Trabalho apresentado no II ENECULT - Encontro de Estudos ...

[Pages:10]Trabalho apresentado no II ENECULT - Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, realizado de 03 a 05 de maio de 2006, na Faculdade de Comunica??o/UFBa, Salvador-Bahia-Brasil.

FORROZEIRO UNIVERSIT?RIO EM SALVADOR: UMA IDENTIDADE CULTURAL JUVENIL

Samantha Cardoso Rebelo1

RESUMO

Este artigo tem como objeto a forma??o de identidades culturais juvenis fundamentadas no forr? universit?rio em Salvador, visto aqui como um produto da ind?stria cultural. Para tanto, considera a utiliza??o que os jovens fazem de objetos culturais, vendidos pela m?dia, como identificadores sociais e diferenciadores de outros grupos juvenis. Neste material ? realizado um breve levantamento do surgimento do forr? universit?rio no Brasil, sua rela??o com o forr? de Luiz Gonzaga, a migra??o do estilo para Salvador e o papel da ind?stria cultural neste processo, como tamb?m, considera??es sobre a exist?ncia deste movimento no mercado soteropolitano de eventos juvenis, a descri??o e o simbolismo destes bailes e a caracteriza??o cultural e social dos adeptos ao movimento na capital baiana.

Palavras-Chave: Forr?, universit?rio, ind?stria cultural, jovens, identifica??o cultural e social.

INTRODU??O

No in?cio da d?cada de 1990 surgiu no Brasil um novo movimento musical: o forr? universit?rio. Um novo ritmo, embasado no forr? tradicional de Luiz Gonzaga, mas com fortes influ?ncias do samba reggae e da MPB. Nasceu dos jovens da classe m?dia para os jovens da classe m?dia.

Tem a dan?a em pares mistos como um elemento caracterizador. Esta ? composta por passos suaves, com os corpos dos dan?arinos bem pr?ximos, alternados com pequenas

1 Mestranda do Programa Multidisciplinar em Cultura e Sociedade na Faculdade de Comunica??o da Universidade Federal da Bahia. E-mail: samantharebelo@.br

coreografias de giros e rodopios. Outra caracter?stica marcante ? o fato dos grupos

musicais serem compostos predominantemente por m?sicos jovens. N?o se sabe ao certo

onde surgiu, se foi em Cara?va, no extremo Sul baiano, ou em Dunas de Ita?nas, no Esp?rito

Santo.

Mas ? certo que o movimento ganhou for?a no estado de S?o Paulo. De l? sa?ram as

principais bandas, como a Falamansa. Foi quando esta banda fez sucesso no Brasil, no ano de 20002, que o forr? universit?rio cresceu em Salvador. A partir daquele ano a m?dia

divulgou muito o movimento nacionalmente, o que foi essencial para seu fortalecimento.

Alfonsi (2005:12) faz uma afirma??o interessante sobre tal momento do forr? universit?rio:

Quando o forr? universit?rio atingiu uma grande exposi??o nos meios de comunica??o de massa, principalmente na televis?o, o n?mero de bandas aumentou consideravelmente, sobretudo aquilo que se denomina bandas de garagem , formada por jovens amadores que t?m prazer em tocar, fen?meno freq?ente entre as bandas de rock ou conjuntos de pagode, por exemplo. Esse per?odo (entre os anos 2000 e 2001) marcou o boom da pr?tica, tanto em S?o Paulo quanto nas cidades do interior e nas outras capitais do sudeste brasileiro. Para muitos forrozeiros, o boom do forr? universit?rio contribuiu para o

renascimento do forr? tradicional. Dominguinhos, um dos atuais mestres, comentou o seguinte no site surforeggae3: da mesma forma que o pagode ressuscitou sambistas antigos,

como Martinho da Vila e Paulinho da Viola, os novos grupos de forr? est?o ajudando a

divulgar o ritmo e suscitar interesse nos velhos mestres.

Este fortalecimento ? t?o not?rio que o presidente da rep?blica sancionou no dia

seis de setembro de 2005 a lei 11.176, instituindo o dia l3 de dezembro como "Dia Nacional do Forr?"4, ap?s aproximadamente meio s?culo do surgimento do ritmo.

