Aqui se ensina, aqui se aprende.



Lista de Exercícios – Gêneros textuais1. (Enem 2016) ReceitaTome-se um poeta n?o cansado,Uma nuvem de sonho e uma flor,Três gotas de tristeza, um tom dourado,Uma veia sangrando de pavor.Quando a massa já ferve e se retorceDeita-se a luz dum corpo de mulher,Duma pitada de morte se reforce,Que um amor de poeta assim requer.SARAMAGO, J. Os poemas possíveis.Alfragide: Caminho, 1997.Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativamente estáveis e podem reconfigurar-se em fun??o do propósito comunicativo. Esse texto constitui uma mescla de gêneros, pois a) introduz procedimentos prescritivos na composi??o do poema. b) explicita as etapas essenciais à prepara??o de uma receita. c) explora elementos temáticos presentes em uma receita. d) apresenta organiza??o estrutural típica de um poema. e) utiliza linguagem figurada na constru??o do poema. 2. (Enem 2? aplica??o 2016) Receitas de vida por um mundo mais docePé de molequeIngredientes2 filhos que n?o param quietos3 sobrinhos da mesma espécie1 cachorro que adora uma farra1 fim de semana ao ar livrePreparoJunte tudo com os ingredientes do A?úcar Naturale, mexa bem e deixe descansar. N?o as crian?as, que n?o vai adiantar. Sirva imediatamente, porque pé de moleque n?o para. Quer essa e outras receitas completas?Entre no site .br.Onde tem doce, tem Naturale.Revista Saúde, n. 351, jun. 2012 (adaptado).O texto é resultante do hibridismo de dois gêneros textuais. A respeito desse hibridismo, observa-se que a a) receita mistura-se ao gênero propaganda com a finalidade de instruir o leitor. b) receita é utilizada no gênero propaganda a fim de divulgar exemplos de vida. c) propaganda assume a forma do gênero receita para divulgar um produto alimentício. d) propaganda perde poder de persuas?o ao assumir a forma do gênero receita. e) receita está a servi?o do gênero propaganda ao solicitar que o leitor fa?a o doce. 3. (Enem 2015) Embalagens usadas e resíduos devem ser descartados adequadamente Todos os meses s?o recolhidas das rodovias brasileiras centenas de milhares de toneladas de lixo. Só nos 22,9 mil quil?metros das rodovias paulistas s?o 41,5 mil toneladas. O hábito de descartar embalagens, garrafas, papéis e bitucas de cigarro pelas rodovias persiste e tem aumentado nos últimos anos. O problema é que o lixo acumulado na rodovia, além de prejudicar o meio ambiente, pode impedir o escoamento da água, contribuir para as enchentes, provocar incêndios, atrapalhar o tr?nsito e até causar acidentes. Além dos perigos que o lixo representa para os motoristas, o material descartado poderia ser devolvido para a cadeia produtiva. Ou seja, o papel que está sobrando nas rodovias poderia ter melhor destino. Isso também vale para os plásticos inservíveis, que poderiam se transformar em sacos de lixo, baldes, cabides e até acessórios para os carros. Disponível em: .br. Acesso em: 31 jul. 2012.Os gêneros textuais correspondem a certos padr?es de composi??o de texto, determinados pelo contexto em que s?o produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua finalidade. Pela leitura do texto apresentado, reconhece-se que sua fun??o é a) apresentar dados estatísticos sobre a reciclagem no país. b) alertar sobre os riscos da falta de sustentabilidade do mercado de recicláveis. c) divulgar a quantidade de produtos reciclados retirados das rodovias brasileiras. d) revelar os altos índices de acidentes nas rodovias brasileiras poluídas nos últimos anos. e) conscientizar sobre a necessidade de preserva??o ambiental e de seguran?a nas rodovias. 4. (Enem PPL 2014) Entrevista – Tony BellottoA língua é rockGuitarrista do Tit?s e escritor completa dez anos à frente de programa televisivo em que discute a língua portuguesa por meio da músicaO que o atraiu na proposta de Afinando a Língua?No come?o, em 1999, a ideia era fazer um programa que falasse de língua portuguesa usando a música como atrativo, principalmente, para os jovens. Com o passar do tempo, ele foi se transformando num programa sobre a linguagem usada em letras de música, no jornalismo, na literatura de fic??o e na poesia. Como n?o sou um cara de TV, trago a experiência de escritor e músico, e sempre participo de forma mais ativa do que como um mero apresentador. Estou nas reuni?es de pauta e fa?o sugest?es nos roteiros. Mas o conteúdo é feito pelo pessoal do Futura.Quais as vantagens e desvantagens do ensino da língua por meio das letras de música?N?o sou pedagogo ou educador, ent?o só vejo vantagens, porque as letras de música usam uma linguagem que é a do dia a dia, principalmente, dos jovens. A música é algo que lhes dá prazer e, didaticamente, pode fazer as vezes de algo que o aluno tem a no??o de ser entediante – estudo da língua, sentar e abrir um livro. Ao ouvir uma música, os exemplos surgem. ? a grande vantagem e sempre foi a ideia do programa.Disponível em: . Acesso em: 8 ago. 2012 (fragmento).Os gêneros textuais s?o definidos por meio de sua estrutura, fun??o e contexto de uso. Tomando por base a estrutura dessa entrevista, observa-se que a) a organiza??o em turnos de fala reproduz o diálogo que ocorre entre os interlocutores. b) o tema e o suporte onde foi publicada justificam a ausência de tra?os da linguagem informal. c) a ausência de referências sobre o entrevistado é uma estratégia para induzir à leitura do texto na íntegra. d) o uso do destaque gr?fico ? um recurso de edi??o para ressaltar a import?ncia do tema para o entrevistador. e) o entrevistado é um especialista em abordagens educacionais alternativas para o ensino da língua portuguesa. 5. (Enem PPL 2014) M?esTriste, mas verdadeira, a constata??o de Jairo Marques – colunista que tem um talento raro – em seu texto “E a m?e ficou velhinha” (“Cotidiano”, ontem).Aqueles que percebem que a m?e envelheceu sempre têm atitudes diversas. Ou n?o a procuram mais, porque essa é uma forma de negar que um dia perder?o o amparo materno, ou resolvem estar ao lado dela o maior tempo possível, pois têm medo de perdê-la sem ter retribuído plenamente o amor que receberam.Leonor Souza (S?o Paulo, SP) – Painel do Leitor. Folha de S. Paulo, 29 fev. 2012.Os gêneros textuais desempenham uma fun??o social específica, em determinadas situa??es de uso da língua em que os envolvidos na intera??o verbal têm um objetivo comunicativo. Considerando as características do gênero, a análise do texto M?es revela que sua fun??o é a) ensinar sobre os cuidados que se deve ter com as m?es, especialmente na velhice. b) influenciar o ?nimo das pessoas, levando-as a querer agir segundo um modelo sugerido. c) informar sobre os idosos e sobre seus sentimentos e necessidades. d) avaliar matéria publicada em edi??o anterior de jornal ou de revista. e) apresentar nova publica??o, visando divulgá-la para leitores de jornal. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: A(s) quest?o(?es) a seguir tomam por base um trecho do artigo “Horror a aprender” (06.01.1957), escrito pelo historiador e crítico literário Afr?nio Coutinho (1911-2000), e uma tira do blogue Blogloides.Horror a aprenderSe quiséssemos numa fórmula definir a mentalidade mais ou menos generalizada dos que militam na vida literária brasileira, n?o lograríamos descobrir outra que melhor se prestasse do que esta: horror a aprender. Nosso autodidatismo enraizado, nossa falta de hábito universitário, fazem com que aprender, entre nós, seja motivo de inferioridade intelectual. Ninguém gosta de aprender. Ninguém se quer dar ao trabalho de aprender. Porque já se nasce sabendo. Todos somos mestres antes de ser discípulos. Aprender o quê? Pois já sabemos tudo de nascen?a! Ignoramos essa verdade de extrema sabedoria: só os bons discípulos d?o grandes mestres, e só é bom mestre quem foi um dia bom discípulo e continua com o espírito aberto a um perpétuo aprendizado. Quem sabe aprender sabe ensinar, e só quem gosta de aprender tem o direito de dar li??es. Como pode divulgar e orientar conhecimentos quem mantém o espírito impermeável a qualquer aprendizagem?Nossos jovens intelectuais, em sua maioria, primam pelo pedantismo, autossuficiência e falta de humildade de espírito. S?o mestres antes de ter sido discípulos. Saber n?o os preocupa, estudar, ninguém lhes viu os estudos. ? só meter-lhes na m?o uma pena e cair-lhes ao alcance uma coluna de jornal, e lá vem doutrina??o leviana e prosa de meia-tigela. N?o lhes importa verificar se est?o arrombando portas abertas ou chovendo no molhado.