CIn UFPE – Centro de Informática da UFPE



1 PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

VIGILANCIA SANITARIA

VIGILÂNCIA SANITÁRIA de ALIMENTOS

MODELO DE MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

E

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRONIZADOS

ELIZETE FERREIRA AGUIAR

Engenheira de Alimentos CREA 35268-D

Vig Sanitária de Alimentos/ SEMUS/ VISA

VITORIA/ ES

2003

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PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

VIGILANCIA SANITARIA

VIGILÂNCIA SANITÁRIA de ALIMENTOS

MODELO DE MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

E

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRONIZADOS

I - INTRODUÇÃO

O Manual de Boas Práticas e os Procedimentos Operacionais Padronizados que o comprovam , é um documento onde estão descritas as atividades e procedimentos que as empresas que produzam, manipulam, transportam, armazenam e/ou comercializam alimentos, adotam para garantir que os alimentos produzidos tenham segurança e qualidade sanitária aos seus consumidores e para atender a legislação sanitária federal em vigor, Portaria MS nº 1428/93, Port. MS nº 326/ 97 - (MBPF) - e RDC ANVISA nº 275/02 - (POP)-.

O Manual de Boas Práticas deve ser a reprodução fiel da realidade das empresas, descrevendo a sua rotina de trabalho, relacionando e anexando documentação comprobatória, os POP’s - Procedimentos Padrões de Higiene Operacional - adotados como: planilhas de controle, registros, check list, etc. Esse documento – MBP/ POP - deverá ser atualizado sempre que a empresa realizar alterações em sua estrutura física ou operacional e, sua apresentação será obrigatória para o licenciamento sanitário anual dos estabelecimentos a partir de janeiro de 2004, devendo o MBP/ POP estar anexado ao requerimento de “Alvará Sanitário” protocolado junto a PMV.

II - MODELO PROPOSTO DE MANUAL DE BOAS PRÁTICAS:

1 - OBJETIVO

Descrever de maneira objetiva e clara para que serve o MBP e em quais Áreas / funções/ setores do Estabelecimento para os quais ele se aplica.

Indicar os documentos que referenciam o MBP ( Leis, Portarias, Normas Técnicas, Bibliografia Técnica, etc)..

2 – DEFINIÇÕES:

citar definições que sejam necessárias para o entendimento do manual

Algumas sugeridas:

APPCC: análise de perigos e pontos críticos de controle

Adulteração: adição fraudulenta de substância imprópria ou desnecessária a outra substância (medicamento, combustível, alimentos, etc.).

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Armazenamento: é o conjunto de tarefas e requisitos para a correta observação de insumos e produtos terminados;

Antisséptico ou sanificante, ou desinfetante: produto de natureza química utilizado para reduzir a carga microbiana a níveis aceitáveis e eliminar os microrganismos patogênicos.

Boas Práticas (BP): são os procedimentos necessários para a obtenção de alimentos inócuos, saudáveis e sãos;

Contaminação: presença de substâncias ou agentes estranhos, de origem química, física ou biológica que se considere nocivo ou não à saúde humana;

Check-list: lista de verificação contendo os requisitos que devem ser verificados na auditoria interna. Tem como objetivo padronizar a auditoria

Contaminação cruzada: contaminação de um alimento para outro por substancias ou agentes estranhos, de origem biológica, física ou química que se considere nocivos ou não para a saúde humana, através do contato direto, por manipuladores ou superfícies de contato.

Controle integrado: seleção de métodos de controle e o desenvolvimento de critérios que garantam resultados favoráveis sob o ponto de vista higiênico, ecológico e econômico.

Desinfestação: é a eliminação das pragas;

EPI: Equipamentos de Proteção Individual): todo dispositivo de uso individual de fabricação nacional ou estrangeira destinada a proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores.

Fracionamento de alimentos: são as operaçoes pelas quais se fraciona um alimento, sem modificar sua composiçao original.

Higienizaçao: procedimentos de limpeza e sanificaçao

Limpeza: é a eliminaçao da terra, restos de alimentos, pó ou outras matérias indesejáveis

Manipulação de alimentos: são as operações que se efetuam sobre a matéria-prima até o produto terminado, em qualquer etapa do processamento, armazenamento e transporte

Monitorização: inspeção de indícios de focos com registro de ocorrências em planilhas próprias, servindo para análise da eficiência do programa e necessidade de implementação de ações preventivas e corretivas.

Não-conformidade: não atendimento de um requisito especificado em legislação sanitária .

Organismo competente: é o organismo oficial ou oficialmente reconhecido ao qual o Governo autorga faculdades legais para exercer suas funções.

Produção/ elaboração/ manipulação: é o conjunto de todas as operações e processo praticados para a obtenção de um alimento;

Praga: Todo agente animal ou vegetal que possa ocasionar danos materiais ou contaminações com riscos à saúde, segurança e qualidade;

Praguicida: qualquer substância química utilizada para controle de pragas animais ou vegetais.

Perigo: contaminação inaceitável de natureza biológica, química ou física que pode causar dano à saúde ou integridade do consumidor.

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PC- ponto de controle: ponto ou etapa onde o perigo é controlado preventivamente pelas BP/POP

PCC – ponto crítico de controle: ponto ou etapa na qual o perigo vai ser controlado, não havendo possibilidade de ser controlado preventivamente.

POP – procedimento operacional padrão: procedimentos operacionais padronizados e documentados em forma de planilhas oucheck list apropriado.

Sanificaçao /desinfecção: Ação de eliminar microorganismos patogênicos reduzindo-os a níveis considerados seguros.

Seguro/ inócuo: que não oferece risco à saúde e a integridade física do consumidor.

3 - IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

- Razão Social;

– Endereço

– Responsável Técnico (Nome/ formação) e Número do Registro no Conselho Profissional ou Número do Documento de Identificação (CI ou CPF);

– Licença de Localização ( orgão emissor, nº e periodo de validade)

– Alvará sanitário ( orgão emissor, nº e periodo de validade/ Anexar Cópia)

– Horário de funcionamento da empresa

- Lista de Produtos manipulados.

- Equipe de Boas Práticas: (nome/ cargo na empresa/ função na equipe)

4– RECURSOS HUMANOS

4.1 ADMISSAO DOS FUNCIONÁRIOS

• Relatar o procedimento adotado na admissão dos funcionários, o número total de funcionários (por sexo), número de funcionários de cada área de produção e o número de funcionários qualificados. Que tipo de treinamento são oferecidos na admissão. Existencia de treinamentos para os funcionários no que se refere às boas práticas no manuseio de alimentos, higiene pessoal, armazenagem, controle de pragas e outros relativos às boas práticas? E sobre os procedimentos relativos à segurança do trabalho? Quem é responsável pelos treinamentos e a freqüência; Onde os registros de treinamento estão arquivados.

5 - HIGIENE E SAÚDE DE MANIPULADORES – POP3 (RDCANVISA 275/02)1

– SAÚDE:

• Fazem exames médicos e laboratoriais/ quais. Qual a sua Periodicidade de realização (admissionais, demissionais e periódicos). Por quem é executado.

• O que acontece quando os funcionários estão doentes ou com feridas/lesões; onde estão arquivados os controles de saúde dos funcionários?

- HIGIENE DOS MANIPULADORES:

UNIFORMES/ EPI

• Tipo de uniforme e EPI para cada área de produção. Número de mudas de uniformes para cada funcionário. Como é feita a higienização dos uniformes, e qual a freqüência da troca?

MAOS

• Onde e Como é feita a higienização das mãos, freqüência, existência de instruções normativas/ cartazes educativos de como lavar as mãos ?

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HÁBITOS COMPORTAMENTAIS

• Usam adornos, fumam, usam perfume, tomam banho antes de iniciar as atividades? Como fazem a monitorizaçao (check list/ planilhas), onde estão arquivados estes registros.

6–LOCALIZAÇÃO

• Condições das áreas circunvizinhas da empresa. E Vias de acesso externo

• Iluminação utilizada na área externa.

• Condições de salubridade.

• Condições urbanas.

7- INSTALAÇÕES

7.1 – LAYOUT : Anexar o lay out da empresa, com metragem e especificação das áreas.

7. 2 – TIPO DE CONSTRUÇÃO, MATERIAL EMPREGADOS E ÁREA DE CADA SETOR.

Relatar neste item as características físicas) de cada setor (Cozinha, instalações sanitárias e vestiários, área de armazenamento, etc ) tais como: teto, forro, paredes, piso, ralos/ canaletas, iluminação, ventilação, janelas, portas, lavatórios, sistemas de exaustão, esgotamento sanitário, instalações elétricas, etc.

8- CONTROLE DA POTABILIDADE DA ÁGUA – POP 2

• O tipo de abastecimento da água potável, onde é armazenada.

• Número/ estado de conservação de reservatórios existentes, capacidade de cada um;

• A periodicidade da lavagem dos reservatórios e a descrição do método de higienizaçao da caixa de água, contendo inclusive tabelas de diluição de prod. desinfetante e registros de verificação de ocorrências;

• Controle da potabilidade de água e indicação de onde estão arquivados os documentos comprobatórios de controles de higienizaçao das caixas e análises laboratoriais da água.

• Se for usada água não potável, indicar a finalidade e uso e a identificação das tubulações.

9- MANEJO DOS RESÍDUOS – POP 4

• Tipo de depósito de lixo nas áreas de produção, forma e freqüência com que o lixo é retirado da área de produção; caminho percorrido pelo lixo para fora da área de produção; onde é armazenado até destinação final?

• Como é e com qual freqüência é feita a higienização das lixeiras.

10 – EQUIPAMENTOS

10. 1 – EQUIPAMENTOS EXISTENTES E SUAS ESPECIFICAÇÕES

•Relacionar todos os equipamentos existentes e suas especificações

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10.2– PROGRAMA DE MANUTENÇAO PREVENTIVA E CALIBRAÇAO DOS EQUIPAMENTOS – POP 5

•Como é feita a manutenção preventiva e calibração de equipamentos e onde estão arquivados os controles/ registros dessa manutenção?

11- HIGIENIZAÇÃO DE INSTALAÇOES, EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS - POP 1

11. 1 – HIGIENE DOS EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS

• Quais os procedimentos de higienização de equipamento e de utensílios., como é feito o monitoramento dessa higienização e qual a freqüência com que são inspecionados.

11. 2 – HIGIENE DAS INSTALAÇOES

• Quais os procedimentos de higienização dos ambientes, quais os métodos, produtos, freqüência e os responsáveis, como é monitorado, e a freqüência com que são inspecionados e onde estão arquivados os registros.

12 – CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E DE PRAGAS – POP 6

• Que tipos de pragas são mais comuns no ambiente da empresa. Quais as medidas preventivas para não permitir a entrada de pragas no ambiente da empresa.; onde estão instaladas barreiras físicas.

• Se usa processo químico, qual o procedimento adotado, quais são os produtos químicos utilizados no combate à infestação, quantidades, periodicidade da aplicação, qual empresa realiza o serviço, bem como seu número de alvará sanitáro junto ao órgão competente.

•Existe monitoramento, preenchimento e arquivo de relatórios sobre as atividades de controle de praga? Qual a freqüência e onde estão arquivados os registros.

13 – CONTROLES NA PRODUÇAO

13.1 – SELEÇAO DA MATÉRIA PRIMA, INGREDIENTES E EMBALAGENS – POP 7

• Que critérios de ordem higiênico-sanitária são usados na aquisição de matérias-primas. E seleção de fornecedores. Quais os registros usados.

13.2 - RECEBIMENTO

• Quais parâmetros qualitativos e quantitativos usados no recebimento de cada produto. O que é feito quando existem não conformidade no recebimento, quem é o responsável; qual a forma de documentação desses procedimentos (planilhas/ checklist, etc.)

13. 3 – ARMAZENAMENTO

• Quais as regras de armazenamento são adotados para as matérias-primas recebidas. Onde são armazenados os produtos químicos e tóxicos, material de limpeza.

14- ACONDICIONAMENTO, IDENTIFICAÇÃO E ARMAZENAMENTO DOS ALIMENTOS PRÉ PREPARADOS, PRONTOS E SOBRAS

• Quais os critérios de acondicionamento, rotulagem e armazenagem de alimentos prontos, pré-preparados e de sobras?

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15 – CONTROLE DE QUALIDADE

A empresa realiza algum tipo de controle de qualidade ( sensorial, laboratorial). Descrever e relatar que tipo de controle é realizado e a finalidade de cada um.

16 – PROGRAMA DE RECOLHIMENTO DE ALIMENTOS – POP 8

Quais procedimentos são adotados para o rápido e efetivo recolhimento dos produtos reclamados, onde são armazenados esses produtos, seu destino final, onde são feitos os registros e onde estão arquivados?

17 – VOLUME DE ANEXOS

Indicam uma lista de anexos do manual, sejam eles: xerox de alvarás, comprovantes de saúde, layout, certidões, exames, laudos, normas de referência, instruções de trabalho, modelos de registros de controles( planilhas, check list, etc.

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III - NORMAS GERAIS DE HIGIENE E DESINFECÇÃO

1. HIGIENE PESSOAL:

1.1. ESTÉTICA E ASSEIO:

*banho diário;

*cabelos protegidos;

*barba feita diariamente e bigode aparado;

*unhas curtas, limpas, sem esmalte ou base;

*uso de desodorante inodoro ou suave sem utilização de perfumes;

*maquiagem leve;

*não utilização de adornos (colares, amuletos, pulseiras ou fitas, brincos, relógio e anéis, inclusive alianças);

1.2. UNIFORMIZAÇÃO:

* Uniformes completos:

-Masculino: touca, jaleco, camiseta de manga ¾, calça comprida, calçado fechado; - Feminino: touca, jaleco, camiseta de manga ¾, calça comprida ou bermuda ou saia até a altura do joelho, calçado fechado;

* Os uniformes devem ser de cor clara, bem çonservados e limpos, com troca diária e utilização somente nas dependências internas do estabelecimento;

* Os sapatos devem estar em boas condições de higiene e conservação;

* O uso de avental e bota impermeável deve ser restrito às atividades onde há grande quantidade da água, não devendo ser utilizado próximo ao calor;

* não utilizar panos ou sacos plásticos para proteção do uniforme;

* não carregar no uniforme: canetas, lápis, batons, escovinhas, cigarros, isqueiros, relógios e outros adornos,

* nenhuma peça do uniforme deve ser lavada dentro da cozinha,

* utilizar EPI’s adequados em áreas com potencial risco á saúde dos trabalhadores de acordo com legislação específica do Ministério do Trabalho.

1.3. HIGIENE DAS MÃOS:

1.3.1. FREQÜÊNCIA:

Os funcionários devem lavar as mãos sempre que:

*chegar ao trabalho;

*utilizar os sanitários;

*tossir, espirrar ou assoar o nariz;

*usar esfregão, panos ou materiais de limpeza;

*fumar;

*recolher o lixo e outros resíduos;

*tocar em sacarias, caixas,, garrafas e sapatos;

*tocar em alimentos não higienizados ou crus;

*pegar em dinheiro;

*houver interrupção do serviço;

*iniciar um novo serviço;

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*tocar em utensílios ;

*colocar luvas;

1.3.2. TÉCNICA:

*umidecer as mãos e antebraços com água;

*lavar com sabonete liquido, neutro, inodoro. Pode ser utilizado sabonete liquido anti-séptico, neste caso, massagear as mãos e antebraços por pelo menos 1 minuto;

*enxaguar bem as mãos e antebraços;

*secar as mãos com papel toalha descartável não reciclado, ar quente ou qualquer outro procedimento apropriado;

*aplicar anti-séptico, deixando secar naturalmente ao ar, quando não utilizado sabonete anti-séptico;

*pode ser aplicado anti-séptico com as mãos úmidas.

Os anti-sépticos permitidos são: álcool 70%, soluçóes iodadas, iodóforo, clorohexidina ou outros produtos aprovados pelo Ministério da Saúde para esta finalidade.

1.4. HIGIENE OPERACIONAL (HÁBITOS):

Os itens relacionado, a seguir não são permitidos durante a manipulação dos alimentos:

*falar, cantar, assobiar, tossir, espirrar, cuspir, fumar;

*mascar goma, palito, fósforo ou similares, chupar balas, comer;

*experimentar alimentos com as mãos

*tocar o corpo;

*assoar o nariz, colocar o dedo no nariz ou ouvido, mexer no cabelo ou pentear-se:

*enxugar o suor com as mãos ou com qualquer peça da vestimenta;

*manipular dinheiro;

*tocar maçanetas com as mãos .sujas.;

*fazer uso de utensílios e equipamentos sujos;

*trabalhar diretamente com alimento quando apresentar problemas de saúde, por exemplo, ferimentos e/ou infecção na pele ou se estiver resfriado ou com gastroenterite,

*circular sem uniforme nas áreas de serviço.

2 .HIGIENE AMBIENTAL:

A higienização do local, equipamentos. e utensílios. são de suma importância porém além desta rotina deve-se também:

*remover o lixo diariamente, quantas vezes forem necessário, em recipientes apropriados, devidamente tampados. e ensacados, tomando-se medidas eficientes para evitar a penetração de insetos, roedores ou outros animais;

*impedir a presença de animais domésticos no local de trabalho;

*seguir um programa integrado de controle de pragas.

2.1.PERIODICIDADE DE LIMPEZA:

Diário:

*pisos, rodapés e ralos.;

*todas as áreas de lavagem e de produção, maçanetas, lavatórios (pias); sanitários, cadeiras e mesas (refeitório); monoblocos e recipientes de lixo;

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Diário de acordo com o uso:

*Equipamentos; utensílios; bancadas; superfícies de manipulação, saboneteiras, borrifadores.

Semanal:

*Paredes; portas e janelas; prateleiras (armários); coifa; geladeiras;câmaras e freezers.

Quinzenal:

*área de estoque e estrados

Mensal:

*luminárias, interruptores; tomadas, telas.

Semestral

*reservatório de água.

Obs.:

*teto ou forro; caixa de gordura, filtro de ar condicionado, de acordo com a necessidade ou regulamentação específica.

2.2. ETAPAS OBRIGATÓRIAS NO PROCESSO DE HIGIEN!ZAÇÃO AMBIENTAL:

* lavagem com água e sabão ou detergente,

*enxague,

*desinfecção quimica; deixar o desinfetante em contato mínimo de 15 minutos.;

*Enxague:

*No caso de desinfecção pelo calor imergir por 15 minutos em água fervente ou no mlnimo a 80’C.

*Não há necessidade de enxague:

*No caso de utilização de máquina de lavar louça, devem ser respeitados os critérios:

*lavagem: 55 a 65’C

*enxague: 80 a 900C

Obs: quando utilizar álcool a 70% ou água sanitária a 2,5% não enxaguar e deixar secar ao ar.

2.3. NÃO É PERMITIDO NOS PROCEDIMENTOS DE HIGIENE

*varrer a seco nas áreas de manipulação,

*fazer uso de panos para secagem de utensílios e equipamentos,

*uso de escovas, esponjas ou similares de metal, lã, palha de aço, madeira, amianto e materiais rugosos e porosos

*reaproveitamento de embalagem de produtos de limpeza

*usar nas áreas de manipulação os panos de limpeza utilizados em banheiros e sanitários

2.4 - HIGIENE DESINFECÇÃO DE RESERVATÓRIO D’ÁGUA

Esvaziar o reservatório abrindo torneiras e chuveiros.

Escovar as paredes e o fundo do reservatório removendo os resíduos. Retirar todo material indesejado.

Enxaguar as paredes e o fundo do reservatório.

Borrifar nas paredes, fundo e tampa a solução desinfetante preparada conforme a tabela abaixo.

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Depois de 4 horas, enxaguar e abrir as torneiras para esgotar totalmente o reservatório e deixar entrar água limpa.

Agora seu reservatório está pronto para uso.

Repetir esta desinfecção de 6 em 6 meses ou sempre que tiver suspeita de contaminação.

Manter o reservatório bem coberto.

Tabela de utilização de água sanitária:

2 copos de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) para cada 25 litros de água.

2.5 - HIGIENE E DESINFECÇÃO DE FRUTAS, VERDURAS E LEGUMES

Os legumes, verduras e frutas quando processados e ingeridos crus, devem antes ser lavados e desinfetados, da seguinte forma:

2.5.1 Verduras

Escolher as folhas uma a uma, retirando as estragadas e lavando folha por folha retirando as sujeiras;

Numa vasilha de plástico, vidro, barro ou louça preparar a solução clorada para a desinfecção;

Misturar uma colher de sopa de hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária) em um litro de água;

Deixar as folhas totalmente de molho nesta solução por 30 (trinta) minutos;

Enxaguar em água tratada ou em água potável e escorrer bem;

2.5.2 Legumes, Frutas e ovos:

Escolher um a um, separando os estragados e os que mostrem sinais de apodrecimento;

Lavar bem, retirando a terra e as sujeiras;

Sem retirar as cascas deixar de molho numa vasilha de plástico, vidro, louça ou barro, com a solução clorada (item 11.1) por 30 (trinta) minutos;

Colocar em escorredor, até escoar toda a solução clorada;

Retirar a casca se necessário e enxaguar com água tratada ou potável.

2.6 - HIGIENE E DESINFECÇÃO DE EQUIPAMENTOS, UTENSÍLIOS E SUPERFÍCIES DE CONTATO COM ALIMENTOS, (PISOS, BANCADAS, PAREDES, PANELAS, FACAS, ETC.)

Os utensílios devem ser lavados com água preferentemente quente e detergente. Em seguida devem ser mergulhados numa solução de hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária) e água na proporção de um copo (150 ml) de água sanitária para 30 litros de água. Devem permanecer nesta solução por cinco minutos e depois deixados para secar (importante não usar panos ou toalhas).

Os equipamentos e superfícies de contato com alimentos devem ser lavados da mesma forma. Em seguida deve-se passar um pano limpo, molhado com a solução de hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária) e água na proporção de um copo (150 ml) de água sanitária para 50 litros de água, e deixados para que a secagem ocorra naturalmente.

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Em caso do uso de álcool como agente sanificante, recomenda-se o uso de álcool a 70% e/ou do álccol gel a 70%

2.7 - MEDIDAS COMPLEMENTARES PARA A SANIDADE AMBIENTAL:

.Manter os ambientes de trabalho organizados e livres de lixo, entulhos e materiais em desuso, e, rigorosamente limpos, varrendo e/ou limpando superfícies com pano limpo e úmido antes de proceder a desinfecção com água sanitária.

.Impedir o acesso de animais domésticos e insetos aos locais de manipulação de alimentos ajustando portas e janelas aos seus batentes e telando aberturas de ventilação e outras (ralos, canos, caixas de passagem, bueiros, etc.).

.Matérias primas “in natura” que permanecerem estocadas sem acondicionamento a temperatura ambiente ( ex: tubérculos, raízes, cana ), devem permanecer protegidas em caixas teladas - telas com malhas milimétricas (2 mm) - , afastadas do solo (min. 50 cm) e dotadas de mecanismo que impeça o acesso de roedores e baratas – (pequeno cone oco invertido colocado no meio dos suportes da prateleira, conforme figura abaixo.)

.Verificar se a temperaturas dos equipamentos de frio estão atendendo os requisitos de armazenagem dos produtos refrigerados e congelados;

.Armazenar os produtos sempre com identificação (nome/ origem/ data de fabricação ou porcionamento /validade)

.Promover a Desinsetização e Desratização periódica.

.Utilizar lixeiras com pedal e tampa, manter todas as lixeiras limpas e desinfetadas, e munidas com sacolas plásticas.

.Colocar o lixo para o descarte final em local próprio a este fim, devidamente acondicionado e longe de áreas de manipulação de alimentos.

.Dotar sanitários de sabonete sanificante e papel toalha de primeiro uso.

.Não utilizar adornos nos pulsos e mãos, utilizar tocas para prender cabelos e uniformes limpos dentro das áreas de manipulação.

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS E POP´S

Portaria M.S. n° 1428 de 26-11-93 / Resolução RDC n° 275/02 - MS

1 – Identificação da Empresa

1.1 – Razão social.

