7 Atlas - International Cartographic Association

[Pages:10]7 Atlas

Ferjan Ormeling, Holanda 7.1 Prop?sito dos Atlas: narrativa, cen?rio e estrutura Atlas s?o combina??es deliberadas e sistem?ticas de mapas. Estes mapas foram colocados em uma ordem para proporcionar uma vis?o espec?fica ou para solucionar uma tarefa espec?fica. Isso necessita que os dados nos mapas sejam organizados de modo a permitir a solu??o das tarefas. Geralmente, os mapas nos Atlas s?o combinados em uma ordem que permite a compara??o entre eles, e que possibilita ao leitor tra?ar conclus?es ?teis e relevantes a partir destas compara??es. O tema que o Atlas trata pode ser chamado de narrativa: Atlas contam uma hist?ria. Eles mostram, por exemplo, qual a posi??o de seu pa?s no mundo, ou se todos os habitantes de uma regi?o t?m igual acesso aos recursos (m?dicos, educacionais, culturais).

Figura 7.1 Atlas contam uma hist?ria (Desenho: A. Lurvink).

Sua inten??o pode ser mostrar se nosso pa?s ? melhor ou pior do que nossos vizinhos, ou podem ser criados para auxiliar uma ?nica tarefa, como a navega??o. A forma como esta narrativa ? projetada pode ser chamada de cen?rio. O cen?rio define como a informa??o geogr?fica ? apresentada: como uma s?rie de mapas tem?ticos, todos da mesma ?rea, apresentados em uma sequ?ncia espec?fica, ou como um produto digital no qual voc? pode definir a rodem na qual voc? ver? os mapas?

Figura 7.2 Cen?rio do Atlas (Desenho: A. Lurvink). Para um Atlas escolar digital da Su?cia, o cen?rio pode ser, por exemplo, uma simula??o de voo de gansos de um ponto a outro do pais, o que permite aos usu?rios do atlas ver o pa?s de cima, ampliar a vista, descer ou realizar outras a??es. Ao clicar em uma ?rea espec?fica, mapas de densidade populacional, vegeta??o ou clima de podem ser vis?veis pr?ximo ao mapa de localiza??o, o que permite o melhor entendimento das caracter?sticas da regi?o. Quest?es relevantes para a regi?o, como problemas ambientais, a falta de servi?os ou instala??es m?dicas no interior do pa?s podem ser destacadas.

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Figura 7.3 Exemplo de um cen?rio de um Atlas (Lagerl?f, 1907).

A narrativa em um Atlas, assim como a narrativa em uma fala, consiste em sequ?ncia e ?nfase. Na fala, diferentes argumentos s?o combinados em uma ordem espec?fica, enquanto alguns argumentos recebem mais ?nfase do que outros. O mesmo ? v?lido para um Atlas, no qual os mapas s?o os argumentos, com temas espec?ficos. Alguns temas s?o considerados mais relevantes do que outros para a narrativa, e deste modo recebem maior ?nfase, ou em outros termos, maior cobertura: o Atlas pode ter mais mapas sobre um mesmo t?pico ou os mapas sobre este t?pico podem ser gerados em uma escala maior.

A Figura 7.4 ilustra a estrutura de um atlas escolar da Indon?sia: as setas mostram a sequ?ncia na qual as v?rias prov?ncias do pa?s s?o apresentadas, e o tamanho dos c?rculos s?o indicativos da escala: c?rculos maiores sugerem que as prov?ncias s?o representadas em uma escala maior - por exemplo devido a serem consideradas ?reas mais importantes para a economia nacional.

Figura 7.4 Structure of an Indonesian school atlas. Algumas vezes, a sequ?ncia na qual os mapas s?o apresentados ? considerada t?o crucial que ? implementada na estrutura do Atlas. Em um Atlas escolar de Queb?c, a informa??o ? apresentada em pares de p?ginas opostas que juntas abordam um assunto espec?fico, e a ordem na qual os mapas, ilustra??es e textos devem ser lidos ? indicada com uma sequ?ncia de n?meros (ver Figura 7.5).

