Violência de gênero: conhecimento e conduta dos ...

 Artigo Original

Viol?ncia de g?nero: conhecimento e conduta dos profissionais da estrat?gia sa?de da fam?lia

Revista Ga?cha de Enfermagem

Gender violence: knowledge and professional conduct of the family health strategy

La violencia de g?nero: conocimiento y conducta profesional de la estrategia salud de la familia

Lidiane de Cassia Amaral Martinsa Ethel Bastos da Silvaa

Alit?ia Santiago Dil?liob Marta Cocco da Costaa

Isabel Cristina dos Santos Colom?a Jaqueline Arboitc

Como citar este artigo: Martins LCA, Silva EB, Dil?lio AS, Costa MC, Colom? ICS, Arboit J. Viol?ncia de g?nero: conhecimento e conduta dos profissionais da estrat?gia sa?de da fam?lia. Rev Ga?cha Enferm. 2018;39:e20170030. doi: .

doi:

a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Campus Palmeira das Miss?es. Departamento de Ci?ncias da Sa?de, Palmeira das Miss?es, Rio Grande do Sul, Brasil.

b Universidade Federal de Pelotas (UFPeL), Departamento de Enfermagem, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.

c Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Campus Santa Maria. Programa de P?s-Gradua??o em Enfermagem, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

RESUMO Objetivo: Avaliar os conhecimentos e condutas de profissionais de unidades da Estrat?gia Sa?de da Fam?lia frente ? viol?ncia de g?nero. M?todos: Estudo descritivo, realizado com 53 profissionais de sete unidades de Estrat?gia Sa?de da Fam?lia no per?odo de mar?o a julho de 2015. Os dados foram coletados por meio de instrumento autopreenchido e analisados no software Excel 2007. Resultados: Observou-se que o conhecimento dos profissionais sobre as defini??es, epidemiologia e manejo da viol?ncia variou de razo?vel a ?timo, apesar de conhecerem pouco sobre a preval?ncia de viol?ncia durante o per?odo gestacional. Quanto ?s condutas, evidenciou-se dificuldade em questionar as mulheres sobre a viol?ncia e sua notifica??o. Os profissionais com menor tempo de assist?ncia e que receberam capacita??o apresentaram condutas mais adequadas. Conclus?es: Sugere-se a realiza??o de a??es educativas visando fornecer subs?dios para a atua??o dos profissionais frente aos casos de viol?ncia de g?nero. Palavras-chave: Viol?ncia contra a mulher. Estrat?gia sa?de da fam?lia. Conhecimento. Atitude.

ABSTRACT Objective: To evaluate the knowledge and behaviors of health professionals of units of the Strategies Family opposite gender violence. Methods: This descriptive study with 53 seven of units of the family health strategy professionals from March to July 2015. Data were collected through a self-administered instrument and analyzed in Excel 2007 software. Results: It was observed that the knowledge of professionals about definitions, epidemiology and management of violence ranged from reasonable to good, despite knowing little about the prevalence of violence during pregnancy. Regarding the conduct was evident difficulty in questioning women about violence and its notification. Professionals with shorter assistance and who received training were more assertive results regarding conduct. Conclusions: It is suggested that educational actions in service be carried out in order to provide subsidies for the professionals' action against cases of gender violence. Keywords: Violence against women. Family health strategy. Knowledge. Attitude.

RESUMEN Objetivo: Evaluar el conocimientos y el comportamientos de profesionales de unidades de la salud de la familia Estrategias violencia de g?nero opuesto. M?todos: Estudio descriptivo con 53 profesionales de unidades de La salud de la familia de siete estrat?gias en el per?odo de marzo a julio de 2015. Los datos fueron recolectados a trav?s de un instrumento de auto-administrados y analizados en el software Excel 2007. Resultados: Se observ? que el conocimiento de los profesionales acerca de las definiciones, la epidemiolog?a y la gesti?n de la violencia vari? de razonable buena, a pesar de saber poco acerca de la prevalencia de la violencia durante el embarazo. En cuanto a la conducta era evidente dificultad para cuestionar las mujeres acerca de la violencia y su notificaci?n. Los profesionales con la asistencia m?s corto y que recibieron entrenamiento fueron los resultados m?s asertivo respecto a la conducta. Conclusiones: Sugieren la realizaci?n de actividades de educaci?n en servicio para proporcionar informaci?n para el trabajo de los profesionales en los casos de violencia de g?nero. Palabras clave: Violencia contra la mujer. Estrategia de salud familiar. Conocimiento. Actitud.