1.2 – Endereço.

1.3 – Nome do responsável técnico – CR .

1.4– Autorização de funcionamento:

1.4.1 – Certificado de Inspeção Sanitária – xerox.

1.4.2 – Alvará – xerox.

1.4.3 – Caderneta Sanitária – xerox.

1.4.4 – Taxa de Inspeção Sanitária – xerox.

1.4.5 – Horário de funcionamento da empresa – xerox.

1.4 – Produtos fabricados com os respectivos nºs de registro ou Protocolo e/ou listagem dos

produtos fabricados.

2 – Recursos Humanos

2.1 – procedimento na admissão dos funcionários .

• nº de funcionários totais (por sexo).

• nº de funcionários das linhas de produção.

• nº de funcionários qualificados.

2.2.1 – o método utilizado para treinamento dos funcionários, relativo a higiene pessoal e higiene

na manipulação do produto.

Citar o responsável pelo treinamento e a qualificação profissional

Freqüência da realização

2.2.2 – o procedimento para avaliação médica

Profissional ou estabelecimento responsável

Periodicidade

2.2.3 – o procedimento para uso de uniforme

Modelo, cor, material, nº para cada funcionário, gorro, máscara, calçados, avental, nº de mudas

para funcionários

Esclarecimento se existe uniforme específico para cada função ou área específica tais como:

serviços em câmaras frigoríficas, salas estéreis ou de fabricação de certos tipos de produtos, etc.

2.2.4 – o procedimento para a alimentação dos funcionários.

2.2.5 – o procedimento de capacitação dos funcionários.

2.2.6 – o procedimento utilizado em relação a segurança do trabalho.

POP – Procedimento operacional escrito – responsável/função pelo monitoramento

Etapas, freqüência e princípios ativos usados para lavagem e anti-sepsia das mãos dos

manipuladores

As medidas adotadas nos casos em que os manipuladores apresentem lesão nas mãos, sintomas

de enfermidade ou suspeita de problema de saúde que possa comprometer a segurança do

alimento

Especificar os exames aos quais os manipuladores são submetidos e a periodicidade da execução

Programa de capacitação dos manipuladores em higiene deve ser descrito, sendo determinada a

carga horária, o conteúdo programático e a freqüência de sua realização.

Ações corretivas

Planilhas de registros assinadas pelo responsável /função, inclusive da participação nominal dos

funcionários

3 – Condições Ambientais ( descritas de um modo geral )

3.1 – internas

Compreende as informações das condições internas do ambiente, inclusive as condições do

trabalho, como:

Ventilação

Iluminação

Temperatura

Poluição sonora

3.2 – externas

Engloba a descrição das áreas circunvizinhas à indústria tais como:

Vias de acesso

Condições de salubridade

Condições urbanas (indústria localizada em área industrial, área mista, área de comunidade, etc)

4 – Instalações, edificações e saneamento (descritos)

4.1 – tipo de construção e material empregado em cada setor

4.2 – distribuição das áreas (discriminada por setores e em m2)

4.3 – sistema de exaustão

4.4 – sistema de ventilação

4.5 – sistema de água e outros fluídos

POP- procedimento escrito – responsável/função pelo monitoramento

Locais de coleta das amostras de água

Freqüência e responsável

Determinações analíticas e metodologia

Higienização e determinações analíticas feitas por empresas terceirizadas:

-laudos de análises

-certificado de execução do serviço, contendo todas as informações citadas acima.

Ações corretivas

Planilhas de registro assinadas pelo responsável/função pelo monitoramento

4.6 – sistema de esgoto

4.7 – sistema elétricos e de iluminação

4.8 – temperatura das salas de produção

4.9 – lixo e dejetos (local de guarda e destino)

4.10 – anexado o “lay-out” da empresa (localização do maquinário e processo fabril)

correspondente com a realidade

5 – Equipamentos

5.1 – Relacionar os equipamentos existentes e suas especificações

Descrever o processo de manutenção, aferição dos equipamentos de produção e respectivo

controle.

POP – Procedimento escrito – responsável/função pelo monitoramento

Manutenção - Periodicidade

Higienização procedida após a manutenção

Responsáveis para as 2 situações acima

Calibração – periodicidade

Responsável

Ações corretivas

Planilhas de registro com assinatura do responsável/função pelo monitoramento

6 – Sanitização

Limpeza e desinfecção dos equipamentos e do ambiente

Citar os programas, metodologias aplicadas, produtos, etc.

POP: (inclusive móveis e utensílios) - Procedimento escrito – responsável/função pelo

monitoramento

Freqüência:

Nome, cargo e função de quem executa

Natureza da superfície a ser higienizada

Método de higienização, princípio ativo e concentração

Tempo de contato

Temperatura

Descrição da higienização dos equipamentos que necessitam de desmonte

Ações corretivas

Planilhas de registros assinadas pelo responsável/função pelo monitoramento

POP – manejo de resíduos – coletores e da área de armazenamento dos resíduos –

procedimento escrito – responsável/função pelo monitoramento

Natureza da superfície a ser higienizada

Método de higienização, princípio ativo e concentração

Tempo de contato

Temperatura

Ações corretivas

Planilhas dos registros assinadas pelo responsável/função pelo monitoramento

6.1 – Controle de pragas (roedores, insetos, etc)

6.2 – Esclarecimentos quanto aos procedimentos adotados

Periodicidade

6.3 – Citar a firma que executa o serviço, seu nº de registro junto a FEEMA. Anexar cópia da

ordem de serviço mais recente.

POP – Procedimento escrito – responsável/função pelo monitoramento

Medidas preventivas e corretivas destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e/ou a

proliferação de vetores e pragas urbanas.

Controle químico – comprovante de execução de serviço.

Freqüência

Ações corretivas

Planilhas de registro com assinatura do responsável/função pelo monitoramento

7 – Produção

7.1 – Matéria-Prima:

7.1.1 – Procedimento adotado na aquisição:

procedência, registro de recebimento

POP – Procedimento escrito – responsável/função pelo monitoramento

Critérios utilizados na seleção e recebimento das matérias-primas e ingredientes

Destino dado às matérias-primas e ingredientes reprovados

Ações corretivas

Planilhas de registros assinadas pelo responsável/função pelo monitoramento

transporte, recepção

acondicionamento, estocagem e controle de qualidade

7.2 – Processo de Fabricação:

7.2.1 – Procedimentos adotados para a fabricação de produtos.

7.2.2 – Fluxograma de produção de cada categoria de produtos.

7.2.3 – Citadas as etapas críticas do processo de produção de cada categoria de produtos

Citadas as medidas de controle correspondentes

8 – Embalagem e Rotulagem

8.1 – Esclarecido o procedimento p/ a aquisição das embalagens e rótulos.

POP – procedimento escrito – responsável/função pelo monitoramento

Critérios e recebimento das embalagens

Destino dado às embalagens reprovadas

Ações corretivas

Planilhas de registros assinadas pelo responsável/função pelo monitoramento

8.2 – Citado o sistema utilizado para embalar os produtos (manual, automático, terceirizado, etc)

8.3 – Citado o procedimento no controle de qualidade das embalagens.

8.4 – Armazenamento e distribuição do produto final.

8.5 – Procedimento adotado no armazenamento (temperatura, aeração, ventilação, iluminação,

empilhamento, etc.).

8.6 – Procedimento adotado na distribuição:

Registro de distribuição, segundo o lote, partida, data de expedição Meio de transporte, destino,

etc.

9 – Controle de Qualidade

Compreende as informações sobre os métodos e procedimentos utilizados no controle de todo o

processo.

Descrever o procedimento realizado no controle de qualidade do produto final: são realizadas

análises em laboratórios próprio ou terceirizado (xerox de laudos)?, avaliação pelos caracteres

organolépticos?

Freqüência e tipo das análises

Manutenção de registro das análises

10 – Controle no Mercado

POP – procedimento escrito – responsável/função pelo monitoramento

10.1 – Relatado o procedimento adotado para retirada imediata do produto no mercado, no caso

de ser necessário.

10.2 – Citado o destino dos produtos recolhidos (se possui área separada e devidamente

identificada para o armazenamento dos produtos recolhidos

Esclarecer se os produtos recolhidos são reprocessados; se os produtos recolhidos são

inutilizados; se existem comprovantes de inutilização dos produtos e materiais reprovados, etc.)

Ações corretivas

Planilhas de registros assinadas pelo responsável / função pelo monitoramento

11 – Assinatura do documento:

IMPORTANTE: O Manual de Boas Práticas deverá ser assinado pelo(s) proprietário(s) da

indústria/empresa/estabelecimento, nome legível e nº da Carteira de Identidade ou por seu

preposto, desde que conste no Manual a procuração reconhecida em Cartório.

BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS

SUMÁRIO

Apresentação .......................................................................................... 9

1. Importância das Boas Práticas na Produção de Alimentos Seguros ....... 11

2. Contaminação dos Alimentos ............................................................ 12

3. Microorganismos em Alimentos ......................................................... 13

4. Cuidados com o Funcionário: Higiene, Saúde e Treinamento ............... 19

4.1 Higiene Pessoal ............................................................................ 19

4.2 Hábitos Pessoais .......................................................................... 21

4.3 Controle da Saúde ........................................................................ 26

4.4 Treinamento ................................................................................. 26

5. Usando o Termômetro ....................................................................... 27

6. Boas Práticas das Compras ao Consumo ........................................... 33

6.1 Compra, Transporte e Recebimento dos Alimentos ......................33

6.2 Rotulagem de Alimentos Embalados ............................................ 34

6.3 Armazenamento de Alimentos ..................................................... 39

6.4 Preparando o Alimento ................................................................ 41

6.5 Servindo o Alimento .................................................................... 46

7. Boas Práticas de Higiene no Local de Trabalho ................................... 50

7.1 Condições de Saneamentos da Água ............................................ 50

7.2 Higienização de Instalações, Equipamentos, Móveis e Utensílios .. 55

7.3 Controle Integrado de Pragas ....................................................... 62

7.4 Acondicionamento e Destino do Lixo ........................................... 64

8. Edificações e Instalações ................................................................... 67

Anexo 1 – Modelos de POPs .................................................................. 71

Anexo 2 – Modelos de Planilhas ............................................................ 74

Leitura Complementar ........................................................................... 77

Referências Bibliográficas ...................................................................... 79

APRESENTAÇÃO

Este manual de Boas Práticas, elaborado pela Coordenação de

Vigilância em Saúde – COVISA, é dirigido às Empresas de Pequeno

Porte (EPP) e Micro Empresa (ME) e locais que realizam serviço de

alimentação, com ou sem manipulação.

Constitui-se em mais um instrumento da Vigilância em Saúde

centrado na educação, objetivando ressaltar a responsabilidade daqueles

que trabalham com alimentos, a compreensão dos problemas de saúde

e a importância da produção de alimentos seguros, pois o alimento é

fonte de energia e de saúde para o homem, portanto não pode e não

deve ser fonte de doença.

É importante lembrar que a vigilância sanitária é um instrumento

para a defesa dos consumidores e, ao obedecer às exigências da

legislação sanitária, o empresário está cumprindo o seu dever de

cidadão.

11

As Boas Práticas de Manipulação de Alimentos são as práticas

de organização e higiene utilizadas em todos os países do mundo,

necessárias para garantir a produção de alimentos seguros.

No Brasil, desde 1993, está regulamentado que os estabelecimentos

relacionados à área de alimentos estão obrigados a adotar as suas

próprias Boas Práticas de Manipulação, de acordo com a atividade

desenvolvida e com as suas instalações e equipamentos.

O Manual de Boas Práticas é o documento que descreve as práticas

realizadas pelo estabelecimento, incluindo os requisitos sanitários do

edifício; a manutenção e higienização das instalações, dos equipamentos

e dos utensílios; o controle da água de abastecimento; o controle integrado

de vetores e pragas urbanas; controle da higiene e saúde dos manipuladores

e o controle e garantia de qualidade do produto final.

Os estabelecimentos devem possuir também, obrigatoriamente,

os Procedimentos Operacionais Padronizados – POPs. Esses documentos

devem descrever, de forma simples e objetiva, as rotinas de serviços

realizadas nos locais.

Os POPs referentes às operações de higienização de instalações,

equipamentos, móveis e utensílios, por exemplo, devem conter informações

sobre: natureza da superfície a ser higienizada, método de higienização,

princípio ativo selecionado e sua concentração, tempo de contato

dos agentes químicos e ou físicos utilizados na operação de higienização,

temperatura e outras informações que se fizerem necessárias.

O POP deve permanecer afixado em local visível para que o trabalhador

responsável pela tarefa possa executá-la corretamente. No final

deste manual estão alguns modelos de POP. A intenção é facilitar a

tarefa do empresário na sua elaboração.

IMPORTÂNCIA DAS BOAS PRÁTICAS NA

PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SEGUROS 1.

BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS

12

FÍSICA

. Gilete no pão;

. Cabelo;

. Pedra no feijão;

. Caco de Vidro;

. Grampos de caixa de papelão.

QUÍMICA

. Produtos de limpeza;

. Inseticida;

. Conservantes em quantidades

acima do recomendado.

BIOLÓGICA

. Fungos;

. Bactérias;

. Protozoários;

. Vírus;

. Vermes.

2. CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS

O que é contaminação?

É a presença de qualquer matéria estranha que não pertença ao

alimento.

Exemplos de contaminação:

BPM

13

3. MICROORGANISMOS EM ALIMENTOS

O que são microorganismos?

São seres vivos tão pequenos, que só podemos enxergá-los com

microscópio e muitos dos quais podem causar doenças.

Todos os microorganismos causam doença?

Não. Existem vários tipos:

Os úteis: utilizados na produção de queijos, iogurtes, cervejas, vinhos,

etc;

Os deteriorantes: são os que estragam/ deterioram os alimentos,

mudando o aspecto, odor (cheiro) e sabor, o que impede o consumo

do produto, podendo ou não causar doenças;

Os patogênicos: são os que causam doença sem alterar aspecto,

cheiro ou sabor do alimento.

Onde são encontrados os microorganismos?

Em todos os lugares!

No ar, água, terra, pessoas, animais, utensílios e no próprio alimento.

BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS

14

Todo alimento possui certa quantidade de microorganismos:

É a contaminação de origem.

Além da contaminação de origem, existe a contaminação cruzada.

O que significa contaminação cruzada?

É a contaminação que acontece quando microorganismos são

transferidos de um alimento ou superfície para outro alimento através

de utensílios, equipamentos ou do próprio manipulador. Exemplo: cortar

com a mesma faca e na mesma tábua carne crua e cozida sem antes

higienizar.

A falta de cuidados de higiene durante a produção e/ou manipulação

de alimentos amplia o risco de contaminação por microorganismos

causadores de doença. Alguns microorganismos comumente encontrados

em alimentos, como as bactérias salmonela em frango e a listeria

no leite, podem causar sérios danos, especialmente em crianças,

idosos e gestantes. Outra bactéria muito conhecida porque pode levar

a morte é o Clostridium botulinum, causador do botulismo.

BPM

15

Se os microorganismos estão presentes em todos os

lugares e alguns são capazes de nos causar doenças,

por que não ficamos sempre doentes?

Os seres humanos têm uma resistência natural aos microorganismos,

sendo que em crianças, gestantes e idosos a resistência é bem menor.

Por causa desta resistência, a maioria dos microorganismos, quando

em quantidade mínima, não é capaz de produzir doenças. Para que

causem doença é necessário que estejam presentes em quantidades

um pouco maiores (Dose infectante).

Como um alimento se torna inseguro?

Um alimento se torna inseguro quando os microorganismos presentes

nele atingem a dose infectante, podendo causar doença na pessoa

que o consome.

Esta dose infectante pode ser alcançada quando se permite a multiplicação

dos microorganismos no alimento.

O que os microorganismos precisam para se multiplicar?

Para que um microorganismo se multiplique ele precisa encontrar

certas características favoráveis, como:

Água: quanto mais água livre um alimento tiver, maior é a multiplicação

dos microorganismos. Carne bovina, suína, aves e pescados

são alimentos ricos em água.

Alimentos secos como pão, bolacha e goiabada, duram mais que

outros porque a água foi retirada.

Nutrientes: Os microorganismos necessitam de nutrientes como proteínas

e carboidratos. Alimentos como peixes, carnes, ovos, leite e seus

derivados são os que mais favorecem a multiplicação das bactérias

porque são ricos em proteínas.

MESMO UM ALIMENTO BONITO, GOSTOSO E CHEIROSO PODE

CONTER MICROORGANISMOS CAUSADORES DE DOENÇAS!!!

ATENÇÃO!

MICROORGANISMOS EM ALIMENTOS

16

Ar: Os microorganismos, diferentemente de outros seres vivos, podem

ou não precisar de ar para se multiplicar.

Acidez: Os alimentos pouco ácidos como o palmito, milho, manga,

melão, melancia, mamão, queijos, carnes, entre outros, favorecem a

multiplicação de microorganismos. Os alimentos muito ácidos, como

a maioria das frutas e extratos de tomate, dificultam a multiplicação de

bactérias.

Tempo: Os microorganismos precisam de tempo suficiente para

crescer. As bactérias, por exemplo, podem se multiplicar de 20 em 20

minutos. Em pouco tempo o alimento pode apresentar a quantidade de

bactérias capaz de causar doença. Portanto, é preciso estar atento ao

tempo de preparo, armazenamento e distribuição do alimento.

Temperatura: Temperaturas entre 5 e 60ºC favorecem a multiplicação

de microorganismos. Temperaturas muito altas ou muito baixas dificultam

a multiplicação dos microrganismos. Observe os termômetros:

A AUSÊNCIA DE AR FAVORECE A MULTIPLICAÇÃO DE ALGUNS

MICROORGANISMOS CAUSADORES DE DOENÇAS (como a bactéria

Clostridium botulinum). Por isso, embutidos, conservas vegetais e

alimentos embalados a vácuo só podem ser produzidos com a supervisão

de técnicos especializados que garantam a segurança do produto.

BPM

17

A informação da figura do termômetro, de que as bactérias morrem

em temperaturas superiores a 70°C e que a zona de temperatura perigosa

para a multiplicação bacteriana fica entre 5°C e 60°C, provoca a pergunta:

Por quê manter sob refrigeração ou congelamento

alimentos perecíveis?

Alimentos perecíveis têm características favoráveis à multiplicação

de microorganismos deteriorantes e também de patogênicos. A temperatura

de refrigeração retarda esta multiplicação (ver termômetro).

Determinadas bactérias patogênicas, ao se multiplicarem no alimento,

podem produzir toxinas (venenos). Algumas destas toxinas não são

destruídas pelo cozimento, fritura ou ao assar um alimento.

Mesmo os alimentos que foram cozidos podem conter bactérias

resistentes na forma de esporos.

Os esporos dão origem a novas bactérias quando o alimento fica na

zona de temperatura perigosa (5 a 60°C).

Existem substâncias químicas que podem ser

utilizadas para conservar os alimentos?

Sim, existem substâncias consideradas conservantes, mas somente

técnicos legalmente habilitados das indústrias podem utilizá-las para

impedir ou retardar a multiplicação das bactérias, pois se utilizadas em

doses erradas podem ser tóxicas para o homem (contaminação química).

Exemplos:

- Ácidos em conservas de vegetais;

- Nitritos e nitratos em produtos cárneos.

MICROORGANISMOS EM ALIMENTOS

18

LEITE E DERIVADOS

SALADAS QUE

CONTENHAM CARNES

(salpicão de frango)

OVOS IN NATURA (crus)

CARNE SUÍNA

CARNE BOVINA

PESCADOS

(peixes, mariscos e crustáceos)

Após considerar todos esses conceitos, conheça os alimentos que

devem ser manipulados com mais cuidado:

BPM

19

4.

Que cuidados devem ser tomados com todos os

funcionários para a produção de alimentos seguros?

Todos os funcionários devem ter boas condições de higiene, bons

hábitos pessoais, boas condições de saúde e ser, continuamente,

treinados em boas práticas de fabricação/manipulação.

CUIDADOS COM O FUNCIONÁRIO:

HIGIENE, SAÚDE E TREINAMENTO

Por quê a Higiene Pessoal

adequada é importante?

Nós todos trazemos em nossa

boca, mãos, nariz ou sobre a pele

as bactérias causadoras de doenças.

Essas bactérias podem ser levadas

ao alimento. Mantendo-se saudável

e limpo, o manipulador pode

ajudar a evitar uma doença por consumo

de alimento contaminado.

4.1 HIGIENE PESSOAL

O quê os funcionários

devem fazer para manter

a higiene pessoal?

1) Tomar banho e fazer a barba

diariamente (bigodes devem ser

aparados);

2) Lavar a cabeça com freqüência

e escovar bem os cabelos;

3) Escovar os dentes após cada

refeição;

4) Conservar as unhas curtas,

limpas e sem esmaltes ou bases;

BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS

20

5) Os funcionários uniformizados não devem sentar-se ou deitar-se

no chão, sacarias ou outros locais impróprios;

6) Não se deve enxugar o suor com as mãos, panos de prato, panos

de copa, guardanapos, aventais ou qualquer outra peça da vestimenta.

Quando as mãos devem ser lavadas?

- chegar ao trabalho;

- iniciar ou trocar de atividade;

- utilizar o sanitário;

- tossir, espirrar ou assoar o nariz;

- usar esfregões, panos ou material de limpeza;

- remover lixo e outros resíduos;

- tocar em caixas, sacarias e garrafas;

- pegar em dinheiro;

- manipular alimentos não higienizados ou crus;

- antes de tocar em utensílios higienizados;

- antes de colocar, e após retirar, as luvas

descartáveis;

- tocar os cabelos, o rosto ou o corpo;

- fumar ou mascar chiclete;

- tocar na roupa, avental ou nos sapatos;

- usar produto químico de limpeza;

- a toda interrupção de serviço.

BPM

21

Qual é a maneira correta de lavar as mãos e antebraços?

A lavagem deve ser feita com sabonete líquido, neutro e inodoro,

massageando as mãos e antebraços durante, pelo menos, 20 segundos

(1, 2 e 3). Limpe também embaixo das unhas (3). Enxágüe, seque com

papel toalha não reciclado (4), ou ar quente, e aplique anti-séptico (5)

aprovado para este fim, deixando-o secar naturalmente. Sabão antiséptico,

aprovado pelo Ministério da Saúde, pode ser utilizado e deve

permanecer em contato com a pele no tempo determinado pelo

fabricante.

Coloque cartazes com estas informações em locais bem visíveis.

Quais são os hábitos que devem ser evitados durante a

manipulação para proteger os alimentos de

contaminação?

1. Falar, cantar, assobiar ou fumar sobre os alimentos;

2. Espirrar, tossir, assoar o nariz ou cuspir;

3. Pentear-se, coçar-se, pôr os dedos no nariz, boca ou ouvido ou

passar as mãos nos cabelos;

4.2HÁBITOS PESSOAIS

CUIDADOS COM O FUNCIONÁRIO: HIGIENE, SAÚDE E TREINAMENTO

22

4. Comer, beber, mascar chiclete, palitos, fósforos ou similares e/ou

chupar balas;

5. Fazer uso de utensílios e equipamentos sujos;

6. Provar a comida nas mãos, dedos ou com utensílios sujos;

7. Provar alimentos em talheres e devolvê-los à panela sem prévia

higienização;

8. Enxugar o suor com as mãos, panos ou qualquer peça da vestimenta;

9. Tocar maçanetas ou qualquer outro objeto alheio à atividade;

10. Manipular dinheiro.

BPM

23

1. Calça ou saia, camisa ou camiseta de cor clara;

2. Avental ou jaleco de cor clara, sem bolsos acima da cintura;

3. Protetor de cabelo (touca, rede) que proteja totalmente os cabelos;

4. Sapato fechado antiderrapante ou botas de borracha em bom estado

de conservação;

5. Uso de casaco de proteção para entrar em câmaras frias.

É necessário que os funcionários utilizem uniformes

dentro do estabelecimento?

Sim. Os uniformes devem ser limpos e trocados diariamente e usado

somente dentro do estabelecimento.

