Luciano Ezequiel Kaminski
CARTA-MANIFESTO EM APOIO À EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
(POR OCASIÃO DO MOVIMENTO DE 11 DE MAIO DE 2011, REALIZADO PELOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO)
Uma nação na qual se queira afirmar qualquer direito justificado pela razão não se construirá sem as bases de uma Educação que dê condições aos indivíduos de se afirmarem como sujeitos de sua própria história. Acreditando neste princípio, nós, professores, funcionários e alunos do Colégio Pe. Cláudio Morelli – Umbará/Curitiba/PR, desejamos reafirmar nosso compromisso com a Educação. Um compromisso que vá além de um envolvimento meramente cotidiano, de uma presença mecânica nas escolas e que avance na participação consciente de seus integrantes. Um compromisso que vem se tornando, cada vez mais uma preocupação. Preocupação com a escola como uma instituição fundamental para a sociedade. Não estamos meramente atribuindo culpas, mas chamando a responsabilidade tanto de professores, quanto de alunos, pais, sindicato, ONG's, pastorais e do próprio Estado para a construção da Escola que queremos. Sim, devemos dedicar um maior cuidado à Educação, tratando-a com a dignidade que lhe é merecida, uma vez que as questões discutidas em nosso dia-a-dia como violência, desemprego, drogas, sexualidade, saúde, economia, e tantos outros que estão diretamente ligados à presença de uma educação de qualidade (ou à falta dela).
A questão é que não conseguimos visualizar uma preocupação efetiva dos órgãos responsáveis pelas decisões em educação, nos mais diversos níveis, com uma escola que seja lugar de excelência em pesquisa e na formação da cidadania. Decisões muitas vezes desarticuladas e sem a perspectiva do todo. Prova disso, são as recentes notícias sobre falta de recursos nas escolas, sobre a diminuição das verbas públicas destinadas à educação, o distanciamento da comunidade em relação aos temas escolares, o distanciamento da escola do aprofundamento dos temas relevantes na vida social dos alunos, enfim, poderíamos enumerar uma série de exemplos (além da violência e do baixo rendimento) que demonstram a grave crise pela qual passa a escola.
Diante disso, chamamos a comunidade escolar do Colégio Pe. Cláudio Morelli, demais escolas, pessoas e organizações, para o debate. Debate que já vem acontecendo em nível nacional com a discussão do PNE – Plano Nacional de Educação, o qual carece de maior visibilidade. Essa convocação interessa a todos os que esperam uma vida melhor e mais justa, a todos os que ainda acreditam na Escola como melhor caminho para tal fim. Conversemos, façamos nossas propostas, cobremos de nós mesmos e das autoridades competentes um envolvimento mais nítido e eficiente com a Educação.
Nesse sentido enumeramos abaixo uma série de questões de ordem prática sobre as quais gostaríamos de obter respostas imediatas e diretas do corpo social, do Estado que é o gerenciador do sistema, e da comunidade:
incentivo e maior envolvimento em projetos que façam diminuir a distância entre comunidade e escola;
Aumento e melhoria da logística da patrulha escolar;
agilidade na realização de concursos para professores e efetivação dos que já foram aprovados;
antecipação das contratações de PSS para que as escolas não fiquem sem professores no início do ano letivo;
agilidade na realização de concurso para funcionários e efetivação dos que já foram aprovados;
agilidade na realização de concurso para pedagogos e efetivação dos que já foram aprovados (tais concursos devem ter em vista as demandas reais de cada escola);
adequação do porte das escolas seguindo critérios pedagógicos;
revisão do número de alunos por sala utilizando critérios pedagógicos (vide Consulta Pública sobre o tema:
);
agilidade no estudo relativo à equiparação salarial dos professores, na reformulação do plano de cargos e salários e na revisão da hora-atividade;
incentivo claro e efetivo para a formação dos professores enquanto profissionais da educação e não apenas enquanto “funcionários” de um governo;
maior visibilidade na discussão do PNE e participação contundente dos professores;
tornar mais claro quais critérios (se políticos e/ou pedagógicos) a serem levados em conta na aprovação dos alunos;
unificar a matriz curricular a fim de evitar as distorções no processo de aprendizagem (rediscutir as condições de aplicabilidade e funcionalidade do sistema de Blocos)
cursos específicos aos professores com alunos de inclusão;
espaços e materiais adequados aos alunos com necessidades específicas;
agilidade na restruturação dos laboratórios de informática, de ciências, das bibliotecas e quadras de esporte, segundo a necessidade de cada escola;
adequação dos SAS às necessidades de seus contribuintes, isto é, que efetivamente trate da saúde de professores e funcionários;
planejamento eficiente das substituições de professores afastados;
agilidade e gratuidade no processo de emissão das carteiras de estudante pela SEED;
revigoramento dos órgãos colegiais (APM, Grêmios estudantis, Conselhos escolares)
revisão do projeto de lei em andamento no congresso nacional que aumenta a hora-aula e o tempo de permanência do aluno na escola sem que sejam revistas as condições de trabalho e de estudo apontadas acima.
Essa quantidade razoável de pontos que citamos acima não encerra o rol de questões que tornam a educação e a escola algo preocupantes. Elas indicam o alto nível de risco que é hoje trabalhar ou estudar em qualquer escola pública deste país. Além disso, tais pontos indicam a necessidade urgente de determinarmos qual é o modelo de qualidade que queremos para a Educação pública no Brasil.
Acreditamos naquilo que fazemos. Por isso o trabalho de professor também quer dizer uma profissão de fé. Professor é professar a crença numa sociedade mais justa e disposta ao conhecimento, sem medo da busca pela justiça, a favor da discussão e da participação em prol da igualdade.
COMUNIDADE DO COLÉGIO PE. CLÁUDIO MORELLI
UMBARÁ/CURITIBA/PR
MAIO/2011
Sugestões de sítios eletrônicos:
MEC – .br
SEED – diaadiaeducacao..br
APP -
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARANÁ: alep..br
SENADO FEDERAL: .br
CÂMARA DOS DEPUTADOS: .br
UNE - .br
ADENDO à APP sindicato:
A APP sindicato é o órgão que responde pela classe dos professores. Entretanto, já faz tempo que vem se distanciando dos seus. Não é de hoje que o sindicalismo está carente de uma revisão. Sabemos historicamente que este setor foi conduzido politicamente por muitos anos através de interesses que nem sempre representaram as suas bases. Não queremos, com isso, denegar o valor de suas conquistas, mas chamar a atenção para algo que é presente e URGENTE: rever o modelo de sindicato que queremos.
Neste sentido, apontamos abaixo alguns dos elementos que acreditamos poderem ser colocados à mesa:
reaproximação da APP nas escolas (e das escolas com a APP) a fim de que se obtenha melhor comunicação e transparência nas informações e e no desenvolvimento dos projetos de luta;
promover manifestos que não se resumam a mera luta de uma classe. As questões da educação são de interesse geral, portanto não apenas as escolas devem saber que existem manifestos, mas a sociedade;
chamar os professores a repensar os formatos de manifestações para que não se tornem mecânicas e inférteis;
rever o modelo e os valores da afiliação ao sindicato;
Atenciosamente.
Professores do Morelli.
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