(No hospital das letras, 1963.) 6. (Unesp 2014) Considerando a natureza dos respectivos gêneros textuais, estabele?a a diferen?a entre o artigo e a tira quanto ao modo de manifestarem seus julgamentos críticos. 7. (Enem 2013) A divaVamos ao teatro, Maria José?Quem me dera,desmanchei em rosca quinze kilos de farinha,tou podre. Outro dia a gente vamos.Falou meio triste, culpada,e um pouco alegre por recusar com orgulho.TEATRO! Disse no espelho.TEATRO! Mais alto, desgrenhada.TEATRO! E os cacos voaramsem nenhum aplauso.Perfeita.PRADO, A. Oráculos de maio. S?o Paulo: Siciliano, 1999.Os diferentes gêneros textuais desempenham fun??es sociais diversas, reconhecidas pelo leitor com base em suas características específicas, bem como na situa??o comunicativa em que ele é produzido. Assim, o texto “A diva” a) narra um fato real vivido por Maria José. b) surpreende o leitor pelo seu efeito poético. c) relata uma experiência teatral profissional. d) descreve uma a??o típica de uma mulher sonhadora. e) defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral. 8. (Enem PPL 2012) MORUMBI PR?XIMA AO COL. PIO XII Linda residência rodeada por maravilhoso jardim com piscina e amplo espa?o gourmet. 1 000 m2 construídos em 2 000 m2 de terreno, 6 suítes. R$ 3 200 000. Rua tranquila: David Pimentel. Cód. 480067 Morumbi Palácio Tel.: 3740-5000 Folha de S?o Paulo. Classificados, 27 fev. 2012 (adaptado).Os gêneros textuais nascem emparelhados a necessidades e atividades da vida sociocultural. Por isso, caracterizam-se por uma fun??o social específica, um contexto de uso, um objetivo comunicativo e por peculiaridades linguísticas e estruturais que lhes conferem determinado formato. Esse classificado procura convencer o leitor a comprar um imóvel e, para isso, utiliza-se a) da predomin?ncia das formas imperativas dos verbos e de abund?ncia de substantivos. b) de uma riqueza de adjetivos que modificam os substantivos, revelando as qualidades do produto. c) de uma enumera??o de vocábulos, que visam conferir ao texto um efeito de certeza. d) do emprego de numerais, quantificando as características e aspectos positivos do produto. e) da exposi??o de opini?es de corretores de imóveis no que se refere à qualidade do produto. 9. (Enem 2011) A discuss?o sobre “o fim do livro de papel” com a chegada da mídia eletr?nica me lembra a discuss?o idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez n?o existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas, mesmo que isso aconte?a, os poemas de Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos continuar?o sendo publicados e lidas — em CD-ROM, em livro eletr?nico, em chips qu?nticos”, sei lá o quê. O texto é uma espécie de alma imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: página impressa, livro em Braille, folheto, “coffee-table book’, cópia manuscrita, arquivo PDF... Qualquer texto pode se reencarnar nesses (e em outros) formatos, n?o importa se é Moby Dick ou Viagem a S?o Saruê, se é Macbeth ou O livro de piadas de Casseta & Planeta. TAVARES, B. Disponível em: refletir sobre a possível extin??o do livro impresso e o surgimento de outros suportes em via eletr?nica, o cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que a) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avan?o da tecnologia. b) o livro impresso permanecerá como objeto cultural veiculador de impress?es e de valores culturais. c) o surgimento da mídia eletr?nica decretou o fim do prazer de se ler textos em livros e suportes impressos. d) os textos continuar?o vivos e passíveis de reprodu??o em novas tecnologias, mesmo que os livros desapare?am. e) os livros impressos desaparecer?o e, com eles, a possibilidade de se ler obras literárias dos mais diversos gêneros. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: Diário alienígenaContinuo sem entender muito bem. Hoje passou por mim um ser de sexo indefinido, que me deixou ainda mais confuso. Seu aspecto era muito estranho. Tinha um rosto delicado, um nariz pequeno, os lábios bem delineados, mas n?o muito grossos, formando, no conjunto, o que aqui se chama de mulher bonita. Os cabelos, muito escuros e lisos, eram também femininos, compridos, bem tratados e lustrosos. Mas, assim que se fechava em ponta a linha do queixo, dava-se a transforma??o: o pesco?o, largo e musculoso, era estriado de veias, parecendo inflado a ponto de rebentar. O tronco, imenso e forte, abria-se para os lados em bra?os espetaculares, rígidos, com gigantescos nós de músculos sobrepondo-se uns aos outros e formando uma curva um pouco semelhante à que encontramos em certos primatas. As pernas eram igualmente brutais, levemente arqueadas devido ao volume dos músculos, dando ao andar uma cadência que em tudo se parecia com o dos seres do outro sexo.Já havia visto algumas criaturas um tanto indefinidas por aqui, mas esta me pareceu um exemplo extremo. N?o pude classificá-la. Aliás, tenho tido grande dificuldade para fazer as classifica??es. Tudo me parece de difícil compreens?o. Esse pequeno território que nos serve de amostragem traz incoerências que me deixam at?nito. Para dizer a verdade, as contradi??es s?o muitas, infinitas, n?o tendo havido ainda um registro lógico capaz de explicar tantas coisas de que já lhe falei, como as discrep?ncias na ocupa??o do espa?o, para dar apenas um exemplo.Mas a verdade é que, de todos os absurdos a que tenho assistido nesse primeiro contato, nenhum me deixou mais espantado do que o seguinte: como civiliza??o razoavelmente evoluída em termos tecnológicos, eles parecem ter centrado boa parte de sua pesquisa científica na busca do conforto. Inventaram pequenos aparelhos, bastante engenhosos, que lhes facilitam a vida, tornando-os cada vez mais ociosos e aos quais d?o nomes variados, como automóveis, computadores, celulares, controle remoto etc. Tudo parece ter sido inventado com um único objetivo: o de levá-los a fazer menos esfor?o físico. Pois muito bem: você acredita que, nas chamadas horas de lazer, eles correm pelas ruas feito loucos, de um lado para o outro, suando em bicas, sem parecer querer chegar a lugar algum? E mais: concentram-se também em locais que chamam de academias e lá se dedicam, sozinhos ou em grupos, às tarefas mais extenuantes e inúteis, muitas vezes atados a aparelhos de tortura, os quais parecem buscar por livre vontade, e n?o for?ados, como já vimos acontecer com outros povos bárbaros. Chegam a caminhar sobre esteiras, sem sair do lugar! N?o lhe parece o maior dos absurdos?Bem, continuarei observando e tentando entender. Espero estar de volta em breve, na paz de nossa querida Andr?meda – e longe deste planeta louco.SEIXAS, H. In: Novos contos mínimos. Disponível em: <;. Acesso em: 02 out. 2016. 10. (Uemg 2017) Com a finalidade de explorar determinados efeitos de sentido, o título da cr?nica faz referência ao gênero textual ‘diário’. Constitui uma característica desse gênero presente no texto a) a descri??o de fatos e personagens, de forma minuciosa e verossímil, como em “Os cabelos, muito escuros e lisos, eram também femininos, compridos, bem tratados e lustrosos”. b) a estrutura narrativa, com sequências temporais e predomínio de verbos no passado, como em “Hoje passou por mim um ser de sexo indefinido, que me deixou ainda mais confuso”. c) a identifica??o dos interlocutores, por meio de vocativos e perguntas retóricas, como em “Chegam a caminhar sobre esteiras, sem sair do lugar! N?o lhe parece o maior dos absurdos?”. d) o relato de memórias e de a??es do dia a dia do autor, de caráter subjetivo e informal, como em “Esse pequeno território que nos serve de amostragem traz incoerências que me deixam at?nito”. 