O uniforme completo é composto de:

CUIDADOS COM O FUNCIONÁRIO: HIGIENE, SAÚDE E TREINAMENTO

24

É importante evitar:

- A utilização de avental plástico próximo a fontes de calor;

- Carregar no vestuário canetas, lápis, espelhinhos, ferramentas,

pentes, pinças, batons, cigarros, isqueiros, relógios, crachás;

- Usar adornos como brincos, anéis, pulseiras, relógios, alianças,

piercings, colares, amuletos, fitas, etc.;

- Utilizar perfumes e desodorantes muito perfumados;

- Utilizar maquiagem;

- Utilizar panos ou sacos plásticos para a proteção do uniforme.

As máscaras devem ou não ser utilizadas?

A utilização de máscaras na área de manipulação de alimentos não é

necessária, por isso orientamos não falar sobre os alimentos.

Quando utilizar luvas? E quando trocá-las?

As luvas são indicadas somente para algumas situações específicas:

- Luvas de borracha nitrílica de cano longo para lavagem e desinfecção

de ambientes e utensílios;

- Luvas isolantes térmicas devem ser utilizadas na manipulação de

utensílios quentes;

- Luvas de tela metálica ou malhas de aço devem ser utilizadas no

corte de carnes e pescado para proteger as mãos;

- Luvas de plástico (descartáveis), na manipulação de alimentos que

não serão cozidos novamente ou que serão consumidos crus;

No caso de utilização de luvas de plástico, elas devem ser descartadas

sempre que houver mudança de atividade, não dispensando a lavagem

das mãos a cada troca.

Não é permitido o uso de luva descartável em procedimentos que

envolvam calor, como cozimento ou fritura e quando do uso de máquinas

de moagem, tritura, moldagem ou similares.

A LAVAGEM DOS UNIFORMES É RESPONSABILIDADE DO

EMPREGADOR.

LEMBRE-SE:

BPM

25

Para alimentos prontos para o consumo tipo pães, doces, saladas,

evite usar as mãos. Utilize pegadores, garfos ou pinças.

CUIDADOS COM O FUNCIONÁRIO: HIGIENE, SAÚDE E TREINAMENTO

26

Por quê é importante manter a saúde?

As pessoas transmitem, umas às outras, muitas doenças através

dos alimentos. Assim, o cuidado e o controle com a saúde do funcionário

são essenciais para garantir a segurança do alimento preparado.

4.3CONTROLE DE SAÚDE

Como deve ser o controle da saúde dos funcionários?

O funcionário deve realizar exames médicos admissionais e periódicos,

acompanhados de análises laboratoriais, a critério médico, de

acordo com as atividades desenvolvidas pelo funcionário. A periodicidade

dos exames médico-laboratoriais deve ser, no mínimo, semestral,

podendo ser reduzida a critério médico.

Os funcionários que apresentarem diarréia ou disenteria, assim como

os que estiverem acometidos de infecções pulmonares ou faringites não

podem manipular alimentos, devendo ser afastados para outras atividades,

a fim de tratamento médico e de evitar a contaminação dos

alimentos.

O manipulador com cortes e ferimentos só poderá manipular alimentos

se estas lesões estiverem protegidas com cobertura à prova de água, ou

seja, com luvas de borracha.

4.4TREINAMENTO

Por quê treinar?

Todo funcionário que trabalha na manipulação de alimentos deve ser

treinado para aprender e cumprir as Boas Práticas de Manipulação de

Alimentos, englobando, sobretudo, a conscientização e a responsabilidade

do trabalhador.

O treinamento é responsabilidade do empresário.

Para Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), a Secretaria

Municipal de Saúde oferece o Curso de Boas Práticas para o empresário

ou para uma pessoa responsável indicada por ele.

BPM

27

5. USANDO OS TERMÔMETROS

Por que as temperaturas dos alimentos devem ser

medidas e registradas?

Utiliza-se o frio e o calor para destruir ou evitar a multiplicação dos

microorganismos nos alimentos, portanto devemos sempre controlar

as temperaturas dos alimentos medindo-as e registrando-as.

Que tipos de termômetros podem ser utilizados?

Devem ser utilizados termômetros que sejam capazes de indicar

temperaturas de congelamento e temperaturas acima de 190° C.

- Termômetro de Equipamentos;

- Embutidos ou suspensos em refrigeradores ou congeladores;

- Embutidos em equipamentos de conservação de alimentos

quentes e máquinas de lavar.

- Termômetro Digital;

BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS

28

- Termômetros a Laser

- São capazes de medir apenas temperaturas de superfície.

Como deve ser utilizado o termômetro?

1. Espere que a temperatura do termômetro estabilize;

2. Insira a haste ou sensor do termômetro no centro do alimento;

3. Não deixe que o sensor toque os lados ou o fundo do recipiente.

(Este pode estar mais frio ou mais quente que o alimento e a leitura

pode não ser correta);

4. Espere estabilizar a temperatura, faça a leitura e o registro.

- Termômetro Mecânico;

BPM

29

Quando a temperatura deve ser verificada?

A temperatura deve ser verificada em várias situações e de acordo

com as características do produto. Observe as possíveis situações nos

quadros a abaixo:

- Verifique a temperatura em pelo menos dois pontos diferentes,

especialmente em alimentos de grande volume;

- Para medir a temperatura de produtos embalados refrigerados ou

congelados, coloque o sensor do termômetro entre duas embalagens.

OLHE A DICA!

Ou conforme especificações do fabricante.

USANDO OS TERMÔMETROS

30

Produtos industrializados fechados ou abertos devem ser conservados

de acordo com a recomendação do fabricante.

Ou de acordo com a recomendação do fabricante.

BPM

31

De que forma devem ser registradas (anotadas) as

temperaturas?

Os resultados das medições devem, sempre, ser registrados em

planilhas próprias (Anexo 2). Faça da seguinte forma:

1. Verifique a temperatura do alimento;

2. Registre a hora de verificação da temperatura;

3. Registre a temperatura;

4. Lembre-se: Utilize sempre os quadros de temperatura apresentados

neste manual.

Quais são os cuidados que se deve ter com um

termômetro?

1. Higienizar: O sensor do termômetro deve ser lavado e desinfetado

antes e depois de uso, guardando-o sempre limpo. (Vide capítulo

Limpeza e Higienização de Equipamentos e Utensílios)

2. Calibrar: O termômetro deve ser calibrado periodicamente para

que ele indique sempre a temperatura correta.

Na utilização de balcão térmico, este deve conter água tratada e limpa,

trocada diariamente, mantida a temperatura de 80º a 90ºC.

Alimentos quentes ou frios que não sigam estes tempos e temperaturas

devem ser desprezados.

USANDO OS TERMÔMETROS

32

Como calibrar o termômetro?

Um modo fácil de calibrar um termômetro é utilizar o Ponto de

Congelamento:

1. Coloque bastante gelo picado em um recipiente e acrescente água

no mesmo nível do gelo. Misture;

2. Coloque o sensor do termômetro submerso nesta mistura d’água

com gelo, não deixando que a ponta do sensor encoste nas laterais

ou no fundo do recipiente;

3. Espere 30 segundos;

4. No caso de termômetro mecânico, segure o parafuso de ajuste

firmemente e gire a cabeça do termômetro até marcar 0ºC;

5. No caso de termômetro digital, pressione o botão “Reset” para

ajustar a temperatura.

MANTENHA SEMPRE O TERMÔMETRO DIGITAL COM A BATERIA

CARREGADA.

LEMBRETE:

BPM

33

6. BOAS PRÁTICAS

DA COMPRA AO CONSUMO

Os cuidados com as boas práticas, como dito anteriormente, devem

ser adotados em todas etapas do processo de produção dos alimentos,

garantindo assim, que ele chegue seguro ao consumidor.

Como comprar produtos de boa qualidade?

1. Não adquirir produtos clandestinos (sem nome e endereço do

fabricante e sem outras informações obrigatórias do rótulo);

2. Verificar as condições de higiene e manipulação do fornecedor;

3. Possuir uma lista dos fornecedores, para ter opções de escolha dos

produtos;

4. Verificar as condições da embalagem, do produto, não compre

produtos com embalagens violadas, amassadas, enferrujadas,

molhadas, emboloradas ou rasgadas.

6.1COMPRA, TRANSPORTE

E RECEBIMENTO DE ALIMENTOS

Como deve ser o transporte do alimento para garantir

sua qualidade?

1. Em veículos de transporte limpos, fechados, em bom estado de

conservação;

2. As temperaturas, durante o transporte, deverão ser adequadas

para cada tipo de alimento (Vide Tabela de Temperaturas de Transporte

e Recebimento no capítulo 5);

3. Se o próprio estabelecimento transporta os produtos adquiridos,

os alimentos perecíveis devem sempre ser mantidos em caixas térmicas,

para manter as temperaturas recomendadas pelo fabricante ou

por este manual;

4. Nunca transportar alimentos conjuntamente com pessoas ou

animais, produtos tóxicos ou que exalem odor (sabonetes, desinfetantes,

venenos, etc).

BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS

34

Como deve ser o recebimento do alimento para

garantir sua qualidade?

1. Receba ou descarregue os alimentos em área protegida de chuva,

sol e que seja limpa, bem iluminada e livre de pragas;

2. Observe se o entregador está com o uniforme limpo;

3. Verifique se a temperatura do alimento está de acordo com o recomendado

no rótulo e/ou adequada para seu transporte, utilizando um

termômetro (Vide Tabela de Temperaturas de Transporte e Recebimento

no capítulo 5) e registre as temperaturas em planilha própria (Anexo 2);

4. Rejeite alimento que tenha prazo de validade vencido, sinais de

dano ou deterioração;

5. Leve os alimentos como frutas e verduras para serem selecionados

e lavados em uma pia isolada antes de serem armazenados ou antes

de seguirem para a área de preparo;

6. Limite o tempo de permanência na zona de temperatura perigosa

(5°C a 60°C). Armazene os alimentos de refrigeração rapidamente –

não deixe mercadoria nos corredores;

7. Verifique se os rótulos contêm todas as informações necessárias.

A rotulagem possibilita ao consumidor

uma melhor escolha do

alimento e promove práticas alimentares

saudáveis. Permite a rastreabilidade

do alimento, previne

o risco à saúde e ajuda a garantir

o comércio de alimentos seguros.

Todo alimento embalado

necessita de rótulo?

Os alimentos embalados precisam

de rótulo. As informações que

6.2ROTULAGEM DE ALIMENTOS EMBALADOS

BPM

35

obrigatoriamente devem constar no rótulo de alimentos embalados são:

1) Nome do produto, indicando a sua natureza;

2) Lista de ingredientes em ordem decrescente de quantidade. Isto é,

o ingrediente que estiver em maior quantidade deve vir primeiro, e

assim por diante. Esta informação é importante para portadores de

doenças saberem o que estão consumindo;

3) Conteúdo líquido (quantidade do produto em volume ou peso);

4) Identificação de origem: razão social e endereço do fabricante, do

distribuidor e do importador, se for produto importado;

5) Identificação do prazo de validade: constar o DIA e o MÊS para

produtos com duração menor que 3 meses; constar o MÊS e o ANO

para produtos com duração superior a 3 meses;

6) Modo de conservação;

7) Número de registro no órgão competente, quando for o caso.

PRODUTOS QUE NECESSITAM DE REGISTRO:

alimentos de origem animal, adoçantes, água mineral,

alimentos para fins especiais (infantis, para idosos,

controle de peso, dietéticos, para praticantes

de atividade física, para gestantes e nutrizes), bebidas

em geral, sal e palmito.

Por quê estas informações são necessárias?

São vários os motivos.

1) A lista de ingredientes permite que o consumidor identifique o

que está comendo. Para pessoas alérgicas estas informações são

essenciais;

2) A indicação do modo de conservação permite que o produto tenha

sua qualidade e segurança preservadas;

3) A identificação da origem permite a identificação do responsável

pela fabricação, distribuição ou importação do alimento, fato

necessário caso o produto venha a causar algum problema;

BOAS PRÁTICAS DA COMPRA AO CONSUMO

36

4) A indicação do prazo de validade evita que sejam comercializados

ou consumidos alimentos que, mesmo com a aparência normal, já

tenham perdido a qualidade original.

- Indicar propriedades medicinais

ou terapêuticas;

- Aconselhar o uso para melhorar

a saúde, evitar doenças;

- Usar palavras, sinais ou desenhos

que possam levar o consumidor

a erro;

- Atribuir ao produto qualidades

que não existem.

Como deve ser identificado um produto que foi

retirado da embalagem original?

Ao transferir um alimento para outra embalagem diferente da original,

cole uma etiqueta na nova embalagem com as mesmas informações

da embalagem de origem acrescidas da data de transferência, do novo

prazo de validade e do número da nota fiscal.

O que não é permitido colocar no rótulo?

- Destacar a presença de componentes próprios do produto, exemplo:

“Morango rico em vitamina C”;

BPM

37

Como devem ser rotulados os alimentos preparados ou

fracionados, no local de comercialização e embalados

na presença do consumidor?

Os alimentos comercializados nestas condições devem apresentar,

no mínimo, as informações exigidas pelo Código do Consumidor que

são as seguintes:

- Nome do produto;

- Quantidade;

- Ingredientes;

- Preço;

- Prazo de validade;

- Identificação de origem.

O que é rotulagem

nutricional?

É a informação obrigatória que

deve constar no rótulo do alimento,

composta, principalmente, pelos

seguintes itens: valor energético,

quantidade de carboidratos, proteínas,

gorduras totais, gorduras saturadas,

gorduras trans, fibra alimentar

e sódio por porção do alimento.

Por quê é obrigatória a

rotulagem nutricional?

Para que os consumidores tenham

a possibilidade de conhecer

e controlar a ingestão de alguns

componentes alimentares que são

importantes para a redução do risco

de desenvolvimento de doenças

crônicas associadas à alimentação.

BOAS PRÁTICAS DA COMPRA AO CONSUMO

38

Modelos de Rotulagem Nutricional:

* % Valores Diários com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kJ.

Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas

necessidades energéticas.

B) Modelo Vertical B

* % Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2.000 kcal

ou 8.400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo

de suas necessidades energéticas.

A) Modelo Vertical A

BPM

39

Quais são os cuidados no armazenamento para não

comprometer a qualidade e a segurança do alimento?

1. Substitua as caixas de madeira por caixas de material plástico porque

são fáceis de lavar e isto evita a entrada de sujeira e insetos no estabelecimento;

C) Modelo Linear

*% Valores Diários com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8400 kJ.

Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas

necessidades energéticas.

Informação Nutricional: Porção ___ g ou ml; (medida caseira) Valor

energético.... kcal =…….kJ (...%VD); Carboidratos ...g (...%VD);

Proteínas ...g(...%VD); Gorduras totais ........g (...%VD); Gorduras

saturadas.....g (%VD); Gorduras trans...g; Fibra alimentar ...g (%VD);

Sódio ..mg (%VD). “Não contém quantidade significativa de ......(valor

energético e/ou o(s) nome(s) do(s) nutriente(s))” (Esta frase pode ser

empregada quando se utiliza a declaração nutricional simplificada).

6.3ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS

Nota explicativa a todos os modelos:

A expressão “INFORMAÇÃO NUTRICIONAL”, o valor e as unidades

da porção e da medida caseira devem estar em maior destaque do que

o resto da informação nutricional.

Produtos dispensados de informação nutricional: alimentos preparados

e embalados em restaurantes e em estabelecimentos comerciais,

como sanduíches, sobremesas, etc; produtos fracionados no

varejo, como queijos, presuntos e salames; frutas, verduras, legumes

e carnes in natura e alguns outros produtos industrializados (bebidas

alcóolicas, especiarias, águas minerais naturais, vinagre, sal - cloreto

de sódio)

BOAS PRÁTICAS DA COMPRA AO CONSUMO

40

2. Guarde os produtos de limpeza e higiene em local separado dos

alimentos para evitar contaminação;

3. Organize os alimentos de acordo com a data de vencimento, primeiro

que vence/ entra, primeiro que sai (PVPS/PEPS);

4. Separe e identifique os produtos que estão impróprios para o consumo,

colocando-os em embalagens adequadas para que não contaminem

os demais alimentos;

5. As prateleiras, geladeiras e congeladores devem estar em perfeitas

condições de higiene e funcionamento.

Como deve ser o Estoque Seco?

1. Arejado, sem umidade ou calor excessivo. O excesso de umidade

possibilita a presença de fungos ou bolores;

2. Limpo, livre de entulhos (equipamentos e utensílios que não estão

em uso);

3. Os alimentos devem ser colocados nas prateleiras de forma organizada,

separados por grupos, respeitando o empilhamento máximo

recomendado pelo fabricante;

4. Os produtos devem estar em estrados longe do chão no mínimo a

25 cm; longe das paredes no mínimo a 10 cm; longe do teto no mínimo

a 60 cm. O espaçamento entre pilhas deve ser de, no mínimo, 10 cm;

5. As prateleiras devem ser de material liso, resistente e de fácil limpeza.

Como devem ser armazenados alimentos perecíveis?

Todo alimento perecível deve ser, após a compra, imediatamente armazenado

sob refrigeração ou congelamento.

1. Disponha os alimentos no equipamento de modo a permitir a circulação

do ar, distantes entre si e das paredes. Evite a superlotação;

2. Regule a temperatura dos equipamentos de acordo com o alimento

que exige a menor temperatura (vide tabela de temperatura);

3. Evite contaminação cruzada entre os alimentos embalando-os e

distribuindo-os de maneira adequada. Evite guardar alimentos preparados

com alimentos acondicionados em caixas de papelão;

BPM

41

4. Não desligue os equipamentos com o objetivo de economizar

energia. Este procedimento não economiza energia e propicia a multiplicação

dos microorganismos.

5. Controle periodicamente a temperatura dos alimentos armazenados

registrando em planilhas próprias.

OBS: Excesso de gelo prejudica o funcionamento do equipamento e

também a manutenção da qualidade dos alimentos.

- MANTENHA UM ESTOQUE MÍNIMO DE PRODUTOS;

- JAMAIS UTILIZE PRODUTOS COM A VALIDADE VENCIDA.

DICAS:

Como deve ser a área de preparo dos alimentos?

A área de preparo, os móveis e equipamentos devem ser em número

e tamanho suficientes em relação à quantidade de alimentos que será

preparada.

6.4 PREPARANDO O ALIMENTO

BOAS PRÁTICAS DA COMPRA AO CONSUMO

42

Na área de preparo dos alimentos deve existir uma pequena pia para

higiene das mãos com sabão líquido sem perfume e papel toalha não

reciclado (ou então esperar que as mãos sequem naturalmente).

As mãos não devem ser lavadas na mesma pia onde são lavadas e

desinfetadas as verduras, frutas e legumes. As mãos devem ser higienizadas

entre uma atividade e outra, em pia utilizada somente para

este fim.

Posso utilizar qualquer produto para desinfecção dos

alimentos?

Não, os produtos desinfetantes com a finalidade de diminuir a carga

bacteriana nos alimentos devem ser registrados no Ministério da Saúde

com indicação para este fim. A descrição do procedimento de higienização,

isto é, limpeza e desinfecção, deve permanecer à disposição

da autoridade sanitária. (POP de Higienização – Anexo 1)

Como devo fazer o dessalgue dos produtos cárneos?

O dessalgue deve ser feito em água sob refrigeração até 10°C ou

através de fervura.

- Antes de iniciar o trabalho verifique se o ambiente, as mesas, as

pias, ralos e utensílios estão rigorosamente limpos;

- Trabalhe organizando as atividades e a cada etapa lave a pia, mesas

e utensílios para evitar a contaminação cruzada;

- Selecione e higienize as frutas, verduras e legumes que serão consumidos

crus ou em sucos. Frutas, verduras e legumes que serão

cozidos, fritos ou assados devem ser lavados, mas não necessitam

de desinfecção;

- Prepare as carnes, acondicione-as e guarde-as sob refrigeração;

- Nunca utilize produto com validade vencida.

LEMBRE-SE:

BPM

43

Durante o preparo, quanto tempo os produtos perecíveis

podem permanecer em temperatura ambiente?

O tempo de manipulação de produtos perecíveis em temperatura

ambiente não deve ultrapassar 30 minutos. Em área climatizada entre

12 e 18°C, não deve ultrapassar 2 horas. Portanto, os alimentos devem

sempre ser manipulados em pequenas porções.

O produto pré-preparado deve

conter identificação (nome), data

de manipulação e validade.

Exemplos de produtos pré-preparados:

carne crua temperada, lasanha

crua congelada.

Como fazer o resfriamento e o congelamento?

O alimento deve estar acondicionado em vasilhas rasas, cobertas,

em pequenas porções para facilitar o resfriamento de 60°C a 10°C no

prazo máximo de 2 horas. Em seguida, deve ser submetido à temperaturas

inferiores a 5°C. A partir da temperatura de refrigeração, o congelamento

deve atingir temperatura igual ou inferior a – 18 °C.

Por quê é proibida a entrada de caixas de madeira e de

papelão?

Porque caixas trazem contaminações, insetos e roedores.

Quais as informações que um produto pré-preparado

no estabelecimento deve conter?

Para resfriar mais rapidamente o

alimento, pode ser utilizado o resfriamento

forçado, realizado das

seguintes formas: imersão em gelo

antes de levar a geladeira ou através

de equipamentos próprios para

resfriamento rápido.

BOAS PRÁTICAS DA COMPRA AO CONSUMO

44

Em pequenas quantidades o alimento quente pode ir direto para o

refrigerador ou congelador. Cuidado para não alterar a temperatura do

equipamento, mesmo que temporariamente.

Qual a temperatura ideal que os alimentos devem

atingir na etapa de cocção?

Os alimentos devem ser bem cozidos e atingir, no mínimo, 70°C no

seu centro geométrico, para que haja redução significativa da quantidade

de bactérias.

- NUNCA DESCONGELE ALIMENTOS EM TEMPERATURA AMBIENTE;

- Cuidado com o líquido que escorre durante o descongelamento: ele

pode ser fonte de contaminações;

- É proibido recongelar alimento que foi descongelado, pois há aumento

da carga microbiana no produto.

ATENÇÃO!

Como deve ser realizado o descongelamento dos

alimentos?

Pode ser feito das seguintes maneiras:

- Em geladeira a 4°C;

- Em forno de convecção ou microondas;

Posso reutilizar o óleo de fritura?

O óleo só pode ser reutilizado quando não apresentar alterações de

cor e cheiro e não tiver formação de espuma ou fumaça.

Os óleos e gorduras para fritura não devem ser aquecidos a temperaturas

superiores a 190°C.

Posso reaquecer os alimentos?

Os alimentos que já sofreram cocção e que foram adequadamente

conservados em geladeira ou congelador podem ser reaquecidos desde

que atinjam, no seu interior, a temperatura de, no mínimo, 70°C.

BPM

45

Quais as normas para o uso de ovos?

As normas são rígidas porque os ovos podem vir contaminados com

a salmonela, bactéria que vive naturalmente no intestino das aves,

portanto:

- Não é permitida a venda nem a utilização de ovos com a casca rachada;

- O conteúdo interno do ovo não deve entrar em contato com a casca;

- As embalagens de ovos não devem ser reutilizadas;

- O prazo de validade registrado na embalagem deve ser obedecido;

- Não é permitido oferecer ovos crus para o consumo, bem como alimentos

preparados onde os ovos permaneçam crus. Portanto, não utilize

ovos crus no preparo de maioneses, mousses e outros. Nestes casos

devem ser utilizados ovos pasteurizados, desidratados ou cozidos;

- Para o correto cozimento do ovo, submeta-o a fervura por 7 minutos;

- Ovos fritos devem apresentar a gema dura.

Que cuidados é preciso ter com os alimentos

enlatados?

Não se deve comercializar ou utilizar latas amassadas, estufadas ou

enferrujadas.

Se a lata for amassada, rompe-se o verniz que isola o alimento da parede

da lata. Esta parede pode conter substâncias (tais como chumbo) que, ao

entrarem em contato direto com o alimento, o contaminam quimicamente.

