REGIME COM LUXO NA MISÉRIA

[Pages:48]EDI??ONACIONAL KZ250.00 ANO18 EDI??O1154 S?BADO 10 DEAGOSTO DE/2013

Folha 8 WWW.

DIRECTOR WILLIAM TONET

+291dias Discrimina??o Judicial Procurador mentiu... O Procurador Geral Adjunto da Rep?blica, Ad?o Adriano, mentiu, no dia 06 de Novembro de 2012, ao Pa?s sobre o advogado Wiliam Tonet, caluniando, difamando e colocando - o no desemprego sem provas. At? hoje ningu?m toma medidas. ? a justi?a ideol?gica, submissa e militarizada.

REGIME COM LUXO NA MIS?RIA

130 MILH?ES

NUM MUNDIAL

DE D?LARES DE H?QUEI PATINS

enquanto

13 MILH?ES MORREM

DE FOME

Oregime vai organizar e gastar no Campeonato Mundial de H?quei em Patins, a realizar no nosso pa?s, USD 130 milh?es de d?lares (provavelmente peca por defeito), enquanto 13 milh?es de angolanos definham a fome, a sede e n?o t?m servi?os b?sicos de sa?de, de educa??o e emprego. Com tanta mis?ria ? uma insensibilidade que deveria mobilizar-nos a todos como diz o Papa, para exigirmos aos governantes um maior compromisso com a cidadania.

Morte no Rocha

JOVEM VIOLADA E ASSASSINADA O crime continua a pulular em Luanda e a trazer cenas horripilantes, como foi a viola??o e assassinato da jovem Jeovania Morais, no fat?dico dia 08, precisamente data do seu 25.? anivers?rio, no bairro Rocha Pinto.

No Bi?

Aeroporto de Luanda

CONSERVADOR FAZ ESQUEMAS CART?IS FAZEM FESTA

O conservador do Registo Civil do O aeroporto de Luanda ? a principal Bi?, An?bal Lumati ? acusado de via de entrada de droga em Angola, liderar falcatruas que envergonham reconhece o chefe do departamento um sector cuja responsabilidade so- da DNIC, superintendente Afonso cial, aconselha maior urbanidade. Ganga Jos?

Paulo Kassoma HOMEM DE SETE OF?CIOS

Paulo Kassoma, j? foi tanta coisa que qualquer dia ser? coisa tanta, quando j? esteve num pedestal que poderia augurar que um dia, mais tarde, muito mais tarde, ele pudesse vir a ser presidente da Rep?blica de Angola. Erro. Foi para PCA do BESA. E depois....esperemos n?o aceite ir para a ELISAL...

2//AQUI ESCREVO EU!

FOLHA8 10 DEAGOSTO DE2013

Paulo KassoMa

UM HOMEM DE SETE OF?CIOS OU PAU PARATODA OBRA. WILLIAMTONET

kuibao@

A Muitas s?o as m?es que, um belo ou menos belo dia, ter?o perguntado a si mesmas de que raio podia servir educar com amor um filho, ao v?-lo descarrilar, ou ir para a m? vida, ou ainda entrar vezes demais em fases de "malapata". N?o sabemos se esse teria sido o caso da mam? de Paulo Kassoma, at? porque o homem quase foi posto num pedestal que poderia deixar augurar que um dia, mais tarde, muito mais tarde, ele pudesse vir a ser presidente da Rep?blica de Angola. Erro, era um finta do JES/ MPLA Tendo nascido no seio duma fam?lia da etnia dos Ovimbundos, Paulo Kassoma foi educado a preceito e chegou a ser economista, modesto, mas sem que se saiba se a mod?stia era do saber ou do car?cter. A verdade ? que ele singrou na vida, passou a ministro dos transportes e, depois de uma mini travessia do deserto, foi catapultado a governador do Huambo e primeiro secret?rio do MPLA. Exonerado, veio a assumir as pastas de primeiro-ministro e depois de presidente da Assembleia Nacional. Caiu e desceu a deputado, depois foi nomeado secret?rio do MPLA para os quadros e nem sequer teve tempo de aquecer a cadeira, mostraram-lhe um bonito cadeir?o e disseram-lhe: ?Senta-te e fica sossegado, agora ?s PCA do BESA.O que poderia ter levado a sua m?e a levantar a quest?o a que aludimos na abertura des-

