Conceito, beleza e contemporaneidade: fragmentos históricos ... - Univali
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Conceito, beleza e contemporaneidade: fragmentos hist¨®ricos no decorrer da
1
evolu??o est¨¦tica
Camila Suenaga 2
Daiane Carla Lisboa 3
Mariane Santos da Silva 4
Vandressa Bueno de Paula 5
Resumo:
A est¨¦tica sempre esteve ligada ¨¤s reflex?es filos¨®ficas, a cr¨ªtica liter¨¢ria ou a
hist¨®ria da arte. Para compreender o belo contempor?neo, ¨¦ preciso voltar aos
pensamentos e conceitos que constituem a sociedade. Os padr?es est¨¦ticos n?o
s?o eternos, variam no tempo e no espa?o, de uma regi?o ¨¤ outra, de uma cultura a
outra. Assim, para melhor compreender este universo cultural est¨¦tico ¨¦ preciso
identificar os principais fragmentos hist¨®ricos da beleza, buscando-os nas diferen?as
entre os povos que podem ser influenciadas pelo clima, cren?as religiosas, a hist¨®ria
da sociedade, os regimes pol¨ªticos, os sistemas econ?micos, etc. O estudo ora
apresentado caracteriza-se por uma pesquisa de car¨¢ter explorat¨®rio cujo objetivo ¨¦
o de analisar a constru??o do embelezamento no decorrer da hist¨®ria da est¨¦tica.
Foram levantados estudos que relacionam este contexto em livros, revistas e sites.
Pode-se perceber que a beleza ¨¦ representada como um dever cultural, sobre
influ¨ºncias da m¨ªdia e da moda, onde o corpo ¨¦ transformado em mercadoria e o
objeto de desejo o corpo padr?o, ou, a beleza padr?o. Entende-se que o padr?o de
beleza ideal ¨¦ mut¨¢vel e que a busca por este, quando n?o concretizado, pode
acarretar graves consequ¨ºncias ao ser humano.
Palavras-chaves: Est¨¦tica; Hist¨®ria; Beleza; Padr?o Est¨¦tico; Pesquisa explorat¨®ria.
1
Artigo apresentado como requisito para aprova??o no Curso de Especializa??o Lato Senso em
Est¨¦tica Facial e Corporal, da Universidade do Vale do Itaja¨ª, Unidade Ilha, Florian¨®polis, SC, sob
orienta??o do Prof. Msc Mariane Santos da Silva. Novembro, 2012.
2
Acad¨ºmica do Curso de Cosmetologia e Est¨¦tica da Universidade do Vale do Itaja¨ª ¨C UNIVALI,
Unidade Ilha, Santa Catarina. E-mail: camilasuenaga@
3
Acad¨ºmica do Curso de Cosmetologia e Est¨¦tica da Universidade do Vale do Itaja¨ª ¨C UNIVALI,
Unidade Ilha, Santa Catarina. E-mail: daialisboa@
4
Orientadora, Professora do Curso de Cosmetologia e Est¨¦tica da Universidade do Vale do Itaja¨ª ¨C
UNIVALI, Unidade Ilha, Santa Catarina. E-mail: mariane_silva@univali.br
5
Co-orientadora, Professora do Curso de Cosmetologia e Est¨¦tica da Universidade do Vale do Itaja¨ª ¨C
UNIVALI, Unidade Ilha, Santa Catarina. E-mail: vbuenop@
Trabalho de Conclus?o do Curso de Cosmetologia e Est¨¦tica, da Universidade do Vale do Itaja¨ª, no
segundo semestre de 2012.
2
1 INTRODU??O
Diversas ¨¢reas de conhecimento (psicologia, filosofia, antropologia, entre
outros) t¨ºm suas defini??es de beleza e est¨¦tica. Ressaltando que no dicion¨¢rio
Aur¨¦lio Buarque de Holanda Ferreira, o belo ¨¦ o que tem forma perfeita e
propor??es harm?nicas; que ¨¦ agrad¨¢vel, elevado, sublime. (1998, p.90).
A busca da beleza e do esteticamente belo segundo Schubert (2009) ¨¦ t?o
antiga quanto ¨¤ exist¨ºncia da humanidade. O estilo e o asseio pessoal se
transformaram muito ao longo da hist¨®ria e refletiram as tradi??es e costumes de
per¨ªodos espec¨ªficos. Portanto os padr?es de beleza modificam-se a cada ¨¦poca em
fun??o da sua evolu??o comportamental. Idealiza-se que a est¨¦tica e a beleza
acompanhe sempre o padr?o utilizado como ideal. O presente trabalho tem por
objetivo analisar a constru??o do embelezamento no decorrer da hist¨®ria da est¨¦tica.