Vers?o on-line Portugu?s/Ingl?s: scielo.br/rgenf seer.ufrgs.br/revistagauchadeenfermagem

Rev Ga?cha Enferm. 2018;39:e2017-0030 1

Martins LCA, Silva EB, Dil?lio AS, Costa MC, Colom? ICS, Arboit J

INTRODU??O

M?TODO

A viol?ncia de g?nero ? um grave problema de sa?de p?blica(1), apresentando alta preval?ncia mundial. Estudo revela que uma a cada tr?s mulheres j? vivenciou viol?ncia f?sica ou sexual por parceiro ?ntimo, familiares ou pessoas com quem a mulher tenha rela??o ?ntima de afeto(2).

As consequ?ncias da viol?ncia de g?nero na sa?de das mulheres faz com que elas procurem os servi?os de sa?de mais pr?ximos de suas resid?ncias demandando respostas(3). Nesta dire??o, a Aten??o B?sica de Sa?de, representada pela Estrat?gia Sa?de da Fam?lia (ESF), ? reconhecida como um espa?o prop?cio para acolher mulheres em situa??o de viol?ncia de g?nero, pelo fato de que este modelo de aten??o tem o v?nculo como base da rela??o profissional/usu?rio e trabalha com adscri??o da popula??o no territ?rio(4).

A viol?ncia de g?nero ? apontada como problema de sa?de pelos profissionais da ESF, embora n?o seja tratada como demanda priorit?ria. A inexist?ncia de um programa espec?fico para o enfrentamento deste agravo ? um dos motivos do d?ficit de acolhimento desta demanda(5). A inexist?ncia de uma rede de servi?os estruturada e articulada tamb?m dificulta o atendimento(4). Desse modo, a investiga??o de casos de viol?ncia de g?nero pelo setor sa?de ? negada pelos profissionais, sendo vista como uma quest?o social, de compet?ncia de outros setores. Quando identificada, as a??es restringem-se ao tratamento de les?es(3).

Constata-se assim, dificuldades de reconhecimento da viol?ncia pelos profissionais da sa?de, sendo a falta de capacita??o profissional um fator motivador para isso(6). O despreparo profissional advindo da forma??o ou da aus?ncia de qualifica??o em servi?o reflete diretamente nas a??es de atendimento a essa problem?tica, impactando no n?o reconhecimento da viol?ncia que acomete muitas das mulheres que procuram o servi?o(7).

Atender mulheres que vivenciam viol?ncia de g?nero requer do profissional da ESF uma vis?o de mundo e de pr?ticas de cuidado voltadas ?s quest?es de g?nero. O conhecimento sobre as necessidades em sa?de geradas pela opress?o feminina com base em quest?es de g?nero deve nortear as condutas das equipes. No entanto, nem sempre este conhecimento est? presente, o que implica diretamente em condutas limitadas pelo modelo biom?dico, representadas pela medicaliza??o e psicologiza??o(4).

Diante da problem?tica, o estudo tem como quest?o norteadora: Quais os conhecimentos e as condutas de profissionais de ESF frente ? viol?ncia de g?nero? O objetivo consiste em avaliar os conhecimentos e as condutas de profissionais de unidades de ESF frente ? viol?ncia de g?nero.

Estudo descritivo, com abordagem quantitativa, realizado com profissionais de sa?de de sete unidades de ESF de um munic?pio da regi?o noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Todas as unidades de ESF existentes no munic?pio constitu?ram o cen?rio do estudo. No ?mbito destas unidades ? prestada assist?ncia ? sa?de das mulheres mediante consultas de pr?-natal e puerp?rio, preven??o de c?ncer de mama e colo de ?tero, preven??o de Infec??es Sexualmente Transmiss?veis e planejamento familiar.