te artigo e a questionar o esmero com que tinha educado o filhote. Tinha servido para qu?, se agora os outros fazem dele uma marionete e se amanh? dos Santos decidir, o Paulinho poder? assumir a pasta de coordenador da equipa de astrologia gal?ctica e n?o declinar? a promo??o! Se a m?e de Paulo Kassoma tivesse desabafado deste modo, talvez fosse injusto, pois o posto actual do seu Paulinho, na nova faceta empresarial privada como PCA do BESA n?o ? de desdenhar, embora suscite v?rias "leituras", uma das quais se baseia na ideia de o decisor ou os decisores que l? o puseram, tivessem como objectivo remodelar em seu proveito pr?prio (j? vamos ver como) a dupla faceta de Kassoma, de homem pol?tico e de neg?cios ao mesmo tempo, o que ?, de resto, comum a quase todos os pol?ticos angolanos. Nesta conjuntura que Angola atravessa, plena de aug?rios de benef?cios incalcul?veis, o que se impunha no "caso Kassoma" era privilegiar o homem de neg?cios em detrimento do pol?tico. Segundo revela??es de fontes pr?ximas do Futungo, JES n?o estaria alheio a esta altera??o e deve ter influenciado os accionistas angolanos do BESA, entre os quais a Portmil, do general Kopelipa, pelo que se pode compreender facilmente que Kassoma, tendo t?o pouca margem de manobra, se sentisse quase obrigado a aceitar a proposta desses poderosos e insaci?veis padrinhos.

Nesta promo??o, que d? para pensar numa vit?ria de Pirro, entram certamente considera??es relacionadas com o desiderato de uma relativa marginaliza??o pol?tica de Paulo Kassoma, mas tamb?m com problemas atinentes aos seus neg?cios privados, cada vez mais periclitantes. E neste ponto, ? de referir os empecilhos que, uns atr?s dos outros, t?m vindo a minar os seus investimentos. De facto, nenhum dos seus muitos neg?cios privados est? hoje em dia de boa sa?de; alguns acabaram mesmo de vez. Segundo o que nos foi comunicado, a Pecus, um matadouro industrial criado por Jos? R?cio, e depois adquirido por Kassoma a Carlos Lages, ainda continua em d?vida com o vendedor, na ordem dos cerca de 12 milh?es de d?lares, que o ex-presidente da Assembleia Nacional n?o consegue honrar, j? l? v?o mais de 5 anos, mesmo sendo s?cio do general Kundi Paihama e do ministro Pedro Mutindi, mas como se pode verificar tudo continua a dar

sinais de n?o sair da cepa torta. Se fosse s? isso, ainda o andor ia andando, o pior ? que se n?o chegasse a t?bua de salva??o de JES, os seus neg?cios privados, em vias de estar a chegar, iria mesmo ? fal?ncia, alegadamente por obra do seu sucessor na governa??o do Huambo, Faustino Muteka, que parece ter metido na cabe?a uma ideia fixa, "rebentar" com os neg?cios do antecessor. A filha de Paulo Kassoma, Kanda Kassoma, a quem o pai, j? feito Primeiro Ministro, confiara a gest?o dos empreendimentos, foi assediada por um monte de dificuldades, alegadamente instigadas por Muteka, sob pretexto formal de que o seu antecessor havia aplicado parte dos dinheiros do or?amento nos seus investimentos, o que, de resto, ? uma pr?tica muito generalizada no pa?s. A princ?pio, Kanda enfrentou os problemas injectando nas empresas dinheiros que a sua fortuna pessoal estava apta a enfrentar. Quando as coisas deixaram de ser assim, recorreu ao cr?dito dos bancos ? que n?o deixaram de atender ?s solicita??es, mas cortando cada vez mais em rela??o a novos pedidos. E foi assim que se atingiu um ponto de ruptura e surgiram os agudos problemas que se diz estarem os Kassoma a enfrentar. O mais engra?ado ? que Muteka, o governador que lhe "rebentou" com os neg?cios no Huambo, tem estatuto pol?tico e social inferior ao seu. Da? surgir a especulativa ideia de que ele teria agido sob orien-