? importante registrar que o forr?, mesmo o de Luiz Gonzaga, sempre esteve

relacionado ? ind?stria cultural. N?o ?, como muitos podem supor, um ritmo que migrou do

nordeste para as r?dios do Sudeste, exatamente como era no sert?o. Encaixa-se na chamada

tradi??o inventada, encontrada em Hall (2005:54):

Uma terceira estrat?gia discursiva ? constitu?da por aquilo que Hosbawn e Ranger chamam de inven??o da tradi??o: Tradi??es que parecem ou alegam ser antigas s?o muitas vezes de origem

2 Informa??o encontrada no site oficial da banda: , acesso em 15/10/2005. 3 , acesso em 14/10/2005. 4

bastante recente e algumas vezes inventadas... Tradi??o inventada significa um conjunto de pr?ticas..., de natureza ritual ou simb?lica, que buscam inculcar certos valores e normas de comportamento atrav?s da repeti??o, a qual, automaticamente, implica continuidade com um passado hist?rico adequado.

Fernandes5 (2004: 2) faz a seguinte infer?ncia sobre a ida de Luiz Gonzaga para o Sudeste e o in?cio de sua carreira naquela regi?o: Influenciado pelos padr?es est?ticos estabelecidos e amplamente aceitos na m?sica da ?poca atrav?s da m?dia, Gonzaga ir?

criar o bai?o, como uma novidade no cen?rio nacional em termos de m?sica dan?ante. A autora afirma tamb?m que: Hoje entre n?s, podemos perceber que Luiz Gonzaga

e Jackson do Pandeiro fizeram um tipo de m?sica na sua ?poca que embora propagada e reverenciada como de raiz j? estava ligada a ind?stria cultura (Ibid.:5).

Como ? o estilo de Gonzag?o que os atuais jovens universit?rios utilizam, misturado com outros ritmos, eles consideram o forr? universit?rio muito pr?ximo do que eles acreditam ser tradicional, de raiz .

Apesar do forr? universit?rio ter contribu?do para o ressurgimento do forr? no cen?rio nacional, ap?s 15 anos do seu surgimento ele n?o ? mais t?o bem visto por todos os jovens forrozeiros. Isto porque, os mais tradicionalistas acreditam que o movimento universit?rio tornou-se um produto da ind?stria cultural e perdeu sua ess?ncia. Estes n?o percebem que o forr?, desde seu in?cio, ? um produto desta Ind?stria.

Em alguns locais, como a famosa casa paulistana Canto da Ema6, os jovens, paradoxalmente, dan?am o que ? caracterizado como forr? universit?rio, em pares bem pr?ximos, alternando com pequenas coreografias de giros e rodopios, muitas vezes ao som de jovens m?sicos, mas se auto-afirmam tradicionais e at? mesmo contr?rios ao movimento universit?rio, achando-o contaminado pela m?dia e longe do tradicionalismo que eles admiram. Paulinho Rosa, o jovem propriet?rio da casa e empres?rio do forr? h? cerca de uma d?cada, afirma at? mesmo que bandas universit?rias n?o s?o as prefer?ncias do seu p?blico, e sim, trios nordestinos.

? interessante que esta casa, se auto-afirmando tradicionalista, ? completamente diferente do que se observa em outros locais igualmente tradicionalistas do forr?, como na

5 (PDF)/AdrianaFernandes.pdf, acesso em 28/10/2005. Publicado no Centro de Estudos Caribenhos de Goi?nia. 6 Visita realizado ao local no dia 01 de fevereiro de 2006.

casa de shows Cariri7, na cidade de Aracaju. L? o p?blico ? composto por pessoas com mais de 30 anos que dan?am o forr? corpo a corpo, sem giros e rodopios e consideram o forr? do Canto da Ema paulistana como universit?rio.

Em Salvador, at? a explos?o nacional do movimento universit?rio, em 2000, as festas forrozeiras estavam relacionadas apenas com as comemora??es juninas, no m?s de junho. Naquele ano foi realizada a primeira grande festa de forr? universit?rio, com a banda Falamansa. A festa teve um p?blico de aproximadamente 60.000 pessoas, de acordo com Guto da Dinamus, s?cio da empresa promotora do evento.