11. (Enem 2016) O humor e a línguaHá algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase em sua constitui??o linguística. Por isso, embora a afirma??o a seguir possa parecer surpreendente, creio que posso garantir que se trata de uma verdade quase banal: as piadas fornecem simultaneamente um dos melhores retratos dos valores e problemas de uma sociedade, por um lado, e uma cole??o de fatos e dados impressionantes para quem quer saber o que é e como funciona uma língua, por outro. Se se quiser descobrir os problemas com os quais uma sociedade se debate, uma cole??o de piadas fornecerá excelente pista: sexualidade, etnia/ra?a e outras diferen?as, institui??es (igreja, escola, casamento, política), morte, tudo isso está sempre presente nas piadas que circulam anonimamente e que s?o ouvidas e contadas por todo mundo em todo o mundo. Os antropólogos ainda n?o prestaram a devida aten??o a esse material, que poderia substituir com vantagem muitas entrevistas e pesquisas participantes. Saberemos mais a quantas andam o machismo e o racismo, por exemplo, se pesquisarmos uma cole??o de piadas do que qualquer outro corpus.POSSENTI. S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado).A piada é um gênero textual que figura entre os mais recorrentes na cultura brasileira, sobretudo na tradi??o oral. Nessa reflex?o, a piada é enfatizada por a) sua fun??o humorística. b) sua ocorrência universal. c) sua diversidade temática. d) seu papel como veículo de preconceitos. e) seu potencial como objeto de investiga??o. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: A internet e os direitos autorais1A internet e outras tecnologias mudaram a rotina das famílias, a vida social e até a sua percep??o do mundo. Dist?ncias parecem menores, a ideia de privacidade está em quest?o, e os relacionamentos amorosos ganharam nova dimens?o. De forma t?o 2avassaladora, que 3quem n?o participa das redes sociais em algum momento pode se sentir excluído ou 4desinformado.5A transforma??o trazida pela tecnologia, no entanto, n?o pode ser confundida com ruptura com tudo o que havia antes. 6Os critérios para avaliar um livro continuam os mesmos, n?o importa se em e-book ou edi??o de capa dura; 7a rela??o custo-benefício de uma compra ainda precisa ser pensada com critério, seja em e-commerce ou loja de shopping; 8e o cuidado com a publica??o de uma notícia, o que inclui a sua correta apura??o e a clareza do texto, deve ser o mesmo em site ou jornal de papel.9O mesmo raciocínio se aplica à propriedade 10intelectual de músicas, textos, filmes e quaisquer outras obras, que ganham novas formas de exposi??o com a internet, mas continuam a ter donos. Da mesma maneira que antes do 11aparecimento das mídias digitais. 12Infelizmente, n?o é dessa forma que parecem pensar grandes empresas internacionais da internet, que brigam na Justi?a com a Uni?o Brasileira das Editoras de Música e 13impedem assim o pagamento aos filiados à entidade dos valores relativos à exibi??o de seus trabalhos nos canais de áudio e vídeo. ? uma situa??o 14inadmissível, que já dura muitos meses.15O respeito aos direitos autorais na era da internet é quest?o 16vital porque o mercado de CDs só faz encolher. 17As novas mídias representam a perspectiva de trabalho para os criadores a longo prazo. ? 18necessário assegurar a sua adequada 19remunera??o e, por extens?o, os recursos para que a produ??o musical se sustente a longo prazo. 20A agilidade e a 21onipresen?a da rede podem – e devem – servir para trazer mais recursos ao compositor, e n?o o contrário.22Empresas 23jornalísticas, no Brasil e no mundo, também já viram o conteúdo da imprensa profissional ser divulgado na internet sem contrapartida alguma ignorando os altos custos de produ??o da notícia. No Brasil, a Associa??o Nacional de Jornais (ANJ) proíbe, por notifica??o judicial, que se reproduza a íntegra dos textos dos 24associados.25Se as novas tecnologias facilitam o 26entretenimento e aumentam a oferta de bens culturais a consumidores no mundo 27inteiro, elas s?o bem-vindas. Mas isso n?o pode acontecer à custa do 28sagrado direito autoral.Rio de Janeiro, O Globo, Opini?o, 23 abr. 2015, p.16. Adaptado. 12. (Fmp 2016) O editorial é um gênero textual de caráter argumentativo, destinado a defender uma opini?o sobre algum assunto da atualidade.O texto defende a tese de que a) o mercado audiovisual tem muito a ganhar com a divulga??o de seus produtos pela internet. b) os órg?os da justi?a brasileira deveriam penalizar as grandes empresas de comunica??o digital. c) o desenvolvimento da tecnologia provocou um aumento avassalador do uso das redes sociais. d) a divulga??o de conteúdos na rede deve respeitar a propriedade intelectual de seus autores. e) as grandes empresas de comunica??o impressa precisam considerar os direitos dos jornalistas. TEXTO PARA AS PR?XIMAS 2 QUEST?ES: Leia o texto abaixo para responder à(s) quest?o(?es) a seguir.Ora pois, uma língua bem brasileiraA possibilidade de ser simples, dispensar elementos gramaticais teoricamente essenciais e responder “sim, comprei”, quando alguém pergunta “você comprou o carro?”, é uma das características que conferem flexibilidade e identidade ao português brasileiro. A análise de documentos antigos e de entrevistas de campo ao longo dos últimos 30 anos está mostrando que o português brasileiro já pode ser considerado único, diferente do português europeu, do mesmo modo que o inglês americano é distinto do inglês brit?nico. O português brasileiro ainda n?o é, porém, uma língua aut?noma: talvez seja – na previs?o de especialistas, em cerca de 200 anos – quando acumular peculiaridades que nos impe?am de entender inteiramente o que um nativo de Portugal diz.A expans?o do português no Brasil, as varia??es regionais com suas possíveis explica??es, que fazem o urubu de S?o Paulo ser chamado de corvo no Sul do país, e as raízes das inova??es da linguagem est?o emergindo por meio do trabalho de cerca de 200 linguistas. De acordo com estudos da Universidade de S?o Paulo (USP), uma inova??o do português brasileiro, por enquanto sem equivalente em Portugal, é o R caipira, às vezes t?o intenso que parece valer por dois ou três, como em porrrta ou carrrne.Associar o R caipira apenas ao interior paulista, porém, é uma imprecis?o geográfica e histórica, embora o R desavergonhado tenha sido uma das marcas do estilo matuto do ator Amácio Mazzaropi em seus 32 filmes, produzidos de 1952 a 1980. Seguindo as rotas dos bandeirantes paulistas em busca de ouro, os linguistas encontraram o R supostamente típico de S?o Paulo em cidades de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e oeste de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, formando um modo de falar similar ao português do século XVIII. Quem tiver paciência e ouvido apurado poderá encontrar também na regi?o central do Brasil – e em cidades do litoral – o S chiado, uma característica hoje típica do falar carioca que veio com os portugueses em 1808 e era um sinal de prestígio por representar o falar da Corte. Mesmo os portugueses n?o eram originais: os especialistas argumentam que o S chiado, que faz da esquina uma shquina, veio dos nobres franceses, que os portugueses admiravam. [...]Os documentos antigos evidenciam que o português falado no Brasil come?ou a se diferenciar do europeu há pelo menos quatro séculos. Uma indica??o dessa separa??o é o Memórias para a história da capitania de S?o Vicente, de 1793, escrito por frei Gaspar da Madre de Deus, nascido em S?o Vicente, e depois reescrito pelo português Marcelino Pereira Cleto, que foi juiz em Santos. Comparando as duas vers?es, José Sim?es, da USP, encontrou 30 diferen?as entre o português brasileiro e o europeu. Uma delas é encontrada ainda hoje: como usuários do português brasileiro, preferimos explicitar os sujeitos das frases, como em “o rapaz me vendeu o carro, depois ele saiu correndo e ao atravessar a rua ele foi atropelado”. Em português europeu, seria mais natural omitir o sujeito, já definido pelo tempo verbal – “o rapaz vendeu-me o carro, depois saiu a correr…” –, resultando em uma constru??o gramaticalmente impecável, embora nos soe um pouco estranha.Um morador de Portugal, se lhe perguntarem se comprou um carro, responderá com naturalidade “sim, comprei-o”, explicitando o complemento do verbo, “mesmo entre falantes pouco escolarizados”, observa Sim?es. Ele nota que os portugueses usam mesóclise – “dar-lhe-ei um carro, com certeza!” –, que soaria pernóstica no Brasil. Outra diferen?a é a dist?ncia entre a língua falada e a escrita no Brasil. Ninguém fala muito, mas muinto. O pronome você, que já é uma redu??o de vossa mercê e de vosmecê, encolheu ainda mais, para cê, e grudou no verbo: cevai?