Todas as latas devem ser lavadas antes de serem abertas. A porção

não utilizada deve ser transferida para vasilha adequada, devidamente

identificada e mantida sob refrigeração.

- Não deixe produtos prontos para o consumo, que estão para serem

servidos, sobre a mesa ou fogão desligado. Os produtos servidos quentes

devem permanecer à temperatura mínima de 60ºC;

- Os alimentos servidos frios devem esperar na geladeira à 4ºC;

- Mantenha a matéria-prima e demais ingredientes em recipientes

limpos, tampados ou nas embalagens originais e identificados com

nome e prazo de validade.

LEMBRE-SE:

BOAS PRÁTICAS DA COMPRA AO CONSUMO

46

Após tantos cuidados com os hábitos de higiene, no preparo e na

conservação dos alimentos para mantê-los seguros para ingestão, não

se pode descuidar no momento de servir.

Na hora de servir o alimento devemos estar atentos a algumas práticas

que irão garantir que o cliente consuma um alimento seguro.

Como indicado no início do manual, para que um alimento permaneça

seguro devemos impedir:

a. Novas contaminações;

b. Que os microorganismos se multipliquem.

Quais práticas devem ser lembradas para evitar novas

contaminações durante o serviço?

1. Organizar os utensílios a serem utilizados para a distribuição e

para o consumo;

2. Abastecer as cubas de “self-service” em pequenas quantidades,

tantas vezes quantas forem necessárias, evitando o desperdício (pois

as sobras não devem ser reutilizadas);

3. Nunca reutilizar alimento preparado que já tenha sido servido aos

clientes, inclusive pães, condimentos e molhos (“couverts” ou entradas);

4. Manter os alimentos e os utensílios cobertos nos intervalos de

distribuição (dentro ou fora dos equipamentos de conservação);

5. Recolher os pratos e utensílios usados e oferecer outros limpos

aos clientes que estão voltando ao bufê de alimentos;

6. Usar utensílios de cabos longos, que evitam que o consumidor se

debruce sobre os alimentos servidos;

7. Utilizar utensílios específicos para cada prato;

8. Retirar do bufê todos os alimentos e os utensílios que os clientes

possam ter sujado ou contaminado.

6.5SERVINDO O ALIMENTO

BPM

47

Quais estratégias devem ser adotadas no momento de

servir para evitar a multiplicação dos microorganismos?

O SEGREDO É FICAR SEMPRE ATENTO AO CONTROLE DE TEMPO

E TEMPERATURA DE EXPOSIÇÃO DO ALIMENTO.

Vamos relembrar as tabelas de temperatura para

distribuição do alimento?

Utilize para isso banho-maria, estufa, “réchaud” ou equipamentos

de auto-serviço.

Os alimentos que não obedecerem às temperaturas e aos intervalos

de tempo, acima indicados, deverão ser desprezados.

BOAS PRÁTICAS DA COMPRA AO CONSUMO

48

1- Segure os pratos pela parte de

baixo ou pelas bordas;

ALGUMAS DICAS NA HORA DE SERVIR:

2- Pegue as xícaras pela parte de

baixo ou pelas alças;

3- Pegue e manuseie os talheres

pelo cabo;

4- Apanhe o gelo com utensílios

de cabo longo (nunca com copos,

xícaras, tigelas ou conchas sem

cabo);

5- Apanhe alimentos prontos

com pinça.

BPM

49

E pensando em servir, o Comércio Varejista de Alimento deve estar

atento às legislações quanto à proibição da venda de bebidas alcoólicas

para menores de 18 anos, mantendo em local visível, na área de consumação,

um cartaz com os seguintes dizeres:

BOAS PRÁTICAS DA COMPRA AO CONSUMO

50

7. BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE

NO LOCAL DE TRABALHO

Manter a higiene de um estabelecimento que comercializa alimentos

é prática fundamental. Ela é um importante fator para garantia de um

alimento seguro, livre de microorganismos que podem causar doenças.

A higiene de tudo que envolve o local de trabalho, incluindo: o controle

das condições de saneamento da água; a limpeza de instalações (cozinha,

despensa, depósito, sanitários,etc.); utensílios e equipamentos;

o controle de insetos e roedores; o correto armazenamento e o

destino do lixo deve ser realizada periódica e rigorosamente.

A água é um recurso natural e como tal deve ser usada com muito

critério, evitando sua contaminação e desperdício. A água utilizada na

manipulação de alimentos é uma matéria prima e por isso sua potabilidade

deve ser garantida.

7.1CONDIÇÕES DE SANEAMENTO DA ÁGUA

OS AGENTES DESINFETANTES DEVEM SER REGISTRADOS NO MINISTÉRIO

DA SAÚDE!

ATENÇÃO!

O que é água potável?

É a água segura para beber.

No Brasil a potabilidade da água é estabelecida através de legislação

federal. Essa legislação exige que a água seja tratada.

O que é água tratada?

É a água adicionada de agente desinfetante com o objetivo de eliminar

os microorganismos e tornar a água própria para beber, ou seja, potável.

O Cloro é o agente desinfetante mais eficiente e de menor custo para

o tratamento da água. O teor recomendado pela legislação brasileira é

no mínimo 0,5 mg/L e no máximo 2,0 mg/L de cloro livre.

BPM

51

Outros agentes desinfetantes podem ser utilizados desde que fique

provada a eficiência na eliminação dos microorganismos.

Qual é a procedência da água?

A água pode ser proveniente do abastecimento público (SABESP), de

poço ou de caminhão-pipa.

- Água da SABESP: Aqui em São Paulo, a água é captada de manancial

superficial. É tratada com cloro e a sua qualidade é avaliada pela Prefeitura

Municipal através do Programa de Controle da Qualidade da água de

Abastecimento Público, chamado “Pró-Água”.

- Água de poço: Em São Paulo, não é recomendado utilizar água de

poço raso ou cacimba, em virtude da contaminação do solo.

Para abrir ou perfurar um poço profundo é preciso solicitar autorização

do Departamento de Água e Energia Elétrica – DAEE. É possível regularizar

um poço já existente. O DAEE é o órgão que cuida para que o

manancial subterrâneo não se contamine e para que a fonte não se

esgote.

A água de poço deve passar por análise laboratorial, no mínimo, a

cada 6 meses.

O tratamento da água de poço pode acontecer na saída do poço ou

na entrada da caixa d’água.

- Água de Caminhão-Pipa: Atenção para a procedência da água.

Exija da empresa fornecedora da água a apresentação dos seguintes

documentos:

1. Outorga do poço, concedida pelo DAEE;

2. Cadastro ou licença de funcionamento na vigilância sanitária;

3. Laudo de análise da água;

4. Comprovante que a água foi clorada a cada carga, ou seja, que foi

colocado cloro dentro do tanque do caminhão pipa;

5. Nota fiscal.

BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE NO LOCAL DE TRABALHO

52

Como armazenar a água?

Em caixas d’água ou reservatórios, com as seguintes condições:

- Superfície lisa, resistente e impermeável, livre de rachaduras;

- Tampada, para evitar a proliferação do mosquito da dengue e a

presença de material estranho;

- Fácil acesso, para limpeza e desinfecção;

- Ter estravasador na sua parte superior;

- Protegida contra inundações, infiltrações;

- Limpa e desinfetada a cada 6 meses e nas seguintes situações:

a. Quando for instalada;

b. Na ocorrência de acidentes que possam contaminar a água.

Como se faz a limpeza e a desinfecção da caixa d’água?

Observe com atenção e corrija imediatamente os vazamentos, para

evitar contaminação e desperdício.

1. Feche o registro de entrada de

água do estabelecimento ou amarre

a bóia;

2. Armazene água da própria

caixa para usar enquanto estiver

fazendo a limpeza;

BPM

53

3. Esvazie toda a água da caixa;

4. Tampe a saída para que a sujeira

não desça pelo ralo;

5. Utilize um pano úmido e a

água armazenada para lavar as paredes

e o fundo da caixa. Se a caixa

for de fibrocimento, substitua o pano

úmido por uma escova de fibra

vegetal ou de fio de plástico macio.

Não use escova de aço, vassoura,

sabão, detergente ou outros

produtos químicos;

6. Retire a água da lavagem e a

sujeira com uma pá de plástico,

balde e panos. Seque o fundo com

panos limpos;

BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE NO LOCAL DE TRABALHO

54

7.Encha a caixa e adicione 2 litros

de hipoclorito de sódio para

cada 1.000 litros de água;

8. Aguarde 2 horas. Não use água

neste tempo;

9. Passadas as 2 horas, abra a

saída da caixa e a esvazie totalmente

abrindo todas as torneiras

e acionando as descargas para desinfetar

todas as tubulações do estabelecimento;

10. Encher novamente a caixa e

utilizar a água normalmente. Tampe

bem. A tampa tem que ter sido

lavada antes de ser colocada no

lugar;

BPM

55

11. Anote a data da limpeza do

lado de fora da própria caixa d’água.

Quais os cuidados quanto ao gelo?

O gelo deve ser proveniente de empresa cadastrada na vigilância sanitária.

O gelo que entra em contato com os alimentos deve ser de água

potável e estar embalado, qualquer que seja o seu formato ou tamanho;

deve também estar armazenado em local limpo e bem conservado.

O hipoclorito de sódio é a água sanitária a 2,5% de cloro que pode

ser comprada no supermercado. No seu rótulo deve constar a

indicação para desinfecção de alimentos.

NOTA:

1. O que significa higienização?

A higienização compreende duas etapas:

limpeza e desinfecção. A limpeza consiste

na remoção de terra, resíduos de alimentos,

sujidades e/ou outras substâncias indesejáveis.

Já a desinfecção é a operação de redução,

por método físico e/ou químico, do número

de microorganismos a um nível que não comprometa

a segurança do alimento.

7.2HIGIENIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES,

EQUIPAMENTOS, MÓVEIS E UTENSÍLIOS

BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE NO LOCAL DE TRABALHO

56

2. Qual a importância de se realizar a higienização dos

equipamentos, móveis e utensílios?

É muito importante realizar a higienização porque as bactérias se

multiplicam em resíduos que permanecem nos utensílios, equipamentos

e no ambiente de trabalho, contaminando os alimentos ali produzidos.

Portanto, higiene é fundamental.

3. A organização é importante para manter a higiene

de um local?

Sim, pois a higiene começa na organização. É preciso reservar um

lugar para cada coisa e evitar manter nas áreas de preparo ou de estoque

de alimentos: plantas, enfeites, objetos estranhos à atividade, equipamentos

e utensílios que não estão sendo utilizados.

4. O processo de higienização deve ser registrado?

Sim, a higienização de instalações, equipamentos e utensílios deve estar

descrita nos POPs (Procedimentos Operacionais Padronizados) e disponíveis

para a autoridade sanitária. Nos procedimentos devem ser descritos

o método utilizado, sua freqüência, o responsável pelo procedimento,

condições de uso, concentração do produto utilizado, temperatura,

tempo, ação mecânica, especificação dos produtos e local da utilização.

5. Como deve ser a área destinada à higienização dos

equipamentos, móveis e utensílios?

A higienização deve ocorrer em área própria, isolada, dotada de tanque

ou pia, água corrente, fria e quente. Não havendo possibilidade deste

espaço físico próprio, os procedimentos de higienização devem garantir

a segurança do processo para evitar a contaminação cruzada.

- Os equipamentos e utensílios devem ser higienizados antes e

após o uso;

- Não colocar equipamentos e utensílios higienizados diretamente

sobre o piso.

LEMBRE-SE:

BPM

57

6. Os utensílios de limpeza podem ser guardados com

outros utensílios?

Todos os materiais utilizados na

limpeza (panos, vassouras, etc.)

devem ser mantidos em bom estado

de conservação e guardados

em locais próprios, separados de

acordo com o tipo de utilização.

Ex: panos de chão separados de

panos de pia.

7. É permitido o uso de

esponja de aço?

Não. O uso de escovas de metal,

lãs de aço e outros materiais abrasivos

não são permitidos pois podem

deixar fragmentos que podem

passar para o alimento.

8. Posso utilizar panos convencionais?

Não é permitido o uso de panos convencionais para a limpeza,

secagem de mãos, utensílios, equipamentos, devendo ser utilizados

aqueles constituídos de materiais descartáveis.

9. É permitida a utilização de produtos para

higienização sem registro no órgão competente?

Os produtos para higienização devem obedecer a legislação vigente.

Todos os desinfetantes devem ser registrados no Ministério da Saúde.

10. A higienização do ambiente deve ser feita de

quanto em quanto tempo?

A periodicidade deve estar de acordo com o volume e condições de

produção ou minimamente como descrito abaixo:

BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE NO LOCAL DE TRABALHO

58

- Todos os dias: pisos, rodapés, ralos, as áreas de lavagem e produção,

maçanetas, lavatórios, sanitários, cadeiras e mesas, recipiente de lixo;

- Diariamente ou de acordo com o uso: equipamentos, utensílios,

bancadas, superfícies de manipulação, saboneteiras, borrifadores;

- Toda semana: paredes, portas, janelas, prateleiras, coifas, geladeiras,

câmaras frigoríficas;

- Quinzenalmente ou a cada 15 dias: estrados ou similares e depósitos;

- Todo mês: luminárias, interruptores, tomadas, telas;

- De acordo com a necessidade ou regulamentação específica: teto

ou forro, caixa de gordura, filtro de ar condicionado, canaleta de ar.

11. É correto descarregar a água utilizada para a

higienização na calçada?

Não. Toda a água utilizada para a higienização deve ser descarregada

na rede de esgoto, não sendo permitido o seu escoamento para galerias

pluviais, via pública ou vizinhança.

12. Posso reutilizar embalagens vazias de produtos de

higiene?

Não, embalagens destes produtos devem ser desprezadas após seu uso.

BPM

59

16. Por quê não é

permitido varrer a seco?

Quando se varre a seco a sujeira

que estava depositada no chão ficará

em suspensão no ar, podendo

contaminar os alimentos.

13. Os uniformes e panos de limpeza podem ser

lavados na área de produção?

Não, estes materiais devem ser lavados separadamente em área

própria.

14. É proibido ter animais

domésticos no local de

trabalho?

Sim, eles podem contaminar as

áreas de produção, equipamento

e utensílios.

15. Como deve ser o processo para higienização dos

equipamentos, móveis e utensílios?

1- Realizar a limpeza para remoção de sujidades e a lavagem com

água e sabão ou detergente;

2- Enxaguar e efetuar a desinfecção química deixando o produto em

contato com a superfície que será desinfetada, conforme recomendação

do fabricante. Para as superfícies que entrarão em contato com

os alimentos realizar um enxágüe obrigatório;

3- Deixar secar naturalmente ou usar pano descartável.

Os funcionários que realizarem esta tarefa devem utilizar Equipamentos

de Proteção Individual (EPI): bota de borracha ou sapato

fechado e luvas nitrílicas;

BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE NO LOCAL DE TRABALHO

60

17. É correto higienizar as instalações e equipamentos

durante a produção/manipulação dos alimentos?

Não, é proibido proceder à limpeza e desinfecção das instalações e

equipamentos durante as etapas de produção/manipulação dos alimentos.

A higienização dos mesmos só deve ser feita quando terminada

essas etapas.

18. O que significa sistema de limpeza a seco? Como

ele é realizado?

O sistema de limpeza a seco consiste na retirada de partículas, de

sujidades ou resto de produtos através de métodos físicos. Deve-se

desmontar o equipamento sempre que possível para facilitar a limpeza.

A remoção de sujidade aderida deve ser feita com escovas de cerdas

sintéticas, de dureza adequada à superfície. A sujeira deve ser retirada

pelo sistema de aspiração ou outro compatível com o processo. No

sistema de limpeza a seco, a higienização só deve ser empregada quando

o nível de contaminação ambiental exigir.

19. A desinfecção pode ser feita com água quente?

Sim, desde que a temperatura da água esteja, no mínimo, a 80ºC,

devendo os utensílios e equipamentos ficar imersos durante 1 minuto.

20. Pode-se utilizar máquinas de lavar louças?

Sim, desde que atinjam temperaturas de 55 a 65ºC na lavagem e de

80 a 90ºC no enxágüe, ou conforme recomendação do fabricante.

21. É necessário desmontar os equipamentos para

realizar sua higienização?

Sim, os equipamentos devem ser desmontados cuidadosamente, para

facilitar sua limpeza e desinfecção.

Veja a seguir os principais agentes desinfetantes recomendados para

empresas que manipulam alimentos:

BPM

61

* Ou de acordo com a recomendação do fabricante.

Estes produtos devem ser registrados no Ministério da Saúde.

Observe sempre as instruções do rótulo e siga rigorosamente:

BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE NO LOCAL DE TRABALHO

62

Quais são as práticas preventivas para que as pragas

não sejam um problema em seu estabelecimento?

1. Evite buracos e fendas nas portas, nas janelas, no teto, pisos e paredes

e entre os azulejos. Verifique todos produtos recebidos, caixas

podem vir com insetos e roedores. As pragas se instalam em seu estabelecimento

se encontrarem facilidades de acesso, abrigo e alimento;

2. Evite o uso isolado de produtos químicos pois, além de não controlarem

a instalação de pragas, podem até favorecer o aumento

destas, além da possibilidade de contaminar os alimentos;

3. Havendo necessidade de aplicar produtos químicos, contrate uma

Empresa Controladora de Pragas que apresente licença de funcionamento

expedida pela Vigilância Sanitária.

Os restos de alimentos e o lixo são focos de contaminação. Quando

acumulados, atraem insetos e ratos que provocam doenças por carregarem

microorganismos nas patas e no corpo, além de estragarem os

produtos e as instalações!

É IMPORTANTE LEMBRAR QUE:

O que é Controle Integrado de Pragas?

É o conjunto de medidas preventivas necessárias para impedir a

instalação e a proliferação de insetos (moscas, baratas, formigas),

ratos e pombos, visando diminuir a necessidade da aplicação de produtos

químicos.

7.3CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS

BPM

63

O que deve ser observado para a contratação de uma

boa Empresa Controladora de Pragas Urbanas?

Toda Empresa Controladora de Pragas Urbanas deve possuir cadastro/

licença na Vigilância Sanitária e ter um responsável técnico.

Este responsável técnico, por ocasião de sua visita ao estabelecimento

de alimentos, deve elaborar um relatório técnico registrando os motivos

da presença de pragas no estabelecimento (condições de acesso, abrigo

e alimento) e as medidas que devem ser adotadas para eliminá-las

(instalação de telas, proteção de ralos, etc.). Quando da aplicação de

produtos químicos, o relatório deve conter as seguintes informações

sobre os produtos químicos utilizados para este fim:

a. Nº de registro no Ministério da Saúde;

b. Composição (ingredientes ativos e grupo químico);

c. Concentração, quantidade aplicada, ação tóxica, antídoto;

d. Telefone do Centro de Controle de Intoxicações para o caso de

intoxicação.

BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE NO LOCAL DE TRABALHO

64

Como deve ser armazenado

o lixo na área de manipulação?

1. Acondicione o lixo em sacos

plásticos resistentes;

2. Conserve os sacos de lixo em

recipientes de plástico ou de

metal (de fácil limpeza);

3. O recipiente deve ter tampa e

pedal, permanecendo sempre fechado;

4. Deixe o recipiente do lixo afastado

das mesas, pias, utensílios

e do armazenamento de alimentos

para evitar a contaminação

cruzada.

7.4ACONDICIONAMENTO E DESTINO DO LIXO

Como armazenar o lixo em áreas externas?

Em áreas externas do estabelecimento é muito importante evitar o

acúmulo de caixas, garrafas e sucatas. Estes materiais favorecem o

aparecimento de roedores e insetos, por exemplo, o mosquito da dengue

que se reproduz na água de chuva acumulada.

- Não é uma boa empresa controladora de pragas a que apenas

“joga” veneno a cada visita!

- Não existe obrigatoriedade de uso e nem de freqüência de aplicação

de produtos químicos. O intervalo de visitas é determinado conforme

as necessidades específicas de cada estabelecimento (com maiores

ou menores problemas de pragas).

OLHE A DICA:

BPM

65

Nas áreas externas coloque o lixo:

1. Em estrados altos para evitar contato com roedores e outros

animais;

2. Protegido da chuva e do sol;

3. Em recipientes bem fechados, de fácil limpeza;

4. Em recipientes separados por tipo: lixo orgânico (restos de

alimentos) e lixo reciclável (papel, vidro, plástico e metal).

Que procedimentos devem ser feitos periodicamente

com respeito ao lixo?

1. Lavar diariamente os recipientes e a área reservada para o lixo;

2. Troque o saco de lixo com freqüência, antes que fique cheio, para

que possa ser fechado com facilidade, evitando o mau cheiro e as pragas;

3. Sempre lave as mãos após a remoção do lixo.

BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE NO LOCAL DE TRABALHO

66

O que deve ser feitos com resíduos de produção como

óleos?

FIQUE ATENTO!

O óleo de fritura que não pode

ser mais usado deve ser reciclado.

Existem empresas especializadas

no reprocessamento que fazem a

coleta desse material. Os resíduos

devem ser acondicionados em recipientes

rígidos, fechados, identificados

e fora da área de produção.

Com estes cuidados, se evita a presença

de roedores. Estes resíduos

não devem ser descartados diretamente

no esgoto e muito menos

no sistema de água de chuva.

O trajeto de remoção do lixo deve ser por local diferente de onde

entram os alimentos, para que ambos não entrem em contato,

evitando a contaminação. Na impossibilidade, utilize horários

diferentes!

Se o lixo for coletado por empresas especializadas, o contrato deve

indicar o destino dos resíduos e as notas fiscais deverão permanecer

no próprio estabelecimento.

BPM

67

8. EDIFICAÇÕES E INSTALAÇÕES

Como deve ser a área externa do estabelecimento?

Deve ser limpa, com ausência de lixo, objetos em desuso, animais

domésticos, insetos e roedores. Mantendo a área externa desta forma

ajuda-se a evitar a entrada de insetos e roedores no estabelecimento.

Como deve ser a área interna do estabelecimento?

A área interna deve permitir um bom desenvolvimento das atividades

e uma adequada manipulação dos alimentos. A área física deve ser

compatível com o volume de produção de modo a garantir a qualidade

e a segurança do alimento.

A Vigilância Sanitária exige algum material específico

no revestimento das instalações?

O material utilizado deve favorecer a higienização e manutenção das

instalações. Pisos, paredes, tetos, portas e janelas devem ser de material

liso, resistente, impermeável e lavável, sempre em bom estado de

conservação e higiene.

Por quê é necessária a instalação de telas em janelas e

em outras aberturas para o meio externo?

As janelas e aberturas externas devem ser protegidas com telas

milimétricas ajustadas ao batente ou parede para impedir a entrada de

insetos e roedores. Da mesma forma, exige-se a instalação de molas

nas portas para que estas permaneçam fechadas e na parte inferior,

proteção de borracha ou outro material.

A ventilação no estabelecimento deve garantir a renovação do ar

e ausência de umidade, portanto o conforto do ambiente.

O estabelecimento não deve ter comunicação direta com dependências

residenciais. BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS

68

Em quais circunstâncias é necessária a existência de

banheiros para o público?

No estabelecimento onde não há consumação não é exigido sanitário

para o público. Em todos os outros é exigido.

As instalações sanitárias para funcionários devem

possuir quais condições?

- Pia para a lavagem das mãos com um sabonete líquido ou um antiséptico

ou um sabão anti-séptico, toalha de papel de cor clara não

reciclado ou outro método de secagem que não contamine as mãos;

- Descarga automática;

- Bacia sifonada com tampa;

- Lixeira com tampa e pedal em sanitários;

- Paredes, pisos e teto de cor clara, de material liso, resistente e impermeável;

- Ventilação e iluminação adequadas. As janelas também devem estar

protegidas com telas;

- O banheiro não deve ter comunicação direta com áreas de manipulação,

armazenamento e produção do alimento;

- Portas com molas e proteção na parte inferior contra a entrada de

animais;

- Boas condições de higiene e manutenção.

Todo estabelecimento deve possuir vestiário?

