciador, que se apresentava como ‘jornal comercial, noticioso e literário’. Com linhas editoriais diferentes, os jornais vão assim registrando os acontecimentos regionais que marcaram essa fase do processo evolutivo de Mato Grosso. Mas a disputa pela publicidade oficial permanece entre os periódicos.

Essa situação fica mais clara por ocasião do lançamento do jornal A Província de Matto Grosso, em 9 de janeiro de 1879, em Cuiabá. Fundado por iniciativa do Presidente da Província João José Pedrosa, esse periódico passa a publicar todos os atos oficiais. A partir desse momento, A Situação vai para a oposição ao governo, permanecendo nessa linha até obter de volta a prestação de serviços de publicidade ao governo. Mesmo com essa dualidade de conduta A Situação é apontado como o periódico mato-grossense que registrou importantes momentos da vida da Província daquele período, como, por exemplo, os momentos finais da Guerra do Paraguai.

A Província de Matto Grosso, dirigido pelo Capitão Joaquim José Rodrigues Calhao, apresentava-se como um ‘periódico literário, noticioso e dedicado aos interesses da Província’. Com 43 centímetros de altura por 32 centímetros de largura, foi o periódico de maior formato até então e muito atacado pelos concorrentes, porque fazia a publicidade governamental. Recebeu críticas de A Situação, do jornal O Povo, fundado em 1878 pelo advogado cuiabano José Maria Velasco, abolicionista e republicano que condenava a utilização de jornais como órgãos oficiais da Província, e de O Expectador, fundado em 17 de outubro de 1883, de propriedade de Pedro Moseller, que se apresentava como ‘órgão dos interesses sociais’.

Desde o século XVIII, com a descoberta das minas de ouro, até o final do século XIX, o escravo teve participação nas atividades produtivas de Mato Grosso. Na extração do ouro, nos engenhos, nas ruas e casas das cidades. Quando recebiam tratamento violento, fugiam dos maus tratos para os quilombos formados em localidades distantes dos brancos. Os quilombos mais conhecidos de Mato Grosso foram os do Piolho ou do Quariterê, o do Rio Manso e do Rio Sepotuba. Os jornais registravam episódios da escrevatura, seja publicando fuga de escravos ou atos do governo relacionados com eles.

Nos meados do século XIX, o movimento abolicionista do país teve eco em Mato Grosso. Em 1872, o presidente da Província decretava a libertação de 62 escravos em comemoração ao aniversário da Constituição Imperial de 25 de março de 1824. Várias entidades abolicionistas lutaram pela causa, entre elas a Sociedade Emancipadora Mato-grossense (1872) e a Sociedade Abolicionista de Mato Grosso (1883). Em abril de 1886 os advogados do foro da Comarca da Capital decidiram, ao invés de aceitar o patrocínio de causas contra os escravos, acolher as contrárias à escravidão.

O jornal que defendeu em Mato Grosso a abolição dos escravos foi O Povo, de José Maria Velasco. Republicano por princípio e abolicionista declarado, os esforços de propaganda de Velasco a favor dessas causas foram ininterruptos em todos os sentidos, com prejuízo muitas vezes dos seus próprios interesses, segundo o historiador Estevão de Mendonça[32]. No jornal O Povo deu combate decisivo ao escravagismo e, no foro, pleiteou denodadamente a liberdade de muitos entes que se encontravam em cativeiros.

Em 1881, circulou O Corumbaense, ‘órgão de interesses do comércio, da lavoura e da instrução popular: literário e noticioso’, na cidade de Corumbá. Já na capital, Cuiabá, foi fundado o jornal O Argos em 24 de outubro de 1882, por Frederico Teixeira e Mariano Ramos, apresentando-se como ‘órgão dedicado à instrução’. No dia 1º de janeiro do mesmo ano surgiu o jornal O Pirilampo, sob a direção de Vital de Araújo, colocando-se como ‘jornal literário, noticioso e crítico’. Nessa mesma linha de jornal literário, circulou em 1882, o Club Litterário.