“A língua que falamos n?o é a que escrevemos”, diz Sim?es, com base em exemplos como esses. “O português escrito e o falado em Portugal s?o mais próximos, embora também existam diferen?as regionais.” Sim?es complementa as análises textuais com suas andan?as por Portugal. “Há 10 anos meus parentes de Portugal diziam que n?o entendiam o que eu dizia”, ele observa. “Hoje, provavelmente por causa da influência das novelas brasileiras na televis?o, dizem que já estou falando um português mais correto”.“Conservamos o ritmo da fala, enquanto os europeus come?aram a falar mais rápido a partir do século XVIII”, observa Ataliba Castilho, professor emérito da USP, que, nos últimos 40 anos, planejou e coordenou vários projetos de pesquisa sobre o português falado e a história do português do Brasil. “Até o século XVI”, diz ele, “o português brasileiro e o europeu eram como o espanhol, com um corte silábico duro. A palavra falada era muito próxima da escrita”. Célia Lopes acrescenta outra diferen?a: o português brasileiro conserva a maioria das vogais, enquanto os europeus em geral as omitem, ressaltando as consoantes, e diriam ‘tulfón’ para se referir ao telefone.Há também muitas palavras com sentidos diferentes de um lado e de outro do Atl?ntico. Os estudantes das universidades privadas n?o pagam mensalidade, mas propina. Bolsista é bolseiro. Como os europeus n?o adotaram algumas palavras usadas no Brasil, a exemplo de bunda, de origem africana, podem surgir situa??es embara?osas. Vanderci Aguilera, professora sênior da Universidade Estadual de Londrina (Uel), levou uma amiga portuguesa a uma loja. Para ver se um vestido que acabava de experimentar caía bem às costas, a amiga lhe perguntou: “O que achas do meu rabo?”.FIORAVANTI, Carlos. In: Revista Pesquisa FAPESP, ed. 2030, abr. 2015. Disponível em: <;. Acesso em: 01 ago. 2015. (Texto adaptado). 13. (Pucmg 2016) Do ponto de vista dos elementos composicionais e formais que caracterizam o gênero textual utilizado, constitui uma marca linguística do texto a) o uso de linguagem técnica, em conson?ncia com a natureza científica da enuncia??o. b) a explicita??o da interlocu??o com o leitor, em raz?o da intera??o estipulada pelo autor. c) a ado??o de um discurso impessoal, em fun??o da neutralidade da pesquisa acadêmica. d) o emprego da língua padr?o, em conformidade com a situa??o de comunica??o prevista. 14. (Enem PPL 2015) Anfíbio com formato de cobra é descoberto no Rio Madeira (RO)Animal raro foi encontrado por biólogos em canteiro de obras de usina. Exemplares est?o no Museu Emilio Goeldi, no ParáO trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Santo Ant?nio, no Rio Madeira, em Porto Velho, resultou na descoberta de um anfíbio de formato parecido com uma cobra. Atretochoana eiselti é o nome científico do animal raro descoberto em Rond?nia. Até ent?o, só havia registro do anfíbio no Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília. Nenhum deles tem a descri??o exata de localidade, apenas “América do Sul”. A descoberta ocorreu em dezembro do ano passado, mas apenas agora foi divulgada.XIMENES, M. Disponível em: . Acesso em: 1 ago. 2012.A notícia é um gênero textual em que predomina a fun??o referencial da linguagem. No texto, essa predomin?ncia evidencia-se pelo(a) a) recorrência de verbos no presente para convencer o leitor. b) uso da impessoalidade para assegurar a objetividade da informa??o. c) questionamento do código linguístico na constru??o da notícia. d) utiliza??o de express?es úteis que mantêm aberto o canal de comunica??o com o leitor. e) emprego dos sinais de pontua??o para expressar as emo??es do autor. 15. (Enem 2015) Jo?o Ant?nio de Barros (Jota Barros) nasceu aos 24 de junho de 1935, em Glória de Goitá (PE). Marceneiro, entalhador, xilógrafo, poeta repentista e escritor de literatura de cordel, já publicou 33 folhetos e ainda tem vários inéditos. Reside em S?o Paulo desde 1973, vivendo exclusivamente da venda de livretos de cordel e das cantigas de improviso, ao som da viola. Grande divulgador da poesia popular nordestina no Sul, tem dado frequentemente entrevistas à imprensa paulista sobre o assunto.EVARISTO, M. C. O cordel em sala de aula. In: BRAND?O. H. N. (Coord.). Gêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso político, divulga??o científica. S?o Paulo: Cortez, 2000. A biografia é um gênero textual que descreve a trajetória de determinado indivíduo, evidenciando sua singularidade. No caso específico de uma biografia como a de Jo?o Ant?nio de Barros, um dos principais elementos que a constitui é a) a estiliza??o dos eventos reais de sua vida, para que o relato biográfico surta os efeitos desejados. b) o relato de eventos de sua vida em perspectiva histórica, que valorize seu percurso artístico. c) a narra??o de eventos de sua vida que demonstrem a qualidade de sua obra. d) uma retórica que enfatize alguns eventos da vida exemplar da pessoa biografada. e) uma exposi??o de eventos de sua vida que mescle objetividade e constru??o ficcional. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: Leia o seguinte texto para responder à(s) quest?o(?es).A a??o sob um novo olharO cineasta Luc Besson é catalogado como o diretor francês que mais se parece com um profissional americano de Hollywood, por seus longas serem carregados de a??o explosiva, além de quase sempre protagonizados por anti-heróis típicos de produ??es da terra do Tio Sam. A presen?a de astros consagrados refor?a essa defini??o – basta lembrar filmes ic?nicos como Nikita (que virou até seriado nos EUA), O profissional, O quinto elemento e as franquias Carga explosiva e Busca implacável. A diferen?a de Besson está no modo inteligente como ele insere, num peculiar cinema comercial, arte e reflex?o sem parecer picaretagem, conseguindo atrair a simpatia de diferentes públicos.Lucy é o mais novo projeto com essa sua marca: a estrela Scarlett Johansson surge numa história que, num primeiro momento, lembra um filme de super-herói. Scarlett faz uma mulher acidentalmente envolvida na negocia??o de uma droga experimental, que, ao entrar em sua circula??o, faz com que ela aumente a utiliza??o de seu cérebro em A turbinada resolve ent?o procurar um pesquisador (Morgan Freeman) do assunto, ao mesmo tempo em que um traficante está à sua o filme colocado dessa forma, Lucy parece uma prima próxima da personagem Viúva Negra, também interpretada por Scarlett na série de filmes com super-heróis da Marvel – igualmente com cenas eletrizantes de luta. Mas Lucy (no original) também faz uma reflex?o em torno de quest?es como evolu??o, metafísica e tempo. Percebe-se que Besson se diverte pelo jeito como desenvolve a narrativa: a cada estágio de transforma??o de Lucy, o diretor intercala as explica??es científicas do 1tal pesquisador. Tudo de maneira a sustentar o conceito por trás da trama, desenvolvido com extrema habilidade e num ritmo propositalmente acelerado com objetivo de dar credibilidade ao improvável.A A??O sob um novo olhar. Disponível em: <;. Acesso em: 16 de agosto de 2014. 16. (Ufjf-pism 1 2015) O texto acima é um exemplo do gênero textual: a) resumo. b) ensaio. c) biografia. d) resenha. e) editorial. 17. (Enem 2014) A última edi??o deste periódico apresenta mais uma vez tema relacionado ao tratamento dado ao lixo caseiro, aquele que produzimos no dia a dia. A informa??o agora passa pelo problema do material jogado na estrada vicinal que liga o município de Rio Claro ao distrito de Ajapi. Infelizmente, no local em quest?o, a reportagem encontrou mais uma forma errada de destina??o do lixo: material atirado ao lado da pista como se isso fosse o ideal. Muitos moradores, por exemplo, retiram o lixo de suas residências e, em vez de um destino correto, procuram dispensá-lo em outras regi?es. Uma situa??o no mínimo inc?moda. Se você sai de casa para jogar o lixo em outra localidade, por que n?o o fazer no local ideal? ? muita falta de educa??o achar que aquilo que n?o é correto para sua regi?o possa ser para outra. A reciclagem do lixo doméstico é um passo inteligente e de consciência. Olha o exemplo que passamos aos mais jovens! Quem aprende errado coloca em prática o errado. Um perigo!Disponível em: . Acesso em: 10 ago. 2012 (adaptado).Esse editorial faz uma leitura diferenciada de uma notícia veiculada no jornal. Tal diferen?a traz à tona uma das fun??es sociais desse gênero textual, que é a) apresentar fatos que tenham sido noticiados pelo próprio veículo. b) chamar a aten??o do leitor para temas raramente abordados no jornal. c) provocar a indigna??o dos cidad?os por for?a dos argumentos apresentados. d) interpretar criticamente fatos noticiados e considerados relevantes para a opini?o pública. e) trabalhar uma informa??o previamente apresentada com base no ponto de vista do autor da notícia. 