Ocorreu aqui ent?o uma prolifera??o de forr?s universit?rios, que j? sa?ram h? muito tempo do campus e que n?o possuem adeptos apenas universit?rios, provando que estes s?o uma moda, obedecida e seguida por um grande n?mero de jovens, sustentando a realiza??o de diversos eventos do g?nero nos maiores espa?os de Salvador, como o parque aqu?tico Wet n Wild, a casa de shows Espet?culo, o Parque de Exposi??es e algumas boates.

Na maior festa baiana, o carnaval de Salvador, o forr? universit?rio tamb?m est? conseguindo espa?o. Em 2006 foi realizado pelos forrozeiros o Beco do Forr?, em um privilegiado espa?o do bairro de Ondina, entre dois camarotes: o da r?dio Itapoan FM e do Salvador Praia Hotel. No final do beco foi montado um pequeno palco no qual a banda Flor Serena tocava entre as passagens dos trios. Muito interessante que as pessoas nas laterais dos camarotes, de onde era poss?vel visualizar o palco, dan?assem o forr? e n?o as m?sicas tocadas no interior destes, geralmente ax? music, ritmo que ? uma representa??o da m?sica baiana em outros estados e at? pa?ses.

Diferentemente de outras cidades, como S?o Paulo, Salvador possui uma ?nica casa de shows que apresenta o forr? o ano inteiro, sendo o ponto de encontro dos forrozeiros do movimento universit?rio. ? o Coliseu do Forr?, que foi o principal laborat?rio de estudo emp?rico deste artigo. De acordo com o s?cio-gerente do Coliseu, Ward Portela, quando a casa foi inaugurada em 2001 era freq?entada mais por pessoas entre 25 e 40 anos de idade. No segundo ano de funcionamento este quadro mudou e a faixa et?ria dos clientes diminui. Desde 2003 a casa ? freq?entada por pessoas da classe m?dia soteropolitana entre 18 e 30 anos. Ward atribui esta mudan?a ao fortalecimento do forr? universit?rio na cidade, o que

7 Visita realizado ao local no dia 28 de julho de 2005.

fez com que os jovens procurassem mais eventos do g?nero, invadindo os eventos de forr? e expulsando pessoas que n?o se identificavam com o p?blico juvenil.

O Coliseu funciona de sexta a domingo. Nas sextas e nos s?bados, a partir das 22 horas, as atra??es s?o sempre bandas forrozeiras. Est? localizado no bairro de Patamares, na orla soteropolitana. Sua capacidade m?xima ? de 1.500 pessoas. Disp?e de uma pista de dan?a, em frente ao palco de altura baixa, e de aproximadamente 75 mesas com cadeiras, servidas por gar?ons. O espa?o ? todo coberto e apresenta cores fortes dentro e fora. Em frente ? casa, a partir das 21 horas, s?o montadas barraquinhas vendendo drinks a pre?os populares. H? tamb?m um ponto de t?xi, sempre com os mesmos motoristas, e ampla ?rea para o estacionamento. Por noite apresentam-se duas ou tr?s bandas. Antes dos shows e entre um e outro h? som mec?nico.

Atualmente na cidade, um bom n?mero de jovens, curiosamente na terra do ax? music, escolheu o forr? universit?rio como construtor de identidade culturais e sociais, sendo ele seu foco de identifica??o, mesmo para alguns destes jovens que n?o se reconhecem como parte do movimento universit?rio, urbano e elitista, e n?o de um movimento de resgate das origens sertanejas do forr? tradicionalista.

2. FUNDAMENTA??O TE?RICA

? bom salientar que em Salvador os jovens da classe m?dia freq?entam semanalmente festas, sendo este h?bito praticamente uma lei social na capital baiana. Os diferentes grupos juvenis v?o ?s festas de acordo com suas identifica??es culturais, tendo cada festa seu foco de identifica??o e de significa??o social. Ir a um tipo e n?o a outro ? uma forma de se identificar culturalmente. Cada grupo tem sua prefer?ncia musical e esta ? uma lei no grupo. Gostam mais de um estilo de m?sica, muito pouco ou nada de outro, podendo chegar at? mesmo a descriminar este outro . Aqui, a m?sica pertencente ? cultura leg?tima n?o ? a erudita, e sim, a adotada pelo grupo e pelos modelos sociais.