Figura 7.5 Sequ?ncia fixa pr?-programada dos mapas em um Atlas: crescimento de trigo no Canada Fonte: InterAtlas, Qu?bec.1986). Assim, por exemplo, para entender os aspectos espaciais da produ??o de trigo no Canad?, o leitor ? primeiro

confrontado com o mapa de adequabilidade do solo para o trigo, em seguida um mapa apresentando a dura??o da esta??o de plantio e de chuvas, um mapa com a produ??o atual de trigo e, finalmente, um mapa apresentando a exporta??o de trigo das plan?cies Canadenses para os mercados distantes (mapa 6 na Figura 7.5). Deste modo, as primeiras condi??es para o crescimento do trigo (solos adequados, chuva suficiente e dura??o da esta??o de plantio) s?o apresentados, e podem ser comparados com a produ??o atual. Finalmente o resultado do cultivo do trigo ? mostrado, com os diferentes meios de transporte utilizados

7.2 Mapa compara??o em Atlas

Um dos aspectos chaves dos mapas em Atlas ? que s?o projetados para serem comparados: compara??o de mapas da mesma ?rea, mas de diferentes assuntos (como na Figura 7.6), compara??o de mapas da mesma ?rea e t?pico, mas de diferentes per?odos (como pode ser o caso de um atlas hist?rico, como na Figura 7.7), ou compara??o de diferentes ?reas com o mesmo t?pico e com dados do mesmo per?odo, como na Figura 7.9.

Para tais compara??es serem relevantes, um cuidado especial deve ser tomado, e os dados mapeados devem ser processados adequadamente. Para compara??o de t?picos, por exemplo, os mapas devem todos representar um per?odo de tempo, ou seja, os dados para os mapas devem ter sido coletados no mesmo per?odo. N?o existe raz?o na compara??o de um mapa Brit?nico com a m?dia salarial em 1960 com um mapa do n?mero m?dio de pacientes por cl?nico geral nos anos 1990. Na Figura 7.6 o mapa superior ? direita apresenta a distribui??o de ?reas plantadas, e desse modo, a intensidade da agricultura, o mapa inferior ? esquerda apresenta o uso do solo, o mapa inferior ? direita apresenta a ind?stria agr?ria (moinhos de ?leo vegetal) e o mapa superior ? esquerda mostra os tipos lavoura. Outro requisito para compara??o de mapas ? que estes

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devem apresentar os mesmo n?vel de detalhes, e consequentemente, de generaliza??o, ou de outro modo

Figura 7.6 Compara??o de temas.

Figura 7.7 Compara??o Historica. A ?rea do Lago Hula, em Israel em 1935 (direita) e em 1990 (esquerda). (Fonte: Atlas of Israel, 1995).

pode ser dif?cil comparar os respectivos padr?es. Um tipo especial de compara??o de assuntos ? feito entre o ambiente f?sico e o uso que a humanidade faz deste ambiente. Isso pode ser realizado confrontando um mapa f?sico (mostrando diferentes camadas ou uma imagem de sat?lite) e um mapa de uso do solo, como por exemplo na Figura 7.8, ou confrontando um mapa f?sico e uma imagem de sat?lite infravermelha, na qual a vegeta??o ? e consequentemente os empreendimentos agr?colas ? s?o destacados. Em ambos os casos deve ser poss?vel mostrar como a humanidade tem feito uso do ambiente f?sico. Por meio da compara??o de mapas para ?reas com climas similares ou diferentes tamb?m ? poss?vel mostrar como as diferentes sociedades reagem ?s mesmas condi??es f?sicas e clim?ticas.

