VALENÇA, A MEMÓRIA DO PASSADO E O PRESENTE - CORE

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VALEN?A, A MEM?RIA DO PASSADO E O PRESENTE

Regina Faria Arieira1

A intensa crise pol?tica e econ?mica do final do s?culo XVII engendrou um mundo alternativo ? metr?pole portuguesa, que at? o presente momento esteve presa aos p?ntanos da baixada fluminense. A Serra que os circundavam, povoada por ?ndios e animais de todas as esp?cies, era denominada de "?reas Proibidas do Sert?o do Rio Preto", pela pr?pria Coroa Portuguesa. O efetivo motivo de impedir a amplia??o geogr?fica e a sua ocupa??o, at? aquele momento, era a cobran?a dos altos impostos alfandeg?rios ao longo de todo o Caminho Novo aos mercadores e tropeiros, al?m de que, a regi?o fosse usada pelos contrabandistas de ouro.

A segunda metade do s?culo XVIII foi marcada pelo esfor?o de conquistar essas novas ?reas. Durante quase todo esse per?odo, as terras do Vale do Para?ba ainda mantinha intacta sua exuberante floresta de mata Atl?ntica, violada apenas por algumas trilhas abertas na mata por contrabandistas e povoada por ?ndios. Aqui retratada magnificamente por Jean-Baptiste Debret, um dos artistas contempor?neos do Brasil Colonial, e que acompanhou a ocupa??o e transforma??o da regi?o.

1- Professora Adjunta do Centro de Ensino Superior de Valen?a, mestre em Hist?ria Social pela Universidade Severino Sombra, Graduada em Ci?ncias Sociais e Hist?ria pelo CESVA /FAA.

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Os habitantes do Sert?o de Valen?a eram os ?ndios Coroados, resultantes do cruzamento dos Caiap?s com os tem?veis Goitac?s de Campos, que se estabeleceram na margem superior do Rio Para?ba do Sul. O interc?mbio crescente, com outros grupos ind?genas nativos das redondezas gerou, rivalidades e miscigena??o entre eles de acordo com diversos relatos de ?poca. Os grupamentos ind?genas foram assim identificados como: Miritis ou Purus; Pit?s; Coroados de Valen?a; Ximinins ou Xumet?s; Arari; Taipurus e outros.

A Coroa Portuguesa, inicia o seu projeto de ocupa??o com a distribui??o de sesmarias no "Sert?o". A nova regi?o atraiu gente de todo lugar: mineradores, portugueses a?oreanos, e valentes cariocas que subiam "as Terras de Serra a Cima" (como era denominada essa regi?o pelos moradores da Baixada), a fim de se dedicarem aos neg?cios da lavoura. A nova vida lan?ava o desafio: Vencer a floresta e advir aos ?ndios.

J? no fim do s?culo XVIII, em 1789, o vice-rei D. Lu?s de Vasconcelos e Souza, designa o capit?o de ordenan?as In?cio de Souza Werneck a combater e afastar os ?ndios coroados nas "?reas do Sert?o do Rio Preto". Com a gradativa amplia??o de sua a??o inicia-se a catequese dos habitantes de v?rios aldeamentos ind?genas sob o comando do Padre Manoel Gomes Leal. Posteriormente, em 1801, agilizou-se o processo de aldeamento dos ?ndios Coroados, pois, a cada dia que passava o conv?vio entre fazendeiros e ?ndios ia se tornando insuport?vel.

Nesse novo cen?rio, em 1803 ? fundada a aldeia onde foi erguida uma capela sob a invoca??o de Nossa Senhora da Gl?ria, tomando o nome de Aldeia de Valen?a, em honra a D. Fernando Jos?, descendente dos nobres de Valen?a em Portugal.

Com a efetiva conquista em 1808, o Sert?o de Valen?a ? mapeado atrav?s da descri??o de seus caminhos e rios. O trabalho ?mpar de autoria de In?cio de Sousa Werneck contribui para a crescente penetra??o e circula??o na regi?o.

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No desejo de prosperar e organizar, a pequena vila ? elevada a categoria de cidade no idos de 1857. O crescimento da cidade, e de sua popula??o foi destacado pelo escritor franc?s Charles Ribeyrolles em visita a regi?o pela segunda vez destaca que: Valen?a tem prosperado. [...] Suas estradas s?o belas e a ligam a outros pontos da prov?ncia. [...].

No cerne desse contexto, o caf? enriquece Valen?a, transformando as ?reas isoladas em fazendas pr?speras com seus solares rurais e uma aristocracia agr?ria que influencia a cultura na terra fluminense. Sustentando a estrutura agr?ria descrita um grande n?mero de bra?os escravos ? utilizado, dado a aus?ncia de maquin?rio nas lavouras cafeeiras da regi?o.

