Ler para os alunos - Inbot
PROGRAMA ESCOLAQUE VALE –CONCLUSÃO DO FÓRUM
Ler para os alunos
Muitos foram os pontos debatidos por este fórum nas mais de 40 mensagens que foram enviadas. Vamos, entretanto, nos restringir ao ponto central da discussão – leitura feita pelo professor – em vez de nos enveredarmos pelo tema leitura de um modo geral.
- O que ler para os alunos?
- Como ler para os alunos?
- Por que ler para os alunos?
são as três questões principais que permearam o debate.
O quê ler para os alunos?
Escolher o que se vai ler para os alunos não é uma mera questão prática - trata-se de um escolha didático-pedagógica. Até algum tempo atrás pouco se lia para os alunos – o aluno deveria ler sozinho e, quando se lia era apenas cartilhas ou textos de livros didáticos.
Hoje estudos e pesquisas e a própria prática em muitas salas de aulas têm apontado para a diversidade textual. Ou seja, o professor deve ler para os seus alunos vários tipos de texto, textos com vários propósitos sociais, com diferentes funções comunicativas, voltado para interlocutores específicos ou gerais.
Deve-se, entretanto, destacar dois gêneros textuais que o professor não pode deixar de ler para seus alunos nas salas de aula de classes de alfabetização e de 1a a 4a séries (explicaremos porque mais adiante neste texto):
- as narrativas (contos de fadas, mitos, lendas, contos de assombração etc.)
- os informativos (notícias de jornal, artigos de revistas, verbetes de enciclopédia).
Os outros gêneros textuais também devem comparecer à sala de aula mas não é prioritário que sejam lidos pelo professor.
O tamanho e a complexidade do texto devem ser avaliados pelo professor segundo critérios que considerem não apenas aquilo que seus alunos já são capazes de compreender mas também o que podem aprender com a leitura daquele texto.
O professor pode ter como um dos critérios seu gosto pessoal: se o texto lhe agrada ele o lerá com mais emoção, com melhor entonação, será capaz de transmitir aos alunos uma mensagem que não está nas palavras do texto: ler é bom, ler é prazeroso. Mas a que se tomar cuidado. Nem todo o texto de que o professor gosta é adequado para ler aos alunos. Por outro lado, um professor com pouca experiência como leitor também não terá muitas opções para oferecer se for seguir apenas critérios pessoais.
Muitas vezes o professor evita a leitura de determinados textos pois os considera difíceis para os seus alunos. Como bem coloca Délia Lerner em seu livro “Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário”:”...não se aprende a ler textos difíceis lendo textos fáceis; os textos fáceis só habilitam para se continuar lendo textos fáceis. Se pretendemos que os alunos construam para si mesmos, para seu desempenho futuro como leitores, o comportamento de se atrever a ler textos que são difíceis para eles – não apenas em relação ao acadêmico mas também ao literário -, então é imprescindível enfrentar o desafio e colocar esses textos em nosso trabalho”.
As modalidades organizativas – projetos, seqüências e unidades didáticas – também podem servir como eixos norteadores nas escolhas do que se vai ler A partir de objetivos de aprendizagem claros é possível selecionar os textos melhor qualificados para atingir estes objetivos.
Concluindo: a escolha do que ler para os alunos deve ser criteriosa. Não é algo a ser feito de modo aleatório ou gratuito – ou a missão de formar leitores estará fadado ao fracasso.
Como ler para os alunos?
Para diferentes propósitos – diferentes leituras. Não lemos uma lista telefônica do mesmo modo que lemos um conto de fadas pois os objetivos da leitura são completamente diferentes. Lemos um catálogo telefônico em busca de uma informação precisa, procuramos pela ordem alfabética, anotamos o número, telefonamos – isso pode ser feito em pé mesmo, no meio do barulho. Ao ler um conto, precisamos de silêncio, comodidade, lemos concentrados, para desfrutar as palavras, nos emocionarmos com a história...
O professor é um modelo de leitor fundamental para os seus alunos. Ao trazer a diversidade textual para a sala de aula ele também deve trazer a diversidade nas formas de leitura – ler para se informar, ler para fazer alguma coisa, ler para se divertir, ler para se emocionar... Também traz informações acerca das diferentes estratégias: antecipar o que se vai ler através do portador e do título, antecipar o que se vai ler por conhecer um pouco do assunto, inferir o significado das palavras, verificar o que foi antecipado e inferido etc [1]
Em relação aos textos narrativos e informativos, que destacamos no item anterior, o professor deve estar atento não apenas para ser o modelo mas também para agir como mediador entre os alunos e o texto. No caso das narrativas, por exemplo: cabe a ele decidir se deve ou não fazer um resumo da história que será lida, se deve ou não interromper a leitura para conversar sobre o que está acontecendo na história ou para mostrar as figuras, se deve ler a história toda de uma vez ou se é melhor ler em capítulos. Estas decisões devem ser pautadas naquilo que ele sabe sobre sua turma e naquilo que pretende que sua turma aprenda. Ouvir histórias é algo que se aprende – portanto, é algo que deve ser ensinado.
No caso dos textos informativos: o professor, em função daquilo que sua turma sabe e daquilo que quer que aprenda, analisa, por exemplo, se deve fazer um glossário para acompanhar o texto ou não, se deve trazer informações complementares, se é interessante fazer alguma atividade antes ou depois da leitura, se deve discutir o título do texto e de que forma pode ser feita esta discussão, e assim por diante.
Portanto, conclui-se que a resposta para a pergunta como ler? É: depende. Cada professor tem de tomar decisões e fazer escolhas em função destas decisões para que aprendizagem do papel de leitor ocorra da melhor forma possível.
Por que ler para os alunos?
Quando os alunos ainda não sabem ler, a resposta é mais óbvia: para que tenham acesso à língua escrita, já que não têm autonomia para fazê-lo sozinhos, é este contato com a língua escrita não só pode como deve ocorrer antes de os alunos saberem ler sozinhos. Mas, por incrível que pareça, esta também é a resposta no caso dos alunos que já conquistaram a base alfabética. Quando lê para seus alunos de 1a, 2a, 3a ou 4a séries o professor pode fazer a mediação destes com textos – literários ou informativos, principalmente – com os quais os alunos jamais se defrontariam se tivessem de fazê-lo por conta própria. Ao fazer uma leitura em voz alta, compartilhada com seus alunos o professor permite que avancem nos seus conhecimento sobre os textos em geral, sobre o gênero textual que está sendo lido e sobre o conteúdo do que está sendo lido. Assim pensado, podemos dizer que é possível ler para os alunos sempre – independente do grau de escolaridade – já que é possível que o professor os brinde com um tipo de texto e/ou de conteúdo que necessitam de mediação.
E não se trata só disso. Ao ler para sua turma o professor, como já foi dito, transmite uma série de informações sobre o comportamento dos leitores e sobre as estratégias de leitura.
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[1] Para mais informações sobre este tema, ler “Compreendendo a leitura” de Frank Smith, Ed. Artmed.
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