ta??es ou com o benepl?cito do Executivo, ?algo a que normalmente n?o s?o estranhos difusos c?lculos pol?ticos?. Por outro lado, para bem compreender este imbr?glio, ? preciso levar em conta que Paulo Kassoma, nascido em Luanda, mas filho de umbundos, ? por estes considerado um dos seus em raz?o de tradi??es antigas. Os proveitos que os seus neg?cios lhe trouxeram, concederam-lhe grande popularidade e pensou-se que se poderia vir a alimentar ambi??es pol?ticas, entre as quais n?o era de excluir a Presid?ncia da Rep?blica, o que chegou a ser aventado. Repetimos: era um "miroir aux allouettes", uma miragem! Ora a? ? que est? o principal bus?lis do problema. Segundo o que muitos ind?cios levam a crer, ?? luz de realidades consideradas "palp?veis" de Angola, a ideia de um umbundu, no seio do MPLA se vir a tornar Presidente da Rep?blica ainda ? rejeitada?. E talvez tenha sido isso que verdadeiramente influenciou o apagamento da sua estrela pol?tica e empresarial. Agora, como PCA do BESA, depois de lhe ser retirado o tapete vermelho da carreira pol?tica, n?o tem maka, foi-lhe atribu?do o prest?gio como recompensa da sua d?cil aceita??o, assim como se abrir?o muitas portas para novos empreendimentos rent?veis, ao que se junta o poder financeiro de que poder? dispor para recompor os seus neg?cios privados. O essencial, entretanto, foi claramente atingido: p?-lo mais distante da vida pol?tica.

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DESTAQUE \\ 3

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DIRIGENTES ANGOLANOS

S?O T?O POBRES,

QUE S? T?M DINHEIRO.....

TEXTO DE *Edson Vieira Dias Neto

" Em nenhum outro pa?s os ricos demonstram mais ostenta??o que em Angola. Apesar disso, os Angolanos ricos s?o pobres. S?o pobres porque compram sofisticados autom?veis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos autocarros e candongueiros do sub?rbio. E, ?s vezes, s?o assaltados, sequestrados, abusados e violentados no tr?nsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e n?o voltam a dormir tranquilos enquanto eles n?o chegam ? casa. Pagam fortunas para construir modernas mans?es, desenhadas por arquitectos de renome, e s?o obrigados a escond?-las atr?s de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos. Os ricos angolanos, usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes t?o caros que os ricos da Europa n?o conseguiriam frequentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de p?o; ou s?o obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, s?o obrigados a tomar o carro ? porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar at? um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo

assim, n?o ? raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem ? um susto durante todo o caminho. E, ?s vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa. Os ricos Angolanos s?o pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, s?o pobres na falta de seguran?a para usufruir o patrim?nio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescer?o. Os ricos angolanos continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em inseguran?a e inefici?ncia. No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte consider?vel do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os angolanos ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos t?m de

perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente. Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedar?o ser?o vistos como assassinos de crian?as na Lunda, destruidores da Floresta do maiombe em Cabinda, usurpadores da maior concentra??o de renda do planeta, portadores de mal?ria, de paludismo e de fil?ria.. S?o ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros. Na verdade, a maior pobreza dos ricos angolanos, est? na incapacidade de verem a riqueza que h? nos pobres. A pobreza de vis?o dos ricos impediu tamb?m de verem a riqueza que h? na cabe?a de um povo educado. Ao longo de toda a nossa hist?ria, os nossos ricos abandonaram a educa??o do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria s? deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e n?o encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que n?o sabem ler o mundo ao redor, n?o sabem mudar o mundo, n?o sabem construir um novo pa?s que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados. Para poderem usar os seus caros autom?veis, os ricos constru?ram viadutos com dinheiro de colocar ?gua e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar ?gua mineral, se protegiam das doen?as dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres

e n?o podem contar com eles todos os dias e com toda sa?de, porque eles (os pobres) vivem sem ?gua e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infec??es porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, constru?ram um pa?s doente e vivem no meio da doen?a. H? um grave quadro de pobreza entre os ricos angolanos. E esta pobreza ? t?o grave que a maior parte deles n?o percebe. Por isso a pobreza de esp?rito tem sido o maior inspirador das decis?es governamentais das pobres ricas? elites? angolanas. Se percebessem a riqueza potencial que h? nos bra?os e nos c?rebros dos pobres, os ricos angolanos, poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direc??o aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de constru??o de casas e implanta??o de redes de ?gua e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o pr?prio povo. Esta seria uma decis?o que enriqueceria ANGOLA INTEIRA - os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da inseguran?a e da insensatez. Mas isso ? esperar demais. Os ricos s?o t?o pobres que n?o percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas".

*(Adaptado de um texto de Cristovam Buarque que assenta que nem uma luva a esta Angola, ainda em plena "Acumula??o Capitalista Primitiva")

4// DESTAQUE

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MilitarEs "piram-se" das

TEXTO DECastro Os?rio

Ojuiz presidente do Tribunal Militar da Regi?o Centro, coronel Eurico Pereira, est? preocupado com a aus?ncia constante de alguns militares das respectivas unidades. N?o ? um abandono definitivo mas, diz, prolongado. De acordo com o coronel Eurico Pereira, no Tribunal Militar da Regi?o Centro, que envolve unidades das prov?ncias do Huambo, Bi? e Benguela, 88 por cento dos processos crimes que se registam prendem-se com aus?ncias das unidades. "Nos ?ltimos dias os crimes desta natureza t?m aumentado bruscamente. Alguns militares quando s?o interrogados em julgamento alegam raz?es religiosas e tamb?m tratamentos tradicionais, como causa da aus?ncia na unidade", frisou o juiz, acrescentando que o Tribunal Militar est? a trabalhar com os comandantes e chefes de sec??es, de maneira a encontrar-se uma medida que desencoraje o cometimento de tal crime. Nesse ?mbito, tem vindo a realizar palestras de sensibiliza??o em unidades das For?as Armadas Angolana e da Pol?cia Nacional, dando a conhecer as consequ?ncias decorrentes da aus?ncia prolongada e injustificada dos militares. De facto, para a maioria dos militares no activo e para a quase totalidade dos ex-militares a vida n?o est? f?cil. Muitos certamente se recordar?o do enorme esfor?o do Governo quando, em 2010, ajudou 15 196 ex-militares (o que ? obra!) com charruas, carro?as, sementes agr?colas diversas e fertilizantes, de modo a refor?ar a capacidade de produ??o agro-pecu?ria nas comunidades rurais dos 11 munic?pios da pro-

v?ncia do Huambo. Conhecidas, mas quase sempre silenciadas, s?o as dificuldades de muitas unidades militares que se encontram em situa??o de pen?ria generalizada, envolvendo tanto soldados como oficiais. Ainda no dia 30 de Julho deste ano, o Maka Angola revelou que "os militares do Batalh?o de Repara??es do Comando da Regi?o Militar Sul, no Lubango, queixam-se da falta de condi??es b?sicas de alojamento e de alimenta??o", sendo que "os cerca de 400 militares ali destacados s?o obrigados a partilhar uma d?zia de camas", o que obriga muitos a dormir no ch?o, "sentados e outros nos carros avariados".