Fazenda Santo Ant?nio do Paiol. Antiga propriedade dos herdeiros de Manoel Ant?nio Esteves. Somente parte do conjunto resistiu ao tempo. Marc Ferrez. Cole??o Gilberto Ferrez. IMS

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O decl?nio cafeeiro de Valen?a ocorre com a Lei ?urea de 1888. Portanto, a regi?o n?o se preparou para a aboli??o, perdeu-se de uma hora para outra os seus numerosos escravos ? a sua m?o-de-obra cafeeira. Segundo Luiz Damasceno, Valen?a foi apanhada de surpresa, tendo naquele ano perdido duas ter?as partes da colheita. Com isso, ficou praticamente invi?vel a sobreviv?ncia econ?mica das grandes lavouras cafeeiras. A vegeta??o nativa tomou conta dos cafezais e, pouco a pouco a cria??o do gado vacum prosperou na regi?o. O mundo rural come?a a se reestruturar e ocorre uma migra??o de lavradores e investidores para outras ?reas mais pr?speras. A popula??o que nos idos do s?culo XIX, era na maioria rural se transforma pouco a pouco em urbana.

Em virtude de todos esses fatores e da import?ncia que o caf? tinha para Valen?a, a cidade caiu em um estado de decad?ncia por vinte anos, com o com?rcio estagnado e as propriedades rurais e urbanas desvalorizadas.

Com investimentos na cidade por parte de imigrantes italianos, novos caminhos come?am a ser trilhados. A partir de 1906, com a funda??o da f?brica de tecidos Industrial de Valen?a e posteriormente com a abertura de outras ind?strias t?xteis ocorre o ressurgimento de Valen?a. Os anos 50, chegam e Valen?a volta a despontar por sua estabilidade econ?mica urbana e rural. Ao longo dos anos subsequentes, desafios e incertezas, econ?micas e pol?ticas ressurgem com o advento da globaliza??o: ind?strias fechadas, crise na pecu?ria e latic?nio, al?m da desestrutura social. Como uma f?nix, Valen?a busca atrav?s do turismo, do com?rcio e de sua tradi??o de cidade universit?ria novas alternativas de sobreviv?ncia no s?culo XXI.

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A Princesinha da Serra ou a Valen?a de hoje, situa-se no Estado do Rio de Janeiro, em uma regi?o denominada M?dio Para?ba, com altitude m?dia de 560 metros acima do n?vel do mar e com clima tropical ?mido. Sua divis?o administrativas apresenta-se da seguinte forma: Valen?a-sede; Santa Isabel do Rio Preto; Conservat?ria; Parape?na; Pentagna e Bar?o de Juparan?. O munic?pio hist?rico, localizado entre o vales dos Rios Preto e Para?ba do Sul, na divisa do Estado de Minas Gerais faz limites com: Barra do Pira? , Barra Mansa, Passa Vinte (MG), Quatis, Rio das Flores, Rio Preto (MG), Santa B?rbara do Monte Verde (MG), Santa Rita de Jacutinga (MG) e Vassouras.

V A L E N ? A

Divis?o Administrativa

Na sede do munic?pio, a cidade de Valen?a, primeiro distrito, encontra-se

estruturada com 53 bairros aproximadamente, que surgiram ao longo da ocupa??o

territorial e do desmembramento de fazendas e/ou grandes ?reas particulares. Os

bairros s?o assim denominados: ?gua Fria; Aparecida; Barroso; Biquinha; Bela

Vista; Belo Horizonte; Benfica; Cambota; Canteiro; Carambita; Centro; Cidade de

Deus; Chacrinha; Chica Cobra (Santa Cec?lia); Conquista; Esplanada do Cruzeiro;

Esteves; F?tima; Hildebrando Lopes; Jardim Dona Angelina; Jardim Valen?a; Jo?o

Dias; Jo?o Bonito; Laranjeiras; Loteamento S?o Marcos; Matadouro; Monte Belo;

Monte D' Ouro; Morada do Sol; Morro do Querozene; Nossa Senhora de Lourdes

(Engenheiros); Os?rio; Parque Pentagna; Passagem; Para?so; Ponte Funda; S?o

Bento; S?o Francisco; S?o Jos? das Palmeiras; Santa Clara; Santa Cruz; Santa

In?cia; Santa Luzia; Santa Therezinha (Marques?o); Santa Rosa; Serra da Gl?ria

(Nossa Senhora da Gl?ria); Spala I; Spala II; Torres Homem; Oswaldo Fonseca

(Vadinho Fonseca); Vale do Sabi?; Vale Verde; Varginha.

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