Pecuária: Rede Verdemar investe para ter controle total ...



Pecuária: Rede Verdemar investe para ter controle total sobre a origem do produto que comercializa

Varejista de Minas terá rastreamento completo da carne

César Felício, de Belo Horizonte 17/07/2009

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Eugênio Sávio/Valor

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Ter carne com garantia de origem é um diferencial importante, afirma Luiz Alexandre Poni, dono da Verdemar

Num momento em que o Greenpeace e o Ministério Público causam polêmica acusando frigoríficos de comercializar carne bovina proveniente de animais criados em áreas de desmate ilegal na Amazônia, uma pequena rede de supermercados em Minas Gerais, a Verdemar, investe para ter o rastreamento completo da carne bovina que comercializa. A varejista, que vende para a elite de Belo Horizonte, poderá ser a primeira do Brasil a contar com o rastreamento completo do gado, da fazenda à gôndola, garantindo assim a procedência da carne.

A primeira etapa do projeto, rastreando a carne desde o Frigorífico Pantanal, em Várzea Grande (MT), até as três lojas do Verdemar, passando pela central de terminação de carnes Bull Light, de propriedade do supermercado, será concluída amanhã. A segunda etapa começará na segunda quinzena do mês, quando o Pantanal fornecer para a empresa de rastreamento digital Safe Trace a lista de seus 400 fornecedores.

Segundo o presidente do Pantanal, Luiz Antonio Freitas Martins, que também é o presidente do Sindicato da Indústria Frigorífica do Mato Grosso, os produtores deverão ganhar uma remuneração adicional para se tornarem fornecedores do Verdemar, desde que instalem o chip eletrônico comercializado pela empresa criada por dois engenheiros da Escola de Engenharia de Itajubá (MG), Vasco Picchi e Virgilio Ferreira, e comandada hoje por Rodrigo Argueso, representante do fundo de investimentos Fir Capital.

O equipamento, um cilindro branco do tamanho aproximado de um dedo polegar, é introduzido pela boca do animal e fica alojado no rúmen. Só é removido com o abate do boi. Ele permite a identificação de dados por radiofreqüência.

"O prêmio da remuneração que recebermos do Verdemar será dividido com o fornecedor que aceitar ser rastreado", disse Martins, que não acredita em resistências. "Nós hoje já trabalhamos com dois cadastros negativos. Não compramos gado de nenhum produtor que esteja na lista negra do trabalho escravo e nem na lista do desmatamento ilegal feita pelo IBAMA. O nosso frigorífico não trabalha com fornecedores instalados no bioma amazônico", garantiu Martins.

Segundo estimativa da Federação da Agricultura do Mato Grosso ( Famato), 68% do rebanho do Estado está na região do bioma. A utilização dos cadastros negativos não é uma inovação do Pantanal, mas uma regra criada no Estado por meio de um termo de ajustamento de conduta (TAC) entre o sindicato e o Ministério Público.

Segundo o dono do Verdemar, Luiz Alexandre Poni, o prêmio a ser recebido pelo frigorífico e pelos produtores ainda será objeto de negociação. O empresário afirmou que houve uma coincidência em relação ao rastreamento do Verdemar começar no mês seguinte da polêmica iniciada pelo Greenpeace, já que a Safe Trace foi contratada em junho do ano passado.

"Nós atuamos em um nicho de mercado de qualidade , não competimos em preço. E nesse mercado, ter uma carne com garantia de origem, atestável por meio de um código de barras na embalagem, é um diferencial importante", afirmou. Poni avalia que o rastreamento no Verdemar deve andar muito mais rápido do que o das grandes redes. No mês passado, em reação ao Greenpeace, as redes Pão de Açúcar, Wal Mart e Carrefour anunciaram a suspensão das compras de carne de onze frigoríficos do Pará e a decisão de procurarem fazer o rastreamento bovino completo.

"Acredito que conseguiremos fazer o ciclo completo até o final do ano porque nossa estrutura é muito mais simples que a deles. Temos um único frigorífico fornecedor, o Pantanal. Toda nossa carne é processada na central de terminação Bull Light. Temos atualmente três lojas e vamos abrir mais duas, todas na região metropolitana de Belo Horizonte", afirmou Poni.

