A “Última Ceia



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|UNIVERSIDADE DO MINHO |

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|MESTRADO EM COMUNICAÇÃO, ARTE E CULTURA |

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|A “Última Ceia” de Leonardo Da Vinci |

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TRABALHO DE SOCIOLOGIA E SEMIÓTICA DA ARTE

Professor Doutor Albertino Gonçalves

Helena Maria Fernandes de Barros

Aluna n.º PG 20964

ÍNDICE:

Introdução 4

1. Leonardo Da Vinci: vida e obra 5

1.1. A Última Ceia 8

2. Arte e Publicidade 10

Conclusão 14

Bibliografia 15

Introdução

A publicidade e a arte têm vindo ao longo dos tempos a desenvolver-se e a trilhar caminhos que se cruzam frequentemente. Aliás a linha que separa estas duas áreas apresenta-se bastante ténue, no que toca ao modo como vemos a publicidade e a arte.

Hoje em dia é clara a influência que uma exerce sobre a outra. A publicidade e a arte são áreas da comunicação social que trazem em si a ideia de criatividade e de superação. Provocam, instigam e persuadem. Muitos publicitários apelam para as artes plásticas para vender o seu produto. Além de uma mera inspiração, um esboço, um modelo estético, esses profissionais também trabalham com as imagens das obras que, após a manipulação digital, aparentam perfeitamente fazer parte de uma campanha. Mas será que elas são iguais, semelhantes, será que a publicidade também é arte?

O presente trabalho enquadra-se no âmbito da avaliação adoptada pela unidade curricular de Sociologia e Semiótica da Arte, tendo como objectivo principal explicar como, a partir de uma obra original, se dá origem a um cartaz publicitário, e qual o impacto que vai provocar no consumidor. Neste caso particular trata-se da obra-prima de Leonardo Da Vinci: a última ceia, considerada uma das pinturas mais famosas do mundo. O seu teor procura estabelecer as relações de semelhança entre a arte e a publicidade.

Para o efeito, este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma: em primeiro lugar procede-se a uma breve abordagem da vida e obra de Leonardo Da Vinci, seguida da análise da pintura “A Última Ceia”e, por último a ênfase é dada a uma obra publicitária e as razões do uso da última Ceia na criação publicitária.

1. Leonardo Da Vinci: vida e obra

Leonardo da Vinci (1452-1519), um dos maiores génios da Humanidade, nasceu há pouco mais de meio milénio numa aldeia próxima de Vinci, no ducado de Florença, então governado pelos Médici. Filho ilegítimo de um notário conceituado daquela região e de uma camponesa, foi criado desde os quatro anos de idade junto da família paterna pelos avós e tio Francesco, que lhe asseguraram uma educação esmerada e muito o estimaram (Rosci, 1989:263).

Devido à condição de ilegítimo, e conforme os costumes da época, Leonardo não pôde usufruir de instrução formal e, também, estava-lhe vedado o acesso a um conjunto de profissões respeitáveis. Perante estas limitações, a educação elementar de Leonardo foi assegurada com lições particulares, por professores que o seu avô escolhia cuidadosamente.

Contudo, aquele ensino não incluía lições de Latim, Grego e matemática, pelo que teve de aprender por si aquelas matérias ao longo da vida.

O facto de não ter tido uma educação clássica haveria de se reflectir negativamente na apreciação das suas obras e ideias pelos contemporâneos com formação académica.

Entre os 12 e os 14 anos de idade foi enviado pelo pai para Florença, para aprender as bases de pintura e escultura com o seu amigo e famoso artista local, Andrea del Verrocchio.

Aquela aprendizagem não se limitava à arte mas também a tarefas artesanais com diversos materiais (como o mármore e o bronze), trabalhos de arquitectura e engenharia aplicadas, e obras equivalentes. Por essa razão, a formação de Leonardo, bem como a dos seus colegas aprendizes, era muito diversificada, abrangendo inclusivamente a óptica, a música e a poesia. Os seus traços de génio, a qualidade dos desenhos e o talento multifacetado fizeram a diferença e rapidamente impressionaram o seu mestre, pelo que em 1472, somente com vinte anos de idade, foi proposto e admitido como membro da Corporação de São Lucas, constituída pelos artistas florentinos.

Todavia, apesar de numerosos esboços e quadros inacabados, a fama de não concluir os seus trabalhos perseguiu por toda a sua vida. Como refere Rosci (1989:263) é importante o comentário de Vasari a respeito dos «poucos meses» de estudos literários de Leonardo (que nunca chegou a dominar o latim ou o grego), paralelamente àquele bem conhecido juízo limitativo acerca do engenho do artista, «multiforme e instável, que o levou a querer aprender muitas coisas, as quais, uma vez começadas, logo abandonava».

