Moçambique para todos



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As instalações do acesso de Giriyondo (F. Laice)

Distrito de Massingir - Giriyondo: acesso de luxo com ganhos inquestionáveis

O ACESSO transfronteiriço de Giriyondo, a cerca de 200 quilómetros da vila-sede de Chókwè, província de Gaza, vai permitir arrecadar, nos próximos tempos, valores monetários suficientes para o auto-sustento do Parque Nacional do Limpopo (PNL) e provavelmente, para garantir o melhoramento de empreendimentos similares no país. "A priori", o facto parece um "sonho", o que não é obra do acaso. Afinal de contas, o Kruger Parque, na vizinha República da África do Sul capta receitas para a sua gestão e para os demais parques existentes. E esta informação traz ao de cima, um panorama claro do significado da colocação no acesso do Giriyondo, dos três serviços prestados, nomeadamente, pelas Alfândegas de Moçambique, Direcção Nacional de Migração e da administração do PNL.

Maputo, Sexta-Feira, 18 de Agosto de 2006:: Notícias

 

Dados estatísticos actuais estimam em 11500 os viajantes que entraram ou saíram usando o "portão" de Giriyondo. Infelizmente, as autoridades não puderam dizer o nível dos valores monetários arrecadados. Razão: seria necessário compilar a informação das três instituições que cobram taxas naquela infra-estrutura construída no âmbito do Parque Transfronteiriço de Grande Limpopo (PTGL)l, o que sendo possível, seria oneroso. Para já e segundo soubemos, no acto de abertura oficial feita pelos presidentes de Moçambique, África do Sul e Zimbabwe, nomeadamente Armando Guebuza, Thabo Mbeki e Robert Mugabe, passar por um acesso transfronteiriço daquela natureza é bastante caro, se comparado com fronteiras normais. Porque é turístico e de luxo. Sobre as taxas cobradas, Jorge Ferrão, coordenador regional da Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo, contou que está planificada a criação de um pacote único. Neste momento, e enquanto isso não acontece, os valores pagos são diferentes nos serviços do PNL e do Kruger. "As taxas ainda não são as mesmas. Todavia, está agendado um trabalho para a uniformização da estrutura de preços a pagar pelo acesso ao GPTL", palavras de Ferrão. "Há uma certa disparidade na cobrança de valores. Devo dizer que do lado da RAS, os preços são os mesmos para os cidadãos dos três países. Tal já não acontece do lado moçambicano, pois os custos dos estrangeiros que entram no PNL são mais caro. Mas pensamos que os cidadãos dos três países deviam ter regalias semelhantes em qualquer um dos Estados ", disse Ferrão. Os valores cobrados serão aplicados na gestão do parque, nomeadamente nas componentes de pagamento aos fiscais, viaturas, custos operacionais, entre outros. Mas também para as comunidades locais e de outras partes do país. Referiu que o parque não pode funcionar buscando fundos externos ou do Orçamento Geral do Estado (OGE). "O Kruger Parque é altamente sustentável e o dinheiro que é arrecadado é usado noutros parques dentro da RAS", disse, assegurando que é o mesmo que se pretende do lado de Moçambique.

MAS QUAIS OS VALORES

Os serviços de Migração, de acordo com o chefe do posto de Giriyondo, Rogério Ricardo Bembele, cobram os valores tabelados e em vigor noutras fronteiras existentes no país. Dependendo da classe do viajante, pode pagar 28.8 meticais da nova família ou 12 randes. Já nas Alfândegas, segundo Jeremias Samuel Sitoe, representante desta instituição no parque, as taxas aplicadas são, de igual forma, iguais às aplicadas nas fronteiras no geral. No entanto, as taxas pagas variam. Por exemplo, pela mercadoria doméstica paga 46 porcento, enquanto que pelas bebidas álcool 140 porcento. Explicou que Giriyondo é um posto simplificado, não havendo, por conseguinte, movimentação de mercadorias. No PNL cobra-se valores variados. De acordo com uma tabela afixada na recepção, moçambicanos com mais de 60 anos de idade e menores até 12 anos de idade não pagam. Adultos nacionais pagam 100 MTn, enquanto os estrangeiros pagam 200 Mtn, na mesma categoria. Estes são apenas alguns dos exemplos que ilustram os montantes pagos naquele local. O turista paga nas três instituições moçambicanas e ainda é taxado no Kruger.