Assim, o mercado soteropolitano de eventos juvenis ? muito concorrido e disputado pelos empres?rios do ramo. De acordo com Debort: O espet?culo ? o momento em que a mercadoria ocupou totalmente a vida social (Debort, 1997:30). Nesta total ocupa??o os jovens gastam dinheiro em busca de momentos de divers?o, consumando os eventos como uma mercadoria imprescind?vel em suas vidas e valiosa para os empres?rios que investem

cada vez mais neste mercado, abrindo novas casas e realizando a cada ano mais eventos. Em Salvador encontram-se muitas op??es juvenis, com os mais variados ritmos, como o pagode, o samba, o ax?, o arrocha, a m?sica eletr?nica, o rock, o reggae e o trance. ? fato que alguns destes n?o conseguem ader?ncia; outros possuem uma vida curta e rapidamente n?o atraem mais o p?blico, por terem sa?do da moda, sendo por isto descartados. Citando Adorno:

Qualquer f?rmula r?tmica que esteja fora de moda, n?o importa qu?o quente ela seja em si mesma, ? considerada rid?cula e, por isso, categoricamente rejeitada ou apreciada com a presun?osa sensa??o de que as modas agora familiares ao ouvinte, s?o superiores (Adorno, 1986:142).

Neste contexto ef?mero, para que uma casa como o Coliseu, em uma capital com tantas op??es espetaculares, fique aberta durante todos os meses h? quase quatro anos, realizando apenas um tipo de espet?culo, ? porque existe um bom n?mero de jovens que simpatiza com esta tipologia espetacular, lhe atribui significado (mesmo se este tiver sido forjado pela ind?stria cultural) e porque o ritmo permanece na moda (provavelmente em fun??o tanto das a??es da ind?stria cultural, quanto desta significa??o juvenil). Significa tamb?m que est? tocando os jovens, sendo uma alternativa para eles sa?rem de suas realidades di?rias e entrarem no universo do ludus, do jogo alienante, no qual n?o h? a inten??o da reflex?o e sim apenas a inten??o do entretenimento.

Ao contr?rio do que se sup?e a primeira vista, a m?sica tocada neste bailes n?o ? o objeto central, nem o que atrai os jovens para os eventos. Esta ? apenas uma m?sica para o entretenimento. A descri??o de Adorno (1999: 67) para este tipo de m?sica se faz fundamental a fim de caracterizar o que se escuta nos forr?s universit?rios:

A m?sica de entretenimento preenche os vazios do sil?ncio que se instalam entre pessoas deformadas pelo medo, pelo cansa?o e pela docilidade de escravos sem exig?ncias. Assume ela em toda parte, e sem que se perceba, o tr?gico papel que lhe competia ao tempo e na situa??o espec?fica do cinema mudo. A m?sica de entretenimento serve ainda e apenas como fundo. Se ningu?m mais ? capaz de falar realmente, ? ?bvio tamb?m que j? ningu?m ? capaz de ouvir.

A m?sica aqui ? meramente o pano de fundo para o forr? universit?rio, que significa um contexto composto por m?sica, jovens semelhantes, consumo de bebidas alco?licas e muita dan?a. S?o bailes para encontros com amigos e oportunos para conhecer

novas pessoas, o que ? facilitado pelo uso de bebidas alco?licas e pela dan?a em pares mistos. Para os jovens muito pouco importa o que est? sendo dito nas can??es, eles mal as escutam. Eles gostam do que envolve a m?sica, da situa??o.

O sucesso do ritmo, mesmo que os mais fervorosos admiradores n?o percebam, ocorre apenas porque os eventos de forr?s universit?rios s?o sucessos. Poucos jovens compram estes Cds para escutarem em suas casas, isolados, porque n?o se trata de uma m?sica para ser escutada, degustada, mas sim um pano de fundo, um componente de um evento sociabilizador que enfatiza um tipo de identifica??o cultural na sociedade, percebida na forma de vestir, de dan?ar, de consumir etc.