1.2 Compreens?o do Belo
A etimologia da palavra est¨¦tica vem do grego aisthesis, conforme Duarte
(2001 p.13) que afirma ser: "capacidade do ser humano de sentir a si pr¨®prio e ao
mundo num todo integrado". T?o simples de entender como o ¨¦ entender o seu
oposto: anestesia - perda das sensa??es, perda dos sentidos. Hillman (1993, p.17)
tamb¨¦m d¨¢ o seu entendimento de aisthesis: "A palavra em grego para percep??o
ou sensa??o era aisthesis, que significa, na origem, "inspirar" ou "conduzir" o mundo
para dentro. A aisthesis trata da rela??o com o mundo.¡± (HILLMAN, 1993, p.17).
Sabe-se que a est¨¦tica sempre esteve ligada as reflex?es filos¨®ficas, a cr¨ªtica
liter¨¢ria ou a hist¨®ria da arte (BAYER, 1968, p.13). Segundo Schubert (2009)
diferentes ¨¦pocas e culturas t¨ºm seus modelos ou padr?es espec¨ªficos de beleza.
Assim, para a compreens?o do belo contempor?neo, voltemos para os pensamentos
que constituem a sociedade. (SCHUBERT, 2009).
Segundo Croce (1912, p.35) a arte ¨¦ a vis?o ou intui??o, em suas palavras ¡°o
artista produz uma imagem ou fantasma; e quem aprecia a arte dirige o olhar para o
ponto que o artista lhe apontou, olha pela fresta que ele lhe abriu e reproduz em si
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aquela imagem¡±, cria uma concep??o em rela??o a no??es de gosto, de equil¨ªbrio,
de harmonia e de perfei??o da obra. (CROCE, 1912, p.35).
Para Adorno (1950, p.12-13) a arte tem seu conceito na constela??o de
momentos que se transformam historicamente. O car¨¢ter art¨ªstico espec¨ªfico que
nela existe deve deduzir-se, quanto ao conte¨²do, qualquer exig¨ºncia de uma
est¨¦tica. A est¨¦tica da arte segundo Croce (1912, p.111) tinha como problema
responder qual o papel que a arte exerce na vida do esp¨ªrito, da rela??o da fantasia
com o conhecimento l¨®gico e com a vida pr¨¢tica e a moral. (CROCE, 1912, p.111).
Em decorr¨ºncia desse fato os pensadores da filosofia antiga, sob est¨ªmulos
da f¨ªsica e da metaf¨ªsica, desenvolveram di¨¢logos est¨¦ticos e cr¨ªticas para
compreender o problema est¨¦tico. Segundo Croce (1912, p.187) destacaram-se de
maneira negativa, Plat?o com a nega??o do valor da poesia, positivamente, com a
defesa de Arist¨®teles, que tentou garantir ¨¤ poesia um dom¨ªnio pr¨®prio entre o da
hist¨®ria e o da filosofia, e por outro lado, com as especula??es de Plotino, que, pela
primeira vez, juntou os dois conceitos, que vagavam separados, da ¡°arte¡± e do
¡°belo¡±. (CROCE, 1912, p.187).
Com o surgimento da filosofia moderna, a est¨¦tica segundo Croce (1912, p.111),
entre seiscentos e setecentos, separa a arte do sentimento est¨¦tico. Cumpre
ressaltar que segundo Adorno (1950, p. 21) Kant foi o primeiro a adquirir o
conhecimento, segundo o qual o comportamento est¨¦tico est¨¢ isento dos desejos
imediatos, referiu-se a est¨¦tica como a ci¨ºncia do belo. Em sua Obra Cr¨ªtica da
Faculdade do Ju¨ªzo I (XVII), Kant compreende que:
N?o pode haver nenhuma regra de gosto objectiva, que determine
por meio de conceitos o que seja belo. Pois todo ju¨ªzo proveniente
desta fonte ¨¦ est¨¦tico; isto ¨¦, o sentimento do sujeito e n?o o conceito
de um objeto ¨¦ o seu fundamento determinante. Procurar um
princ¨ªpio de gosto, que fornecesse o crit¨¦rio universal do belo atrav¨¦s
de conceitos determinados, ¨¦ um esfor?o infrut¨ªfero, porque o que ¨¦
procurado ¨¦ imposs¨ªvel e em si mesmo contradit¨®rio. (KANT, apud
CEIA, 1790).
Em contrapartida, segundo Bayer (1978, p.180), Baumgarten foi o primeiro
esteta a ter uma doutrina de beleza e a separar o belo da ci¨ºncia e a considerar a
est¨¦tica uma ci¨ºncia. O fim da est¨¦tica ¨¦ estabelecer o que ¨¦ beleza, e o
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conhecimento sens¨ªvel ¨¦ o belo. A beleza, segundo Baumgarten, manifesta-se sob
tr¨ºs aspectos:
Reside primeiro num acordo dos pensamentos, abstraindo da ordem
por que se apresentam e dos sinais que servem para exprimi-los; o
acordo desses pensamentos entre si num s¨® elemento ¨¦ fenomenal.