Por exemplo, a imagem da Figura 7.9: foi retirada de um atlas mundial digital que permite ao leitor comparar diferentes ?reas. Quando s?o selecionadas diferentes ?reas para serem comparadas, estas s?o automaticamente representadas na mesma escala; se ? feito um zoom em uma ?rea, esta ? comparada com as outras no mesmo zoom ao mesmo tempo. Deste modo, as compara??es far?o sentido. Pode-se perguntar, entretanto, se as duas ?reas t?m o mesmo grau de generaliza??o: a ?rea ? esquerda tem cerca de 6 milh?es de habitantes, enquanto a Grande Calcut? tem algo em torno de 15 milh?es de habitantes; ainda, devido a muitos nomes terem sido inseridos no mapa da esquerda, este aparenta ter uma ?rea mais densamente habitada.

envolvidas. Este princ?pio ? mostrado na Figura 7.10 na qual, de modo a permitir aos leitores do Atlas escolar da Su??a a ideia correta da import?ncia relativa da ind?stria manufatureira americana, um mapa detalhe sobre esta ind?stria na Su??a ? mostrado na mesma escala e com a mesma legenda.

Figura 7.8 Mapa F?sico e mapa de uso da terra (direita) da Gr?cia opostos um ao outro em um Atlas escolar da Austria (Fonte: Pelzer Atlas, Ed. H?lzel, 1975).

Para mapas que apresentam o mesmo t?pico para a mesma ?rea em per?odos diferentes, ou outra ?rea para o mesmo per?odo, os s?mbolos na legenda devem ser os mesmos. Tamb?m ? de fundamental import?ncia que todos os mapas tenham o mesmo grau de generaliza??o.

Figura 7.9: Compara??o geogr?fica entre duas ?reas em um Atlas Mundial Digital: a ?rea central da Holanda (esquerda) ? comparada com uma ?rea de Calcut? na ?ndia (Fonte: Atlas Mundial Digital Wolters-Noordhoff).

Existem outros meios que podem ser usados para auxiliar o leitor a ter a impress?o correta a partir dos mapas. Um deles ? reproduzir na margem de um mapa de uma ?rea desconhecida, o limite de uma ?rea familiar ao leitor de um mapa. Deste modo, o leitor do mapa pode ter o senso correto das magnitudes das ?reas

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Figura 7.10 Mapa detalhe de refer?ncia em um Atlas escolar da Su??a. (Fonte: Schweizerische Weltatlas, 1981).

Um procedimento similar ? mostrado na Figura 7.12, retirado do Atlas de Maryland, um dos estados dos Estados Unidos. Para todos os mapas do referido estado neste Atlas, qualquer que seja o tema, um mapa dos Estados Unidos ? adicionado, com a mesma legenda, de modo que os usu?rios podem ver qual a diferen?a entre o estado do Maryland e o pa?s como um todo.

Figura 7.11 N?mero m?dio de crian?as por mulher. O diagrama abaixo ? esquerda generaliza o mapa. Fonte: Atlas de France vol. 2, 1995. GIP Reclus.

Na Figura 7.11 uma pequena representa??o estilizada e generalizada do mapa principal foi adicionada no canto inferior esquerdo, para auxiliar os leitores a lembrar a imagem. Esta pequena figura mostra que o maior n?mero de crian?as por mulher ocorre no Norte da Fran?a, enquanto a fertilidade decresce no Sudoeste e aumenta no Sudeste da Fran?a.

7.3 Tipos de atlas e atlas information systems

De acordo com o tipo de compara??o para qual os Atlas s?o propostos, pode-se dividi-los em:

1. Atlas Nacionais (com objetivo de comparar mapas com diferentes temas para uma mesma ?rea);

Figura 7.12 Mapa da mudan?a da popula??o em 1960? 1970 no estado de Maryland com um mapa detalhe dos Estados Unidos com o mesmo tema e legenda (Atlas de Maryland, 1977).

