Moçambique para todos



O Gigante de Manjacaze (1944-1990) Com o tempo, muitos acontecimentos que tornaram Mo?ambique referência para Portugal e mundo v?o se perdendo. S?o vários eventos, alguns dos quais diziam respeito ao aspecto físico de mo?ambicanos que se tornavam distintos. Um deles foi o Gabriel Estêv?o Monjane (Mondlane), apelidado de Gigante de Manjacaze. Media 2,45 metros de altura. Veio a perder a vida em 1990. O Gigante de Manjacaze foi notícias na imprensa mo?ambicana, que se tornou distinto justamente por ser gigante. Manuel da Silva Ramos, poeta e ficcionista português, com a obra “Viagem com um Branco no Bolso”, o romance, veio a marcar de forma documentada a vida de Gabriel Estêv?o Mondlane. De acordo com fontes documentais, nesse romance Ramos analisa criticamente a explora??o a que esteve sujeito o Gigante, explorado por empresários e promotores de espectáculos no período colonial. (In, Diário de Mo?ambique, 23-06-11)Na foto da esquerda: Gabriel Estev?o Monjane, aqui com 2,38m, ao lado de sua m?e com metade do seu tamanho. Ele ainda estava crescendo e só tinha 21 anos. Mo?ambique, Louren?o Marques, 29 de dezembro de 1965. Na foto da direita: Gabriel Monjane de Mo?ambique é alvo de aten??o quando anda por Lisboa (Restauradores). Ele continua como o maior homem do mundo e mede 2,50m. Portugal, Lisboa, 2 de novembro de 1978. (Fotos gaethna.nl)A foto mais tristeO mais alto e o mais baixo, utilizados pelos fachos do regime no funeral de Salazar.O poeta e ficcionista português, Manuel da Silva Ramos, lan?ou em Maputo o livro "Viagem com um Branco no Bolso", um romance sobre a vida do "Gigante de Manjacaze", Grabiel Estev?o Mondlane. A obra apresenta um outro personagem, o an?o português, Toninho de Arcozelo, que contracenava com o gigante nos círculos, feiras e pra?as públicas. O nome do an?o Toninho de Arcozelo, o ent?o homem mais curto do mundo, com 75 cm de altura, associa-se a Gabriel Mondlane pelo facto de ambos aparecerem juntos muitas vezes, no mesmo palco, como forma de evidenciar a diferen?a entre ambos. (In, macua.)A noite de Ver?o era quente como recordo todas as noites da minha inf?ncia. A feira estava cheia de algod?o doce cor-de-rosa, carrosséis e montanhas russas com gritos. A barraca do tiro ao alvo que tinha ursos de peluche como prémio. O comboio fantasma, as ma?as doces e as ciganas. E havia o gigante. Um cartaz pintado à m?o anunciava-o como a grande estrela da noite. Havia filas e filas de pessoas para o ver, compro o bilhete, espero no meio da multid?o. Finalmente entro na barraca de ch?o de terra batida nas minhas minúsculas sandálias de plástico. Está cheia, quente e mal iluminada, é preciso ser paciente. Um freak show n?o acontece todos os dias. Quando finalmente vejo o gigante, ele está sentado dentro de uma pequena casinha. Eu vejo um corpo descomunal, dez de mim, camisa branca, as m?os colossais cruzadas no colo e fico petrificado na despropor??o daquele momento. As pessoas empurram-me, falam do gigante como se ele n?o ouvisse, metem a cabe?a dentro da barraca para lhe ver a cara, apertam-lhe a m?o, trinta e cinco centímetros de passoubem, e eu aterrorizado sem sair do mesmo sítio. E tenho tanta, tanta pena do gigante que me apetece chorar. Saio da feira com o cora??o an?o. Nunca lhe vi a cara. Setembro de 1989 - A queda do giganteRui Och?a, Jornal Expresso, 3 de Outubro de 2009Chamava-se Gabriel Mondlane, media 2,65 metros, pesava mais de 180 quilos, e era considerado o homem mais alto do mundo, fazendo parte do Livro de Recordes do Guinness. O gigante de Mo?ambique, como era conhecido, veio pela primeira vez a Portugal em 1969, causando grande alvoro?o e curiosidade: em circos ou eventos privados, Gabriel era exibido pelo país como coisa rara e insólita, tendo viajado por todo o mundo. Regressou a Mo?ambique após a independência da antiga colónia. Por cá, as coisas n?o lhe correram de fei??o e rareavam os espectáculos. Casou-se e teve três filhos, vivendo do que lhe dava o restaurante que criara com o dinheiro (pouco) ganho com