18. (Enem 2013) Jogar limpoArgumentar n?o é ganhar uma discuss?o a qualquer pre?o. Convencer alguém de algo é, antes de tudo, uma alternativa à prática de ganhar uma quest?o no grito ou na violência física — ou n?o física. N?o física, dois-pontos. Um político que mente descaradamente pode cativar eleitores. Uma publicidade que joga baixo pode constranger multid?es a consumir um produto danoso ao ambiente. Há manipula??es psicológicas n?o só na religi?o. E é comum pessoas agirem emocionalmente, porque vítimas de ardilosa — e cangoteira — sedu??o. Embora a eficácia a todo pre?o n?o seja argumentar, tampouco se trata de admitir só verdades científicas — formar opini?o apenas depois de ver a demonstra??o e as evidências, como a ciência faz. Argumentar é matéria da vida cotidiana, uma forma de retórica, mas é um raciocínio que tenta convencer sem se tornar mero cálculo manipulativo, e pode ser rigoroso sem ser científico.Língua Portuguesa, S?o Paulo, ano 5, n. 66, abr. 2011 (adaptado).No fragmento, opta-se por uma constru??o linguística bastante diferente em rela??o aos padr?es normalmente empregados na escrita. Trata-se da frase “N?o física, dois-pontos”. Nesse contexto, a escolha por se representar por extenso o sinal de pontua??o que deveria ser utilizado a) enfatiza a metáfora de que o autor se vale para desenvolver seu ponto de vista sobre a arte de argumentar. b) diz respeito a um recurso de metalinguagem, evidenciando as rela??es e as estruturas presentes no enunciado. c) é um recurso estilístico que promove satisfatoriamente a sequencia??o de ideias, introduzindo apostos exemplificativos. d) ilustra a flexibilidade na estrutura??o do gênero textual, a qual se concretiza no emprego da linguagem conotativa. e) prejudica a sequência do texto, provocando estranheza no leitor ao n?o desenvolver explicitamente o raciocínio a partir de argumentos. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: BOCAGE NO FUTEBOLQuando eu tinha meus cinco, meus seis anos, morava, ao lado de minha casa, um garoto que era tido e havido como o anticristo da rua. Sua idade regulava com a minha. E justi?a se lhe fa?a: — n?o havia palavr?o que ele n?o praticasse. Eu, na minha candura p?nica, vivia cercado de conselhos, por todos os lados: — “N?o brinca com Fulano, que ele diz nome feio!”. E o Fulano assumia, aos meus olhos, as propor??es feéricas de um Drácula, de um Nero de fita de cinema.Mas o tempo passou. E acabei descobrindo que, afinal de contas, o anjo de boca suja estava com a raz?o. Sim, amigos: — cada nome feio que a vida extrai de nós é um estímulo vital irresistível. Por exemplo: — os nautas camonianos. Sem uma sólida, potente e jucunda pornografia, um Vasco da Gama, um Colombo, um Pedro ?lvares Cabral n?o teriam sido almirantes nem de barca da Cantareira. O que os virilizava era o bom, o cálido, o inefável palavr?o.Mas, se nas rela??es humanas em geral, o nome feio produz esse impacto criador e libertário, que dizer do futebol? Eis a verdade: — retire-se a pornografia do futebol e nenhum jogo será possível. Como jogar ou como torcer se n?o podemos xingar ninguém? O craque ou o torcedor é um Bocage. N?o o Bocage fidedigno, que nunca existiu. Para mim, o verdadeiro Bocage é o falso, isto é, o Bocage de anedota. Pois bem: — está para nascer um jogador ou um torcedor que n?o seja bocagiano. O craque brasileiro n?o sabe ganhar partidas sem o incentivo constante dos rijos e imortais palavr?es da língua. Nós, de longe, vemos os 22 homens correndo em campo, matando-se, agonizando, rilhando os dentes. Parecem dopados e realmente o est?o: — o chamado nome feio é o seu excitante eficaz, o seu afrodisíaco insuperável.Nélson Rodrigues, ? sombra das chuteiras imortais. S?o Paulo: Cia. das Letras, 1993.Quando Bauer, o de pés ligeiros, se apoderou da cobi?ada esfera, logo o suspeitoso Naranjo lhe partiu ao encal?o, mas já Brand?ozinho, semelhante à chama, lhe cortou a avan?ada. A tarde de olhos radiosos se fez mais clara para contemplar aquele combate, enquanto os agudos gritos e impreca??es em redor animavam os contendores. A uma investida de Cárdenas, o de fera catadura, o couro inquieto quase se foi depositar no arco de Castilho, que com torva face o repeliu. Eis que Djalma, de aladas plantas, rompe entre os adversários at?nitos, e conduz sua presa até o solerte Julinho, que a transfere ao valoroso Didi, e este por sua vez a comunica ao belicoso Pinga. (...)Assim gostaria eu de ouvir a descri??o do jogo entre brasileiros e mexicanos, e a de todos os jogos: à maneira de Homero. Mas o estilo atual é outro, e o sentimento dramático se orna de termos técnicos.Carlos Drummond de Andrade, Quando é dia de futebol. Rio: Record, 2002. 19. (Fgvrj 2013) Ambos os textos – o de Nélson Rodrigues e o de Drummond – pertencem à modalidade textual conhecida como a) colunismo social – variedade jornalística de crítica de costumes, que proliferou na imprensa de todo o Brasil, a partir dos anos de 1950. b) poema em prosa – tipo de texto em que a prosa narrativa, sem apresentar os aspectos formais exteriores do poema (rimas, métrica etc.), submete-se, no entanto, ao rigor construtivo próprio da poesia. c) paródia – uma variedade textual construída com base no paralelismo com outro texto, geralmente com inten??o crítica ou jocosa. d) editorial – que consiste, modernamente, nos textos que, ocupando as primeiras páginas dos grandes jornais, s?o assinados pelos seus mais renomados colunistas. e) cr?nica – variedade ou gênero textual bastante livre, ocorrente no Brasil desde o século XIX, cuja proximidade com o cotidiano n?o impedia de, conforme o caso, explorar outras dimens?es de sentido. 20. (Enem PPL 2012) Era uma vez Um rei le?o que n?o era rei. Um pato que n?o fazia quá-quá. Um c?o que n?o latia Um peixe que n?o nadava. Um pássaro que n?o voava. Um tigre que n?o comia. Um gato que n?o miava. Um homem que n?o pensava... E, enfim, era uma natureza sem nada. Acabada. Depredada. Pelo homem que n?o pensava. Laura Araújo Cunha CUNHA, L. A. In: KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produ??o textual. S?o Paulo: Contexto, 2011.S?o as rela??es entre os elementos e as partes do texto que promovem o desenvolvimento das ideias. No poema, a estratégia linguística que contribui para esse desenvolvimento, estabelecendo a continuidade do texto, é a a) escolha de palavras de diferentes campos sem?nticos. b) nega??o contundente das a??es praticadas pelo homem. c) intertextualidade com o gênero textual fábula infantil. d) repeti??o de estrutura sintática com novas informa??es. e) utiliza??o de ponto final entre termos de uma mesma ora??o. 21. (Enem 2? aplica??o 2010) Esse texto é uma propaganda veiculada nacionalmente.Esse gênero textual utiliza-se da persuas?o com uma intencionalidade específica. O principal objetive desse texto é a) comprovar que o avan?o da dengue no país está relacionado ao fato de a popula??o desconhecer os agentes causadores. b) convencer as pessoas a se mobilizarem, com o intuito de eliminar os agentes causadores da doen?a. c) demonstrar que a propaganda tem um caráter institucional e, por essa raz?o, n?o pretende vender produtos. d) informar à popula??o que a dengue é uma doen?a que mata e que, por essa raz?o, deve ser combatida. e) sugerir que a sociedade combata a doen?a, observando os sintomas apresentados e procurando auxílio médico. 