2. Atlas Hist?ricos (com objetivo de comparar mapas da mesma ?rea e tema em diferentes per?odos);

3. Atlas Tem?ticos (com objetivo de comparar mapas de diferentes ?reas com o mesmo tema para o mesmo per?odo: atlas mundial das florestas, atlas mundial de petr?leo, atlas mundial de epidemias, entre outros);

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4. Atlas escolares (introduzem o estudante aos aspectos f?sicos e socioecon?micos da geografia do mundo);

5. Atlas de Refer?ncia (Atlas muito detalhados que permitem aos usu?rios encontrar o n?mero m?ximo de lugres); e

6. Atlas espec?ficos (rodovi?rios, mar?timos, por exemplo ), para encontrar a melhor rota, por exemplo.

Todos estes Atlas podem ser impressos ou digitais. Quando se trata de atlas digitais, estes podem ser (a) `view-only,' o que significa que o projeto dos mapas n?o pode ser alterado; (b) `interativo' no sentido de que as cores ou classes dos mapas podem ser influenciados (ver Figura 7.12), e que novos dados podem ser adicionados ao mapa (ver figura 7.13); (c) `anal?ticos.' Neste ?ltimo caso, considerando os conjuntos de dados dispon?veis, a informa??o pode ser visualizada e analisada pelo usu?rio por meio da sele??o do mapa.

Figura 7.13. Em um Atlas interativo, a mesma ?rea (taxa mundial de alfabetiza??o) pode ser visualizada com diferentes esquemas de cores. Electromap World Atlas.

Figura 7.14 Sele??o de camadas em um mapa mundial digital. Atlas Info Nation.

Quando os Atlas digitais s?o apresentados de modo que permitem o acesso aos dados que deram origem aos mapas, pode-se referir a um Atlas Information System.

Estes sistemas, similares aos Atlas impressos, podem ser subdivididos em um n?mero de tipos, tais como Atlas Information systems Nacionais, Hist?ricos, Educacionais, entre outros. A diferen?a entre estes sistemas e um GIS (ver Cap?tulo 3) ? que o primeiro est? relacionado a uma certa ?rea ou tema em conex?o com um dado prop?sito, com uma narrativa, na qual os mapas t?m um papel dominante. A necessidade dos dados serem pr?processados para permitir compara??es entre os mapas e que uma sele??o de dados tenha sido feita considerando o prop?sito do Atlas , distingue um Atlas Information Systems de um GIS.

Deve-se destacar a import?ncia de mudar as cores (como na Figura 7.13), e os limites das classes no momento da visualiza??o dos conjuntos de dados em um Atlas. Quando se disp?e somente de Atlas em papel, existe somente uma forma de visualiza??o dos dados, dependente das ideias, experi?ncia, vi?s ou gosto do cart?grafo. Em um Atlas Interativo, Anal?tico ou Digital, estas limita??es n?o mais se aplicam. Nenhum mapa ? considerado um mapa verdadeiro, o que significa que n?o h? melhor solu??o para visualizar um conjunto de dados espec?fico - dependendo da audi?ncia definida para o Atlas, e se o mapa deve ser comparado com outros mapas, diferentes projetos podem atingir os requisitos.

Outro aspecto dos Atlas anal?ticos e interativos ? que eles n?o est?o mais restritos aos tamanhos fixos em papel dos atlas impressos. Em um Atlas impresso, o tamanho do mapa, t?pico e per?odo s?o fixos. Em um ambiente digital torna-se poss?vel experimentar o tamanho do mapa, ao realizar amplia??es e redu??es de escala (como na figura 7.15), ? poss?vel alterar o tema do mapa e tamb?m seu per?odo temporal, inclusive com uma anima??o.

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Figura 7.15 Mapas com tamanho fixo em um Atlas "viewonly" (esquerda) e maps com tamanho vari?vel em um Atlas interativo (direita). (Drawing A. Lurvink).

7.4 Funcionalidades dos Atlas

Atlas em papel apresentam um n?mero de maneiras de acessar os seus mapas: existem tabelas de conte?do com os t?tulos dos mapas, existem ?ndices de t?picos que mostram todos os mapas que representam t?picos espec?ficos, e podem existir ?ndices de nomes geogr?ficos que mostram os mapas com a maior escala onde determinado nome ocorre. Pode tamb?m existir um ?ndice gr?fico, com os limites dos mapas apresentados em um mapa mundi, com a refer?ncia ? p?gina onde tais mapas podem ser encontrados (ver figura 7.16). Uma legenda geral explicando os s?mbolos e sinais que ocorrem nos diferentes tipos de mapas pode tamb?m ser incorporada.