ARSÉNIO MANHICE

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Guebuza, Mugabe e Mbeki após a abertura de Giriyondo

GIRIYONDO: o movimento diário

As três instituições moçambicanas ali implantadas apresentaram dados que ilustram que a tendência dos utentes daquele ponto fronteiriço é de aumentar, desde a abertura provisória, a 7 de Dezembro de 2005. A Migração tem um registo de casos em que passam 50 ou 100 turistas por dia. Mas esclareceu que não faltam dias em que apenas duas pessoas passam.

Maputo, Sexta-Feira, 18 de Agosto de 2006:: Notícias

 

O movimento depende do período em que os turistas sul-africanos, que são a maioria, entram de férias. De destacar que no grupo dos visitantes, de acordo com Bembele, contam-se europeus e asiáticos. Tendência idêntica nota-se nos serviços das Alfândegas, onde, de acordo com Sitoe, casos há em que passam 30 ou 40 veículos por dia. Tal acontece, de um modo genérico, em datas festivas na RAS. Nos dias normais, a média é de 10 viaturas. "O movimento de carros tende a crescer, à medida que as pessoas vão conhecendo a fronteira. Posso dizer que está a ganhar preferência para o turismo, pois em Ressano Garcia tem havido muitas enchentes em datas festivas. Com efeito, muitas pessoas optam em usar este acesso, com destino a Xai-Xai ou Inhambane", disse. Mas, pelo que notámos na via que liga Massingir e Giriyondo, só com carros do tipo 4x4 se pode circular, com certa comodidade, naquele parque. É uma terra batida, com pedras nas faixas de rodagem.

ARSÉNIO MANHICE

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Ernesto Govene

GIRIYONDO: O reassentamento

Desconhece-se a data em que irá iniciar o processo do reassentamento das cerca de mil famílias existentes no interior do PNL. De acordo com o governador de Gaza, Djalma Lourenço, os primeiros movimentos podem acontecer dentro dos próximos seis meses. Ele disse que o processo está num nível avançado para a construção das casas que irão acolher a população local.

Maputo, Sexta-Feira, 18 de Agosto de 2006:: Notícias

 

"Logicamente, o reassentamento irá acontecer quando as casas estiverem prontas. A população aceitou retirar-se do parque. Para já, muitos estão impacientes pela demora que está acontecer", garantiu. Jorge Ferrão não precisou datas. Referiu que este é um processo que leva cerca de cinco anos. É que não é um processo fácil. Enquanto isso, o conflito Homem/animal irá acontecer. Para minimizar, o problema é preciso usar técnicas para afugentar e outras que possam servir para dispersar os animais. A uma pergunta sobre se tal não iria agudizar o tal conflito, Ferrão respondeu nos seguintes termos: "não sei se isso aumenta o conflito Homem/animal, o que temos que fazer é proteger os bens e as vidas das pessoas que vivem aqui e aquilo que nós temos como recursos e possibilidades para fazer". A questão de calma no processo de retirada das pessoas foi vincada, de igual modo, por Carsten Sandhop, do Banco Alemão de Desenvolvimento (KFW). Ele entende que a preocupação não deve ser de tirar as pessoas para colocar animais. "A ideia é saber como podemos garantir que as populações beneficiem do desenvolvimento do parque. Isso pode ser dentro do próprio parque ou fora. Claro, já está decidido que aqui é um parque, sendo que os animais estão livres de circular, o que dificulta a vida da população humana, sobretudo no desenvolvimento das actividades económicas. Mas, se as populações optam por viver fora do parque, é preciso garantir que eles se beneficiem do parque e que tenham uma vida melhor e mais avançada nas novas residências", disse. Pedimos ao nosso interlocutor a sua visão, baseando-se nas experiências de outros países por onde tem investido nos parques. Sem rodeios afirmou que é um facto a existência da população humana noutros quadrantes do mundo. O que acontece é que, nalguns casos, a população é integrada na gestão do parque. Todavia, tal depende do tipo dos animais existentes. No caso de Madagáscar, segundo ele, os animais existentes num dos parques são de pequeno porte. Lá é mais fácil integrar a população humana na gestão do parque, o que não é o caso de PNL onde há elefantes. E, de acordo com Fenias Madlihwa e Ernesto Govene, ambos residentes na zona de "Xibotana", no interior do parque, os elefantes estão a semear desgraça, comendo os produtos da população local. "As pessoas disseram que estão prontas para sair do parque, mas só depois de verem os novas casas", disseram.

ARSÉNIO MANHICE

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