22. (Enem 2014) Blog é concebido como um espa?o onde o blogueiro é livre para expressar e discutir o que quiser na atividade da sua escrita, com a escolha de imagens e sons que comp?em o todo do texto veiculado pela internet, por meio dos posts. Assim, essa ferramenta deixa de ter como única fun??o a exposi??o de vida e/ou rotina de alguém — como em um diário pessoal —, fun??o para qual serviu inicialmente e que o popularizou, permitindo também que seja um espa?o para a discuss?o de ideias, trocas e divulga??o de informa??es.A produ??o dos blogs requer uma rela??o de troca, que acaba unindo pessoas em torno de um ponto de interesse comum. A for?a dos blogs está em possibilitar que qualquer pessoa, sem nenhum conhecimento técnico, publique suas ideias e opini?es na web e que milh?es de outras pessoas publiquem comentários sobre o que foi escrito, criando um grande debate aberto a todos.LOPES, B. O. A linguagem dos blogs e as redes sociais. Disponível em: fateczl.edu.br. Acesso em: 29 abr. 2013 (adaptado).De acordo com o texto, o blog ultrapassou sua fun??o inicial e vem se destacando como a) estratégia para estimular rela??es de amizade. b) espa?o para exposi??o de opini?es e circula??o de ideias. c) gênero discursivo substituto dos tradicionais diários pessoais. d) ferramenta para aperfei?oamento da comunica??o virtual escrita. e) recurso para incentivar a ajuda mútua e a divulga??o da rotina diária. 23. (Enem 2006) NAMORADOSO rapaz chegou-se para junto da mo?a e disse:- Ant?nia, ainda n?o me acostumei com o seu[corpo, com a sua cara.A mo?a olhou de lado e esperou.- Você n?o sabe quando a gente é crian?a e de[repente vê uma lagarta listrada?A mo?a se lembrava:- A gente fica olhando...A meninice brincou de novo nos olhos dela.O rapaz prosseguiu com muita do?ura:- Ant?nia, você parece uma lagarta listrada.A mo?a arregalou os olhos, fez exclama??es.O rapaz concluiu:- Ant?nia, você é engra?ada! Você parece louca.Manuel Bandeira. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época a) a reitera??o de palavras como recurso de constru??o de rimas ricas. b) a utiliza??o expressiva da linguagem falada em situa??es do cotidiano. c) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado. d) a escolha do tema do amor rom?ntico, caracterizador do estilo literário dessa época. e) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Realismo. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: BOCAGE NO FUTEBOLQuando eu tinha 3meus cinco, meus seis anos, morava, ao lado de minha casa, um garoto que era 2tido e havido como o anticristo da rua. Sua idade regulava com a minha. E 6justi?a se lhe fa?a: — n?o havia palavr?o que ele n?o praticasse. Eu, na minha candura p?nica, vivia cercado de conselhos, por todos os lados: — “N?o brinca com Fulano, que ele diz nome feio!”. E o Fulano assumia, aos meus olhos, as propor??es feéricas de um Drácula, de um 1Nero de fita de cinema.Mas o tempo passou. E acabei descobrindo que, afinal de contas, o anjo de boca suja estava com a raz?o. Sim, amigos: — cada nome feio que a vida extrai de nós é um estímulo vital irresistível. Por exemplo: — os nautas camonianos. Sem uma sólida, potente e jucunda pornografia, um Vasco da Gama, um Colombo, um Pedro ?lvares Cabral n?o teriam sido almirantes nem de barca da Cantareira. O que os virilizava era o bom, o cálido, o inefável palavr?o.Mas, se nas rela??es humanas em geral, o nome feio produz esse impacto criador e libertário, que dizer do futebol? Eis a verdade: — retire-se a pornografia do futebol e nenhum jogo será possível. Como jogar ou como torcer se n?o podemos xingar ninguém? O craque ou o torcedor é um Bocage. N?o o 4Bocage fidedigno, que nunca existiu. Para mim, o 5verdadeiro Bocage é o falso, isto é, o Bocage de anedota. Pois bem: — está para nascer um jogador ou um torcedor que n?o seja bocagiano. O craque brasileiro n?o sabe ganhar partidas sem o incentivo constante dos rijos e imortais palavr?es da língua. Nós, de longe, vemos os 22 homens 7correndo em campo, matando-se, agonizando, rilhando os dentes. Parecem dopados e realmente o est?o: — o chamado nome feio é o seu excitante eficaz, o seu afrodisíaco insuperável.Nélson Rodrigues, ? sombra das chuteiras imortais. S?o Paulo: Cia. das Letras, 1993. 24. (Fgvrj 2013) Considere os seguintes elementos de composi??o textual:I. intera??o com o leitor;II. incorpora??o de uma fala em discurso indireto;III. procedimento intertextual;IV. mistura de gêneros discursivos.? correto afirmar que, no texto, ocorre apenas o que foi indicado em a) I e IV. b) II e IV. c) I, III e IV. d) II e III. e) I, II, e III. 25. (Unicamp 2016) No livro Veneno Remédio - o futebol e o Brasil (S?o Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 14), o músico, compositor e ensaísta José Miguel Wisnik afirma que o futebol se tornou uma espécie de “língua geral”, válida para todos, que p?e “em contato as popula??es de todos os continentes”. Leia a seguir dois trechos em que o autor explora essa analogia:“(...) Nada nos impede de dizer que os lances criativos mais surpreendentes n?o dispensam a prosa corrente do ‘arroz com feij?o’ do jogo, necessário a toda partida. Ou de constatar, na literatura como no futebol, que a ‘prosa’ pode ser bela, íntegra, articulada e fluente, ou burocrática e anódina, e a ‘poesia’, imprevista, fulgurante e eficaz, ou firula retórica sem nervo e sem alvo.(...) o futebol é o esporte que comporta múltiplos registros, sintaxes diversas, estilos diferentes e opostos, e gêneros narrativos, a ponto de parecer conter vários jogos dentro de um único jogo. A sua narratividade aberta às diferen?as terá rela??o, muito possivelmente, com o fato de ter se tornado o esporte mais jogado no mundo, como um modelo racional e universalmente acessível que fosse guiado por uma ampla margem de diversidade interna, capaz de absorver e expressar culturas.”a) O autor vê o futebol como formas de “prosa” e de “poesia”. Embora ambas as formas sejam consideradas necessárias, cada uma tem um lado negativo. Indique-os.b) Apresente dois argumentos por meio dos quais o autor justifica sua afirma??o de que o futebol é uma espécie de “língua geral”. 26. (Ufu 2016) Usuários do WhatsApp no Brasil passaram por algumas horas de síndrome de abstinência. ? que uma juíza de S?o Bernardo do Campo havia determinado a suspens?o dos servi?os por horas. Em boa hora a decis?o foi cassada pelo Tribunal de Justi?a de S?o Paulo, mas a discuss?o permanece.A ordem judicial que determinou o bloqueio, vamos falar português claro, era ridícula. N?o estava, a meu ver, embasada na melhor interpreta??o jurídica e errava grotescamente no remédio adotado. Ao que consta, a juíza decidiu tirar o aplicativo do ar porque o Facebook, dono do WhatsApp, n?o cumprira determina??o anterior para revelar informa??es sobre um suspeito em um caso criminal. A empresa alega, no meu entendimento com raz?o, que o WhatsApp n?o tem sede nem servidores no Brasil, estando, portanto, fora da jurisdi??o de nossas autoridades.Embora n?o nos demos conta, cada vez que acessamos um site estrangeiro, estamos tecnicamente agindo no exterior, sob as leis do país em que ele se encontra. Esse é, creio, um dos milagres da internet. Ela cria uma espécie de concorrência entre legisla??es nacionais, e a tendência é que acabe prevalecendo a norma do país mais liberal, pois é lá que os sites procurar?o se hospedar. E isso é ótimo. A tarefa de censores ficou mais difícil após a dissemina??o da rede.Mesmo que o WhatsApp fosse brasileiro, ainda assim n?o faria sentido tentar obter dados determinando a suspens?o do servi?o. Ao fazê-lo, a juíza puniu n?o só a empresa, mas seus clientes, que n?o tinham nada a ver com a história. ? como tentar enquadrar um banco proibindo correntistas de sacar dinheiro.SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de S. Paulo, 18 de dezembro de 2015, A2 Opini?o (adaptado).Em rela??o ao texto, considere as afirmativas a seguir.I. Em “Usuários do WhatsApp no Brasil passaram por algumas horas de síndrome de abstinência. ? que uma juíza de S?o Bernardo do Campo havia determinado a suspens?o dos servi?os por horas.” (ref. 1), a express?o verbal em destaque indica a??o passada anterior a outra também passada.II. Em “? como tentar enquadrar um banco proibindo correntistas de sacar dinheiro.” (ref. 2), a proposi??o exemplifica uma generaliza??o.III. Devido a sua configura??o, o texto pode ser enquadrado na categoria dos gêneros discursivos em que predomina a exposi??o neutra e impessoal de conceitos.IV. O terceiro parágrafo permite inferir que o Brasil tem leis menos liberais que os Estados Unidos.Assinale a alternativa que apresenta apenas afirmativas corretas. a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) III e IV. 27. (Enem 2016) A obra de Túlio Piva poderia ser objeto de estudo nos bancos escolares, ao lado de Noel, Ataulfo e Lupicínio. Se o criador optou por permanecer em sua querência –– Santiago, e depois Porto Alegre, a obra al?ou voos mais altos, com passagens na Rússia, Estados Unidos e Venezuela. “Tem que ter mulata”, seu samba maior, é coisa de craque. Um retrato feito de ritmo e poesia, uma ode ao gênero que amou desde sempre. E o paradoxo: misto de gaúcho e italiano, nascido na fronteira com a Argentina, falando de samba, morro e mulata, com categoria. E que categoria! Uma batida de viol?o que fez história. O tango transmudado em samba.RAMIREZ, H.; PIVA, R. (Org.). Túlio Piva: pra ser samba brasileiro. Porto Alegre:Programa Petrobras Cultural. 