No per?odo de coleta de dados, estas unidades contabilizavam 73 profissionais de sa?de. Os crit?rios de inclus?o foram: ser profissional de sa?de (m?dico, enfermeiro, t?cnico de enfermagem, agente comunit?rio de sa?de, odont?logo ou auxiliar de sa?de bucal) e trabalhador de unidade de ESF. Como crit?rio de exclus?o: estar em licen?a de qualquer natureza no per?odo de coleta de dados.

Para a amostra final, dois profissionais (2,7%) foram exclu?dos por estarem afastados, cinco (7,0%) n?o aderiram ? pesquisa e 13 (18,3%) n?o responderam o question?rio, totalizando 53 profissionais de sa?de, refletindo uma taxa de resposta de 74,6%.

Utilizou-se um question?rio de autopreenchimento adaptado do instrumento utilizado por Vieira e Vicente(8). Para a escala de atitudes, foram inseridas quest?es de um question?rio empregado na ?frica do Sul(9). O instrumento passou por um processo de tradu??o e adapta??o transcultural(10). Quest?es abordando vari?veis sociodemogr?ficas foram inclu?das.

O question?rio foi testado com dois profissionais do Centro de Planejamento e Assist?ncia ? Sa?de da Mulher do munic?pio e modificado para ser aplicado aos profissionais da ESF. A coleta de dados ocorreu de mar?o a julho de 2015. O question?rio foi entregue em envelope fechado com orienta??es de preenchimento para cada membro da equipe da ESF. O pesquisador respons?vel entregou e explicou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Ap?s, os profissionais que aceitaram participar do estudo assinaram o TCLE em duas vias, ficando uma via com estes e a outra com a pesquisadora. Ap?s uma semana, o question?rio foi recolhido.

Realizou-se uma an?lise descritiva sobre o conhecimento e atitudes do profissional sobre viol?ncia de g?nero, com quest?es sobre o conceito, epidemiologia e percep??o do profissional sobre o assunto. As quest?es sobre o conhecimento eram de verdadeiro (V) e falso (F) e aquelas sobre o conceito de viol?ncia, todas verdadeiras. Sobre epidemiologia, a primeira e a ?ltima eram: F, e a segunda e a terceira: V; sobre a revela??o da viol?ncia, as respostas: V, F,

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Viol?ncia de g?nero: conhecimento e conduta dos profissionais da estrat?gia sa?de da fam?lia

V, F e V; em rela??o ao manejo de casos, as respostas: F, V, F, V, V; quanto a ind?cios de casos de viol?ncia, as respostas eram: F, V, F, F, F, V, V, F e V. Sobre atitudes, as respostas eram de concord?ncia ou discord?ncia. Quanto a como o profissional se sente ao abordar a temas como viol?ncia, sexualidade e uso de drogas, as op??es de respostas eram: incomodado, ? vontade e indiferente.

Os dados foram inseridos e analisados no software Excel 2007 a partir da frequ?ncia simples de cada vari?vel, e estratifica??o por tempo de assist?ncia e capacita??o no servi?o para vari?veis relacionadas ao atendimento. Para analisar o conhecimento e a conduta dos profissionais, elaborou-se um escore de repostas certas, erradas e n?o sabe. Para acertos adotou-se o seguinte: < 50% de acertos ? baixo conhecimento, 50% a 60% de acertos ? razo?vel, 61% a 70% ? bom, 71% a 80 ? muito bom, 81% a 90 ? ?timo e > 91% ? excelente. Para os erros: < 50% de erros ? baixo conhecimento, 50% a 60% ? razo?vel, 61% a 70% ? pouco conhecimento, 71% a 80% ? muito pouco, 81% a 90% ? pouqu?ssimo e > 91% ? quase nenhum conhecimento. E, para as respostas n?o sabe: < de 50% ? baixo conhecimento, 50% a 60% ? conhecimento razo?vel, 61% a 70% n?o sabe ? pouco conhecimento, de 71% a 80% ? muito pouco conhecimento, de 80% a 91% ? pouqu?ssimo conhecimento e > 91 % ? quase nenhum conhecimento.