as exibi??es. Voltou uma segunda vez a Portugal, em 1979, mas o infortúnio perseguia-o: no Coliseu de Lisboa deu uma queda ao tentar subir as escadas, o que lhe provocou danos graves numa perna e a necessidade de um implante que foi fazer na ?frica do Sul. Regressou pela última vez a Lisboa em Setembro de 1989, alvo da mesma curiosidade de sempre e vítima dos mesmos interesses que o faziam deslocar-se penosamente pelo mundo. Uma nova queda, em Janeiro de 1990, no quintal da sua casa em Mandlakazi, a sua terra natal, foi-lhe fatal: fez um grave traumatismo craniano, do qual n?o recuperou, e morreu no Hospital de Maputo com apenas 45 anos.segunda fotografia é do Nuno Castelo-Branco.Foto 1. Gabriel Estêv?o Mondlane, de Manjacaze, aqui na Pra?a do Duque da Terceira em Lisboa, em 1989. Faleceria no ano seguinte, com 45 anos de idade.Foto 2. Da m?o do Nuno: “1968, arredores de Louren?o Marques. Era habitual a organiza??o de convívios “à portuguesa”, onde n?o podiam faltar as sardinhas, a broa, os grelhados -onde pontificava o frango à cafreal- e o vinho da Metrópole. Já Charles Boxer, na sua obra dedicada ao “Império Marítimo Português”, real?ava a particularidade da coloniza??o lusa, de recriar noutras paragens, aquilo que para trás deixara na Europa. Cidade cosmopolita, de arquitectura arrojada e avenidas grandiosas, a capital de Mo?ambique destacava-se na ?frica Austral. Local aprazível para viver e trabalhar, era também, o local ideal para as crian?as, onde a praia, os jardins, cinemas e campos de jogos, preenchiam as férias grandes de todos nós. Naquele fim de semana, fomos os três com os nossos pais, a um daqueles convívios-quermesses, decerto com fins beneficentes. O local era a Quinta do Marialva, cujo nome denota o apego dos seus proprietários a ecos longínquos da história portuguesa. A patuscada fez as delícias dos adultos e ainda hoje recordo o gigantesco coronel Anta, um autêntico sósia de Mussolini que conseguia devorar dúzias de sardinhas, abundantemente regadas de tinto. Quanto a nós, os miúdos, tivemos a recompensa do dia. Aquele género de feira era sempre ma?adora, afastando-nos dos brinquedos, da praia e dos vizinhos que connosco conviviam no ocioso quotidiano de ver?o. Após o prolongado repasto, surgiu o inconfundível vulto do Gigante de Manjacaze (1944-90), o Gabriel Monjane que povoava a nossa imagina??o de temores e curiosidade. Conhecendo-o através de fotografias em revistas e jornais, foi com surpresa e emo??o que tivemos o privilégio de receber a sua particular aten??o. O Gabriel gostava de crian?as e era uma pessoa calma e tímida. Para nosso grande alívio, caiu para sempre, a imagem que dos gigantes construíramos, através de leituras infantis ou de histórias inventadas pelos adultos, para nos “obrigar a comer a sopa”. Na foto, a minha m?e com a ?ngela, o meu irm?o Miguel que olha desconfiado e eu próprio, encadeado com a luz ofuscante do sol austral. Mais uma foto com história . N?o podíamos imaginar que uns poucos anos depois, abandonaríamos aquela terra, varridos por “ventos de uma certa história”, soprados de Portugal e de outras bem identificadas paragens deste mundo.”Foto3. Enviada pela Olinda Cavadinha, n?o sei quem é.Foto 4, enviada pela Olinda Cavadinha. Só tem uma nota dizendo que é de Dezembro de 1965.Foto 5, enviada pela Olinda Cavadinha.Foto 6, partilhada pelo Alfredo Correia. Gabriel e Toninho do Arcozelo (na foto, à direita de Gabriel) no Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, durante o funeral de António de Oliveira Salazar, Julho de 1970. Escreveu o Alfredo: ?”Gigante de Manjacaze”, Grabiel Estev?o Mondlane e o an?o português, Toninho de Arcozelo, que contracenava com o gigante nos círculos, feiras e pra?as públicas. O nome do an?o Toninho de Arcozelo, o ent?o homem mais curto do mundo, com 75 cm de altura, associa-se a Gabriel Mondlane pelo facto de ambos aparecerem juntos muitas vezes, no mesmo palco, como forma de evidenciar a diferen?a entre ambos.” ................
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