Os estabelecimentos comerciais classificados como Micro Empresa

(ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP) estão dispensados da exigência

de vestiário desde que no sanitário tenha chuveiro e que os funcionários

possam guardar seus pertences de forma organizada.

Como deve ser o vestiário?

- Separados por sexo, com armários individuais bem conservados e

limpos, com ventilação e iluminação adequadas;

BPM

69

Quais outros itens são importantes nas instalações?

- Os ralos devem ser sifonados,

possuindo grelhas com dispositivos

que permitam o fechamento

das mesmas;

- Caixas de esgoto não devem

ficar dentro da área de produção;

- Os encanamentos devem estar

bem conservados e sem vazamento;

- A caixa de gordura é obrigatória

e deve ficar, preferencialmente,

fora da área de produção;

- O botijão de gás deve ser instalado

em local arejado, longe de

fonte de calor.

- Possuir banheiro com as mesmas especificações das instalações

sanitárias explicadas anteriormente.

EDIFICAÇÕES E INSTALAÇÕES

70

Quais cuidados devem ser tomados com as instalações

elétricas no estabelecimento?

As instalações elétricas devem ser embutidas, caso não seja possível,

revestidas por tubulação de fácil limpeza. As luminárias devem estar

protegidas contra explosões e quedas. A iluminação deve ser uniforme

de modo a não alterar as características visuais dos alimentos.

BPM

71

O POP é o passo a passo de como realizar todas as atividades

do estabelecimento, como a limpeza e desinfecção de utensílios,

por exemplo. Nesse passo a passo deve estar contemplado

quando, como e onde realizar os procedimentos.

Estes são alguns modelos de Procedimentos Operacionais

Padrões – POPs que devem permanecer afixados em local visível,

próximos dos locais onde serão realizados os procedimentos.

Anexo 1 - Modelos de POPs

POP de Preparo de SANDUÍCHE/HAMBÚRGUER

Responsável pela Tarefa: Júlio e Fábio

Freqüência: Diária

1. Limpe a mesa e a pia com pano embebido em água sanitária (própria

para utilização em alimentos);

2. Lave as mãos em água corrente e com sabão líquido. Enxágüe bem;

3. Verifique se os talheres e vasilhas estão limpos e secos e separe os

que serão utilizados;

4. Retire 20 pães do armário fechado;

5. Coloque luva descartável, corte os pães, coloque na bandeja e

cubra com tampa própria;

6. Troque a luva, retire 20 hambúrgueres da geladeira, separe da

embalagem coloque em bandeja rasa e volte para a geladeira;

7. Aqueça a chapa. Com o pegador retire um hambúrguer da geladeira

coloque na chapa durante 2 minutos de cada lado;

8. Retire da geladeira a alface e tomate já lavados, desinfetados, cortados

e deixe-os sobre a mesa em recipientes cobertos;

Não se esqueça! Os POPs devem ser específicos, elaborados para

cada estabelecimento.

BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS

72

9. Coloque a luva, pegue o pão e, com o pegador, coloque o hambúrguer

já frito, a alface e o tomate no pão;

10. Coloque no prato e sirva.

POP de Higienização do Ambiente de Trabalho (pisos,

paredes, sanitários, estrados, luminárias, etc.)

Responsável pela tarefa: Pedro

Freqüência: Verificar freqüências na pergunta 10, capítulo 7.2

1. Efetuar a remoção dos resíduos secos;

2. Molhar com água a área que será limpa;

3. Aplicar detergente e esfregar com vassoura, escova ou esponja, de

acordo com o local que está sendo limpo;

4. Efetuar o enxágüe para retirar por completo o detergente;

5. Em um balde, adicionar uma colher de sopa de água sanitária a

2,5% de cloro, para cada litro de água;

6. Efetuar a aplicação da solução acima no local que está sendo limpo,

deixando agir por 10 minutos.

POP de Higiene Pessoal do Trabalhador ao Iniciar o Serviço

1. No sanitário ou vestiário colocar o uniforme limpo, gorro ou rede

prendendo todo o cabelo, sapato fechado;

2. Tirar brincos, pulseiras, anéis, relógio e outros adornos;

3. Escovar os dentes;

4. Lavar as mãos.

POP de Higienização de Frutas, Legumes e Verduras – FLV

Responsável pela Tarefa: João da Silva

Freqüência: A cada recebimento de FLV (segunda e quinta feira)

1. Lavar bem a pia e a esponja;

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

BPM

73

2. Selecionar, ou seja, escolher as frutas, verduras ou legumes;

3. Lavar bem as FLV, uma a uma, esfregando com as mãos ou esponja;

4. Lavar a pia novamente;

5. Encher uma vasilha com água e colocar 1 colher de sopa de água

sanitária a 2,5% de cloro (própria para utilização em alimentos) para

1 litro de água e misturar;

6. Mergulhar a FLV dentro de uma vasilha durante meia hora;

7. Retirar, enxaguar de novo e deixar escorrer e secar um pouco;

8. Embalar em saco plástico transparente ou recipiente com tampa,

colocar a etiqueta com a validade (3 a 5 dias) e guardar na parte do

meio da geladeira.

POP de Higienização de Utensílios (Pratos, Talheres,

Copos)

Responsável pela tarefa: Rute

Freqüência: Após cada uso, sem deixar acumular mais de 30

unidades.

1. Retire os restos de alimento dos utensílios, jogando diretamente

no lixo;

2. Lave os utensílios um a um com esponja e detergente;

3. Enxágüe-os;

4. Lave a pia;

5. Encha uma vasilha grande com água e coloque uma colher de sopa

de água sanitária a 2,5% de cloro (própria para utilização em alimentos)

para cada 1 litro de água e misture;

6. Mergulhe os utensílios ou equipamentos durante, no mínimo, 30

minutos;

7. Escorra e deixe secar ao ar, não use pano de prato;

8. Guarde em armário fechado ou em local protegido de insetos e

poeira.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

ANEXO 1 - MODELOS DE POPS

74

Anexo 2 - Modelos de planilhas

Planilhas de temperatura

Devem ser utilizadas para:

- o controle da temperatura de equipamentos de refrigeração/congelamento

e de produtos armazenados neles;

- para a conservação de alimentos prontos que serão servidos quentes

ou frios.

BPM

75

ANEXO 2 - MODELOS DE PLANILHAS

LEITURA COMPLEMENTAR

ANVISA - Legislação



Centro de Vigilância Sanitária/SES-SP – Legislação



Curso de Boas Práticas de Manipulação de Alimentos – Perguntas

Mais Freqüentes



alimentos/0003

Recomendações ao Consumidor na Manipulação de Alimentos



vigilancia_saude/alimentos/0003/alimento.doc

Cinco Chaves para Segurança dos Alimentos



vigilancia_saude/alimentos/0003/cincochaves.doc

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil: Ministério da Saúde – Agência Nacional de Vigilância Sanitária –

Resolução RDC N° 259 de 20 de setembro de 2002.

Brasil: Senado Federal – Lei N° 8.069 de 13 de julho de 1990 (Estatuto da

Criança e do Adolescente).

São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo – Lei N° 13.725 de 9 de

janeiro de 2004 (Código Sanitário do Município de São Paulo).

São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo – Portaria SMS-G

N° 1.210 de 02 de Agosto de 2006, publicada no DOC de 03/08/2006 e

republicada 16/08/2006 (Regulamento Técnico de Boas Práticas de Manipulação/

Fabricação de Alimentos).

São Paulo: Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo – Portaria CVS

N° 9 de 6 de novembro de 2000 (Norma Técnica para empresas prestadoras

de serviço em controle de vetores e pragas urbanas).

ServSafe, Manual do Manipulador de Alimentos / Instituto de Hospitalidade;

tradução de Everaldo Lyra. Rio de Janeiro: Instituto de Hospitalidade,

2001.

MANUAL PARA MANIPULADOR

1. INTRODUÇÃO

O presente manual tem por objetivo auxiliar o manipulador de alimentos a compreender a

influência dos fatores físicos, químicos e biológicos na qualidade e sanidade dos alimentos e produtos de

origem animal.

A preocupação com a qualidade e sanidade do produto, inicia-se na origem da matéria prima,

passa pela manipulação industrial, artesanal e comercial, segue pelo transporte e completa-se nos setores

de armazenamento estocagem e exposição para a venda ao consumidor.

Os hábitos higiênicos como lavar as mãos antes de manipular os alimentos, não tossir e

espirrar sobre eles, ajudam a impedir a contaminação. Afinal, de nada adianta que os produtores e

comerciantes ofereçam bons produtos se, o preparo da matéria prima e dos alimentos forem a causa das

toxiinfecções alimentares.

7

2. OBJETIVOS

Segundo dados do Instituto Pan Americano de Proteção de Alimentos e Zoonoses (INPPAZ),

pertencente à Organização da Saúde (OPAS) e à Organização Mundial da Saúde (OMS), entre as

doenças transmitidas por alimentos notificados em vários países da América Central e da América do

Sul, 40% delas, originam-se no preparo dos mesmos. O que isto significa? Significa que, de cada 10

pessoas que ficam doentes após a ingestão de um alimento contaminado, em 4 delas, a contaminação

aconteceu na hora do preparo do alimento. Vale destacar que, as doenças transmitidas por alimentos

podem ser evitadas conhecendo-se dois pontos:

♦ Em que etapa da produção ela chega ao alimento

♦ De que maneira ocorre.

Assim, torna-se mais simples descobrir e adotar medidas corretivas a serem tomadas para

evitá-las e eliminá-las.

O objetivo das Boas Práticas de Fabricação (BPF), Higienização e Sanitização na indústria

de alimentos, é a preservação da pureza, da palatabilidade e qualidade microbiológica dos alimentos,

auxiliando na obtenção de um produto de melhor qualidade nutricional e sensorial, garantindo que o

alimento tenha boas condições higiênico sanitárias, não oferecendo riscos à saúde do consumidor.

8

3. CONCEITOS:

É importante conhecer o significado de alguns termos, para melhor compreensão deste manual.

3.1 Alimento de alto risco:- são aqueles que se destinam ao consumo sem passarem por

processos de cozimento ou preservação. São os produtos com altos teores de proteínas e que

exigem o seu armazenamento sob refrigeração (carnes, ovos, molhos, cremes, peixes etc..)

3.1.1 Ação corretiva: procedimentos e/ou ações a serem tomadas quando se constata que um

critério encontra-se fora dos padrões estabelecidos

3.1.2 Análise de Perigos: consiste na identifica’’cão e avaliação de perigos potenciais, de

natureza física, química e biológica, que representam riscos à saúde do consumidor.

3.1.3 APPCC: sistemática de procedimentos que tem por objetivos identificar, avaliar e

controlar os perigos para a saúde do consumidor e caracterizar os pontos e controles

considerados críticos para assegurar a inocuidaade dos alimentos

3.1.4 PPHOs/SSOPs: Procedimentos Padrões Operacionais de Higiene e Sanitização

3.1.5 Alimento perecível:- é o alimento que apodrece (se decompõem) facilmente.

3.1.6 Bactéria (germes, microrganismo):- organismo vivo e invisível a olho nu. Algumas

delas pertencem a grupos que podem causar infecções alimentares e toxiinfecções

alimentares.

3.1.7 Características organolépticas:- são as características externas de cor, sabor, odor e

consistência dos alimentos.

3.1.8 Contaminação:- é a presença de qualquer material prejudicial nos alimentos, sejam

bactérias, metais, venenos ou qualquer outra coisa, que torne o produto impróprio para o

consumo.

3.1.9 Contaminação cruzada:- acontece quando as bactérias de uma área são transportadas

para outra área, geralmente pelo manipulador de alimentos, causando desta forma a

contaminação de uma área, alimento ou superfície, que antes estava limpa.

3.1.10 Esporos:- uma fase de resistência das bactérias que as protegem contra os extremos de

temperatura.

9

3.1.11 Detergente:- produto químico utilizado para remoção de sujeira, gorduras e restos de

alimentos encontrados em superfície, utensílios e equipamentos, empregado antes da

sanificação.

3.1.12 Desinfetante/Sanitizante:- produto químico que reduz a contaminação por bactérias para

um nível aceitável.

3.1.13 Infecção alimentar:- quadro clínico decorrente da multiplicação bacteriana ou

esporulação de microorganismos no intestino, produzindo gastroenterite.

3.1.14 Toxiinfecção alimentar:- quadro clínico conseqüente à ingestão de toxina formado no

alimento devido a multiplicação bacteriana, produzindo vômitos.

3.1.15 Manipulador de alimentos:- qualquer indivíduo que trabalha na produção, preparação,

processamento, embalagem, armazenamento, distribuição e vendas de alimentos e

produtos de origem animal.

3.1.16 Portador:- indivíduo que carrega e pode transmitir bactérias prejudiciais a saúde sem que

ele próprio mostre sinais de doença.

3.1.17 Patogênica:- que causa doença ou dano à saúde.

3.1.18 Biofilmes:- incrustações nos equipamentos difíceis de remover em função da deposição

de gorduras e sais minerais que formam crostas nos equipamentos.

Multiplicação bacteriana no intestino

Toxina diarréia.

Multiplicação bacteriana no alimento

Toxina vômito

10

4 HIGIENE PESSOAL

A intoxicação alimentar não acontece por acaso, geralmente ocorre pela interferência humana.

Os bons hábitos de higiene e cuidado com a saúde, diminuem os riscos de contaminação dos

alimentos. Uma vez que você compreenda a necessidade das práticas de higiene, então é

provável que não trabalhará de outra maneira, a não ser dentro das práticas de higiene.

_ Os custos da falta de higiene:

• Interdição do estabelecimento

• Perda de seu emprego

• Pesadas multas e custos legais, inclusive a possibilidade de prisão

• Epidemia de intoxicações e até mortes

• Pagamento de indenizações às vítimas de intoxicação alimentar

• Alimentos estragados e reclamações de clientes e empregados

• Desperdício de produtos alimentícios por causa do apodrecimento

• Empregados com moral baixo e, portanto, falta de orgulho no seu trabalho, resultando

em alta rotatividade de pessoal e menos dinheiro para salários, investimentos e

crescimento na abertura de novos mercados.

_ Benefícios de uma boa higiene:

• Excelente reputação pessoal e profissional

• Aumento do movimento de vendas de alimentos, produzindo maiores lucros e níveis

melhores de salários e investimentos

• Clientes satisfeitos

11

• Moral elevado dos empregados, resultando em um ambiente de trabalho mais feliz,

seguro e produtivo

• Boas condições de trabalho, com menor rotatividade de empregados

• Respeito à Lei, com satisfação da Fiscalização Sanitária – ficar o tempo todo com

medo da presença dos fiscais sanitários e os da inspeção pode ser muito estressante

• Satisfação pessoal e profissional

4.1 ESTÉTICA E ASSEIO

_ Ter atestado de saúde para manipulador de alimentos

_ Banhos diários, se possível, antes do início da jornada de trabalho

_ Não usar perfumes

_ Mulheres: Manter os cabelos presos e protegidos por toucas

_ Homens: manter cabelos curtos, protegidos, barba e bigode aparados ou então, usar protetores

_ Escovar os dentes após as refeições e lanches

_ Manter orelhas e nariz limpo

_ Não fumar nas áreas de manipulação de alimentos, pois enquanto fuma, o indivíduo toca na

boca e as bactérias prejudiciais à saúde como o estafilococos, pode ser passado ao alimento.

_ O hábito de fumar leva a pessoas a tossir e espirrar

_ As cinzas podem cair nos alimentos

_ As pontas de cigarros com saliva quando tocam as superfícies, levam a uma contaminação

cruzada.

_ Não manter lápis, caneta, fósforos, palitos, ou similares atrás das orelhas

_ Não espremer espinhas

_ Não mascar chicletes ou manter na boca palitos, fósforos ou similares na área de manipulação

_ Não manusear dinheiro e alimento ao mesmo tempo.

Você preferiria trabalhar em um

ambiente com más condições de higiene

ou naquele onde os padrões são mais

rigorosos e elevados?

12

4.1.1 HIGIENE DAS MÃOS

_ Ensaboar as mãos e os ante- braços até os cotovelos com sabonete anti-séptico ou neutro

_ Escovar as unhas com escova de nylon durante 3 minutos

_ Enxaguar bem as mãos e os ante- braços

_ Secar as mãos com toalhas de papel descartável

_ Higienizar as mãos e os ante- braços em solução anti-séptica ou adotar solução de álcool a 70

0 GL

Fórmula solução álcool a 700 GL

1 l de álcool 96 0 GL

20 ml de glicerina

320 ml de água destilada.

Manter em bissetes ao lado do local de lavação de mãos na sala de manipulação.

_ Não usar anéis e outros adornos

_ Manter as unhas curtas, limpas e sem esmalte ou base.

_ Lavar periodicamente as mãos (10 – 15 vezes ao dia)

13

4.1.2 FREQÜÊNCIA DE LAVAÇÃO DE MÃOS

Deve-se lavar as mãos sempre que:

_ Chegar ao trabalho

_ Utilizar os sanitários

_ Tossir, espirrar, ou assoar o nariz

_ Fumar

_ Recolher o lixo e outros resíduos

_ Pegar em dinheiro

_ Houver interrupção de serviço

_ Iniciar um novo serviço (manipular outro produto)

_ DURANTE O USO DE LUVAS. O uso de luvas não descarta o constante lavar

das mãos, ou mesmo a sua troca várias vezes durante os trabalhos

_ Depois de usar luvas.

_ NÃO USAR ANÉIS

_ NÃO USAR RELÓGIOS E PULSEIRAS

_ MANTERU AS UNHAS CURTAS E SEM

ESMALTE

14

4.1.3 HIGIENE OPERACIONAL (HÁBITOS)

_ Não tocar em maçanetas, trincos de portas, de geladeiras, câmaras frias com as mãos sujas ou

fazer utilização de equipamentos e utensílios sujos.

_ Limpar, lavar e sanificar antes de iniciar nova atividade.

_ Sempre higienizar as mãos após operações de limpeza

_ Sempre higienizar as mãos após coçar a cabeça, orelhas, testa, nariz e espremer espinhas

_ No caso de secreção no ouvido e no nariz ( gripes, alergias) comunicar imediatamente o

responsável do estabelecimento e se for o caso, procurar atendimento médico, assim

como, quem tiver febre não esclarecida, diarréia, vômito e lesões de pele, ferimentos nas

mãos e micose nas unhas. Estes indivíduos, temporariamente, não poderão trabalhar na

área de manipulação de alimentos.

_ Os instrumentos de controle de processo tais como: medidor de PH e de cloro da água,

medidor de tempo, peso, termômetros, pressão, devem estar em boas condições de uso,

sempre higienizados, aferidos e devem ter seus dados registrados diariamente, semanalmente,

quinzenalmente ou mensalmente conforme o caso.

15

4.1.4 PARAMENTAÇÃO – USO DE UNIFORME

O uso de uniforme serve para minimizar a contaminação do alimento por cabelos, suor e

o contato da pele com os produtos manipulados.

A apresentação do manipulador de alimentos e de produtos de origem animal deve se

apresentar nas seguintes condições nas dependências do trabalho:

_ Usar proteção para cabelos e barbas

_ Uso de aventais, jalecos sem bolsos, de preferência branco, com mangas

_ Calça comprida de cor clara, de preferência branco

_ O calçado deve ser fechado, limpo de cor clara, antiderrapante e não pode ser de couro de

preferência botas de borracha brancas

_ Aventais de plásticos compridos e de cor clara, de preferência branco

_ Protetoras para uso em câmara fria de cores claras

_ Uso de capacete, quando for o caso.

Os uniformes deverão estar sempre limpos e em bom estado de conservação e é restrito às

áreas internas do estabelecimento. Os entregadores de matérias primas e de produtos de origem

animal, também devem usar roupas claras e estarem sempre asseados pois transmitem ao

consumidor e ao comprador a imagem do seu estabelecimento.

16

4.1.5 VOCÊ SABIA DISSO ??

Quantidades de bactérias em nosso corpo, após tomarmos banho:

Couro cabeludo:- 1 milhão/cm3

Testa:- 10 mil a 100 mil/cm2

Secreção nasal:- 10 milhões/g

Saliva:- 10 milhões/cm3

Axilas:- 10 milhões/cm2

Mãos:- 100 a 1.000/cm3

Já imaginou ficar sem tomar banho

e sem trocar de roupa ??

17

5. O MANIPULADOR DE ALIMENTOS

Qualquer pessoa que entre direta ou indiretamente em contato com substâncias alimentícias e

produtos de origem animal é considerada manipulador.

Assim sendo, o entregador de pão é um manipulador de alimento, tal qual o cozinheiro de um

restaurante.

5.1 DEVERES DO MANIPULADOR DE ALIMENTOS

_ Portar carteira de saúde e sempre atualizada

_ Afastar-se de suas atividades quando:

_ Tiver febre

_ Doenças de pele

_ Corrimento nasal

_ Diarréia e vômitos

_ Usar uniforme completo e higienizado

_ Manter o mais rigoroso asseio corporal

_ Mãos limpas sem adornos e unhas aparadas, limpas e sem esmalte

_ Não fumar, não mascar gomas, não cuspir ou escarrar

_ Usar utensílios adequados para tocar em alimentos

_ Receber treinamento periódico com conhecimentos básicos sobre transmissão de

enfermidades através dos alimentos

_ Manter limpos e higienizados, todos os utensílios, equipamentos e instalações

_ Nunca colocar utensílios ou alimentos no chão

_ Manter tablados para descansar os vasilhames com matéria prima e alimentos e sempre

protegidos com tampas ou papel filme.

A principal causa de ocorrência de Infecções e

Toxiinfecções Alimentares

é a manipulação de alimentos

por pessoas despreparadas ou irresponsáveis

18

6. MICROORGANISMOS NOS ALIMENTOS

As bactérias ou microorganismos, estão presentes em toda a parte: no homem, nos animais,

na água, no solo e no ar que respiramos e são invisíveis a olho nu.

A maior parte delas (as bactérias) não são prejudiciais à saúde e algumas delas, são

essenciais na produção de alguns alimentos como queijos, iogurtes e fermentação de vinhos.

Outras são importantes na degradação (decomposição) das matérias, isto é, provocam alterações

químicas nos alimentos e produtos de origem animal através de atividade metabólica natural,

alterando as características organolépticas ex. limosidade do presunto, carnes, frangos,

descoloração do pão (fungos) mau cheiro (putrefação).

6.1 DOENÇAS DE ORIGEM ALIMENTAR

6.1.1 COMO OS ALIMENTOS TRANSMITEM DOENÇAS ?

1. Através de matéria prima contaminada

2. Através de manipuladores de alimentos contaminados e doentes

3. Através de vetores – moscas, baratas, roedores

4. Utensílios e equipamentos

5. Produtos químicos

19

Alguns tipos de bactérias são prejudiciais ao homem e são chamadas patogênicas, sendo que,

muitas delas são transmitidas através dos alimentos. TABELA 1

TABELA 1- Relação entre as doenças de origem alimentar, sintomas e agentes etiológicos

BACTÉRIAS SALMONELLA STAPHYLOCOCCUS CLOSTRIDIUM

ONDE SÃO ENCONTRADAS

Carne de gado, aves,

suínos ovos crus, mãos

contaminadas

Nariz, garganta, ouvido,

ferimentos, mãos contaminadas

Carnes ensopadas,

assados, enlatados

contaminados, molhos

PERÍODO DE INCUBAÇÃO 6 a 72 horas 1 a 8 horas 8 a 22 horas

DURAÇÃO DA DOENÇA 11 a 18 dias 6 a 24 horas 12 a 48 horas

SINTOMAS

Febre, dor de cabeça,

diarréia, dores

abdominais

Vômito, dores abdominais

Dores abdominais e

diarréias. São raros os

vômitos.

TRANSMISSÃO

Alimentos contaminados

e /ou manipuladores

infectados que tocam

alimentos.

Tosse, espirros sobre alimentos

desprotegidos e/ou contato do

manipulador que apresenta

feridas e arranhões nas mãos.

Conservas mal

elaboradas e/ou

equipamentos mal

higienizados.