O estudo respeitou as normas da Resolu??o n? 466/2012 do Conselho Nacional de Sa?de sendo aprovado pelo Comit? de ?tica em Pesquisa sob o Parecer n? 909978.

RESULTADOS

Quanto ?s caracter?sticas dos participantes, a m?dia de idade era 37,7 anos; 88,7% se autodeclararam brancos; 54,8%, cat?licos; quanto ao estado civil, 62,2% eram casados. Quanto ao n?vel de instru??o, 13,3% eram graduados em enfermagem; 5,7%, medicina; 3,7%, odontologia; 22,6%, em outros cursos (letras, gest?o p?blica, biologia, pedagogia, educa??o f?sica e servi?o social), 45,3% possu?am n?vel m?dio ou fundamental e 9,4% n?o responderam.

Quando questionados acerca da capacita??o profissional sobre a viol?ncia, 83,1 consideraram muito importante e 66,0% afirmaram ter recebido instru??o no servi?o. Ao avaliar os sentimentos dos profissionais acerca da viol?ncia de g?nero, observou-se que 52,0% sentiam-se incomodados ao perguntar se a mulher vive situa??es de viol?ncia com o parceiro e 44%, ao perguntar sobre drogas il?citas. Os profissionais sentiam-se ? vontade para perguntar sobre tabagismo (88,0%) e a respeito do consumo de ?lcool (58,0%) (Tabela 1).

Tabela 1 - Descri??o da amostra de acordo com o sentimento do profissional da Estrat?gia de Sa?de da Fam?lia acerca do fen?meno da viol?ncia de g?nero durante a assist?ncia prestada. Palmeira das Miss?es/RS, Brasil, 2015

Como o profissional se sente ao questionar:

A respeito do consumo de bebidas alco?licas. Se a usu?ria ? tabagista ou n?o. Sobre a vida sexual da usu?ria. Se a usu?ria usa drogas il?citas. Se vive situa??es violentas com o parceiro.

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Incomodado n (%)

15 (30,0)

04 (8,0) 16 (32,0) 22 (44,0)

26 (52,0)

? vontade n (%)

29 (58,0)

44 (88,0) 18 (36,0) 18 (36,0)

10 (20,0)

Indiferente n (%)

01 (2,0)

01 (2,0) 02 (4,0) 10 (20,0)

01 (2,0)

Nunca perguntei n (%)

05 (10,0)

01 (2,0) 14 (28,0) 00 (0,0)

13 (26,0)

A Tabela 2 apresenta a vis?o e conceitos relacionados ? viol?ncia de g?nero. Quanto ?s atitudes, houve concord?ncia da maioria com: o papel do profissional no atendimento ? viol?ncia de g?nero deve ser o mesmo que desempenha para crian?as vitimizadas (65,3%). E, com: a agress?o ? um problema (98,0%); o uso de ?lcool e drogas (69,9%) e os problemas psicol?gicos (64,8%) s?o motivo de viol?ncia. Mais da metade (58,4%) n?o concordou com: problemas sociais s?o situa??es causas de viol?ncia.

Houve discord?ncia quanto a: as mulheres agredidas pelo marido mant?m-se nessa situa??o devido a seu masoquismo (83,0%). Com rela??o aos agressores, discordou-se de que: estes devam receber compaix?o por serem emocionalmente perturbados (88,5%); um marido bata em sua esposa (98,1%); a agress?o ? mulher seja algo de f?rum ?ntimo e privado (68,6%). E 92,4% concordaram com: os maridos devem ser presos por agress?o. (Tabela 2).