2005 (adaptado).O texto é um trecho da crítica musical sobre a obra de Túlio Piva. Para enfatizar a qualidade do artista, usou-se como recurso argumentativo o(a) a) contraste entre o local de nascimento e a escolha pelo gênero samba. b) exemplo de temáticas gaúchas abordadas nas letras de sambas. c) alus?o a gêneros musicais brasileiros e argentinos. d) compara??o entre sambistas de diferentes regi?es. e) aproxima??o entre a cultura brasileira e a argentina. 28. (Enem 2016) Primeira li??oOs gêneros de poesia s?o: lírico, satírico, didático, épico, ligeiro.O gênero lírico compreende o lirismo.Lirismo é a tradu??o de um sentimento subjetivo, sincero e pessoal.? a linguagem do cora??o, do amor.O lirismo é assim denominado porque em outros tempos os versos sentimentais eram declamados ao som da lira.O lirismo pode ser:a) Elegíaco, quando trata de assuntos tristes, quase sempre a morte. b) Bucólico, quando versa sobre assuntos campestres.c) Erótico, quando versa sobre o amor.O lirismo elegíaco compreende a elegia, a nênia, a endecha, o epitáfio e o epicédio.Elegia é uma poesia que trata de assuntos tristes.Nênia é uma poesia em homenagem a uma pessoa morta.Era declamada junto à fogueira onde o cadáver era incinerado.Endecha é uma poesia que revela as dores do cora??o.Epitáfio é um pequeno verso gravado em pedras tumulares.Epicédio é uma poesia onde o poeta relata a vida de uma pessoa morta.CESAR, A. C. Poética, S?o Paulo: Companhia das Letras, 2013.No poema de Ana Cristina Cesar, a rela??o entre as defini??es apresentadas e o processo de constru??o do texto indica que o(a) a) caráter descritivo dos versos assinala uma concep??o ir?nica de lirismo. b) tom explicativo e contido constitui uma forma peculiar de express?o poética. c) sele??o e o recorte do tema revelam uma vis?o pessimista da cria??o artística. d) enumera??o de distintas manifesta??es líricas produz um efeito de impessoalidade. e) referência a gêneros poéticos clássicos expressa a ades?o do eu lírico às tradi??es literárias. TEXTO PARA AS PR?XIMAS 2 QUEST?ES: Leia o texto abaixo para responder à(s) quest?o(?es) a seguir.Ora pois, uma língua bem brasileiraA possibilidade de ser simples, dispensar elementos gramaticais teoricamente essenciais e responder “sim, comprei”, quando alguém pergunta “você comprou o carro?”, é uma das características que conferem flexibilidade e identidade ao português brasileiro. A análise de documentos antigos e de entrevistas de campo ao longo dos últimos 30 anos está mostrando que o português brasileiro já pode ser considerado único, diferente do português europeu, do mesmo modo que o inglês americano é distinto do inglês brit?nico. O português brasileiro ainda n?o é, porém, uma língua aut?noma: talvez seja – na previs?o de especialistas, em cerca de 200 anos – quando acumular peculiaridades que nos impe?am de entender inteiramente o que um nativo de Portugal diz.A expans?o do português no Brasil, as varia??es regionais com suas possíveis explica??es, que fazem o urubu de S?o Paulo ser chamado de corvo no Sul do país, e as raízes das inova??es da linguagem est?o emergindo por meio do trabalho de cerca de 200 linguistas. De acordo com estudos da Universidade de S?o Paulo (USP), uma inova??o do português brasileiro, por enquanto sem equivalente em Portugal, é o R caipira, às vezes t?o intenso que parece valer por dois ou três, como em porrrta ou carrrne.Associar o R caipira apenas ao interior paulista, porém, é uma imprecis?o geográfica e histórica, embora o R desavergonhado tenha sido uma das marcas do estilo matuto do ator Amácio Mazzaropi em seus 32 filmes, produzidos de 1952 a 1980. Seguindo as rotas dos bandeirantes paulistas em busca de ouro, os linguistas encontraram o R supostamente típico de S?o Paulo em cidades de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e oeste de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, formando um modo de falar similar ao português do século XVIII. Quem tiver paciência e ouvido apurado poderá encontrar também na regi?o central do Brasil – e em cidades do litoral – o S chiado, uma característica hoje típica do falar carioca que veio com os portugueses em 1808 e era um sinal de prestígio por representar o falar da Corte. Mesmo os portugueses n?o eram originais: os especialistas argumentam que o S chiado, que faz da esquina uma shquina, veio dos nobres franceses, que os portugueses admiravam. [...]Os documentos antigos evidenciam que o português falado no Brasil come?ou a se diferenciar do europeu há pelo menos quatro séculos. Uma indica??o dessa separa??o é o Memórias para a história da capitania de S?o Vicente, de 1793, escrito por frei Gaspar da Madre de Deus, nascido em S?o Vicente, e depois reescrito pelo português Marcelino Pereira Cleto, que foi juiz em Santos. Comparando as duas vers?es, José Sim?es, da USP, encontrou 30 diferen?as entre o português brasileiro e o europeu. Uma delas é encontrada ainda hoje: como usuários do português brasileiro, preferimos explicitar os sujeitos das frases, como em “o rapaz me vendeu o carro, depois ele saiu correndo e ao atravessar a rua ele foi atropelado”. Em português europeu, seria mais natural omitir o sujeito, já definido pelo tempo verbal – “o rapaz vendeu-me o carro, depois saiu a correr…” –, resultando em uma constru??o gramaticalmente impecável, embora nos soe um pouco estranha.Um morador de Portugal, se lhe perguntarem se comprou um carro, responderá com naturalidade “sim, comprei-o”, explicitando o complemento do verbo, “mesmo entre falantes pouco escolarizados”, observa Sim?es. Ele nota que os portugueses usam mesóclise – “dar-lhe-ei um carro, com certeza!” –, que soaria pernóstica no Brasil. Outra diferen?a é a dist?ncia entre a língua falada e a escrita no Brasil. Ninguém fala muito, mas muinto. O pronome você, que já é uma redu??o de vossa mercê e de vosmecê, encolheu ainda mais, para cê, e grudou no verbo: cevai?“A língua que falamos n?o é a que escrevemos”, diz Sim?es, com base em exemplos como esses. “O português escrito e o falado em Portugal s?o mais próximos, embora também existam diferen?as regionais.” Sim?es complementa as análises textuais com suas andan?as por Portugal. “Há 10 anos meus parentes de Portugal diziam que n?o entendiam o que eu dizia”, ele observa. “Hoje, provavelmente por causa da influência das novelas brasileiras na televis?o, dizem que já estou falando um português mais correto”.“Conservamos o ritmo da fala, enquanto os europeus come?aram a falar mais rápido a partir do século XVIII”, observa Ataliba Castilho, professor emérito da USP, que, nos últimos 40 anos, planejou e coordenou vários projetos de pesquisa sobre o português falado e a história do português do Brasil. “Até o século XVI”, diz ele, “o português brasileiro e o europeu eram como o espanhol, com um corte silábico duro. A palavra falada era muito próxima da escrita”. Célia Lopes acrescenta outra diferen?a: o português brasileiro conserva a maioria das vogais, enquanto os europeus em geral as omitem, ressaltando as consoantes, e diriam ‘tulfón’ para se referir ao telefone.Há também muitas palavras com sentidos diferentes de um lado e de outro do Atl?ntico. Os estudantes das universidades privadas n?o pagam mensalidade, mas propina. Bolsista é bolseiro. Como os europeus n?o adotaram algumas palavras usadas no Brasil, a exemplo de bunda, de origem africana, podem surgir situa??es embara?osas. Vanderci Aguilera, professora sênior da Universidade Estadual de Londrina (Uel), levou uma amiga portuguesa a uma loja. Para ver se um vestido que acabava de experimentar caía bem às costas, a amiga lhe perguntou: “O que achas do meu rabo?”