Em um Atlas digital os mecanismos de acesso s?o amplamente melhorados. N?o apenas podem existir todas as tabelas de conte?do e ?ndices, mas tamb?m ao clicar sobre um nome geogr?fico espec?fico ? poss?vel acessar o mapa que cont?m o respectivo nome, que pode ser destacado. Ao clicar em um t?pico no ?ndice,

pode-se mostrar todos os mapas que atendem ? descri??o, em sequ?ncia.

Figura 7.16 Indice gr?fico de mapas europeus em um Atlas escolar em papel. Bosatlas53rd ed., 2007.

Uma legenda n?o ? sempre necess?ria em um Atlas digital, pois ao clicar em um s?mbolo espec?fico pode sempre resultar em uma explica??o em uma janela popup. Al?m disso, clicar nos objetos do mapa, como s?mbolos ou ?reas pode resultar em informa??o adicional, como por exemplo, altitude acima do n?vel do mar, n?mero de habitantes ou, em mapas econ?micos, figuras sobre produ??o. Esta possibilidade de consultar todos os objetos do mapa ? um dos maiores benef?cios dos mapas digitais; isso tamb?m torna a imagem do mapa mais limpa, pois toda a informa??o que n?o ? estritamente necess?ria pode ser escondida em um modo pop-up. Al?m disso, pode haver a possibilidade de esconder imagens ou explica??es em hot spots. O mecanismo de busca para encontrar os locais j? foi discutido juntamente com os ?ndices, bem como as fun??es de zoom e scroll. De modo a permitir a amplia??o (zoom in), conjuntos de dados mais detalhados devem estar dispon?veis, e ser?o acessados a qualquer momento quando os limites das escalas sejam ultrapassados.

7.5 Nossos Atlas escolares s?o tendenciosos!

Atualmente em muitos pa?ses um dos objetivos educacionais do curr?culo de geografia ? fazer os estudantes terem ci?ncia da utilidade, confiabilidade e representatividade da informa??o que est? dispon?vel para eles ? nos livros textos e jornais ou na internet. Como exemplo tentaremos aqui medir a tend?ncia, confiabilidade e representatividade dos atlas escolares.

Atlas escolares introduzem os alunos ao mundo a partir de um determinado ponto de vista. Essa posi??o pode ser referente a uma posi??o geogr?fica (um atlas escolar da Su?cia ser? diferente de um atlas da Z?mbia), a um ponto de vista educacional (o conhecimento b?sico necess?rio que todos os estudantes deveriam ter) ou a vis?es ou idealiza??es pol?ticas. Porque somos t?o familiares com a imagem do mundo apresentado pelos nossos pr?prios atlas escolares, apenas reconhecemos seu vi?s quando os comparamos com atlas de outros pa?ses. Tamb?m dever?amos reconhece-los quando comparamos os atuais atlas escolares com aqueles produzidos no passado. Ao fazer isso, descobrir?amos que as ideias de uma sociedade em rela??o ?s caracter?sticas que definem o que o pa?s ? mudaram, assim como as ideias sobre o que constituem o desenvolvimento desejado do pa?s. A quantidade de informa??o geogr?fica em outros pa?ses e no mundo tem aumentado (placas tect?nicas, mudan?as clim?ticas) e o pr?prio mundo mudou, com um aumento na infraestrutura complexa, maiores ?ndices populacionais e de problemas ambientais (desertifica??o, desflorestamento, etc). Ao acompanhar o desenvolvimento dos atlas ao longo do tempo, encontrar?amos os efeitos dos seus diferentes editores, cada um com seu ponto de vista sobre as informa??es geogr?ficas presentes nos atlas, com diferentes interesses da sociedade em geral e com a mudan?a nas percep??es did?ticas e curr?culos de geografia.