A rede Verdemar comercializa 12 toneladas mensais de carne e, com a abertura das duas novas lojas, deve passar para um processamento de 20 toneladas ao mês. A rede é pequena, mas conta com um faturamento expressivo: conseguiu em 2008 uma receita líquida de R$ 170 milhões. Já o Frigorífico Pantanal, que abate 600 cabeças por dia, está muito longe de ter a Verdemar como única cliente. Pode chegar a uma produção de 3 mil toneladas mensais.

A Safe Trace já faz o rastreamento digital bovino em fazendas que buscaram soluções para facilitar o manejo do gado. Na Fazenda Canchim, em Capim Branco (MG), do industrial do setor metalúrgico Petrônio Zica, voltada para a seleção de gado Canchim, um híbrido entre o charolês e o nelore, o sistema foi adotado para permitir a redução da mão de obra. Sem o sistema digital, uma boiada de três mil cabeças demorava uma semana para ser pesada. Com a nova tecnologia, o tempo gasto é de apenas um dia.

A tecnologia também foi comprada por pecuaristas que já são obrigados a fazer o rastreamento, embora não da forma digital. No grupo Clecy, da família proprietária da empreiteira TCM, o rastreador foi implantado em 2,8 mil cabeças de um rebanho de 15,8 mil animais, espalhados em nove fazendas nos municípios de Janaúba e Capitão Enéas , no norte de Minas. Destas, oito são exportadoras para a Europa, que já exige o rastreamento. "Resolvemos testar o sistema digital para compará-lo com o tradicional, uma vez que ele pode trazer ganhos em economia de mão de obra e precisão em dados", disse o administrador das fazendas, Eleonardo Santos.

Santos afirma que dificilmente o rastreamento digital seria feito agora se o grupo não tivesse contratos de exportação para a Europa. "O mercado europeu exige a rastreabilidade, e paga por isso 10% a mais no preço da arroba, pelo menos. Como motivar o pecuarista brasileiro a fazer o rastreamento para o mercado interno se não se pagar mais?", indagou o administrador.

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Com nova tecnologia, o boi agora engole o chip

Alda do Amaral Rocha, de São Paulo 17/07/2009

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A tecnologia para rastrear o gado bovino que os pecuaristas brasileiros começam a ter acesso já é usada há cerca de cinco anos por produtores europeus. O chip que armazena as informações de cada animal - e fica no estômago do boi - teve seu uso intensificado a partir de 2004, com a preocupação gerada pela doença da "vaca louca" na Europa, explica Luis Henrique Amadeu, gerente de operações de cerâmica avançada do grupo francês Saint-Gobain, que acaba de lançar essa tecnologia de rastreamento no país.

Usando um chip para rastreamento, desenvolvido pela Texas Instruments, a francesa criou e patenteou um "tag" (etiqueta em português) de cerâmica, que pode ser engolido pelo boi. Segundo Amadeu, o chip ou transporder com o número de identidade do animal é envolvido por uma cápsula de cerâmica biocompatível. O material permite que seja introduzido no rúmen (parte do estômago) do animal. "O boi engole e a cápsula se aloja na segunda câmara ruminal e não é expelido até o abate", explica Amadeu.

Ele acrescenta que a identificação de cada bovino é feita por radiofreqüência. Assim, o pecuarista que adquire a tecnologia tem também de comprar uma leitora para registrar os dados do chip e uma antena - que lê as informações na frequência do chip - e uma leitora para registrar os dados do "tag".

Segundo Amadeu, a tecnologia facilita o manejo de rebanhos bovinos numerosos e a identificação eletrônica permite associar ao animal seus históricos de sanidade, de movimentação, manejos. Além disso, o sistema de identificação pode ser integrado ao Sisbov (sistema de rastreabilidade oficial). Hoje, a maior parte dos animais registrados no sistema são identificados por meio de brincos.

Além da Safe Trace, a tecnologia também está sendo testada por pecuaristas do Mato Grosso do Sul. De acordo com Amadeu, cada chip custa R$ 10, e a leitora e antena saem por R$ 6.8 mil.

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