.FIORAVANTI, Carlos. In: Revista Pesquisa FAPESP, ed. 2030, abr. 2015. Disponível em: <;. Acesso em: 01 ago. 2015. (Texto adaptado). 29. (Pucmg 2016) I. “N?o é preciso adotar um outro nome para a nossa língua, como já foi proposto em tempos passados, quando se falou da “língua brasileira”. O nome português brasileiro já dá conta de mostrar as diferen?as. O importante é reconhecer essas diferen?as, deixar de considerar que elas s?o “erros”, e sim admitir que se trata de regras gramaticais características da língua falada aqui.” (Marcos Bagno).II. “Por meio de nossa cultura podemos afirmar uma vis?o de mundo, um modo de vida, projetos de civiliza??o fundados em estratégias generosas e abrangentes. [...] O português de Portugal, o português que emerge nos países africanos e a língua que é falada no Brasil formam um só idioma. N?o tenho dúvidas que uma ortografia comum, como parte de uma maior intera??o cultural, nos dará a grandeza e dimens?o que nossos artistas e escritores projetam.” (Juca Ferreira).III. “Em países de coloniza??o, como o Brasil, dá-se o processo do que chamamos heterogeneidade linguística pelo qual a língua funciona em uma identidade dupla. Desse modo, línguas que s?o consideradas as mesmas, porque se historicizam de maneiras diferentes em sua rela??o com a forma??o dos países, s?o línguas diferentes. Ou seja, falamos a “mesma” língua, no caso do português do Brasil e o de Portugal, mas falamos diferente. Assim podemos dizer que essas línguas diferem porque produzem discursos diferentes, significam diferentemente.” (Eni Orlandi).Argumentos semelhantes àqueles utilizados pelo autor para afirmar a especificidade do português falado no Brasil podem ser encontrados nos fragmentos a) I, II e III. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. 30. (Enem PPL 2015) – N?o, m?e. Perde a gra?a. Este ano, a senhora vai ver. Compro um barato.– Barato? Admito que você compre uma lembrancinha barata, mas n?o diga isso a sua m?e. ? fazer pouco-caso de mim.– Ih, m?e, a senhora está por fora mil anos. N?o sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!– Deixe eu escolher, deixe...– M?e é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado que a senhora me deu no Natal!– Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua m?e lhe deu um blazer furado?– Viu? N?o sabe nem o que é furado? Aquela cor já era, m?e, já era! ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.O modo como o filho qualifica os presentes é incompreendido pela m?e, e essas escolhas lexicais revelam diferen?as entre os interlocutores, que est?o relacionadas a) à linguagem infantilizada. b) ao grau de escolaridade. c) à dicotomia de gêneros. d) às especificidades de cada faixa etária. e) à quebra de regras da hierarquia familiar. 31. (Enem 2014) O Brasil é sertanejoQue tipo de música simboliza o Brasil? Eis uma quest?o discutida há muito tempo, que desperta opini?es extremadas. Há fundamentalistas que desejam impor ao público um tipo de som nascido das raízes socioculturais do país. O samba. Outros, igualmente nacionalistas, desprezam tudo aquilo que n?o tem estilo. Sonham com o império da MPB de Chico Buarque e Caetano Veloso. Um terceiro grupo, formado por gente mais jovem, escuta e cultiva apenas a música internacional, em todas as vertentes. E mais ou menos ignora o resto.A realidade dos hábitos musicais do brasileiro agora está clara, nada tem a ver com esses estereótipos. O gênero que encanta mais da metade do país é o sertanejo, seguido de longe pela MPB e pelo pagode. Outros gêneros em ascens?o, sobretudo entre as classes C, D e E, s?o o funk e o religioso, em especial o gospel. Rock e música eletr?nica s?o músicas de minoria.? o que demonstra uma pesquisa pioneira feita entre agosto de 2012 e agosto de 2013 pelo Instituto Brasileiro de Opini?o Pública e Estatística (Ibope). A pesquisa Tribos musicais – o comportamento dos ouvintes de rádio sob uma nova ótica faz um retrato do ouvinte brasileiro e traz algumas novidades. Para quem pensava que a MPB e o samba ainda resistiam como baluartes da nacionalidade, uma má notícia: os dois gêneros foram superados em popularidade. O Brasil moderno n?o tem mais o perfil sonoro dos anos 1970, que muitos gostariam que se eternizasse. A cara musical do país agora é outra.GIRON, L. A. ?poca, n. 805, out. 2013 (fragmento).O texto objetiva convencer o leitor de que a configura??o da preferência musical dos brasileiros n?o é mais a mesma da dos anos 1970. A estratégia de argumenta??o para comprovar essa posi??o baseia-se no(a) a) apresenta??o dos resultados de uma pesquisa que retrata o quadro atual da preferência popular relativa à música brasileira. b) caracteriza??o das opini?es relativas a determinados gêneros, considerados os mais representativos da brasilidade, como meros estereótipos. c) uso de estrangeirismos, como rock, funk e gospel, para compor um estilo próximo ao leitor, em sintonia com o ataque aos nacionalistas. d) ironia com rela??o ao apego a opini?es superadas, tomadas como express?o de conservadorismo e anacronismo, com o uso das designa??es “império” e “baluarte”. e) contraposi??o a impress?es fundadas em elitismo e preconceito, com a alus?o a artistas de renome para melhor demonstrar a consolida??o da mudan?a do gosto musical popular. Gabarito: 1: [A]2: [C]3: [E]4: [A]5: [D]6: Os textos expressam a mesma vis?o crítica sobre o comportamento da sociedade atual relativamente ao conhecimento e exposi??o de assuntos que acrescentem valor ao que já foi investigado e publicado. O primeiro apresenta tese, argumenta??o e conclus?o, configurando um texto dissertativo em linguagem formal. O segundo texto, por se tratar de uma tirinha, portanto texto verbal e n?o verbal, utiliza linguagem coloquial e “gírias”, como “saquei” e “povo cabe?a”. 7: [B]8: [B]9: [D]10: [B]11: [E]12: [D]13: [D]14: [B]15: [B]16: [D]17: [D]18:[C]Na transcri??o por extenso do sinal de pontua??o está configurada a fun??o metalinguística da linguagem, o que tornaria válida a alternativa [B]. No entanto, a alternativa [C] também está correta, pois a transcri??o dos dois pontos por extenso enfatiza as afirma??es que s?o apresentadas imediatamente depois (fun??o de aposto) para exemplificar que a violência n?o é física e sim emocional. “Um político que mente descaradamente pode cativar eleitores. Uma publicidade que joga baixo pode constranger multid?es a consumir um produto danoso ao ambiente.” Resposta Oficial: [C] 19: [E]20: [D]21: [B]22: [B]23: [B]24: [C]25: a) Segundo José Miguel Wisnik, tanto a prosa quanto a poesia podem apresentar marcas negativas. A primeira pode seguir automaticamente regras e procedimentos sem entusiasmo e criatividade e a segunda, usar floreio de palavras, com linguagem vazia de conteúdo que n?o desperte emo??o.b) O fato de o futebol seguir regras entendidas racionalmente em qualquer contexto cultural e ser praticado em quase todo o mundo permite que as diferen?as culturais se diluam e configurem uma espécie de código linguístico comum e universal. 26: ANULADA. Quest?o anulada no gabarito oficial.[I] Verdadeira. A locu??o verbal formada por verbo auxiliar conjugado no pretérito imperfeito do Indicativo e verbo principal em sua forma infinitiva corresponde ao pretérito mais-que-perfeito do Indicativo. Seu uso, portanto, indica uma a??o anterior (“uma juíza de S?o Bernardo do Campo havia determinado a suspens?o”) a outra a??o também ocorrida no passado (“Usuários do WhatsApp no Brasil passaram por algumas horas de síndrome de abstinência”).[II] Falsa. A proposi??o é um exemplo de uma a??o específica.[III] Falsa. O teor do texto é opinativo, expondo o posicionamento do autor contrário ao bloqueio do aplicativo por uma juíza de S?o Bernardo.[IV] Falsa. N?o há referência no texto de que especificamente os Estados Unidos tenham leis mais liberais que o Brasil. 27: [A]28: [B]29: [C]30 - D31 - A ................
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