FONTE: Vigilância Sanitária - Joinville

Infecção alimentar:

São causadas pela ingestão de células viáveis do microrganismo patogênico, que,

uma vez no interior do organismo – intestino desenvolve uma gastroenterite.

Provocadas por Shigella spp, Salmonella spp, Yersínia enterocolítica ,

Campilobacter perfrigens.

(São dois os processos de infecção: * Provocado por microrganismos invasivos

* Provocado por microrganismos toxigênicos

Em ambos os casos ocorre a presença de febre.

Intoxicação alimentar:-

São provocadas pela ingestão de quantidades variáveis de toxinas formadas em

decorrência da proliferação do microrganismo patogênico no alimento. São as

intoxicações causadas por Clostridium botulinum, Staphylococcus aureus, e cepas

de Bacillus cereus.

20

6.1.2 MICROORGANISMOS QUE REPRESENTAM RISCOS A SAÚDE

São chamadas de patogênicas e classificadas em:

_ Psicrotróficas:- são bactérias que crescem em temperatura entre 00 C e 70 C

_ Psicotrópicas:- são bactérias que crescem em temperatura entre 100 C e 150 C

_ Termófilas: são bactérias que crescem em temperatura entre 450 C e 600 C

_ Mesófilas: são bactérias que crescem em temperatura entre 250 C e 400 C

6.1.3 FATORES QUE INFLUENCIAM A MULTIPLICAÇÃO BACTERIANA

No processo de preparação de alimentos como moer, picar, cortar, transformar, as

bactérias normalmente encontradas em sua superfície acabam sendo misturadas no seu

interior. Como qualquer forma de vida, as bactérias precisam de condições ideais para se

multiplicarem.

1. Calor e Temperatura:- Conhecida como Zona de Perigo, a melhor

temperatura para o desenvolvimento das bactérias é de 37 0 C, a mesma

temperatura do corpo humano. Entre 50 C e 600 C as bactérias podem se

multiplicar rapidamente e fora desta faixa de temperatura, o seu

desenvolvimento é reduzido. A maioria das bactérias, morrem numa temperatura

21

superior a 1000 C e abaixo de 00 C, elas pouco se multiplicam. Portanto,

devemos observar com muita atenção a temperatura a qual armazenamos,

preparamos e manipulamos alimentos e para tanto, é necessário o auxílio de

termômetros digitais.

2. Umidade/alimento:- Os alimentos com altos teores de proteínas, pois contém

alto teor de umidade natural, são os preferidos pelas bactérias e incluem-se nesta

categoria os produtos cárneos e seus derivados, ovos, leite e derivados, frangos

sendo por isso chamados de alimentos de alto risco. Nestas condições, sempre

trabalhar em salas climatizadas para reduzir a UR do ar.

3. Tempo:- Num ambiente que proporciona calor, umidade e alimento, as bactérias

iniciam a sua multiplicação em 10 a 20 minutos, podendo num espaço de 30

minutos, se multiplicar até um número suficiente para causar intoxicação

alimentar. Manter produtos de origem animal, fora de ambientes de frios o

menor tempo possível.

4. Grupo de alimentos:- Devemos conhece-los para detectar resíduos em

utensílios e equipamentos, evitando a formação de biofilmes.

22

6.1.4 FONTES DE CONTAMINAÇÃO POR BACTÉRIAS

_ Alimentos crus e/ou cozidos

_ Contaminação física

_ Contaminação química

_ Alimentos de alto risco

_ Presença de insetos e roedores

_ Presença de animais domésticos e silvestres

_ Poeira, terra, sujidades

_ Lixo e restos de alimentos

23

6.1.5 MOVIMENTAÇÃO DAS BACTÉRIAS

Um fato sobre as bactérias que muitas vezes é mal interpretada, é o fato de que elas não

podem mover-se por seus próprios meios, ou seja, precisam ser levadas de um lugar para outro.

O movimento das bactérias ocorre através de um ou mais dos seguintes fatores:

_ Através das mãos

_ Através de roupas, utensílios e equipamentos

_ Através de superfícies de contato com as mãos (tábua de cortar

produtos, facas, pias panos de limpeza) provocando contaminação

cruzada

_ Através de superfícies de contato com os alimentos

Examine o seu ambiente de trabalho e de

manipulação de alimentos

E verifique se há alguma área em particular

que possa permitir a ocorrência de

contaminação cruzada

24

7. INTOXICAÇÃO ALIMENTAR

A intoxicação alimentar é uma doença bastante desagradável, que ocorre geralmente entre

1 a 36 horas após a ingestão de alimentos contaminados por bactérias e suas toxinas, fungos,

vírus, produtos químicos, metais, e /ou plantas tóxicas. Os sintomas costumam durar entre 1 a 7

dias. A intoxicação bacteriana, é o tipo mais comum de ocorrer e em alguns casos, pode causar a

morte. Normalmente a intoxicação alimentar é provocada por manipuladores de alimento

despreparados e /ou que não obedecem os princípios da higiene alimentar.

As Boas Práticas de Fabricação e as Boas Práticas de Higiene, devem ser um modo de vida

de todos os manipuladores de produtos alimentícios e produtos de origem animal, sendo assim

praticadas e aperfeiçoadas em toda a indústria alimentícia e de produtos de origem animal.

7.1 PRINCIPAIS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A OCORRÊNCIA DA

INTOXICAÇÃO ALIMENTAR

♦ Alimentos preparados cedo demais e mantidos dentro da Zona de Perigo e não

resfriados

♦ Proceder ao descongelamento de carnes congeladas em geral, peixes, por tempo

insuficiente e de forma errada

♦ Armazenagem da matéria prima fora dos padrões recomendados

♦ Contaminação cruzada entre alimentos crus durante as fases de preparação e

armazenamento

♦ Manipuladores doentes e/ou contaminados

♦ Contaminação cruzada devido à ignorância e/ou descuido nas técnicas de limpeza e

desinfecção.

25

7.1.1 PONTOS QUE DEVEM SER LEMBRADOS SOBRE A INTOXICAÇÃO

ALIMENTAR

♦ Os alimentos que causam intoxicação podem ter aparência, gosto, consistência e aroma

normais

♦ As bactérias que causam intoxicação, estão em toda parte

♦ Uma das razões da intoxicação alimentar é o armazenamento de alimentos de alto risco

em temperatura ambiente

♦ Tendo condições de calor, umidade, temperatura, tempo de exposição e alimento, as

bactérias patogênicas e prejudiciais à saúde, multiplicam-se rapidamente

♦ A falência de empresas, a perda de empregos e até de vidas humanas, são os resultados

de milhares de casos de intoxicação alimentar que ocorrem todos os anos.

7.1.2 PREVENINDO A INTOXICAÇÃO ALIMENTAR

Do mesmo modo que os acidentes, a intoxicação alimentar não é algo que simplesmente

acontece. Ela é provocada por uma seqüência de acontecimentos, que podem e devem ser

evitados, rompendo a seqüência de acontecimentos que leva à manifestação da doença:

PROTEGER:- os alimentos da contaminação

PREVENIR:- a multiplicação bacteriana nos alimentos

DESTRUIR:- as bactérias presentes nos alimentos, além de:

♦ Conhecer quais são os alimentos chamados de alto risco

♦ Conscientizar os manipuladores de alimentos sobre os perigos da incorreta manipulação

de produtos de origem animal

♦ Descongelar as carnes sob refrigeração ou adotar técnicas que tragam segurança

(microondas, por exemplo)

26

♦ Manipular pequenas porções e retornar as prontas para refrigeração

♦ Lavar e sanificar sempre as mãos, toda vez que manusear produtos diferentes ( carnes de

gado, aves, suínas, gorduras, fatiar produtos diferentes como queijo, mortadela, presunto)

♦ Usar refrigerados separados para os mais diferentes tipos de produtos de origem animal

( laticínios, produtos prontos, produtos a elaborar peixes etc.)

♦ Manter rigorosamente limpos e sanificados as câmaras frias, freezers, túneis de

congelamento e geladeiras industriais.

♦ Armazenar os produtos de origem animal adotando a técnica FIFO – first in, first out, isto

é, o primeiro que entra é o primeiro que sai

♦ Guardar as carnes cruas e frescas de tal maneira que o sangue que escorrer delas, não

atinja outro produto

♦ Todo manipulador de alimentos deve gozar de perfeita saúde, não apresentando

ferimentos, resfriados, secreções purulentas, entre outros

♦ Controlar a qualidade dos produtos manipulados.

7.1.3 ANÁLISE DE PERIGOS (AP)

Por que devemos conhecer os alimentos?

Devemos conhecer todos os tipos de alimentos, e os microorganismos, para poder

determinar os seus perigos em potenciais e evita-los, além de saber escolher os produtos mais

adequados para uma higienização e sanitização corretas.

7.1.3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS MICROORGANISMOS PELA SUA IMPORTÂNCIA

_ Microorganismos deterioradores

_ Microorganismos úteis industrialmente

_ Microorganismos patogênicos (os que causam doenças)

7.1.3.2 MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS EM ALIMENTOS

_ Clássicos: microorganismos conhecidos epidemiologicamente e clinicamente e

continuam causando surtos de doenças;

_ Emergentes: microorganismos que não eram reconhecidos como causadores de

toxinfecções alimentares e que estão sendo comprovados como novos agentes

etiológicos;

27

_ Reemergentes: microorganismos clássicos que já estavem controlados e que estão

causando nova incidência clínica, alguns com maior severidade.

7.1.3.3 PERIGOS EM ALIMENTOS

O que são? São contaminantes de natureza biológica, química e/ou física que pode causar

danos à saúde e/ou a integridade do consumidor.

7.1.3.4 CLASSIFICAÇÃO DOS PERIGOS:

A) Perigos biológicos: bactérias, vírus, protozoários e parasitos patogênico, toxinas

microbianas;

B) Perigos químicos: toxinas de origem biológica, pesticidas, herbicidas, contaminantes

inorgânicos toxicos, antibióticos, anabolizantes, aditivos e

coadjuvantes alimentares tóxicos, lubrificantes, pinturas e

desinfetantes;

C) Perigos físicos: vidros, metais, madeira, ossos, ou objetos que podem causar dano ao

consumidor (ferimentos na boca, quebra de dentes e outros que

podem necessitar de intervenções cirúrgicas para a sua retirada do

organismo do consumidor).

28

7.1.4 PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE (PCC)

No controle da qualidade dos produtos de origem animal manipulados e elaborados,

contamos com dois principais fatores: Tempo de exposição dos produtos e Temperatura, para

a redução do crescimento bacteriano:

PCC Ponto Crítico de Controle Controla a Qualidade dos Produtos

PCCe

Ponto Crítico de Controle

que elimina

Cocção ou cozimento

PCCp

Ponto Crítico de Controle

que previne

Controle de Temperatura

Espera sob refrigeração

PCCr

Ponto Crítico de Controle

que reduz ou retarda

Controle da data de validade

7.1.5 COMO PROTEGER OS ALIMENTOS DA CONTAMINAÇÃO ?

_ Implementar as Boas Práticas de Fabricação (BPF)

_ Controlar a qualidade da água de abastecimento

_ Controlar a qualidade da matéria prima

_ Garantir a qualidade da matéria prima junto aos fornecedores

_ Manter registro de dados (PPHO/ SSOPS)

_ Evitar a formação de aerossóis no teto do estabelecimento

_ Controlar Temperaturas de câmaras frias, túneis de congelamento, freezers, geladeiras

industriais, refresqueiras, com registro de dados

_ Mantendo os mais elevados padrões de higiene pessoal

_ Manter higienizados torneiras e maçanetas de portas

_ Fazendo com que os manipuladores de alimentos usem as roupas de proteção apropriadas e

sigam as regras relativas ao uso de adornos etc

_ Observando e utilizando os métodos corretos para a limpeza e desinfecção dos locais de

preparação e produção de alimentos e de matérias primas

_ Mantendo sempre os alimentos e equipamentos fora do chão isto é, sob estrados

29

_ Evitando o uso de equipamentos, facas, tábuas de carne, sujos ou insuficientemente limpos

_ Não usando os lavatórios destinados a lavagem das mãos para a higienização de alimentos,

nem lavar as mãos nas pias destinadas à preparação de produtos alimentícios

_ Removendo imediatamente toda a sujeira e restos de matéria prima, para local de descarte,

lixo com tampa e acionado por pedal, fora da área de manipulação

_ Evitando que o líquido que escorre de produtos congelados, em especial das carnes, entre em

contato com outros tipos de alimentos, ou com as superfícies e equipamentos usados para a

preparação de alimentos de alto risco

_ Manter os alimentos protegidos sempre que possível, e armazenando os produtos alimentícios

com tampas justas, papel filme, evitando a entrada de insetos e roedores

_ Usar superfícies e facas separadas para preparar alimentos crus e de alto risco

_ Usar tábua de picar de poliuretano ou material semelhante e utilizar uma tábua para cada tipo

de produto

_ Não usar panos sujos e/ou manchados para limpar superfícies e bancadas de manipulação

_ Evitando a permanência de animais na área de manipulação e produção de alimentos

_ Adotar práticas para controle sistemático de pragas, insetos e roedores - Controle Integrado

de Pragas.

_ Adotar fluxograma sanitário para circulação de produtos: recepção, sala de manipulação,

rotulagem e armazenagem, expedição, área suja.

_ Este fluxograma sanitário é estudado e montado a partir do lay-out da planta baixa,

analisando com o que já existe e adequando o que está fora das normas técnicas e legislação

vigente.

30

7.1.6 VAMOS RELEMBRAR ?

MEDIDA HIGIÊNICA: PREVENÇÃO DE:

A lavagem cuidadosa das mãos após o uso de

instalações sanitárias

Disenterias, toxinfecções alimentares, febre

tifóide e paratifóide

Lavagem acurada dos utensílios e

equipamentos, proteção dos alimentos da

contaminação por tosse, espirros, uso de

toalhas de papel descartável

Resfriados, difteria, encefalite, poliomielite,

pneumonia, tuberculose, sapinho, etc.

Não permitir o trabalho de um portador de

doenças no estabelecimento

Disenteria, febre tifóide, paratifóide,

tuberculose

Não permitir o trabalho de manipuladores

com ferimentos

Toxiinfecções alimentares

Lavagem, manipulação, estocagem e

refrigeração adequada de alimentos e

produtos de origem animal

Botulismo, disenteria, toxiinfecção

alimentar, febre tifóide, paratifóide

Uso de leite e derivados pasteurizados Difteria, disenteria, tuberculose, brucelose,

febre tifóide, escarlatina, Febre Q

Uso de carnes e derivados, pescados

inspecionados: SIF, SIE, SIM, SS

Triquinose, cabúnculo, cisticercose, Febre Q,

toxiinfecção alimentar, hepatite

Uso de gelo fabricado com água tratada,

instalações hidráulicas sem defeitos

Desinterias, febre tifóide, paratifóide

Combate sistêmica a insetos e roedores Leptospirose, triquinose, febre tifóide,

toxiinfecção alimentar

FONTE: Riedel, 1988

31

8. O ALIMENTO

Durante a manipulação e conservação do alimento, existe o risco da contaminação por

produtos químicos, naturais e físicos.

Nem sempre o alimento contaminado irá apresentar alterações visíveis a olho nu e a presença

de contaminação química pode não ser percebida. Por isto, um alimento, mesmo que esteja dentro

do prazo de validade, deve ser observado e em caso de dúvida sobre a sua origem e condições,

não deve ser utilizado. Isto nada mais é do que verificar as características organolépticas, isto é,

as características externas do produto.

O prazo de validade é o tempo decorrido entre a produção do alimento e o período máximo

permitido de estocagem, até o seu consumo.

Este prazo varia com o tipo de produto, temperatura, umidade, condições e tempo de

estocagem e o tipo de embalagem utilizada.

8.1 ROTULAGEM E APRESENTAÇÃO

Todo alimento adquirido do fornecedor e exposto à venda, deve apresentar rotulagem

completa em letras legíveis, possibilitando identificar:

_ a procedência (origem)

_ registro do produto se, de origem animal, no SIF; SIE; SIM;

_ todo rótulo ou etiqueta lacre deve mencionar os seguintes dados:

_ nome e marca do produto

32

_ nome do fabricante ou do produtor

_ endereço completo do local de produção

_ indicação do emprego de aditivos

_ informação dos componentes do produto (ingredientes)

_ informação adicional de nutrientes e valores de ingestão diária (IDR)

_ número de registro no órgão competente, no caso de produtos de origem animal

SIF; SIE; SIM; SIV;SS.

_ carimbo do serviço de inspeção de origem para produtos de origem animal e seus

derivados ( leite, manteiga, nata, creme de leite, iogurte, bebidas lácteas, queijos,

embutidos, ovos e seus derivados, mel e seus derivados, peixes, moluscos,

crustáceos, moluscos bivalvos entre outros.

_ peso líquido e bruto

_ indicações precisas com relação à temperatura adequada para armazenamento,

transporte e condições de estocagem

_ data da fabricação

_ data de validade.

8.1.1 ESTOCAGEM DOS ALIMENTOS

A estocagem adequada de alimentos tem dois objetivos básicos:

_ evitar perdas econômicas (apodrecimento, alterações organolépticas)

_ prevenir intoxicações e infecções alimentares.

33

REGRAS PARA EVITAR CONTAMINAÇÃO E ALTERAÇÃO DE ALIMENTO

Durante a manipulação e embalagem de produtos, deve-se cuidar para que limpeza

que esteja sendo efetuada, não gere pó nem respingos de água ou qualquer outro

tipo de contaminação

Armazenar separadamente os alimentos prontos para comercialização dos

produtos deteriorados, que esperam devolução ou remoção para aterros sanitários

ou similares

Os alimentos perecíveis devem ser mantidos em condições adequadas de

armazenagem, conforme as especificações do produto

Os alimentos congelados, devem ser descongelados sob refrigeração e /ou em forno

de micro ondas em pequenas porções

As embalagens cujos produtos foram usados apenas em parte, devem ser mantidas

bem fechadas, armazenadas e identificadas quanto ao conteúdo, data e lote.

O estoque deve ser mantido em movimento, dando saída aos produtos que

entraram primeiro ou mais velhos _ FIFO

Fiscalização de estoque com a finalidade de procurar sinais que impliquem a

presença de vetores ( ratos, camundongos, baratas, traças)

Condimentos, temperos devem ser armazenados bem fechados

Embalagens devem ser mantidas em local limpo, arejado e protegidas.

FONTE: Vigilância Sanitária - Joinville

34

8.1.2 AQUISIÇÃO DA MATÉRIA PRIMA

Observar a qualidade da matéria prima, e não se orientar apenas pelo preço mas, por

critérios técnicos.

A área para recebimento das matérias primas, devem ser isoladas das demais dependências,

de fácil acesso, ser ampla e bem ventilada, bem iluminada e de fácil higienização. Deve dispor

ainda, de:

_ plataforma de recebimento

_ piso em material resistente e anti – derrapante

_ local coberto para proteção das matérias primas contra os agentes climáticos

_ ralos sifonados e em forma de grelha

_ lavatório com sabonete neutro e toalhas de papel descartável

_ lixeiras externas com tampas, acionadas por pedal

_ estrados para acomodar os produtos com altura de 30 cm a partir do chão

Conferir na matéria prima:

_ Temperatura interna da carne, pH

_ Validade

_ Data processamento

_ Embalagens íntegras e rotuladas

8.1.2.1 A COMPRA DE PESCADOS

A superfície externa da carne de pescado (pele) e as vísceras possuem bactérias e outros

microorganismos que podem ser de ordem patogênica e deterioradores. O tipo e a quantidade

desses microorganismos são influenciados pela qualidade da água (doce ou salgada), época do

35

ano, temperatura, tipo de exploração, presença de poluentes e condições de captura,

armazenamento, manipulação e conservação.

O frio é essencial para a conservação de peixes, camarão, moluscos bivalvos (ostras,

mariscos, mexilhões) e moluscos cefalópodes (lula e polvo), podendo ser utilizado de várias

formas: gelo britado e em escamas são os mais utilizados. O gelo mantém a temperatura entre 00

C e 20 C, retardando a atividade de deterioração desses alimentos.

Como escolher pescados?

_ Escolher bem o local de compra do produto

_ Não comprar pescado de vendedores que comercializam pescado na parte traseira de

veículos

_ Só compre pescados frescos que são refrigerados ou congelados corretamente

_ Não adquirir congelados se os pacotes estiverem abertos, rasgados ou esmagados nas

bordas

_ Que provenham de estabelecimentos com Serviço de Inspeção Federal, Estadual,

Municipal

_ ALGUMAS EXIGÊNCIAS IMPORTANTES:

_ Os peixes à venda, devem estar colocados sobre uma grossa camada de gelo de

preferência protegidos ( tampados)

_ Ser expostos com o abdome para baixo, de modo que o gelo derretido e outros

líquido escoem evitando contaminação cruzada

_ O gelo deve ser produzido a partir de água potável, limpa e tratada com cloro

_ O local de venda deve ser limpo, sem odores estranhos livre de moscas e de

outros insetos

_ Barcos pesqueiros devem estar muito limpos e o local de armazenamento dos

peixes também

_ Presença de cristais de gelo nos pacotes de congelados, indica que o peixe foi

descongelado e recongelado, ou está armazenado por muito tempo.

36

8.1.2.2 PESCADOS FRESCOS

_ Os olhos devem estar desobstruídos, brilhantes e firmes

_ A carne deve ser firme ao toque, não estar amolecida e nem pegajosa

_ As brânquias e guelras devem ter coloração vermelho brilhante e úmidas

sem presença de muco e pontos brancos

_ Não deve ter cheiro de amônia

_ Não apresentar lesões na pele, não Ter manchas escuras, áreas descoloridas

ou de cor marrom ou amarelada

_ O camarão deve apresentar :

_ Corpo curvo, carapaça transparente , aderente ao corpo

_ Não soltar facilmente as pernas e o cefalotórax

_ Olhos de cor negra e bem destacados.

_ Coloração rosada ou acinzentada de acordo com a espécie

_ Moluscos bivalves ( ostras, mariscos, mexilhões) devem apresentar:

_ Aspecto esponjoso e elástico

_ Válvulas (conchas) fechadas e com grande retenção de água

incolor e límpida nas conchas

_ Carne firme, brilhante e firmemente aderida à concha

_ Coloração cinza claro nas ostras e amarelada nos mexilhões e

mariscos.

_ Moluscos cefalópodes (polvos e lulas) devem apresentar:

_ Pele lisa e úmida

_ Olhos transparentes

_ Coloração branco – rosada, acinzentada, de acordo com a

espécie.

37

8.1.2.3 A COMPRA DE CARNES

_ Devem ser oriundas de estabelecimentos (entrepostos, açougues e

abatedouros) relacionados no Serviço de Inspeção Federal, Estadual,

Municipal

_ Não podem em hipótese alguma ser oriundas de estabelecimentos cuja

origem da carne é desconhecida

_ Não adquirir carnes de modo em geral, quando não estiverem conservadas

sob refrigeração de até 70 C, pois propiciam a multiplicação bacteriana

_ Na carne maturada, mediante a pressão dos dedos, permanece a marca dos

dedos sob a embalagem

_ Carnes moídas e embaladas, podem estar com diversos tipos de carnes, de

várias procedências, com temperaturas diferentes e datas de validades

diferentes, portanto, devem ser moídas na hora a partir de escolha de uma

peça e consumida o mais rápido possível.

8.1.2.4 A COMPRA DE OVOS

_ Devem ser oriundos de granjas produtoras onde exista controle sanitário das

aves poedeiras pelo serviço de Defesa Sanitária Animal, com controle através

de monitoramento para Salmonella sp.

_ Os estabelecimentos produtores de ovos comerciais, devem Ter responsável

técnico, no caso, médico veterinário

_ Os estabelicimentos produtores de ovos comerciais, devem estar registrados e

relacionados no Serviço de Inspeção Estadual, Federal e ou Municipal.

_ Não adquirir ovos sem procedência.