Um oficial contou que "n?o h? recursos para dar

de comer a metade dos soldados", o que leva os que vivem pr?ximo da unidade a fazer refei??es nas suas resid?ncias. Ser? esta uma das raz?es que est? na origem, como refere o juiz presidente do Tribunal Militar da Regi?o Centro, coronel Eurico Pereira, das aus?ncias prolongadas dos soldados? Ter?o eles de ir matar a fome para as lavras? "Tamb?m os instrutores da Escola de Inter Armas do Lubango, destacados no campo de tiro situado na ?rea da Kilemba, nos arredores da cidade do Lubango, queixam-se das condi??es na sua unidade. O artilheiro F.M explica como os militares s?o obrigados a dormir ao relento por falta de condi??es de alojamento", contou o Maka Angola, citando

um cabo que afirma: "Estendemos nas casernas as nossas capas. Os meios j? nem chegam, n?o temos colch?es nem cobertores para todos. Cama j? n?o se fala." Al?m disso, os soldados t?m de "desenrascar" a sua pr?pria alimenta??o porque a log?stica militar ? negligente e deixa os soldados ? fome. "N?o somos s? n?s [militares do Batalh?o de Repara??es], ? assim em todas as unidades. O mais triste ? quando h? preven??o e temos de estar todos nos quart?is", disse o cabo. Curiosamente, ou talvez n?o, foi em Agosto de 2012 e no Lubango, que uma concentra??o de mais de 250 veteranos de guerra, que se preparavam para uma manifesta??o, foi reprimida pela pol?cia ? bas-

tonada. Recorde-se que na base dessa manifesta??o estava o direito ? indigna??o, peculiar em qualquer democracia mas proibido no nosso pa?s, relativo ao facto de pelo menos 16 mil desmobilizados n?o receberem subs?dios desde 1992. Exactamente h? um ano, o coordenador da Comiss?o de Ex-Militares Angolanos (COEMA), general na reforma Silva Mateus dizia que s?o cerca de 60 mil os ex-militares nestas condi??es, abarcando cinco mil soldados, sargentos e oficiais que desde 1992 deixaram de receber os vencimentos estabelecidos, e tamb?m os que foram desmobilizados depois daquele ano, e que receberam as guias da Caixa Social das For?as Armadas mas que,

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DESTAQUE \\ 5

das unidades

quando v?o receber, s?o informados que n?o h? dinheiro. Mas havia, ou h?, mais. Tamb?m l? est?o os que n?o tendo sido desmobilizados continuam a ser militares e n?o recebem, mais os 250 efectivos do processo "27 de Maio", que aguardam o pagamento da pens?o de reforma, os 402 do Batalh?o Comando Ex-Tigres, que lutaram na vizinha Rep?blica Democr?tica do Congo, que t?m direito a subs?dios desde 2007 e que s? receberam o correspondente a 2012. Segundo afirmava Silva Mateus, fazem tamb?m parte daquele total de 60 mil, os 32.600 antigos militares dos antigos bra?os armados da UNITA (FALA) e da FNLA (ELNA), ainda 18 mil oficiais que passaram ? reforma e os que integraram a chamada Defesa Civil, ent?o tutelados pelo Minist?rio da Defesa Nacional e integrados nos governos provinciais na ?ltima guerra civil

(1998/2002) e, finalmente, os que estavam integrados na Seguran?a do Estado, nas chamadas Tropas Territoriais, na Organiza??o de Defesa Popular e nas Brigadas Populares de Vigil?ncia. "Os actuais dirigentes, tanto a n?vel do Minis-

t?rio da Defesa Nacional como da Chefia do Estado-Maior General das For?as Armadas Angolanas n?o conhecem, n?o t?m percep??o da dimens?o deste dossi?", acusava Silva Mateus, interrogando: "Ser? que estas entidades n?o t?m

conhecimento da exist?ncia deste dossi? e desta demanda dos militares ao Estado, e, se t?m, porque n?o reagem? Est?o ? espera de qu??". E respondia: "Est?o ? espera que os militares percam a paci?ncia e saiam ? rua para serem apelida-

dos de arruaceiros". Silva Mateus assegurou ainda que "n?o ser?o meia d?zia de generais de barriga cheia" que impedir?o os ex-militares de sair ? rua, caso estes continuem sem receber um sinal de disponibilidade para o di?logo.