Em Salvador, n?o s?o todos os freq?entadores do forr? universit?rio que lhe atribuem as mesmas significa??es culturais e sociais. Alguns v?o aos bailes meramente porque estes est?o na moda, sem atribu?rem maiores significa??es e n?o construindo identidades fundamentadas no movimento, outros, s?o reconhecidos como leg?timos forrozeiros. No Coliseu do Forr?, eles ficam na frente do palco, caracteristicamente vestidos e dan?am o show todo. Alguns, inclusive, pertencem a grupos de dan?a de forr?, como o Forr? Online e o extinto Forrezeando, que hoje ? uma banda. Eles s?o despojados, com um estilo alternativo e popular, consomem bebidas baratas (?gua, cerveja, refrigerante, roskas), utilizam roupas que facilitam a dan?a e que se aproximam dos valores culturais nordestinos, como tops, saias rodadas soltas, sapatilhas e sand?lias rasteiras. Atribuem ao movimento caracter?sticas de raiz , sendo um resgate ao forr? aut?ntico e puro (conceito que de acordo com o que j? foi exposto ? question?vel, pois, at? o forr? tradicional de Luiz Gonzaga - que ? adorado pelos jovens do movimento universit?rio, foi uma inven??o para venda midi?tica). Assim como os paulistanos do Canto da Ema, tamb?m n?o gostam da super exposi??o do ritmo na m?dia e de algumas bandas vistas como muito comerciais.

No Coliseu, os n?o-leg?timos forrozeiros ficam boa parte da noite sentados em locais dos quais nem ? poss?vel visualizar os shows e trajam roupas mais urbanas, como saltos bem altos e saias justas.

Assim, os leg?timos forrozeiros atribuem um simbolismo maior ao movimento, apresentando um envolvimento mais profundo com o mesmo, e uma identidade cultural fundamentada no forr? universit?rio, que ? facilmente percept?vel pela sociedade, ocupando nesta um espa?o definido. Citando Hall (2005:11):

A identidade, nesta concep??o sociol?gica, preenche o espa?o entre o interior e o exterior entre o mundo pessoal e o mundo p?blico. O fato de que projetamos a n?s pr?prios nessas identidades culturais, ao mesmo tempo que internalizamos seus significados e valores, tornando-os parte de n?s , contribui para alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural.

Os leg?timos forrozeiros transformam o produto vendido pela m?dia em significa??es internas e com isto delimitam seu espa?o no mundo cultural e social.

? ir?nico que alguns forrozeiros universit?rios se preocupem com a super exposi??o do ritmo na m?dia, temendo com isto que ele perca sua identidade. Aparentam n?o suspeitarem que esta identidade foi forjada pela ind?stria cultural, que agiu para o sucesso do movimento e o disseminou no formato atual, propagando como deve ser um forrozeiro universit?rio.

Al?m disto, estes leg?timos forrozeiros provavelmente nem freq?entassem os bailes de forr?s universit?rios se eles n?o estivessem na m?dia, sendo este mais um argumento do pertencimento do ritmo ? ind?stria cultural. De acordo com Adorno e Horkheimer (1986:115): Os talentos j? pertencem ? ind?stria cultural muito antes de serem apresentados por ela: de outro modo n?o se integrariam t?o fervorosamente.

Al?m das a??es da ind?stria cultural existem diversas quest?es s?cio-culturais embasando o atual sucesso do forr? universit?rio em Salvador, como a escolha do soteropolitano pela dan?a com contato e tamb?m a utiliza??o deste por jovens, que por alguma(s) raz?o(es) se aproximaram do ritmo e o utilizaram para sua identifica??o cultural e social. O ritmo est? em ascens?o na cidade, o que se comprova com a prolifera??o de eventos do g?nero ao longo do ano. Virou uma moda. Alguns jovens os freq?entam pelo modismo, mas outros travam uma rela??o mais forte e complexa com o ritmo, o utilizando como alicerce de suas identidades sociais e culturais. V?o al?m nesta rela??o e querem, paradoxalmente, at? mesmo, defend?-lo da contamina??o comercial e explorat?ria da Ind?stria Cultural. Como se esta n?o tivesse nenhuma liga??o com o surgimento do forr?, da sua transforma??o em universit?rio, e de sua manuten??o no cen?rio soteropolitano musical.

3. PROCEDIMENTOS METODOL?GICOS.

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