[...] A beleza ¨¦ o acordo da ordem interna segundo a qual arrumamos
as coisas belamente pensadas. Mas a ordem das coisas ¨¦ uma
ordem interna que deve ser sentida e n?o pensada. [...] Finalmente, a
terceira defini??o da beleza, segundo Baumgarten, ¨¦ o acordo dos
sinais, acordo interno, acordo com os pensamentos e acordo com as
coisas. ? o acordo da express?o, da dic??o, com os pensamentos,
com a ordem por que se arrumam e com as pr¨®prias coisas.
(BAUMGARTEN apud BAYER, 1978, p. 180- 181).
No s¨¦culo XIX, Hegel influenciado pela escola de Baumgarten e pelas id¨¦ias
kantianas, defendeu o pensamento que o belo n?o ¨¦ uma realidade absoluta e
intoc¨¢vel pelo ser humano, o belo ¨¦ resultado do trabalho humano realizado em
comunidade. (CEIA, 2006).
2 FRAGMENTOS HIST?RICOS DA BELEZA ATRAV?S DOS TEMPOS
Os padr?es est¨¦ticos n?o s?o eternos, variam no tempo e no espa?o e de
uma regi?o ¨¤ outra. As diferen?as entre os povos podem ser influenciadas pelo
clima, as cren?as religiosas, a hist¨®ria da sociedade, os regimes pol¨ªticos, os
sistemas econ?micos, etc. (KURY; HANGREAVES; VALEN?A, 2000). Para melhor
compreender o universo cultural est¨¦tico vamos identificar os principais fragmentos
hist¨®ricos da beleza.
2.1 In¨ªcio dos tempos
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Desde os tempos mais remotos da hist¨®ria e da pr¨¦-hist¨®ria, o ser humano faz
do seu corpo um objeto cultural. Existem muitos relatos em que os povos primitivos
usavam subst?ncias para maquiagem e embelezamento, demonstrando a
preocupa??o com a apar¨ºncia. Rostos e corpos eram pintados e tatuados para
agradar aos deuses e afugentar os maus esp¨ªritos. (KURY; HANGREAVES;
VALEN?A, 2000).
Os eg¨ªpcios foram os primeiros a cultivar a beleza de uma forma
extravagante. Eles usavam os cosm¨¦ticos como parte de seus h¨¢bitos de
embelezamento pessoal, para cerim?nias religiosas e ao preparar os mortos para o
enterro. Um dos usos mais antigos da henna era como enfeite no antigo Egito, para
a arte corporal e as unhas. Para os antigos eg¨ªpcios, a limpeza era uma forma de
prote??o contra o mal e tamb¨¦m contra as doen?as. (D¡¯ANGELO; LOTZ; DEITZ,
2011, p.5).
Os antigos hebreus tinham in¨²meras t¨¦cnicas de asseio e cuidados com a
pele. Em raz?o de sua natureza n?made, eles adotavam muitas t¨¦cnicas de outras
culturas. Os rituais de asseio dos hebreus eram fundamentos no princ¨ªpio de que o
corpo era um presente, que deveria ser bem cuidado. Os cosm¨¦ticos eram usados
principalmente para a limpeza e conserva??o da pele, dos cabelos, dos dentes e da
sa¨²de em geral. Eles usavam azeite de oliva e ¨®leo de semente de uva para hidratar
e proteger a pele. Preparavam pomada de hissopo (uma planta arom¨¢tica
encontrada originalmente perto do Mar Negro e da ?sia central) para limpeza, e
tamb¨¦m b¨¢lsamos de canela para conservar o calor do corpo. A mirra e a rom? eram
os produtos mais ¨²teis para eles: a mirra em p¨® era usada como antic¨¦ptico e
ajudava a repelir os vermes intestinais. (D¡¯ANGELO; LOTZ; DEITZ, 2011, p.5).
Os padr?es de beleza e harmonia criados na Gr¨¦cia Cl¨¢ssica (V e IV d.C) s?o
imitados at¨¦ hoje. Os gregos nos transmitiram o gosto pela harmonia, pela
propor??o das formas, pelo equil¨ªbrio perfeito. (KURY; HANGREAVES; VALEN?A,
2000, p.17). O ideal grego inclu¨ªa a perfei??o da mente e do corpo. Os atletas
gregos eram a defini??o do equil¨ªbrio entre a mente e o corpo. Os gregos viam o
corpo como um templo. Eles costumavam a banhar em azeite de oliva e polvilhar
uma areia fina por cima, para regular a temperatura do corpo e se proteger do sol,
mostrando que conheciam muito bem os efeitos dos elementos naturais sobre o
corpo e o processo de envelhecimento. Costumavam usar mel e azeite de oliva para
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