6// DESTAQUE

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Os donos do pa?s realizam o mundial

de h?quei enquanto milh?es

de escravos morrem DE fome!

TEXTO DE Orlando Castro e William Tonet

C hama-se Rosa Mayunga, mas deveria chamar-se "M?e Angola" ou, apenas, Angola. A prop?sito do Campeonato Mundial de H?quei em Patins, que ter? lugar no nosso pa?s com um custo global estimado (provavelmente peca por defeito) de 130 milh?es de d?lares, arrasa o regime angolano, sem esquecer os neocolonizadores para quem as riquezas s?o mais importantes do que as pessoas. Desde logo n?s morremos mas o petr?leo e os diamantes, entre outros, ficam c?.

Num documento not?vel, endere?ado ?s autoridades nacionais e internacionais, de modo a que ningu?m possa ignorar a den?ncia, p?e a nu a megalomania de um regime de luxuriantes devaneios ? custa do er?rio p?blico, mostrando o outro lado do pa?s onde morrem milhares de angolanos, em especial crian?as, ? fome e por doen?as, "consequ?ncia da neglig?ncia governamental e da corrup??o". Angola tem 50% da popula??o com menos de 15 anos na sua maioria mulheres e lidera o ranking da viola??o dos direitos humanos. Isso n?o im-

pede que se gastem 130 milh?es de d?lares num campeonato de h?quei em patins. ? certo que o presidente da nona Comiss?o dos Direitos Humanos, Peti??es, Reclama??es e Sugest?es dos Cidad?os na Assembleia Nacional, Higino Carneiro, ou ser? que j? ? ex, ao ter sido nomeado governador do Kuando Kubango, afirmou que o Executivo respeita os conceitos da dignidade humana e de justi?a social previstos na Constitui??o. Tamb?m disse, recorde-se, que o pa?s continua a promover e defender os direitos e liberdades fundamentais do homem e

lembrou que a Constitui-

??o estabelece, de forma

clara, o respeito pelos di-

reitos humanos e princ?-

pios fundamentais para

uma conviv?ncia em so-

ciedade.

Mas como ? que isso ?

compagin?vel com uma

realidade em que as nossas

crian?as s?o geradas com

fome, nascem com fome

e morrem pouco depois

com fome?

Rosa Mayunga, afirma

que "o Governo que n?o

previne situa??es que pe-

rigam a vida dos seus cida-

d?os, patrocina e organiza

eventos, que desperdi?am

avultadas verbas, como

foi com o CAN e agora

com o h?quei em patins", e

acrescenta que "o mundo

caminha galopantemente

numa trincheira sem sa?da,

por causa de algumas mi-

norias no mundo, que por

ambi??o desmedida, usam

certos poderes, e que com

eles, t?m vindo a destruir a

Humanidade".

`Higino Carneiro,

ou ser? que j? ? ex, ao ter sido nomeado gover-

"M?e Angola" esclarece, e nunca ? demais faz?-lo, que "os Povos de Angola s?o detentores de um dos pa?ses hoje considerados mais ricos do mundo, em recursos minerais, biodiversidade natural e humanos", explicando que, "apesar destes recursos todos, quem tem usufru?-

nador do Kuando do s?o os pa?ses ocidentais

Kubango, afirmou e europeus, que outrora

que o Executivo

colonizadores e que hoje est?o como neocoloniza-

respeita os con- dores, mantendo os nossos

ceitos da dignida- povos na mis?ria, porque

de humana e de justi?a social

corrompem os governos, para a satisfa??o dos seus neg?cios".