A República começa a circular no dia 3 de maio de 1883, sob a direção de Francisco Agostinho Ribeiro. Também em 1883 circulou a Locomotiva e, em 1884, A Brisa e o Atleta, sendo que este último apresentava-se como ‘jornal imparcial’. MENDONÇA[33] identificou na edição de número 37 de A Locomotiva, de 30 de maio de 1883, que se apresentava como ‘órgão dos interesses locais’, a notícia de uma festa religiosa, hoje completamente desaparecida do calendário dos eventos católicos em Mato Grosso. Acompanhe:

Com o maior esplendor e brilhantismo possível, teve lugar nesta cidade, a festividade do Divino Espírito Santo dos Pequenos, constando de missas às madrugadas e tríduos desde o dia 17 do corrente até 19, em que houve à tarde passeata de máscaras e à noite bonita iluminação na frente da igreja catedral e baile de mascarados na casa do Sr. capitão José Joaquim Graciano de Pina, pai da pequena imperatriz. [...] Este suntuoso divertimento correu na melhor ordem possível, e com tanto contentamento e aplauso dos espectadores, que da sua memória ele jamais desaparecerá, pois que se pode afirmar de não haver exemplo de igual solenidade em Cuiabá [...]

Em 1884 circulou o Echo de Cuyabá e, em 1885, foi a vez de circular A Liça, apresentando-se como ‘jornal político e noticioso’. Também na capital circulou A Tribuna, ‘jornal dedicado aos interesses morais e materiais da Província’.

5. Os jornais de Mato Grosso às vésperas da República

A partir de 1883 os ideais republicanos começaram a repercutir de forma mais intensa em Mato Grosso. Em 1888 foi lançado um manifesto pela fundação do Partido Republicano na Província, mesmo ano no qual é lançado, em Cuiabá, o jornal A Gazeta, de propriedade de Vital de Araújo, um republicano que fez intensa propaganda pela democracia. No ano seguinte, em 1889, ano da Proclamação da República, a dinâmica da produção de jornais permanecia na Província, pois, no dia 10 de setembro, começa a circular O Liceunista e, em 11 de outubro, A Vespa, sob a direção de Estevão de Mendonça e José Júlio Silveira Martins. Na cidade de Cáceres, circulou em 1887 o jornal O Atalaia e, em Corumbá, em 1888, o jornal Oásis.

Naquela época, as informações procedentes do Rio de Janeiro chegavam à Cuiabá uma vez por mês trazidas pelas embarcações da ex-Companhia Nacional de Navegação. Não foi diferente com a notícia da Proclamação da República, que chegou à capital por via fluvial, a bordo do Vapor Coxipó, no dia 9 de dezembro de 1889, portanto, com 24 dias de atraso em relação ao acontecimento.

Presidia a Província de Mato Grosso, na ocasião, o Coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos. Em Cuiabá, ao lado de pequenos jornais, a maioria literários, circulavam três jornais politicamente engajados: A Província de Mato Grosso, órgão do Partido Liberal, A Situação, órgão do Partido Conservador, e A Gazeta, de propriedade e redação de Vital de Araújo, que fazia a propaganda republicana.

Referenciando Estevão de Mendonça, seu pai, o historiador e jornalista Rubens de Mendonça[34] informa que A Gazeta tinha a sua oficina e escritório no sobrado do largo da Sé, atualmente Praça da República, em Cuiabá. Pela madrugada desse mesmo dia foi acordado o redator do periódico pelos cidadãos Tenente Coronel José Marques de Fontes e Majores Ernesto Frederico de Oliveira e André Virgílio de Albuquerque, com a notícia da queda da Monarquia e Proclamação da República a 15 de novembro.

