LITERATURA PORTUGUESA II - MODERNISMO - PROF
LITERATURA PORTUGUESA II – MODERNISMO – Prof.ª Patrícia Cardoso
1 PROGRAMA
Para compreender-se o desenvolvimento do Modernismo português é preciso rastrear as origens de um conceito que abriga não só este, mas um grande número dos “ismos” através dos quais a arte tem procurado definir-se. E esse conceito não é outro senão o de modernidade. Talvez seja a multiplicidade de interpretações – que sugere a suprema indefinição – o elemento que melhor define a modernidade. O fato é que as fronteiras da modernidade são constantemente definidas e redefinidas, numa busca de sua origem, de sua primeira manifestação. Há quem diga que Baudelaire seja o responsável pela consagração do termo, mas sua importância para qualquer reflexão sobre os caminhos da modernidade está na agudeza com que percebeu o choque provocado na concepção de mundo do homem ocidental pelo ingresso nesse novo universo. Desse choque resulta o impasse: o homem moderno tem a chance de ser em definitivo o senhor do seu destino, ele tem a máquina, a ciência, que o ajudam a compreender e dominar a natureza. Mas para que seu domínio seja completo é preciso que esse mesmo homem abdique de tudo que até então compunha sua visão de mundo, que podia ser identificado com uma tradição.
Baudelaire não é apenas o cultor da fugacidade, da transitoriedade como marcas a serem incorporadas pela arte, – em oposição a rígidos padrões imutáveis –, mas alguém que cultiva o limiar – o impasse – em que o homem chegou: “a Modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável”. E, ao contrário do que poderia supor um leitor demasiado “moderninho”, ao poeta interessa, além da Modernidade enquanto tal, seu movimento em direção à Antiguidade: “não temos o direito de desprezar ou de prescindir desse elemento transitório, fugidio, cujas metamorfoses são frequentes. Suprimindo-os, caímos forçosamente no vazio de uma beleza abstrata e indefinível (...) Em poucas palavras, para que toda a Modernidade seja digna de tornar-se Antiguidade, é necessário que dela se extraia a beleza misteriosa que a vida humana involuntariamente lhe confere”.
Essa capacidade de perceber um movimento dialético na composição da modernidade – presente em outros intelectuais além de Baudelaire –, será tematizada por Marshall Berman, para quem o “espírito moderno”, em sua evolução, tendeu a relaxar a tensão entre tradição e mudança até suprimir o primeiro termo. Essa seria claramente a opção do Futurismo, corrente estética que influenciou diretamente o modernismo português, estando na base da criação da revista Orpheu, marco inicial do movimento.
Veremos qual o diálogo que se estabelece entre os principais envolvidos na empreitada modernista – Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa – e essa matriz futurista a partir da questão do abandono de todos os elementos que tivessem qualquer ligação com a tradição cultural portuguesa, cuja influência na literatura do país havia sido marcante desde sempre. Outro aspecto a ser discutido refere-se à psicologia do eu, que tanto marcou a modernidade na literatura: a relação indivíduo/coletividade, a exploração da multiplicidade de pontos-de-vista em um único sujeito e a busca de unidade em meio ao estilhaçamento da realidade são alguns dos temas a serem abordados nesta disciplina.
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3 SÍNTESE TEMÁTICA
Introdução: A Modernidade.
Almada Negreiros: o Futurismo, a pátria portuguesa e o eu depurado.
Mário de Sá-Carneiro: o Futurismo Simbolista, a busca da pátria portuguesa e o eu dividido.
Fernando Pessoa: a pátria portuguesa e o eu multiplicado.
BIBLIOGRAFIA
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BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar. S.P.: Companhia das Letras, 1986.
FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da Lírica Moderna. São Paulo: Duas Cidades, 1978.
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