"Os angolanos mal se refi-

zeram da viol?ncia duma

guerra genocida que durou

mais de 30 anos e que foi

`

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DESTAQUE \\ 7

patrocinada pelos mesmos pa?ses outrora colonizadores, que vendiam as armas com que se matou e mutilou milhares de angolanos. Mal conseguimos a Paz, j? estamos a ser assediados com eventos que est?o a enriquecer terceiros e a empobrecer ainda mais os nossos povos. E o mundo em sil?ncio a explorar os recursos de todos os angolanos, poucos ou quase nenhum governo europeu e ocidental se insurge contra a corrup??o que limita o desenvolvimento em Angola, at? parece que s?o todos c?mplices, para com o sofrimento imposto aos angolanos", diz com uma coragem inaudita a "M?e Angola". Tamb?m ela compreende a valia do desporto, embora este esteja muito distante do emblem?tico des?gnio de "alma s? em corpo s?o". Mas, de facto, realizar um campeonato do Mundo quando, ali ao lado, existe fome, o ?ndice de mortes materno-infantis ? elevad?ssimo e onde h? ainda milhares de crian?as sem acesso ? escola ou aos mais elementares meios de dignidade humana, ? ? no m?nimo ? um crime que deveria levar os seus respons?veis ao Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade. Neste pa?s que vai realizar o campeonato mundial, a esmagadora maioria dos angolanos continua a n?o

ter ?gua pot?vel em casa, luz, alimentos nutritivos e sa?de, embora tenha uma taxa de analfabetismo elevada e ?ndices de mortes materno-infantil pior que outros pa?ses de ?frica. Como muito bem diz Rosa Mayunga, "este campeonato ? visto por todos os angolanos e cidad?os de bem no mundo, como um patroc?nio ao terceiro genoc?dio contra a Humanidade, imposto aos povos de Angola, porque entendemos que uma institui??o que promove o desporto para o bem estar,

deve tamb?m promover a consci?ncia humana e solid?ria". Os pa?ses participantes, cujas comitivas ser?o alojadas em hot?is dos mais luxuosos do mundo, sabem que no nosso pa?s existem 85.5% de miser?veis. Sabem mas calam-se. Pelos vistos nunca ouviram falar de Martin Luther King que, atento ao sofrimento do seu Povo, disse: "o que mais me preocupa n?o ? o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem car?cter, nem dos sem moral. O que mais me preocupa

? o sil?ncio dos bons". Bons? Onde estar?o eles? Quando ser? que os angolanos em particular, mas os africanos em geral, v?o denunciar que o Ocidente e a Europa nos impingem tudo que ? contra a vida, como agrot?xicos, alimentos geneticamente modificados, mosquiteiros impregnados com insecticida, prostitui??o de menores, assassinatos, tr?fico humano, escravatura, com?rcio de drogas, com?rcio de armas de guerras, experi?ncias em seres humanos, que querem cons-

truir f?bricas de armas de guerra, que patrocinam guerrilhas, que exploram os nossos recursos sem controlo, nem respeito pelo ambiente, que manipulam os estados corrompendo-os, que apoiam os ditadores porque com eles ? mais f?cil negociar? Quando ser? que os angolanos em particular, mas os africanos em geral, v?o denunciar esses ditos pa?ses desenvolvidos que tamb?m marginalizam e discriminam os africanos que l? vivem e limitam a sua entrada deixando-os morrer no alto mar, como acontece em Espanha e em Marrocos? ? certo que o Ocidente e a Europa falam de direitos humanos e de democracia. No entanto est?o-se literalmente nas tintas para os povos que, em ?frica, morrem devido ? desmedida ambi??o dos governos ditatoriais que ajudaram a chegar ao poder e que l? se mant?m com o seu apoio e cumplicidade. Porque muitos, cada vez mais, fogem sem pensar, ? preciso que alguns pensem sem fugir, mesmo quando lhes encostam uma pistola ? cabe?a, mesmo quando s?o obrigados e pensar com a barriga...