Em 1482, já com trinta anos de idade, decidiu mudar-se para Milão, oferecendo os seus serviços ao governante local, o duque Ludovico Sforza, trabalhando como engenheiro, escultor e pintor. Da Vinci permaneceria durante muitos anos na corte de Sforza. Desenvolveu vários projectos de engenharia militar, realizou estudos hidráulicos sobre os canais da cidade e, como director das festas promovidas pela corte, organizou competições, representações e torneios, para muitos dos quais desenhou cenários e figurinos.

 Dedicou-se também ao estudo da anatomia, física, botânica, geologia e matemática. Nesse período, pintou algumas de suas obras-primas -- a primeira versão da "Virgem dos rochedos" (c. 1483) e a "Última ceia" (1495-1497) --, decorou a Sala delle Asse (c. 1498) e trabalhou numa estátua equestre de Francesco Sforza, jamais fundida em bronze. Foi também nesta fase que iniciou a redacção dos manuscritos do Trattato della pittura, cuja primeira edição impressa data de 1651.

     Quando, em 1499, as tropas francesas invadiram Milão, Leonardo voltou para Florença, já como artista consagrado. Em 1502 decidiu acompanhar Cesare Borgia na campanha de Romagna, como arquitecto e engenheiro militar. No ano seguinte decide voltar a Florença, onde, durante o cerco de Pisa, desenvolveu um projecto para desviar o curso do rio Arno, de forma a cortar o acesso da cidade ao mar. No mesmo ano, começou a pintar "Mona Lisa", uma de suas obras mais conhecidas e na qual a arte da pintura atinge um de seus grandes momentos.

     Iniciou também o quadro "Leda", conhecido apenas por intermédio de cópias, que parece ter sido o único nu de toda a sua obra, e, com Michelangelo, cujo prestígio já começava a superar o seu, decorou a sala do conselho do Palazzo Vecchio. Michelangelo pintou uma cena da batalha de Cascina, enquanto Leonardo pintava a "Batalha de Anghiari". Porém, nenhum dos dois trabalhos ficou concluído.

     Entre 1506 e 1513 Leonardo novamente residiu em Milão, onde tornou-se conselheiro artístico do governador francês, Charles d'Amboise, e projectou para ele um novo palácio. Com o restabelecimento da dinastia Sforza, Leonardo foi para Roma, em 1513, onde permaneceu sob a protecção de Giuliano de Medici, irmão do papa Leão X.

     Nessa época, aprofundou as suas pesquisas ópticas e matemáticas. Depois da morte de Giuliano, em 1516, Leonardo foi para Amboise, a convite de Francisco I, que o nomeou primeiro-pintor, engenheiro e arquitecto do rei. Continuou então os seus estudos sobre hidráulica, ao mesmo tempo em que organizou cadernos de apontamentos e preparou festas para a corte.

     Leonardo direccionou a sua curiosidade para todos os campos do saber e da arte, e em cada um deles se afirmou como um verdadeiro génio. Apesar de não ter realizado as grandes obras com que sonhava na pesquisa científica, a vasta informação contida nos seus apontamentos e desenhos é suficiente para demonstrar a universalidade do seu saber. Ao estudo da estática e da dinâmica dedicou algumas das suas pesquisas mais valiosas. Baseou-se na leitura da obra de Aristóteles e de Arquimedes, às quais foi um dos primeiros a acrescentar a sua contribuição original.

     Da sua actividade como projectista militar destacam-se os vários desenhos de canhões, metralhadoras, carros de combate, pontes móveis e barcos, bem como estudos sobre a melhor maneira de abordagem de um barco grande por um pequeno, o esquema de um submarino e bombardas. Leonardo inventou também máquinas hidráulicas destinadas à limpeza e dragagem de canais, máquinas de fiar, trivelas, tornos e perfuratrizes. Também elaborou projectos para as cidades.

Todavia, foi no domínio da pintura que mais se destacou. No Trattato della pittura, Leonardo da Vinci defendeu essa forma de arte como indispensável à realização da exploração científica da natureza e aconselhou os pintores a não se limitarem à expressão estática do ser humano. Utilizava ao pintar todos os seus conhecimentos científicos: as suas figuras humanas derivavam directamente dos estudos de anatomia, enquanto as paisagens revelavam o conhecimento de botânica e geologia.

     Muitas das suas obras se perderam, foram destruídas ou ficaram inacabadas. Conhecem-se apenas cerca de 12 telas de Leonardo de autenticidade indiscutível.