8.1.3 ARMAZENAMENTO DE MATÉRIAS PRIMAS:

Os alimentos perecíveis, principalmente os de alto risco que se deterioram facilmente,

como produtos à base de leite, leite, carnes, ovos, peixes, moluscos necessitam de maior atenção.

38

Após o recebimento dos produtos, estes devem ser armazenados conforme as

especificações do fabricante contidas nas embalagens:

a) Resfriados:

_ Devem ser mantidos em Temperatura entre 00 C até 70 C

_ O tempo de permanência dos produtos à temperatura ambiente, deve ser o mínimo

possível

b) Congelados:

_ As matérias primas devem ser mantidas em temperatura entre -10 C a -180 C, ou de

acordo com as especificações do fabricante contidas nas embalagens.

c) Supercongelados

_ As matérias primas devem ser mantidas em temperatura entre -180 C a -200 C, ou de

acordo com as especificações do fabricante contidas nas embalagens.

d) Matéria prima seca:

_ Devem ser acondicionadas em local seco arejado, ventilado e protegido.

_ Devem ser arrumados de forma ordenada e identificados.

_ Para facilitar o manejo e a limpeza, as prateleiras não devem ser fundas demais.

_ Qualquer produto derramado deve ser limpo imediatamente e o piso, parede e cantos

devem ser limpos e desinfetados regularmente.

_ Os insetos e roedores não devem ter acesso nem condições de desenvolvimento dentro

de um local de armazenamento.

_ Portas e janelas devem ter proteção com telas anti insetos

_ Inexistência de cantos e locais escondidos que possam servir de ninho

_ Inexistência de alimentos expostos

_ Controle e fiscalização de estoque com a finalidade de procurar sinais que impliquem a

presença de vetores e observação dos prazos recomendados para estocagem

_ Utilização de estrados com pelo menos 25 cm de altura com espaço entre ripas e

afastados das paredes.

39

9. O LOCAL DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS E MATÉRIAS PRIMAS

Existem diversos tipos de estabelecimentos onde são preparados alimentos e processados

produtos de Origem Animal. Para cada tipo de estabelecimento, existe legislação específica, que

regulamenta todas as situações imagináveis.

Apresentamos de forma resumida, as condições básicas necessárias para instalações físicas

adequadas, facilitando assim o trabalho e organização dos funcionários e também reduzindo os

riscos de contaminação.

9.1 PONTOS A SEREM CONSIDERADOS

9.1.1 FORROS

Devem ser feitos de material liso e impermeável ou com pintura de cor clara (branco) e

resistente. Evitar forros de madeira, com reentrâncias, de maneira a facilitar a limpeza. A junção

com a parede deve ser arredondada.

9.1.2 JANELAS

Devem ser projetadas para propiciar uma boa ventilação e iluminação natural e impeçam o

excesso de sol no ambiente.

Devem dispor de telas anti insetos e de fácil limpeza. O peitoril, deve ser inclinado e

estreito para evitar o depósito de objetos ou vaso de plantas.

40

9.1.3 PAREDES

Devem ser lisas, azulejadas com rejuntes claros ou com pintura de cor branca impermeável,

lavável e resistente à limpeza e desinfecção diárias. Deverão ser sempre em alvenaria.

9.1.4 PISOS

Devem ser feitos com material resistente de fácil limpeza e anti derrapante. Devem ter uma

inclinação de 2% para o escoamento de líquidos em direção aos ralos, que, por sua vez, devem

ser periodicamente lavados para evitar o acúmulo de gorduras e outros resíduos evitando o

desenvolvimento de baratas.

9.1.5 ACABAMENTOS EM MADEIRA

Deve-se evitar os acabamentos em madeira, tais como rodapés, forros. Procurar usar forros

de PVC ou laje.

9.1.6 ÁREA DE TRABALHO

Deve ser calculada em função da atividade a ser desenvolvida, volume de produção diária e

previsão de crescimento.

As áreas nos estabelecimentos são separadas, uma para cada tipo de atividade: recepção,

área de manipulação, área de estocagem, área de refrigeração, área suja, local de higienização,

expedição, etc. construídas de tal modo sempre para facilitar a limpeza e a desinfecção em cada

setor.

9.1.7 SEQUENCIA DE OPERAÇÕES ( Fluxograma sanitário)

Deve ser planejado de modo a evitar o cruzamento de áreas limpas com áreas sujas.

9.1.8 VENTILAÇÃO

É necessário para a criação de um ambiente propício ao trabalho, para a renovação do ar,

equilíbrio das condições de umidade e eliminação de vapores e fumaça (defumadores).

9.1.9 ILUMINAÇÃO

É um ponto importante em qualquer local de trabalho e está intimamente relacionada com a

apreciação do estado dos alimentos e com a limpeza do local.

41

9.1.10 ÁGUAS SERVIDAS RALOS E ESGOTO

A existência de ralos com sifões para o escoamento das águas servida, é muito importante,

porque muitas vezes o sistema de escoamento retém restos orgânicos o que causa mau cheiro e

proliferação de bactérias e baratas. A disponibilidade de pontos com água quente é desejável.

9.1.11 PROTEÇÃO CONTRA INSETOS E ROEDORES

Deve ser instalado telas anti insetos nas aberturas da área de recepção/manipulação,

colocação de portas do tipo vaivém teladas, disposição adequada do lixo que sempre devem Ter

tampa. Ë obrigatória a desinsetização e desratização ( MIP) periódica nos estabelecimentos.

Os arredores dos estabelecimentos devem ser livres de mato, entulhos, lixo e outros

materiais que possam servir de abrigo e esconderijo para as pragas.

9.1.12 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS

Não se referem apenas aos banheiros, que devem estar completos com papel higiênico,

sabonete neutro e papel toalha; mas também aos lavabos colocados em pontos estratégicos na

área de manipulação, para facilitar a higiene dos manipuladores assim como aos chuveiros se

existirem.

9.1.13 VESTIÁRIOS

Todo estabelecimento deve dispor de vestiário para que os manipuladores de alimentos e

visitantes, possam trocar a roupa comum, pelo uniforme completo de uso restrito no

estabelecimento.

9.1.14 HIGIENE E ORGANIZAÇÃO GERAL

As dependências devem ser mantidas em bom estado de conservação e em perfeitas

condições de higiene e organização ante, durante e após a realização dos trabalhos.

Além da limpeza diária, periodicamente deve ser feita a desinfecção dos forros, da parte

superior das paredes e das esquadrias.

10. EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS

Para que os equipamentos e utensílios não interfiram nocivamente nos alimentos e/ou

alterem o seu valor nutritivo e as suas características organolépticas, devem ser de material de

fácil limpeza e higienização, livres de sujidade, poeiras, insetos e outras contaminações.

42

Os equipamentos e utensílios devem ser usados unicamente para os fins aos quais foram

projetados e devem estar em bom estado de funcionamento.

Os balcões para manipulação de matérias primas e alimentos devem ser de aço inoxidável,

por ser o melhor material para este fim, é mais durável e resistente e de fácil higienização.

Outro tipo de material deve ser resistente, impermeável e de fácil limpeza. Não pode ser de

madeira.

As tábuas de picar devem ser de poliuretano e sempre utilizar uma tábua para cada tipo de

atividade:

_ Processamento e cortes de carne crua

_ Processamento e cortes de aves

_ Preparo de pescado cru

_ Processamento de derivados de leite

_ Processamento de derivados de carne (embutidos)

_ Cortes de gorduras

As facas, devem acompanhar o mesmo esquema das tábuas de picar e as que não estiverem

sendo utilizadas, devem permanecer dentro do esterilizador de facas.

NÃO ESQUEÇA!

A TÁBUA DE PICAR EM MADEIRA É PERMEÁVEL À UMIDADE, GORDURA E ÓLEO.

TEM BASTANTE REENTRÂNCIAS.

É DIFICIL DE LIMPAR,

É DIFÍCIL DE HIGIENIZR

PROPICIA DESENVOLVIMENTO DE FUNGOS

PROPICIA O DESENVOLVIMENTO DE BACTÉRIAS INDESEJÁVEIS

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11. LIMPEZA E SANIFICAÇÃO

Antes de começar a manipular matérias primas e alimentos, é necessário tomar alguns

cuidados importantes. A limpeza e a organização do local de preparo, são fundamentais para

garantir segurança e saúde para sua família e seus clientes.

O objetivo principal da limpeza, é a remoção de resíduos orgânicos (proteínas,

gorduras) e sais minerais que ficam aderidos às superfícies de contato, equipamentos e utensílios.

O objetivo da sanificação, é eliminar microorganismos patogênicos e não patogênicos

(saprófitas) a níveis considerados seguros pela saúde pública.

Normalmente só a limpeza não reduz a carga microbiana a níveis satisfatórios, sendo

necessário a sanificação.

A PRÁTICA DE HIGIENE É NECESSÁRIA DESDE A RECEPÇÃO DE

MATÉRIA PRIMA, ATÉ A SUA EXPEDIÇÃO, NO CONTROLE DA QUALIDADE DA

ÁGUA UTILIZADA, NA ELIMINAÇÃO DOS RISCOS DE CONTAMINAÇÃO EM

QUALQUER DAS ETAPAS DE PROCESSAMENTO, DA CONSCIENTIZAÇÃO DOS

MANIPULADORES, DO CONTROLE DE INSETOS E ROEDORES.

44

11.1 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA HIGIENIZAÇÃO

11.2 OBJETIVOS

a- Conhecer as características dos resíduos aderentes às superfícies

b- Identificar os tipos de reações químicas utilizadas para a remoção dos resíduos

c- Compreender a importância da qualidade da água e suas propriedades

d- Conhecer os tipos de superfícies a serem sanificadas

e- Identificar e escolher os métodos mais adequados de higienização

f- Reconhecer os tipos e níveis de contaminação

g- Compreender o mecanismo de formação dos biofilmes

11.3 PRINCIPAIS FATORES QUE DEFINEM A EFICIÊNCIA DA LIMPEZA E

SANIFICAÇÃO

_ Seleção e concentração dos detergentes

_ Temperatura de trabalho

_ Tempo de contato

_ Natureza e qualidade da água

_ Força mecânica aplicada na operação

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11.4 PRINCIPAIS FATORES QUE AFETAM A EFICIÊNCIA DOS SANIFICANTES

_ Concentração do sanificante

_ Tempo de contato

_ pH da solução

_ dureza da água

_ resíduos de detergente

_ Matéria orgânica residual

_ Natureza da microbiota contaminante

_ Intensidade de contaminação microbiana

11.5 MÉTODOS DE HIGIENIZAÇÃO

_ Higienização manual (ralos, borrachas, interior de freezers, geladeiras, interior de

equipamentos, alguns tipos de tanques, pias...)

_ Higienização por imersão

_ Higienização por meio de máquinas lava jato tipo túnel (indústria de laticínios)

_ Higienização por meio de equipamentos tipo spray (pisos, paredes, tanques...)

_ Higienização por nebulização ou atomozação

_ Lavadoras automáticas

_ Higienização por circulação sem desmontagem de equipamentos (cleaning in place ou

CIP) através do uso de:

_ Circulação pelos equipamentos

_ Uso de jatos (bicos) móveis

_ Uso de jatos (bicos) fixos

_ Higienização com desmontagem de equipamentos (cleaning out place ou COP), através

do uso de:

_ Equipamentos portáteis lava jato com diferentes opções de bicos,

controle de temperatura da água, etc...

_ Sanitização manual efetuada com auxílio de espátulas, escovas,

esponjas e outros acessórios autorizados pelo Serviço de Inspeção.

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12. PROCEDIMENTOS GERAIS DE HIGIENIZAÇÃO

Os equipamentos, utensílios, pisos, paredes e o ambiente nas indústrias de alimentos e de

produtos de origem animal, após o processamento, apresentam elevada concentração de resíduos

com alto valor nutritivo, já que resulta de uma mistura de gorduras, carboidratos, vitaminas e sais

minerais. Estes resíduos orgânicos e minerais devem ser removidos das superfícies de contato,

equipamentos e utensílios, antes da aplicação dos agentes sanificantes.

O procedimento de higienização na indústria de alimentos e produtos de origem animal, deve

ser realizado em duas etapas:

1- A Limpeza

2 – A Sanificação

A limpeza inclui:

_ Pré lavagem com água, de preferência quente com T em torno de 400 C

_ Aplicação de detergentes que podem ser à base de:

_ agentes alcalinos: a aplicação de agentes alcalinos tem por

função a remoção dos resíduos protéicos e gordurosos das

superfícies, reduzindo o número de microorganismos.

_ agentes ácidos: a aplicação de agentes ácidos é indicado quando

ocorre a possibilidade de formação de incrustações minerais

nos equipamentos. Ex. Indústria de laticínios, máquina de lavar

louça.

_ Enxágüe dos resíduos

O objetivo principal do enxágüe é a remoção dos resíduos orgânicos e

minerais das superfícies que deve ser feito com água em temperatura superior ao

da pré lavagem, pois favorece a diminuição de microorganismos além da água

evaporar rapidamente das superfícies.

Nunca devemos deixar o estabelecimento sujo e

desorganizado para o dia seguinte.

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12.1 LIMPEZA DA ÁREA FÍSICA

_ Azulejos, paredes: limpeza diária nas partes próximas à bancadas, utilizando

detergente levemente alcalino, e sanitizar com solução de hipoclorito de sódio a 200

ppm de cloro ativo. Limpeza mensal no restante da parede evitando mofo nos rejuntes

ou sempre que se fizer necessário.

_ Pisos e ralos: limpeza diária, retirada completa de resíduos com água corrente e

detergente alcalino. Sanitização solução de hipoclorito de sódio a 200ppm de cloro

ativo.

_ Pias: Lavar vigorosamente com detergente tensoativo e enxaguar bem.

_ Não usar esponjas de aço em pias de aço inoxidável.

_ Tubulações externas: limpeza bimestral. Sanitização solução de hipoclorito de sódio a

200ppm de cloro ativo.

_ Tubulações internas: limpeza semestral ou antes se necessário.

_ Luminárias: limpeza bimestral, certificar-se da inexistência de fios expostos. Utilizar

detergente alcalino e Sanitização solução de hipoclorito de sódio a 200ppm de cloro

ativo.

_ Almoxarifado e depósitos: Piso – limpeza diária, Sanitização solução de hipoclorito de

sódio a 200ppm de cloro ativo.

_ Todos os produtos utilizados para higienização e sanitização devem ser aprovados

pelo serviço de inspeção e devem ser produtos devidamente licenciados para este

fim. Não usar fórmulas caseiras.

12.2 LIMPEZA DOS EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS

_ Máquinas de moer carne, cortador de frios, embutideiras, misturadores: limpeza

após o uso, lavando com detergente tensoativo. Após, sanitizar com hipoclorito de

sódio a 200 ppm de cloro ativo, ou outros sanitizantes aprovados pelo serviço de

inspeção, enxaguar , aguardar secagem e guardar.

_ Corpo dos equipamentos: limpeza com solução de hipoclorito após limpeza

prévia.

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12.3 PERIODICIDADE DA LIMPEZA

12.3.1 DIÁRIO

_ Pisos, rodapés e ralos

_ Todas as áreas de lavagem e de produção

_ Balanças

_ Pias e torneiras

_ Maçanetas de portas, geladeiras etc.

_ Lavatórios, saboneteiras

_ Sanitários

_ Recipientes de lixo

12.3.2 DIÁRIO OU DE ACORDO COM O USO

_ Equipamentos

_ Utensílios

_ Bancadas

_ Superfícies de manipulação

_ Borrifadores

_ Paredes próxima à matéria prima

12.3.3 SEMANAL

_ Paredes, portas, janelas, prateleiras, armários, câmaras frias, geladeiras, freezers, etc.

_ Borrachas destes equipamentos

_ Filtros de ar condicionado

_ Forros ou teto

12.3.4 QUINZENAL

_ Luminárias

_ Interruptores

_ Telas anti insetos

_ Tomadas

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12.3.5 MENSAL SEMESTRAL

_ Reservatórios de água

13.ETAPAS OBRIGATÓRIAS NO PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO AMBIENTAL

_ Lavagem com água clorada

_ Lavagem com detergente

_ Enxágüe

_ Desinfecção química – deixar o sanificante em contato mínimo de 15 minutos

_ Enxágüe

_ No caso de desinfecção com álcool a 70 %: não enxaguar e deixar secar ao ar. Esta

solução deve ser trocada a cada 24 horas.

13.1 NOS PROCEDIMENTOS DE HIGIENE NÃO É PERMITIDO:

• Varrer a seco nas áreas de manipulação

• Fazer uso de panos para secagem de utensílios e equipamentos

• Uso de escovas, esponjas de aço, metal, madeira, amianto e outros materiais

rugosos ou porosos

• Reaproveitamento de embalagens de produtos de limpeza

• Usar nas áreas de manipulação os mesmos utensílios de limpeza utilizados na

limpeza de banheiros, sanitários.

_ RECIPIENTES PARA LIXO DEVEM SER USADOS

EXCLUSIVAMENTE PARA O LIXO, CONVENIENTEMENTE

DISTRIBUÍDOS, MANTIDOS LIMPOS, IDENTIFICADOS,

COM TAMPA E ACIONADOS POR PEDAL E COM SACOS

PLÁSTICOS EM SEU INTERIOR !!!

_ O ESVAZIAMENTO DEVE SER EFETUADO EM

INTERVALOS REGULARES E O LIXO DEVE SER LEVADO

PARA A CENTRAL DE COLETA, A QUAL DEVE SER

MANTIDA LIMPA, INODORA E COM COLETAS DIÁRIAS !!

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14. PRODUTOS PERMITIDOS PARA DESINFECÇÃO AMBIENTAL

PRINCÍPIO ATIVO CONCENTRAÇÃO

Hipoclorito de Sódio 100-250 ppm(*) ( 2% cloro ativo)

Cloro orgânico 100-250 ppm ( 2% de cloro ativo)

Quaternário de amônia 200 ppm

Iodóforos 25 ppm

Álcool 70%

FONTE: SILVA JR. – 1995

(*) PARTE POR MILHÃO

15. CRITÉRIOS PRÁTICOS PARA DEFINIR UMA SUPERRÍCIE LIMPA

DESINFETADA

15.1 LIMPEZA:

• Ausência total de odores estranhos na superfície sanificada

• Ausência de resíduos na superfície, visíveis pela iluminação direta da superfície seca

• Ausência de manchas ou impregnações em tecido branco ou lenço de papel, friccionado

sobre superfície úmida

• Formação de uma película aquosa uniforme na superfície após a lavagem final, sem

evidências de quebra d’água, (formação de glóbulos isolados).

15.2 DESINFECÇÃO:

• Reduzidas contagens microbianas nas superfícies e/ou utensílios

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16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIVISÃO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Manual de Manipulação de Alimentos. Joinville.

1995.

DIVISÃO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Cartilha do Manipulador de Alimentos.

Joinville.1995.

DIVISÃO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Cartilha para Manipuladores de Alimento.

Florianópolis. 1998.

FIGUEIREDO, L. G. B. Higiene e Sanitização. Curso Seqüencial em Higiene e Conservação de

Alimentos - UNISUL. Florianópolis.2001

FIGUEIREDO,R.M. SSOP Padrões e procedimentos Operacionais de Sanitização; PRP programa

de Redução de Patógenos. Manual de Procedimentos e Desenvolvimento. 1.999. São Paulo.

HAZELWOOD,D.; Mc LEAN, A. C. Manual de higiene para manipuladores de alimentos. São

Paulo.Ed.Varela.1994.

PRATA,L.F. Manual de Enfermidades Transmitida por Alimentos. Unesp. 1992. FDA

handboock http//:vm.cfsan.~mow/badbug.zip.

PROFÍQUA. Boas Práticas de Fabricação para Empresas Processadoras de Alimentos. Manual –

Série Qualidade.

SENAI. Ensino à distância. Higiene e conservação Alimentar. Fascículos. 2001

RIEDEL, G. Controle sanitário dos alimentos. Ed. Atheneu, 2a ed. São Paulo. 1992

SILVA Jr., E. A. Manual de Controle Higiênico Sanitário em Alimentos. Ed. Varela. São

Paulo.1995.

UNISUL. Apostila de Higienização na Indústria de Alimentos. Curso Seqüencial em Higiene e

Conservação de Alimentos –Florianópolis.2001.

LEGISLAÇÃO CONSULTADA

• Lei Estadual 8534 de 19 de janeiro de 1992 : Dispõe sobre a obrigatoriedade da Inspeção

Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal.

• Decreto 3.748 de 12 de julho de 1993: regulamenta o Serviço de Inspeção de Produtos de

Origem Animal

• Lei 8078 de 11/09/90 – Lei do Consumidor.

52

• Ministério da Saúde. Portaria 15 de 23/08/88 – Produtos Saneantes Domissanitários

• Ministério da Saúde. Portaria GM 36 – 19/01/1.990 – Padrões Legislativos de Potabilidade da

Água.

• MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução Cisa 10 de 31 de julho de 1.984 – Dispõe sobre a

conservação de alimentos perecíveis e prazo de validade.

• MAARA – Portaria 304 de 22/04/96

• MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Portaria 46 de 10/02/98. Manual de Procedimentos

para Implantação do Sistema APPCC nas Indústrias de Produtos de Origem Animal.

Home page: http:// .br

• MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Portaria Sipa 001/90 de 21.02.90 DOU 06/03/90

Normas Gerais de Inspeção de Ovos e deriovados. Dec. 56.585 de 20.07/65 – Aprova as

novas especificações para classificação e fiscalização de ovos.

• MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Coletânea de Regulamentos Técnicos de Identidade e

Qualidade de Produtos de Origem Animal.

Home page:

• MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA DO COMÉRCIO E DO TURISMO. INMETRO.

Portaria 019 de 07/03/97 – Dispõe sobre a quantidade líquida expressa em rotulagem de

produtos cárneos ou não

Portaria 25 de 02/02/86 – Dispões sobre produtos que não possam ter estabelecido peso

padrão em rotulagem os dizeres: “ Deve ser pesado em presença do consumidor”.

• CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINARIA – CFMV

Lei 5.517 de 23/10/68 – Regulamentação da profissão de médico veterinário

Decreto 64.704 de 17/06/69

Decreto 70.206 de 25/02/72

Resolução 22 de 10/10/69

Home page:

• CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA – CRMV-SC

Manual do Responsável Técnico. Florianópolis. 1.999

e-Mail: crmvsc@.br

• CODEX ALIMENTARIUS.1997. Diretrizes Codex para Aplicação do Sistema APPCC.

• SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE – SUS. Lei 6.320 de 20/12/83 e Decreto 31.455 de

20/02/87.

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• CNI/SENAI/SEBRAE – Guia das Boas Práticas de Fabricação. Projeto APPCC.

• CNI/SENAI/SEBRAE- Guia para elaboração do Plano APPCC.

APRESENTAÇÃO

O Mesa Brasil SESC São Paulo é um programa de cunho social que reúne o SESC, empresas e instituições sociais na produção e distribuição de alimentos à população carente.

Tendo em vista garantir a qualidade dos alimentos que são distribuídos pelo programa, o SESC vem promovendo, constantemente, treinamentos aos agentes das instituições receptoras de alimentos.

A qualidade mencionada diz respeito à forma como os alimentos são manipulados, desde a sua produção até a distribuição e os agentes, na sua grande maioria, são pessoas com poucos conhecimentos na área de alimentação, desconhecendo, muitas vezes, práticas básicas que garantem uma manipulação segura dos alimentos, podendo prejudicar o resultado final do seu trabalho.

Nesse sentido, visando garantir o aperfeiçoamento desta proposta e a qualidade do alimento distribuído, foi elaborado este Manual dos Manipuladores de Alimentos, com conceitos básicos e orientações para que seja consultado, no dia a dia, por todos os agentes sociais que tenham como preocupação garantir condições dignas de alimentação para as pessoas com quem trabalham.

Danilo Santos de Miranda

Diretor do Departamento Regional do SESC em São Paulo

GARANTIA DE QUALIDADE

E MELHORIA DA SAÚDE

O controle de qualidade dos alimentos tem sofrido profundas modificações nestes últimos anos para melhoria da qualidade nutricional e para a garantia higiênico-sanitária não só dos produtos industrializados como para alimentos prontos para o consumo.