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Martins LCA, Silva EB, Dil?lio AS, Costa MC, Colom? ICS, Arboit J

Tabela 2 - Descri??o da amostra de acordo com a vis?o e conceitos dos profissionais da Estrat?gia de Sa?de da Fam?lia relacionados ? viol?ncia de g?nero. Palmeira das Miss?es/RS, Brasil, 2015

Vis?o e conceito dos profissionais quanto ? viol?ncia de g?nero:

O papel do profissional deve ser igual ao que desempenha para crian?as vitimizadas. A agress?o deve ser considerada como um problema pelo profissional da ESF. A agress?o por seu marido ? causada por fatores sociais como desemprego. A agress?o por seu marido ? causada pelo uso abusivo de ?lcool e drogas. A agress?o por seu marido ? causada por problemas psicol?gicos da v?tima. A agress?o por seu marido ? causada por problemas psicol?gicos do marido. As mulheres agredidas pelo marido mant?m-se nessa situa??o devido ao seu masoquismo. Os agressores devem receber compaix?o por serem emocionalmente perturbados. Os maridos devem ser presos por agress?o. ? aceit?vel que um marido bata em sua esposa. A agress?o do marido ? mulher ? de f?rum ?ntimo e privado.

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Concordo n (%)

34 (65,3)

51 (98,0)

15 (28,3)

37 (69,9)

12 (23,0)

33 (64,8)

07 (13,2)

02 (3,8) 48 (92,4) 01 (1,9) 11 (21,6)

Discordo n (%)

17 (32,7)

01 (2,0)

31 (58,4)

12 (22,6)

29 (55,8)

13 (25,4)

44 (83,0)

46 (88,5) 02 (3,8) 51 (98,1) 35 (68,6)

Indiferente n (%) 01 (2,0)

00 (0,0)

07 (13,3)

04 (7,5)

11 (21,2)

05 (9,8)

02 (3,8)

04 (7,7) 02 (3,8) 00 (0,0) 05 (9,8)

Os dados da Tabela 3 permitem identificar o conhecimento dos profissionais em rela??o ? viol?ncia de g?nero, quanto ?s defini??es de viol?ncia contra a mulher, quanto ?s afirma??es sobre a epidemiologia e ?s taxas de morbimortalidade da viol?ncia contra a mulher cometida por parceiro ?ntimo, quanto ?s atitudes e manejo dos profissionais frente ? revela??o da viol?ncia.

Em rela??o ao conhecimento sobre a viol?ncia de g?nero mais de 80% dos profissionais demonstraram conhecer o conceito de viol?ncia. Com um percentual acima de 80% de afirma??es marcadas como verdadeiras sobre a epidemiologia da viol?ncia, observou-se baixo conhecimento dos profissionais. Sobre a preval?ncia da viol?ncia na gravidez, houve apenas 11,8% de acertos e 50,9% de respostas n?o sei. Com rela??o ? les?o corporal houve 35,3% de acertos e 56,9% de erros. Quanto ? revela??o da viol?ncia, constata-se pouco conhecimento sobre a abordagem direta da usu?ria sobre a viol?ncia, com 19,3% de acertos. A maior parte dos profissionais demonstrou que sabia como deveria abordar a mulher sobre a viol?ncia vivida (Tabela 3).

Quanto ao manejo dos casos de viol?ncia, os profissionais apresentaram um conhecimento que variou de razo?vel a ?timo, com um percentual de acertos na 1?, 2?, 4? e 5? quest?es que variou de 66,8% a 94,2%. Quanto ? prescri??o de calmantes / antidepressivos, 60,8% n?o sabiam ou erraram e 39,2% acertaram, revelando pouco conhecimento sobre este tema (Tabela 3).

Na presen?a de ind?cios de viol?ncia contra a mulher, as quest?es sobre a recomenda??o da terapia de casal tiveram um percentual de erro e n?o sabe de 81,2%; e a indica??o de psicoterapia teve um percentual total de erros e n?o sabe de 92,4%. Quanto ? notifica??o compuls?ria, 70,5% das repostas foram corretas, constatando-se bom conhecimento, no entanto, quanto ? pr?tica da notifica??o houve 50,1% de respostas certas e 40,9% de repostas n?o sabe, indicando a necessidade de maior esclarecimento sobre a execu??o do procedimento. Ressalta-se o percentual de respostas erradas (97,8%) quanto a recorrer a protocolos de manejo de casos de viol?ncia. Nas demais quest?es deste grupo, os profissionais obtiveram um percentual de acertos que variou de 82% a 97% (Tabela 3).