Ao longo da sua obra, é visível a importância cada vez maior que o artista concede aos contrastes entre luz e sombra, e, principalmente, ao movimento. De acordo com Lionello (1998:95/96) “Leonardo descobriu o grau de luminosidade das cores (…) e a sua ideia de movimento é a fonte de toda a vida, é uma explicação científica da natureza e, ao mesmo tempo, uma necessidade de afirmação artística”. Com o sfumato, que dilui as figuras humanas na atmosfera, Leonardo realizou uma síntese admirável entre modelo e paisagem.

A "Última ceia", um dos quadros mais famosos do mundo, foi muito danificada e sofreu diversas restaurações, motivo pelo qual pouco resta do original, sendo hoje apenas uma lembrança, uma sombra daquela obra «cheia de majestade e beleza» (Rosci, 1989:291). É inigualável, no entanto, a solidão de Cristo, em contraste com a agitação dos apóstolos, divididos em grupos de três. Judas, o traidor, é a única figura em isolamento entre eles. Os vários estudos e desenhos de Leonardo revelam a preocupação do autor com os menores detalhes da cena. Destaque ainda para as seguintes obras: “Anunciação, o Baptismo de Cristo e Ginevra de’ Benci”, “Adoração dos Reis Magos”, “A Virgem dos Rochedos”, “A Dama com Arminho”, “São João Baptista”, “Mona Lisa” e “A Virgem e o Menino com Santa Ana”.

Pouco antes de morrer, no castelo de Cloux, perto de Amboise, na França, em 2 de Maio de 1519, nomeou seu discípulo predilecto, Francisco Melzi, herdeiro de todos os valiosos estudos, desenhos e anotações que deixava. Melzi preservou cuidadosamente a herança, mas com a sua morte, cerca de cinquenta anos após a do mestre, os manuscritos acabaram por se dispersar. Conservaram-se cerca de 600 desenhos, que representam talvez a terça parte da vasta produção de Leonardo da Vinci.

Leonardo Da Vinci foi sepultado na Igreja de S. Florentino, em Ambroise, posteriormente destruída durante as insurreições ocorridas na Revolução Francesa.

1. A Última Ceia

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A Última Ceia

A “Última Ceia”, foi encomendada por Ludovico Sforza para decorar uma das paredes do convento de Santa Maria delle Grazie em Milão, cujo uma das finalidades seria para sepultar a sua família. Esta pintura é uma alegoria da última ceia descrita na Bíblia, onde estão representados treze homens reunidos à mesa, com o pão e o vinho. Retrata a última refeição compartilhada por Jesus com os doze Apóstolos antes da Sua morte e ressurreição.

Na imagem podemos verificar a figura de Cristo ao centro em trajes vermelhos e azuis, representado de braços abertos, e ao seu redor os doze apóstolos dispostos três a três. Esta imagem representa a anunciação que Jesus Cristo faz aos seus apóstolos de que um deles iria traí-lo. Por isso, esta pintura está sujeita a interpretações dúbias: por um lado, pode mostrar a indignação dos apóstolos que clamam inocência e, por outro, a curiosidade em perceber quem seria o traidor. Contrastando com os apóstolos, Cristo demonstra, através dos seus gestos, tranquilidade e resignação.

Da esquerda para a direita, tendo em conta o ponto de vista de quem está diante da pintura, podemos observar que no primeiro grupo estão representados Bartolomeu, Tiago Menor e André; no segundo grupo Judas Iscariotes (cabelo branco inclinado contra o suposto João), Simão Pedro e João, este o único imberbe do grupo; Cristo ao centro; Tome, Tiago Maior e Filipe (este também imberbe) e no quarto grupo estão Mateus (aparentemente com barba rala), Judas Jésus e Simão Cananeu também chamado de Simão, o Zelote, por último. É notório o movimento das mãos, dos braços e dos corpos que dá a ideia de movimento e ritmo, um misto de emoções que parecem chocar entre si.

Somente Leonardo Da Vinci conseguiu retratar ao mesmo tempo a bênção do pão e do vinho e a notícia da traição, ao passo que outros artistas ou davam ênfase a um aspecto ou a outro.

O pão e o vinho aqui representados simbolizam a comunhão e o milagre da transubstanciação, apresentados como o corpo e o sangue de Cristo. O Novo Testamento narra que Jesus pegou no pão em suas mãos, deu graças e disse aos Seus discípulos: "Este é o meu corpo que será entregue a vós". Do mesmo modo, ao fim da ceia, Ele pegou o cálice em suas mãos, levantou ao alto e disse aos seus discípulos: "este é o meu sangue, o sangue da vida que será derramado por vós."

