Santillana



Compreens?o do oral (I) — Transcri??o do texto?Padre António Vieira, Imperador da Língua Portuguesa?Padre António Vieira, sacerdote jesuíta, missionário no Brasil, o maior orador de Portugal e um dos seus maiores escritores. Um homem que exerceu um importante papel político e diplomático durante o reinado de D. Jo?o IV, de quem mereceu também a amizade. O Padre António Vieira nasceu em Lisboa. A sua família era pobre, e o seu pai partiu em 1609 para o Brasil para ali exercer um cargo público. Regressa em 1612, e dois anos mais tarde, já com a esposa e o filho, na altura com 6 anos, volta ao Brasil. Fixam-se na Baía e foi num colégio de Jesuítas aí existente que António Vieira recebeu a sua educa??o literária. Embora com oposi??o familiar, principiou no noviciado com 15 anos. Curiosamente, nos primeiros tempos foi mesmo um aluno medíocre. António Vieira ordena-se em dezembro de 1635. Em 1641, quando ao Brasil chegam as primeiras notícias de que Portugal se libertara do domínio castelhano, António Vieira e Sim?o de Vasconcelos s?o os dois padres jesuítas que vêm a Lisboa acompanhar o filho do marquês de Montalv?o, vice-rei, em nome de Filipe IV de Espanha, que decide reconhecer a nova dinastia. O Padre António Vieira conquistou logo a confian?a do monarca português e inicia uma assombrosa carreira de político — como disse alguém, foi um ministro da propaganda do rei. Os seus serm?es eram o espetáculo favorito da aristocracia lisboeta, tornando-se necessário reservar lugares na igreja dos Jesuítas a S?o Roque, onde ele pregava. Devido às ideias que defendia, nomeadamente o desejo de atrair os judeus ao País e o atacar de muitos abusos da Inquisi??o, arranjou muitos inimigos. Encarcerado pelo Santo Ofício, castigado várias vezes, foi, no entanto, também muito protegido por D. Jo?o IV, que lhe confiou muitas e variadas miss?es no estrangeiro. Em Portugal, sentiu-se rodeado de ódios, invejas, calúnias, e em janeiro de 1681 partiu para o Brasil, onde viveu mais 15 anos. Morreu na Baía em julho de 1697.Padre António Vaz Pinto:?Estamos aqui, no Centro Padre António Vieira, e é com todo o gosto que eu falo sobre esta figura extraordinária, lisboeta e português, que foi o referido Padre António Vieira. Nasceu em Lisboa, entrou na Companhia de Jesus no Brasil, viveu cerca de noventa anos, e é verdadeiramente espantoso o que este homem fez. A variedade de atividades que teve, em que se empenhou de um modo entusiasta e tantas vezes mal compreendido no seu tempo. Ele foi missionário, ele foi pedagogo, ele foi diplomata, ele foi pregador, ele foi escritor, e aliou nele a energia de vida, uma capacidade de compreens?o do real, uma capacidade de sonho, que fazem de facto dele uma das maiores figuras da História, da Literatura Portuguesa e concretamente do Barroco. N?o é por acaso que Fernando Pessoa, bastante insuspeito para o caso, lhe chama o ?imperador da língua portuguesa?. No meio de atividades t?o diversas, permanentemente em viagem, convencido de um destino único para Portugal, ele é e ficará na História, entre outras e muitas outras coisas, como um grande missionário e como um grande pregador. A Igreja de S?o Roque enchia-se para o ouvir, toda a corte, os próprios reis, e era com uma coragem e um desassombro, uma imagina??o também, que ele de facto anunciava e traduzia, na linguagem de ent?o, evidentemente, o Evangelho para os homens e para uma sociedade bem necessitada. Pode, de facto, dizer-se ter sido uma das mais espantosas figuras da Restaura??o portuguesa, da Igreja portuguesa, da Companhia de Jesus e um dos maiores literatos e, concretamente, escritores do século xvii.?Na Sé de Lisboa, foi colocada em 1897 uma lápide comemorativa do seu nascimento, que o classifica assim: Padre António Vieira, da Companhia de Jesus, político, missionário, clássico, moralista, orador, defensor dos fracos e oprimidos, sempre patriota, espelho de virtude crist?, benemérito e glória da nossa boa terra portuguesa. ................
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