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a. Estilo de atlas e posi??o no mundo

Cada atlas escolar tem sua pr?pria estrutura, baseada em escolhas a respeito da sequ?ncia dos mapas e ? ?nfase em dadas ?reas ou t?picos. Eles tamb?m teriam seu estilo particular, definido pela sele??o de roteiros espec?ficos, pelo n?vel de generaliza??o e pelo uso das cores. Na ortografia de nomes geogr?ficos, escolhas espec?ficas s?o feitas, sejam elas favorecendo o nome oficial de um local ou ex?nimos (ver cap?tulo 8). A posi??o de um pa?s no mundo determina quais ?reas do mundo s?o tratadas em primeiro lugar, e sua posi??o socioecon?mica influencia fortemente na sele??o dos t?picos dos mapas no atlas. Se um pa?s tem uma posi??o superior na renda per-capita, na sa?de, expectativa de vida, consumo de energia, boa governan?a, estabilidade pol?tica e a aus?ncia de corrup??o, esse pa?s ter? mais incentivos para incluir mapas nesses fen?menos do que pa?ses que n?o possuem isso. ? evidente que isso tamb?m est? relacionado com a disposi??o de uma sociedade para tamb?m endere?ar aspectos negativos nos seus produtos educacionais como atlas escolares. Os mapas de desemprego, de desigualdade na distribui??o de renda, polui??o marinha, viol?ncia dom?stica e a porcentagem de fumantes est?o tamb?m inclu?dos? Deveriam as atitudes frente ? puni??o de capital, direitos aos gays, ? grande parte do produto nacional bruto gasto nas for?as armadas, o investimento no clima e liberdade de imprensa ser mapeados tamb?m? Todos esses aspectos nos mapas escolares ao redor do mundo apresentam diferen?as.

b. Terminologia

Atlas escolares fornecem aos estudantes as ferramentas e conceitos para encontrarem seu lugar no mundo. Eles os fazem com uma terminologia especial que consegue descrever o mundo, com conceitos gerais como continentes e oceanos, pa?ses e mares, desertos e cadeias de montanhas, terras baixas e camadas

continentais. Para simplificar o panorama, objetos s?o agrupados. Tome-se o caso da Espanha: as cadeias de montanhas s?o agrupadas para prop?sitos educacionais e nomes originais n?o s?o mencionados: o plat? Castiliano ou a Central Meseta s?o divididos em duas partes pelo `Sistema Central' de cadeia de montanhas (ver figura 7.17). Esse ? um objeto hipot?tico ou fict?cio, por?m, ningu?m em Madri durante o inverno dir? que ir? esquiar no Sistema Central ? eles ir?o para a Sierra de Guadarrama, a Sierra de Gredos ou a Sierra de Gata (ver figura 7.18).

Figura 7.17 Nomes educacionais usados em um Atlas Espanhol escolar (Atlas nacional de Espa?a, 1991).

Figura 7.18 Composi??o da Cadeia Montanhosa Sistema Central na Espanha. (Atlas nacional de Espa?a, 1991).

Exemplos de agrupamentos educacionais de objetos geogr?ficos sem qualquer conhecimento local sobre os mesmos s?o as Ilhas Greater and Lesser Sunda (subdivididas novamente nas Ilhas Lee-ward e Winward); a Sib?ria ? dividida em Terras Baixas do Oeste da Sib?ria, o Plat? Central Siberiano e algumas cadeias Montanhosas do Leste Siberiano. Professores de Geografia distinguem os Lagos Finlandeses e os Lagos da ?frica Central, assim como fazem com as Serras do Norte e do Sul Equatoriais na ?frica e as Terras Altas Africanas. Todos estes agrupamentos de montanhas, lagos, ilhas ou plan?cies foram realizados com prop?sitos educacionais, para simplificar o ensino da estrutura do mundo.