Destaque ainda na imagem para ao redor de Cristo, a formação de um círculo que passa pelo arco da porta ao fundo, desenhando-se um triângulo, com o vértice para cima e outro com o vértice para baixo.

Esta pintura da “Última Ceia” concluída no ano de 1498 começou a deteriorar-se ainda na época de Da Vinci, pelo facto de Da Vinci não ter utilizado a técnica tradicional, resistente no afresco. Esse processo exigia que a tinta fosse aplicada rapidamente enquanto o gesso estava húmido. Porém, como Da Vinci trabalhava lentamente e estava sempre a proceder a correcções, preferiu experimentar várias técnicas a seco a usar o gesso húmido, o que levou à desintegração da sua obra que levaria anos a ser restaurada. Nos nossos dias, é quase impossível «ler» a Ceia, de tal modo ela está deteriorada; de facto, a mistura de óleo e de têmpera experimentada por Leonardo não resistiu à humidade da parede[1].

Importa referir que esta pintura de Da Vinci tornou-se um marco da Igreja Católica, um símbolo canónico representativo da última ceia e da imagem de Jesus Cristo, reproduzido ao longo dos tempos.

2. A Última Ceia na Publicidade

De modo sucinto e genérico podemos afirmar que a arte é composta por um conjunto de coisas que nos causa admiração, que nos emociona, que nos propõe e nos transporta para outras realidades.

Desde os tempos mais remotos que o homem busca relacionar-se, compreender-se e expressar-se por intermédio de imagens e símbolos, e é precisamente isto que é entendida como arte.

A arte é considerado como um veículo de comunicação, é a reprodução do belo, através de certas características materiais como a linha, forma, cor, som, etc. São elas que contam e recriam a história do homem. No entanto, é subjectiva pois depende de quem a observa. O envolvimento e entendimento com a arte seja no papel do artista ou do apreciador é um momento exclusivo, íntimo. É rico de possibilidades e sensações, mas, é único e intenso para cada indivíduo seja o próprio criador ou o seu cúmplice, um apreciador.

A arte contemporânea assume uma maior responsabilidade no contexto actual. E com essa responsabilidade, ela tem que ser autêntica, verdadeira, e assumir os problemas, as angústias, os desejos que são latentes na actualidade. Perante este cenário o homem não pode adoptar uma atitude ingénua, é fundamental estar atento, analisar e contextualizar os factos, as imagens, as comunicações que nos envolvem a todo o momento. A publicidade sabe disso, e por isso intensifica os seus recursos persuasivos. A toda a hora e momento estamos perante um apelo publicitário, a provocação da propaganda que apelam fortemente ao consumo. A arte é um recurso ao qual a propaganda recorre, uma ferramenta para que ela alcance o seu objectivo, a sedução.

A publicidade tem a missão de idealizar, criar necessidades, provocar, aguçar a curiosidade e estimular o seu uso, muita das vezes criando a ideia de ser uma necessidade vital. Para o efeito, é fundamental estudar a percepção dos consumidores, com o propósito de provocá-los seja pela linguagem moral e ética, ou pela linguagem artística (cores, formas, sons).

A Última Ceia transcendeu o conceito e a significação de uma pintura que retrata Jesus Cristo e os doze Apóstolos. Principalmente a partir da sua apropriação pela sociedade de massa, a Última Ceia tornou-se um objecto, uma imagem universal que pode ser usada em diversas situações. Porém, para chegar a esse ponto, a arte teve que ser vista como um meio de expressão, uma linguagem que tinha como objectivo transmitir uma mensagem.

Uma das dificuldades que os publicitários enfrentam é identificar a forma de atingir o público desejado. E utilizando a arte, neste caso a Última Ceia, torna-se mais fácil, pois a imagem é universal, um ícone conhecido e de fácil associação, o que facilita para uma campanha atrair a atenção do público para o produto anunciado quando se utiliza a imagem da Última Ceia. Foi o caso do fotógrafo David LaChapelle que recriou a Última Ceia.

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David LaChapelle’s – LastSupper de David LaChapelle – Última Ceia

A imagem apresentada retrata a Última Ceia criada pelo fotógrafo David LaChapelle, e parte do seu “Jesus is my Homeboy” série, inicialmente publicado na revista inglesa ID em 2003 e posteriormente lançado como livro. Na imagem é possível identificar treze homens, uma mulher, uma mesa, uma garrafa de vinho, frutas e latas de refrigerantes.