4 Rev Ga?cha Enferm. 2018;39:e2017-0030

Viol?ncia de g?nero: conhecimento e conduta dos profissionais da estrat?gia sa?de da fam?lia

Tabela 3 - Descri??o da amostra de acordo com o conhecimento dos profissionais da Estrat?gia de Sa?de da Fam?lia em rela??o ? viol?ncia de g?nero. Palmeira das Miss?es/RS, Brasil, 2015

Conhecimento dos profissionais quanto a:

Verdadeiro n (%)

Falso n (%)

N?o sabe n (%)

- Defini??es de viol?ncia contra a mulher

Viol?ncia no ?mbito familiar e qualquer viol?ncia cometida por indiv?duos que s?o ou se consideram aparentados.

42 (80,8)

04 (7,7) 06 (11,5)

Menosprezar, difamar, humilhar ou intimidar s?o variantes da viol?ncia contra a mulher cometida por parceiro ?ntimo.

51 (96,2)

01 (1,9) 01 (1,9)

Empurr?es e bofetadas s?o formas de viol?ncia de g?nero.

50 (98,0)

01 (2,0) 00 (0,0)

Ser for?ada a manter rela??es sexuais pelo parceiro ?ntimo ? uma forma de viol?ncia.

52 (100)

--

--

Qualquer conduta que configure reten??o, destrui??o de objetos ? considerada uma viol?ncia moral.

46 (90,2)

04 (7,9) 01 (1,9)

- Afirma??es referentes ? epidemiologia e ?s taxas de morbimortalidade de viol?ncia contra a mulher cometida por parceiro ?ntimo

Na maioria dos casos a viol?ncia ? praticada por pessoas desconhecidas.

02 (3,8)

46 (88,5) 04 (7,7)

Poucas vezes em que uma mulher ? agredida h? les?o corporal.

18 (35,3) 29 (56,9) 04 (7,8)

Uma em cada cinco mulheres que frequentam servi?os de pr?-natal diz ser abusada pelo companheiro.

06 (11,8)

19 (37,3) 26 (50,9)

A maioria das mulheres que vive em situa??o de viol?ncia relata o fato ao m?dico ou profissional de Palmeira das Miss?es.

08 (15,4) 35 (67,3) 09 (17,3)

- Em rela??o ? revela??o da viol?ncia o profissional deve

Abordar diretamente o paciente perguntando: "Voc? est? apanhando em casa?".

10 (19,3) 37 (71,1) 05 (9,6)

Evitar abordar o assunto a menos que essa seja a queixa principal da paciente.

16 (30,8) 31 (59,6) 05 (9,6)

Perguntar se h? algu?m com problemas de alcoolismo em casa e se essa pessoa fica violenta quando bebe.

12 (23,6) 36 (70,6) 03 (5,8)

Perguntar insistentemente se a paciente vive situa??es de viol?ncia.

12 (23,6) 36 (70,6) 03 (5,8)

Explicar que a viol?ncia contra a mulher ? muito comum na vida das mulheres e dizer que pergunta isso a todas as pacientes.

37 (71,2) 11 (21,2) 04 (7,6)

- Em rela??o ao manejo do caso de viol?ncia

O profissional deve ignorar hematomas ou outros sinais de viol?ncia enquanto a paciente n?o tocar no assunto.

02 (3,9)

50 (96,1)

--

Marcar retorno em intervalos menores que 1 m?s quando suspeitar que a paciente sofre viol?ncia em casa.

49 (94,2)

--

03 (5,8)

O m?dico deve prescrever calmantes para a paciente conseguir lidar com poss?veis problemas que tem em casa.

11 (21,6) 20 (39,2) 20 (39.2)

No caso de viol?ncia sexual direcionar o atendimento para a contracep??o de emerg?ncia, profilaxia de DST/aids, incluindo interrup??o de gravidez prevista em lei.

34 (66,8) 06 (11,7) 11 (21,5)

Avaliar com a mulher o risco que ela sofre com os tipos de agress?o e resultados da viol?ncia.

44 (84,6)

01 (1,9) 07 (13,4)

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