8// DESTAQUE

FOLHA8 10 DEAGOSTO DE2013

vazia. Infelizmente os povos de ?frica, e os de Angola n?o s?o excep??o, pediram ajuda ao le?o para os livrar dos c?es. Quando se aperceberem (alguns j? se aperceberam), o le?o derrotou o c?o e est? a com?-los a eles. O le?o, como mais uma vez se confirma, n?o ter? necessariamente de ter nacionalidade norte-americana ou europeia. Ali?s, os homens do tio Sam s?o especialistas em criar le?es onde mais lhes conv?m. Em certa medida Osama bin Laden, tal como Saddam Hussein, como Muammar Kadafi, foram le?es "made in USA". Ao contr?rio do que pensam os ilustres operacionais da NATO, do FBI da CIA ou de qualquer coisa desse tipo, ningu?m tem neste planeta (pelo menos neste) autoridade e poder ilimitados. Os maus da fita, segundo os realizadores da NATO, poder?o n?o ter a mesma capacidade b?lica do que os EUA e seus aliados. V?o ser, continuam a ser, humilhados, sobretudo pelo n?mero dos mortos que o ?nico erro que cometeram foi terem nascido. S?o as leis da raz?o? N?o. S?o as leis dos instintos. Instintos que v?o muito al?m das leis da sobrevi-

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v?ncia. Entram claramente (tal como entrou Bin Laden ou Muammar Kadhafi) na lei da selva em que o mais forte ?, durante algum tempo, mas nunca durante todo o tempo, o grande vencedor. Seja como for, e como exemplo, o Mundo ?rabe s? est? do lado dos pa?ses da NATO por quest?es estrat?gicas, por op??es instintivas. Bem ou mal, em mat?ria de raz?o, os ?rabes est?o com os seus... e esses n?o s?o os ocidentais.

`Os povos que, em

?frica, morrem devido ? desmedida ambi??o dos governos ditatoriais que ajudaram a chegar ao poder e que l? se mant?m com o seu apoio e cumplicidade

Pelo menos desde a Guerra dos Seis Dias, a aprendizagem dos ?rabes tem sido not?vel. Aceitam o que os donos do mundo definem como inimigos, enforcam at? os seus pares com a corda fornecida pelo Ocidente, mas, na melhor oportunidade, v?o enforcar americanos e europeus com a corda enviada de Nova Iorque, Paris ou Londres. O nosso caso ? paradigm?tico de que somos um pa?s rico mas n?o um rico pa?s. O presidente diz que Angola est? a crescer em todos os dom?nios. E se ele o diz... Ou seja, est? a crescer de tal ordem que, provavelmente, a percentagem

de angolanos na mis?ria est? a crescer. A Ocidente e a Europa confirmam. Portugal, protectorado angolana, n?o s? confirma como subscreve. Recorde-se que, por exemplo, no dia 10 de Mar?o de 2009, PS, PSD, CDS-PP e PCP elogiaram os esfor?os de Jos? Eduardo dos Santos na consolida??o (ou crescimento) da democracia (que se calhar at? gostariam de ver transplantada para Portugal), e congratularam-se com o aprofundamento das rela??es entre Portugal e Angola. As rela??es, tamb?m crescente em todos os

dom?nios, s?o mais e quase exclusivamente entre Portugal e o MPLA, entre Portugal e fam?lia dona de Angola (cl? Eduardo dos Santos). Mas isso ?, obviamente, irrelevante desde que ajude a atestar os bolsos dos pol?ticos e gestores portugueses e a manter a vaca comum com muito leite em todas as tetas. Democracia angolana deve ser aquela coisa ? crescente em todos os dom?nios - a prop?sito da qual Ana Gomes, ent?o membro da miss?o de observa??o eleitoral da Uni?o Europeia nas segundas elei??es multipartid?rias, disse: "S?o leg?timas as d?vidas

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