MENDONÇA[35] conta que no mesmo instante da chegada da informação, enquanto a cidade ainda dormia, José Marques, Ernesto Frederico e Vital de Araújo dirigiram-se à chácara de D. Marta, no Largo da Boa Morte, onde se hospedava o General Antônio Maria Coelho, pedindo que o acordassem. Com pouca demora, apareceu o General agasalhado em um sobretudo e de boné de seda preta, sendo-lhe então mostrada a carta que, entre outras coisas, dizia que o Governo Provisório se lembrara do General para o nomear Governador de Mato Grosso.

À tarde desse mesmo dia, o General Antônio Maria Coelho, já empossado como primeiro Governador Republicano, fazia publicar a seguinte proclamação:

" Viva a República dos Estados Unidos do Brasil! Viva o Estado de Mato Grosso!

Matogrossense, enfim é livre a terra de Colombo. A planta exótica que ainda existia feneceu no

glorioso dia 15 de novembro de 1889. Está proclamada a República na nossa estremecida pátria, e

Mato Grosso já não é a Província de uma Monarquia, é sim um Estado de uma República ligada às

suas irmãs pelos laços da Federação.

O fato grandioso realizou-se com aplauso geral, sem sangue, sem protesto, porque significa

liberdade, fraternidade e justiça. Aclamado hoje pelo povo desta capital e pela Assembléia, em

nome do mesmo povo, Governador do Estado de Mato Grosso, que assim confirmou a nomeação

do Governo Provisório dos Estados Unidos do Brasil, assumi as rédeas do governo.

A capital e Corumbá já aderiram ao movimento proclamando a República; tranqüilizem-se pois

todos os cidadãos que todos os seus direitos serão garantidos em sua plenitude.

Cidadãos! Viva a República dos Estados Unidos do Brasil! Viva o Presidente Provisório General

Marechal Deodoro da Fonseca! Viva o 1º Ministério Republicano! Viva o Estado de Mato Grosso!

Cuiabá, 9 de dezembro de 1889.

Antônio Maria Coelho"

Bibliografia

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FERREIRA, João Carlos Vicente. Mato Grosso e seus municípios. Cuiabá, SEDUC. 1997

JUCÁ, Pedro Rocha. Exemplo e Palavra de Jornalista. Em memória do jornalista

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_____. A Imprensa Oficial em Mato Grosso. Cuiabá, Imprensa Oficial do Estado,1986

_____. Personalidades da História de Mato Grosso. Cuiabá, Editora Memórias Cuiabanas, 1987

LOPES, Maria Immacolata V. Pesquisa em Comunicação – Formulação de um modelo metodológico, São Paulo, Loyola, 1994

MENDONÇA, Estevão. Datas Mato-grossenses. v.1 e 2. rev. e atual. Goiás, Editora Rio Bonito, 1973

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PÓVOAS, Lenine C. História de Mato Grosso, Cuiabá, 1985

________. Lenine C. Na Tribuna da Imprensa. Cuiabá, 1987

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SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. O Processo histórico de Mato Grosso. COSTA, Lourença A, CARVALHO, Cathia M. C., UFMT, Cuiabá, 1990.

________ Revivendo Mato Grosso. SEDUC, Cuiabá, 1997

_________ Historia de Mato Grosso. Da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá, Entrelinhas, 2002

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[1] Jornalista, Mestre em Ciências da Comunicação (ECA/USP), Professora do Curso de Comunicação Social da UniRondon em Cuiabá e Professora Aposentada do Curso de Jornalismo da UFMT.

[2] COSTA E SILVA, Paulo Pitaluga e FERREIRA, João Carlos Vicente. Breve História de Mato Grosso e de seus Municípios. Cuiabá, 1994, p. 33.

[3] JUCÁ, Pedro Rocha. A imprensa oficial em Mato Grosso. Cuiabá: Imprensa Oficial do Estado de Mato Grosso, 1986, p. 12.

[4] A exemplo de outras Províncias, em Mato Grosso os grupos políticos se dividiam entre os liberais, representados pela Sociedade dos Zelosos da Independência, e os conservadores, representados pela Sociedade Filantrópica. A Rusga ocorreu quando os liberais pretendiam tomar o poder que estava com os conservadores. Apesar da tentativa de evitar o movimento, com a nomeação de João Poupino Caldas, um de seus líderes, como presidente da Província, o episódio eclodiu na madrugada do dia 30 de maio de 1834.