Apesar de ser uma alegoria da última ceia, não está perfeitamente de acordo com a obra original pois não está representado o pão, está representado uma mulher, fruta e latas de refrigerantes. Todavia, a forma como os homens estão representados e o facto de estar um homem ao centro assemelha-se à tradicional obra de Da Vinci. Não obstante, a falta de alguns elementos e a introdução de novos, é possível afirmar que se trata de uma alegoria da última ceia bíblica.

A obra interpreta uma crítica feroz a uma sociedade de consumo. O tema retratado são vários grupos étnicos de jovens que vêm de um rap e cultura hip-hop e vestem roupas de moda de rua do estilista Patty Wilon. LaChapelle foi aos subúrbios norte-americanos fotografar pessoas que fazem parte deste cenário sempre ligado à pobreza, drogas, prostituição e violência, como necessitados da palavra e ajuda deste Cristo moderno. Deste modo, o movimento hip-hop é representado pelos negros e latinos, é notório a utilização de Photoshop na publicidade, é também visível a publicidade à marca adidas e ainda a presença da transexual Amanda Lepore.

Analisadas a obra original de Da Vinci e a réplica de David LaChapelle é possível afirmar que existem algumas semelhanças entre ambas, nomeadamente na disposição dos apóstolos e na representação de Jesus Cristo, assim como do ambiente da pintura, embora a imagem de LaChapelle retrate um ambiente mais bucólico e urbano. No entanto, são também perceptíveis elementos que destoam do original, como é o caso da figura de uma mulher do lado direito, que se trata de Amanda Lepore uma transexual que pretende chamar atenção para a perfeição feminina que só se consegue alcançar através da cirurgia plástica. Para além disso, nota-se também que os apóstolos não estão colocados em grupos de três, cuja finalidade é representar a união entre a religião e o hip-hop, há a presença de um décimo quarto elemento, de frutas e latas de refrigerantes, da marca adidas e ainda o facto de Jesus Cristo na imagem de LaChapelle estar representado com as mãos elevadas, o que difere da representação clássica.

Conclusão

Perante o cenário evidenciado pela análise da obra original a última ceia de Leonardo Da Vinci e a réplica também da última ceia recriada por David LaChapelle, o que nos é permitido observar é que a arte tem sido utilizada nas mais diversas campanhas publicitárias com o intuito de chamar atenção e criar impacto junto do público desejado no sentido de apelar ao consumo.

A última ceia considerada uma das pinturas mais famosas do mundo vem adquirindo ao longo dos tempos uma força crescente.

Periodicamente a última ceia volta a ser notícia ou tema de alguma campanha publicitária, estimulando, deste modo, o público em geral a recordar esta pintura clássica. Os publicitários tendo em conta o objectivo da venda dos produtos anunciados nas suas campanhas socorrem-se e encontram nesta pintura a inspiração de que necessitam.

Deste modo, a última ceia tornou-se um ícone representativo da arte clássica e a publicidade serve-se dela para vender os seus produtos. Podemos mesmo dizer que há uma certa banalização no uso desta pintura clássica. Se por um lado, a publicidade contribui para exaltar e divulgar esta obra de arte, por outro lado, é muitas das vezes usada para ridicularizar e expor a situações cómicas tendo em conta fins lucrativos.

Não obstante, podemos afirmar que o recurso publicitário a obras de arte famosas permite, desta forma, que o passado volte impregnado de impressões do presente, com a intenção de compreender e chamar atenção para o momento histórico actual.

Bibliografia

BURKE, Peter, O Renascimento, 1ª ed., Lisboa: Editor Texto & Grafia, 2008.

CALABRESE, Omar, El lenguaje del arte, Barcelona: Editor Paidós, 1997.

Enciclopédia Luso-Brasileira da Cultura, vol. 15, Lisboa: Editorial Verbo, (S/D).

Enciclopédia Universal da Arte, vol. A Idade Moderna, Lisboa: Publicit Editora, 1980.

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. III, Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Limitada, (S/D).

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. XXIII, Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Limitada, (S/D).

PIJOAN, J. História da arte, vol. 5, Lisboa: Publicações Alfa, 1989.

SÁNCHEZ Corral, Luís, Semiótica de la publicidade: narración y discurso, Madrid: Editorial Sintesis, 1997.

VECCE, Carlo, Leonardo da Vinci, Lisboa: Editor Verbo, 2005.

VENTURI, Lionello, História da crítica da arte”, 24, Lisboa: Edições 70, Lda., 1998.

Documentos Electrónicos:

Acedido em 16 de Abril de 2012

Acedido em 16 de Abril de 2012

Acedido em 19 de Abril de 2012

Acedido em 19 de Abril de 2012

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[1] Enciclopédia Universal da Arte, vol. 5, Lisboa: Publicações Alfa, p. 62.

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