Pontos de vista pol?ticos ou ideol?gicos podem ser expressos na sequ?ncia dos pa?ses apresentados em um Atlas (por exemplo, os membros do bloco COMECON foram representados antes dos pa?ses capitalistas, independentemente da sua localiza??o geogr?fica.

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Vis?es ideol?gicas foram expressas em t?tulos mapa) (ver figura 7.19).

As vis?es ideol?gicas tamb?m podem ser expressas na sele??o das proje??es cartogr?ficas. Algumas proje??es s?o consideradas favorecer vis?es capitalistas ou ocidentais; a proje??o de Mercator que exagera o tamanho dos pa?ses nas localiza??es mais ao norte ? exemplo desta vis?o. Como substituta a proje??o de GallPeters ? usada, desenvolvida em 1855, como uma proje??o equivalente, o que significa que o tamanho dos pa?ses nos mapas ? proporcional ao seu tamanho real. Para concretizar isso, a proje??o de Gall-Peters resulta em deforma??es extremas (ver figura 7.20).

Alguns pa?ses poderiam incluir a infraestrutura militar de seus pa?ses em um Atlas escolar, outros poderiam favorecer pa?ses onde o mesmo idioma ? falado, por exemplo, o Franc?s (ver figura 7.21).

Em todos os lugares, vis?es geogr?ficas, como a divis?o do mundo em uma economia central e perif?rica, rodeada por um n?mero de pa?ses emergentes ou lim?trofes, s?o representados nos Atlas escolares, assim como as teorias de desenvolvimento global (figura 7.22).

7.23 apresenta-se um mapa de um Atlas escolar do Sri Lanka. Este pa?s n?o apresenta uma nota particularmente alta em muitos padr?es econ?micos, como renda per capita, mas est? bem na luta pelo analfabetismo. Assim ? compreens?vel que um mapa da alfabetiza??o mundial seja incorporado, sendo os tons mais escuros as maiores percentagens daqueles que podem ler e escrever, e a posi??o do Sri Lanka neste aspecto na regi?o Sul da ?sia ? certamente not?vel.

Figurae 7.19 Mapa de um Atlas da hist?ria, produzido em 1970 na Rep?blica Democr?tica da Alemanha, com o t?tulo "A segmenta??o Pol?tica das Sociedades da Gr?cia Slave-Holding Societies, onde o t?tulo usual Gr?cia Cl?ssica ou Antiga. Haack Atlas zur Geschichte, 1970.

Figura 7.21 Distribui??o dos pa?ses de l?ngua francesa, em um Atlas escolar Franc?s

Figura 7.20 Mapa de densidade populacional mundial em um Atlas escolar do Zimbabwe na proje??o de GallPeters. Harper-Collins Senior Atlas for Zimbabwe, 1992.

Figura 7.22 Mapa Geopolitico dividindo a terra em Centro e periferia, com os sistemas operacionais na economia mundial, em um Atlas escolar da ?ustria. ? Ed.H?lzel.

Algumas vezes, os pa?ses preferem a incorpora??o de mapas em seus atlas escolares que apresentem que est?o particularmente bem em algumas ?reas. Na figura

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Figura 7.23 Taxa de alfabetiza??o mundial em um Atlas escolar do Sri Lanka. Sarasavi School atlas, 2004.

c. Base para mapas de vis?o geral;

Tradicionalmente, os mapas de vis?o geral nos atlas escolares s?o normalmente mapas administrativos ou f?sicos, mostrando ou a subdivis?o administrativa de nossos pa?ses ou suas caracter?sticas f?sicas, o ?ltimo atrav?s do uso de isolinhas e colora??o diferenciada por zonas. Nenhuma dessas duas representa??es ? muito informativa sobre a diversidade de paisagens de um pa?s. A altitude acima do n?vel do mar, representada por isolinhas e nas camadas de matiz n?o podem dizer nada sobre o potencial de agricultura ou sobre a vegeta??o de um pa?s. ? por isso que alguns dos atlas escolares

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