[5] Álbum Graphico do Estado de Matto Grosso (EEUU do Brasil). Corumbá/Hamburgo: Ayala/Simon Editores, 1914. A imprensa no Estado. p. 221.

[6] Lista com vista a angariar recursos para determinado fim.

[7] Álbum Graphico do Estado de Matto Grosso. op. cit, p. 221.

[8] Álbum Gráfico do Estado de Matto Grosso. op.cit, p.221.

[9] Idem

[10] Álbum Graphico do Estado de Matto Grosso. op. ct, p. 221

[11] Idem

[12] Album Graphico do Estado de Matto Grosso. p. 222.

[13] JUCÁ, Pedro Rocha. A imprensa Oficial em Mato Grosso. op.cit, p.17.

[14] PÓVOAS, Lenine de Campos. Cuiabá, 1987, p.37.

[15] MENDONÇA, Estevão. Datas Matogrossenses

[16] A Tipographia Provincial no primeiro ano de funcionamento imprimiu também exemplares das Leis Provinciais, do Relatório do governo e do Regimento da Assembléia Legislativa Provincial.

[17] Gazeta Cuyabana, Cuiabá. p. 1, 2 jun.1847.

[18] JUCÁ, Pedro Rocha. op.cit, p. 24.

[19] Gazeta Cuyabana, Cuiabá, p.1, 2 jun 1847.

[20] JUCÁ, Pedro Rocha. “O Sesquicentenário da Imprensa em Mato Grosso”. Jornal Diário de Cuiabá, edição comemorativa do sesquicentenário da imprensa mato-grossense. Cuiabá, 20/08/1989, Caderno A, p. 3.

[21] Hasta: leilão, arrematação. Venda de bens em público pregão, efetuada privativamente por leiloeiros públicos.

[22] JUCÁ, Pedro Rocha. op.cit.pp. 26-27.

[23] A Tipografia Oficial só foi estruturada de novo em 1890, no governo de Antônio Maria Coelho, já na República, com o lançamento do jornal A Gazeta Oficial, no dia 8 de maio. Mais tarde esse jornal foi transformado em Diário Oficial de Mato Grosso, que circula até hoje com a finalidade de divulgar atos legais do Estado. Naquele ano de 1890, A Gazeta Oficial era impressa na oficina do jornal O Argos, da cidade de Cáceres, que foi comprado pelo Estado e teve sua oficina transferida para Cuiabá.

[24] JUCÁ, Pedro Rocha. op.cit, p. 29.

[25] O custo da assinatura para Cuiabá e Mato Grosso podia ser feita anualmente por 8$000, semestralmente por 6$000, ou trimestralmente por 3$000. O número avulso vendia-se a 200 réis, na rua Augusta, casa nº 33, na capital.

[26] JUCÁ, Pedro Rocha. op.cit, p. 37.

[27] JUCÁ, Pedro Rocha. op. cit, p. 38.

[28] JUCÁ, Pedro Rocha. op. cit, p. 41.

[29] SIQUEIRA, Elisabeth Madureira. et al. O processo histórico de Mato Grosso. Cuiabá: UFMT, 1990. p. 35.

[30] JUCÁ, Pedro Rocha. op. cit. p.45.

[31] JUCA, Pedro Rocha. op. cit, p. 47.

[32] MENDONÇA, Estevão. Datas Mato-grossenses. vol.2. Goiás, Ed. Rio Bonito, 1973.

[33] MENDONÇA, Rubens. Nos Bastidores da História Mato-grossense. Cuiabá, UFMT, 1983, pp 63-64.

[34] MENDONÇA, Rubens. História do Jornalismo de Mato Grosso. Cuiabá, 1963, pp 21-22

[35]Idem

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