A legislação atual está mais atuante e completa. Em 1993 foi publicada a Portaria 1428 do Ministério da Saúde, cujo conteúdo é muito importante para direcionar as ações da Vigilância Sanitária e as necessidades básicas para os estabelecimentos de alimentação, obrigando a elaboração do Manual de Boas Práticas e a existência do Responsável Técnico. Em 1997 a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde publicou a Portaria 326, definindo os procedimentos técnicos básicos sobre o Manual de Boas Práticas, mas em 1999 o Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo publicou a Portaria CVS 6 instituindo um “Regulamento Técnico Sobre os Parâmetros e Critérios para o Controle Higiênico-Sanitário em Estabelecimentos de Alimentos” para ser utilizado como base para a elaboração do Manual de Boas Práticas no Estado de São Paulo.

O manual de boas práticas de manipulação deve ser conhecido e aplicado por todas as pessoas que trabalham na produção e distribuição de alimentos.

Nesse sentido o presente manual, elaborado pelo SESC através do “Programa Mesa Brasil SESC São Paulo”, está de parabéns, pela sua importância, clareza e objetividade na definição dos itens propostos e pela determinação, responsabilidade e alto nível técnico demonstrado pela equipe.

Dr. Êneo Alves da Silva Jr.

CDL – Central de Diagnósticos Laboratoriais

QUEM É O MANIPULADOR

DE ALIMENTOS?

Todas as pessoas que trabalham com alimentação são consideradas “Manipuladores de Alimentos”, ou seja, quem produz, vende, transporta, recebe, prepara e serve o alimento.

Esse profissional, como todo ser humano, é portador de microorganismos na parte externa do seu corpo (mãos, pele e cabelos), na parte interna (boca, garganta e nariz) e nas suas secreções (fezes, urina, saliva e suor).

Dizemos que o alimento está contaminado quando o homem lhe transfere microorganismos, tanto no contato direto, como favorecendo condições inadequadas para que isso ocorra (temperatura, instalações, utensílios e equipamentos malcuidados).

Para evitar a contaminação dos alimentos, através da manipulação, um treinamento inicial do manipulador é indispensável.

Existem algumas regras básicas que o manipulador de alimentos deve seguir. Regras que devem ser colocadas em prática não só durante o período de trabalho, mas durante a rotina diária quando trabalhamos em casa, pois nela também preparamos a nossa alimentação e de toda a família.

REGRAS BÁSICAS PARA O

MANIPULADOR DE ALIMENTOS

Todo manipulador, consciente da responsabilidade que é preparar e oferecer um alimento com qualidade, deve observar, diariamente, antes e durante seu trabalho, algumas regras importantes e fundamentais, para que o resultado seja sempre excelente.

Conheça e utilize os princípios básicos de higiene. Somente pessoas orientadas devem manipular os alimentos:

• Tirar barba ou bigode;

• Usar os cabelos presos ou cobertos por redes ou toucas;

• Evitar conversar, cantar, tossir ou espirrar sobre os alimentos, para que não caia saliva sobre os mesmos;

• Fumar apenas em locais permitidos;

• Manter roupas e aventais sempre limpos, trocando-os diariamente e sempre que necessário;

• Não manipular alimentos quando estiver doente (ex: resfriado) ou apresentar algum tipo de lesão nas mãos e unhas;

• Manter as unhas sempre curtas e limpas, sem esmalte e anéis;

• Não usar adornos (brincos, pulseiras, anéis, aliança, piercing, etc.)

Lavar bem as mãos com água e sabão:

• Ao sair do banheiro ou vestiário;

• Ao tocar o nariz, cabelo, sapatos, dinheiro e cigarro;

• Após tocar alimentos podres e estragados;

• Após carregar o lixo;

• Sempre e antes de tocar em qualquer utensílio e equipamento, ou seja, tudo que for entrar em contato com o alimento.

AS REFEIÇÕES SERÃO

PREPARADAS NUM LOCAL

E SERVIDAS EM OUTRO

COMO DEVEM SER OS RECIPIENTES E UTENSÍLIOS PARA OS ALIMENTOS?

Os recipientes devem ser isotérmicos, para assegurar a temperatura ideal de 65ºC, a fim de que o alimento chegue ao local de distribuição com a mesma qualidade com que sai da cozinha central. Tais recipientes devem manter o alimento na temperatura indicada até o momento de sua distribuição (período calculado em torno de 4 horas).

A temperatura (acima de 60ºC) é muito importante para evitar a multiplicação dos micróbios nos alimentos:

• Manter os recipientes isotérmicos fechados até o momento de servir as refeições e, em seguida, fechá-los novamente para evitar o resfriamento do alimento, em caso de ocorrer interrupção durante a distribuição.

Temperatura mínima para quentes 60ºC,

Temperatura máxima para frios 10ºC.

• Manter a temperatura mínima (60º) durante a distribuição para evitar a multiplicação microbiana perigosa.

Como cuidar dos recipientes e utensílios:

• Higienizar os utensílios após sua utilização para evitar a contaminação cruzada entre os alimentos. Ver higiene dos equipamentos e utensílios (pág. 10).

Utensílios básicos necessários para a distribuição das refeições:

• Pratos;

• Talheres (garfos, facas e colheres);

• Copos;

• Talheres para servir os alimentos (conchas, escumadeiras e pegadores).

INSTALAÇÕES: TUDO MUITO

SIMPLES, MAS EFICIENTE

Nem sempre é possível um local perfeito para o serviço de alimentação. Mas pode ser adaptado, tornando-se ideal para o desenvolvimento de um excelente trabalho, sem riscos para o alimento.

Como devem ser as instalações:

• Mesas com cadeiras suficientes para o número de pessoas atendidas. Devem ser feitas, de preferência, de material lavável (liso e impermeável);

• Pia com balcão e torneira para lavagem dos equipamentos e utensílios;

• Geladeira, fogão e um freezer para alimentos que tem necessidade de permanecer congelados;

• Armário fechado para utensílios e outro separado para guardar produtos de limpeza. No caso de se estocar alimentos, que não necessitam de refrigeração, será necessário um armário separado.

HIGIENE DOS EQUIPAMENTOS

E UTENSÍLIOS

É necessário que todas as superfícies da cozinha e do local destinado à distribuição dos alimentos estejam perfeitamente limpas, pois os alimentos se contaminam com muita facilidade. Não adianta cuidar da higiene dos alimentos se forem colocados em utensílios e equipamentos mal lavados.

Algumas orientações importantes para higiene dos equipamentos e utensílios:

• Lavar em água corrente com sabão, detergente e bucha que não solte fibras (evitar palhas de aço), logo após seu uso e antes de utilizá-los novamente. Cuidado para não deixar restos de alimentos e gorduras nos cantos e não deixar a torneira aberta sem necessidade;

• Enxaguar bem em água corrente, de preferência quente;

• Imergir ou banhar por 2 minutos em água clorada, na proporção de 100ml de água sanitária para 10 litros de água. Utilizar o utensílio somente após 15 minutos do contato com o cloro;

• Secar ao ar, em local apropriado, para evitar a recontaminação;

• Colocar os utensílios limpos de boca para baixo nas prateleiras, em local protegido;

• Usar utensílios diferentes para alimentos crus e cozidos, (ex.: facas, tábuas para carne, travessas, etc.);

• Evitar deixar em contato, dentro da geladeira ou freezer, peixe, carnes, aves, legumes e frutas. Coloque-os em prateleiras diferentes;

• Lavar a geladeira ou freezer, removendo gavetas e prateleiras;

• Após o uso, lavar e ferver diariamente os panos utilizados na cozinha. Usar panos sempre secos e limpos, trocando-os quando necessário;

• Panelões devem ser lavados sem enchê-los, remova as crostas com sabão e esponja;

• Cuidado com o desperdício de água.

Água, de olho no desperdício:

• Mantenha a torneira fechada ao cortar carnes, desfolhar hortaliças ou descascar legumes e frutas. Enquanto estes estiverem de molho no recipiente, a torneira deverá estar fechada. Estas mudanças nos procedimentos de higienização, não favorecem a contaminação.

• Evite usar água corrente das torneiras para descongelar alimentos. Retire-os do congelador com antecedência para que descongele na geladeira ou em água parada até atingir 21ºC.

• Evite usar água corrente para dessalgar alimentos. Deixe os em água na geladeira ou troque a água a cada 4 horas, ou ainda utilize a fervura.

• Permaneça próximo às torneiras sempre que estiverem enchendo um recipiente com água. Assim, você estará evitando o transbordamento e consequentemente o desperdício.

• Por mais rápida que seja a interrupção do trabalho, sempre feche as torneiras. Você nunca sabe quanto tempo vai demorar.

• Para remoção da sujeira (crostas) nos utensílios de médio e grande porte, não é necessário deixá-los de molho com água até a borda. Use esponjas apropriadas para higienização (não metálicas). Evite o uso de escovas de cerdas metálicas, pois podem provocar ranhuras na paredes dos utensílios, permitindo depósitos de microrganismos. Procedimentos inadequados na higienização destes utensílios, são responsáveis por grande parcela do desperdício de água em cozinhas.

Programa Uso Racional de Água – Controle de água na Manipulação de Alimentos

SABESP – São Paulo, 2003.

O ALIMENTO – SEGURANÇA

COM SABOR

Para que o alimento seja consumido com segurança é muito importante colocar em prática, no dia a dia, tudo o que se encontra neste manual. Responsabilidade e compromisso são peças básicas para que isso aconteça.

Orientações importantes:

• Evitar o contato dos alimentos prontos com alimentos crus;

• Desprezar os alimentos prontos para consumo que caírem no chão;

• Preparar os alimentos em quantidade suficiente para o consumo imediato. Ocorrendo sobras constantes, providências devem ser tomadas quanto à quantidade preparada. Nunca reutilizar alimentos que sobram nos recipientes isotérmicos;

• Manter refrigerados os legumes e verduras cozidos;

• Manter cobertos os alimentos e bebidas;

• Tirar o excesso de calor de todos os alimentos antes de levá-los à geladeira. Para isso, é necessário dividí-los em pequenas porções, colocando-os em recipientes com gelo;

• Abrir os recipientes isotérmicos somente no momento de servir as refeições.

HIGIENE AMBIENTAL

Além dos cuidados com a higiene dos alimentos, dos utensílios e equipamentos, é necessária uma atenção especial para a higiene do espaço onde se preparam e distribuem as refeições, pois o resultado final do alimento depende desta corrente ser segura e nunca rompida.

Este local deve ser de fácil higienização, pois o mesmo deverá ser lavado diariamente após servidas as refeições. Começar sempre a limpeza pelos lugares mais altos até chegar ao chão, tomando cuidado para não espirrar água ou sabão naquilo que já foi limpo.

Não esquecer de limpar as mesas e cadeiras, além de balcões aparadores. Muita atenção nos cantinhos, cubas de pias e ralos que, esquecidos, acumulam sujeira e gorduras. Nunca usar equipamentos de limpeza (panos, rodos e vassouras), destinados ao chão, para fazer a limpeza de mesas, paredes e superfícies de trabalho.

Panos de limpeza devem ser lavados e fervidos após seu uso.

Vassouras, escovas, rodos e baldes devem ser lavados com freqüência. Separar os equipamentos utilizados para limpeza de chão dos usados para limpeza de mesas e pias.

Um ambiente perfeitamente limpo não atrai moscas, baratas e ratos, mas mesmo assim não se pode descuidar deste visitantes indesejáveis e tão nocivos à saúde. Fique sempre atento e pronto para eliminá-los.

HIGIENE DOS VEGETAIS

As verduras, legumes e frutas devem estar presentes diariamente em nossas refeições, necessitando lavagem e desinfecção apropriadas, tanto para os que são ingeridos crus ou cozidos.

Antes de tudo é importante preparar o local (pia, cuba, panela, etc.) para se fazer a higienização dos vegetais. Tudo deve estar perfeitamente limpo e desinfetado.

Procedimentos para a seleção, lavagem e desinfecção dos vegetais:

Selecionar, retirando as folhas, legumes e frutas danificadas;

Lavar criteriosamente em água os vegetais folhosos (alface, escarola, agrião, etc.), folha a folha, as frutas e legumes, um a um; desfolhar as verduras com a torneira fechada.

Colocar de molho, por 10 minutos, em água clorada, utilizando produto adequado para esse fim, na diluição de até 200 ppm; monitorar a água clorada e reutilizá-la enquanto estiver acima de 100 ppm e límpida.

Escorrer a água, eliminando o que estiver flutuando.

Fazer o corte e montagem dos pratos com as mãos bem lavadas e protegidas por luvas ou utensílios;

Deixar os vegetais limpos guardados em geladeira, acondicionados em sacos plásticos próprios para esta finalidade, até o momento de distribuí-los.

TRANSPORTE! VAMOS SABER

MELHOR SOBRE ELE

Nem sempre o alimento é preparado no mesmo lugar em que será distribuído e consumido. O transporte desse alimento deve ser feito de forma segura.

Detalhes importantes para o transporte:

• Utilizar o veículo exclusivamente para transportar alimentos prontos. Isso quer dizer que nenhum outro tipo de alimento ou de material deve ser transportado no mesmo veículo, ao mesmo tempo. Tal cuidado é necessário para se evitar a contaminação cruzada, ou seja, um alimento não manipulado, ou manipulado indevidamente, contaminar outro corretamente manipulado;

• Dar preferência para um veículo tipo furgão fechado, isotérmico ou refrigerado. No lado externo do veículo, devem constar o nome da empresa responsável, endereço, telefone e ao que se destina, ou seja, transporte de alimentos;

• Colocar estrados plásticos no piso do veículo, para apoiar os recipientes com os alimentos;

• Manter o veículo em ótimas condições de higiene;

• Orientar o motorista e o ajudante para o uso de uniformes e proteção para os cabelos;

• Sair do local onde o alimento é preparado e ir direto ao local em que será distribuído, não devendo circular com o alimento além do tempo necessário;

• Consumir os alimentos de imediato à chegada no local de distribuição. Após a distribuição, os alimentos não podem ser levados para casa ou mesmo guardados para serem consumidos em outro horário.

ALGUMAS ORIENTAÇÕES

SOBRE TEMPO E

TEMPERATURA

O controle do tempo e da temperatura a que os alimentos são submetidos durante todo o seu preparo e distribuição são muito importantes, eliminando ou diminuindo, o número de microrganismos neles existentes. O seu armazenamento adequado, após o processo de cozimento, evita que eles se contaminem novamente.

Dicas importantes na Preparação dos Alimentos:

• Armazenar rapidamente os alimentos após o recebimento

• Manipular com rapidez no pré-preparo e no porcionamento, no máximo 30min por lote

• Nas cocção, o centro do alimento deve atingir 74ºC

• Alimentos cozidos de véspera devem ser resfriados a 21ºC em 2 horas e atingir 4ºC em 6 horas e permanecer a 4ºC por 48 horas

• No reaquecimento o centro do alimento deve atingir 74ºC

• Na espera alimentos quentes devem permanecer a 65ºC e os frios abaixo de 10ºC

• Na distribuição alimentos quentes devem ficar no mínimo a 60ºC e os frios no máximo a 10ºC

• Só utilizar sobras se as temperaturas de distribuição estiverem corretas

• No transporte os alimentos quentes devem estar no mínimo a 65ºC e os frios abaixo de 10ºC.

Alguns dados importantes:

. Conservar os alimentos quentes no mínimo a 60º C;

. Desprezar os alimentos preparados que ficaram em espera mais que 3 horas abaixo de 60º C;

. Considerar os alimentos preparados que ficaram em espera a 60º C, por menos de 3 horas, como sobras limpas.

Para manter em segurança os alimentos aproveitados (sobras limpas):

. Reaquecer a 74º C e manter a 65º C ou mais, por no máximo 12 horas, para uma próxima refeição.

TOME NOTA

Todo manipulador de alimentos deve participar de treinamentos específicos para a sua área. É muito importante o contato com a teoria e a prática da função que desempenha ou desempenhará.

A mudança permanente de pessoal manipulador acarreta sempre novas necessidades de treinamento, implicando também em deslocamentos e esforços muitas vezes desnecessários.

O treinamento inicial deve ser obrigatório em todos os locais onde se produzem e distribuem as refeições, devendo ser atualizado sempre que necessário.

Lembrar sempre que é preocupação e responsabilidade de todos a segurança dos alimentos, desde seu adequado recebimento, preparo e distribuição para o consumo.

O Mesa Brasil SESC São Paulo é um conjunto de ações sociais desenvolvidas pelo SESC-SP, cujo objetivo é agregar qualidade e valor nutricional às refeições servidas por instituições sociais aos segmentos carentes da sociedade por elas atendidos.

Uma destas ações é o Colheita Urbana, que consiste na distribuição diária de alimentos excedentes, sobras ou descartes, próprios para o consumo, doados por empresas e encaminhados a instituições sociais.

Outra ação é o desenvolvimento de atividades educativos:palestras, treinamentos e oficinas culinárias ministrados por voluntários, que possibilitam o acesso a informações básicas na área de alimentação, garantindo a qualidade nas refeições e promovendo a mudança de hábitos alimentares.

A sustentação do Mesa Brasil SESC São Paulo está na parceria com empresas, e com profissionais e pessoas que se dispõem a participar através da prestação de serviços voluntários, dentro de uma perspectiva de solidariedade e compromisso social.

Mesa Brasil SESC São Paulo – Alimente esta idéia.

BIBLIOGRAFIA DE APOIO

. SILVA JR., Êneo Alves da – Manual de Controle Higiênico

Sanitário em Alimentos. São Paulo: Livraria Varel, 5 Ed. 2002

LEGISLAÇÃO

. BRASIL, Leis e Decretos. Ministério da Saúde. Portaria 1.428 de 26/11/93. D.O.U, Seção I, pg. 18.412 de 02/12/93.

. BRASIL, Leis. Portaria CVS 6 de 10 de março de 1999 – “Regulamento Técnico sobre os Parâmetros e Critérios para o Controle Higiênico-Sanitário em Estabelecimentos de Alimentos”, Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo.

. BRASIL, Leis. Portaria 326 de 30 de julho de 1997 – Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”, Secretaria de Vigilância Sanitária/MS.

. Programa Uso Racional da água – Controle de água na Manipulação de Alimentos – SABESP – São Paulo – 2003.

COLABORAÇÃO

. Dr. Êneo Alves da Silva Jr., CDL – Central de Diagnósticos Laboratorias.

REALIZAÇÃO

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO

Administração Regional no Estado de São Paulo

Presidente: Abram Szajman

Diretor do Departamento Regional: Danilo Santos de Miranda

MANUAL GENÉRICO DE PROCEDIMENTOS PARA APPCC EM INDÚSTRIAS DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL 

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO 

INTRODUÇÃO

Modernamente observa-se em todo o mundo um rápido desenvolvimento e aperfeiçoamento de novos meios e métodos de detecção de agentes de natureza biológica, química e física causadores de moléstias nos seres humanos e nos animais, passíveis de veiculação pelo consumo de alimentos, motivo de preocupação de entidades governamentais e internacionais voltadas à saúde pública.

Ao mesmo tempo, avolumam-se as perdas de alimentos e matérias-primas em decorrência de processos de deterioração de origem microbiológica, infestação por pragas e processamento industrial ineficaz, com severos prejuízos financeiros às indústrias de alimentos, à rede de distribuição e aos consumidores.

Face a este contexto, às novas exigências sanitárias e aos requisitos de qualidade, ditados tanto pelo mercado interno quanto pelos principais mercados internacionais, o governo brasileiro, juntamente com a iniciativa privada, vem desenvolvendo, desde 1991, a implantação em caráter experimental do Sistema de Prevenção e Controle, com base na Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle- APPCC, do inglês "HAZARD ANALYSIS AND CRITICAL CONTROL POINTS - HACCP". Este Sistema é uma abordagem científica e sistemática para o controle de processo, elaborado para prevenir a ocorrência de problemas, assegurando que os controles são aplicados em determinadas etapas no sistema de produção de alimentos, onde possam ocorrer perigos ou situações críticas.

Este Sistema, hoje adotado pelos principais mercados mundiais, basicamente assegura que os produtos industrializados:

a) sejam elaborados sem riscos à saúde pública;

b) apresentem padrões uniformes de identidade e qualidade;

c) atendam às legislações nacionais e internacionais, no que tange aos aspectos sanitários de qualidade e de integridade econômica.

Os sistemas tradicionais de Inspeção e Controle da Qualidade, face às necessidades de melhorarem seu desempenho quanto à eficiência, eficácia e relevância social na atividade de assegurar a qualidade dos alimentos, dentro de um sistema de gerenciamento da qualidade do processo industrial, passarão a utilizar como meio auxiliar este Sistema, que pela sua concepção e filosofia, além de assegurar os objetivos propostos, torna mais eficaz o Serviço de Inspeção Federal. Cabe destacar que o APPCC não é um Sistema de Inspeção.

Destaca-se também a exigência dos Estados Unidos e da União Européia, em seus conceitos de equivalência de sistemas de inspeção, da aplicação de programas com base no Sistema de APPCC. Nos Estados Unidos, o sistema foi tornado mandatório, a partir de Janeiro de 1997, para as indústrias cárneas com implementação gradativa.

Dessarte, além de tratar-se de um mecanismo de prevenção e controle que atinge o segmento de industrialização dos produtos de origem animal, sua implantação passa a ser imprescindível na reorientação dos programas nacionais da garantia da qualidade destes produtos para atendimento às exigências internacionais.

Este Manual pretende contribuir, de forma clara e objetiva, com as indústrias de produtos de origem animal de grande, médio e pequeno porte, visando propiciar os benefícios do sistema de APPCC, que entendemos sejam os seguintes:

a) conferir um caráter preventivo às operações do processo de industrialização;

b) orientar para uma atenção seletiva nos pontos críticos de controle;

c) sistematizar e documentar os pontos críticos;

d) garantir a produção de alimentos seguros;

e) oferecer oportunidade de incrementar a produtividade e a competitividade.

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento, através do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, dispõe-se a orientar o planejamento e a implantação de planos de APPCC nas empresas que industrializam produtos de origem animal sob Inspeção Federal.

OBJETIVOS

O objetivo deste Manual é fornecer às indústrias sob Inspeção Federal as diretrizes básicas para apresentação, implantação, manutenção e verificação do Plano de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle -APPCC, assegurando que os produtos:

a) sejam elaborados sem perigos à Saúde Pública;

b) tenham padrões uniformes de identidade e qualidade;

c) atendam às legislações nacionais e internacionais sob os aspectos sanitários de qualidade e de integridade econômica;

d) sejam elaborados sem perdas de matérias-primas;

e) sejam mais competitivos nos mercados nacional e internacional.

CAMPO DE APLICAÇÃO

Este Manual, elaborado de acordo com os princípios do Sistema APPCC, aplica-se aos estabelecimentos de produtos de origem animal que realizam o comércio interestadual e/ou internacional.

A inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal tem seus fundamentos técnico-científicos e jurídicos, procedimentos e mandamentos administrativos inseridos em lei específica, mais precisamente Lei 1283, de 18/12/50 (D.O.U. de 19/12/50).

Esta lei, por sua vez, dá lastro aos Decretos 30.691, de 20/3/52 e 1255, de 25/6/62, o primeiro, aprovando o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) e o segundo, alterando-o.

Mais recentemente, a Lei 7889, de 23/11/89 (D.O.U. de 24/11/89), além de disciplinar as sanções relativas às infrações à legislação dos produtos de origem animal, veio redefinir as áreas de competência da União, dos Estados e dos Municípios na fiscalização dos produtos em tela.

Conforme dispõem estas leis, a União, mais especificamente, o Ministério da Agricultura, através do seu órgão especializado (DIPOA), tem a competência da inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem animal nos estabelecimentos que realizam o comércio interestadual e internacional, enquanto que, para os estabelecimentos que realizam o comércio intermunicipal e municipal, a competência dessa inspeção é, respectivamente, das unidades da Federação e dos Municípios.

CONDIÇÕES GERAIS 

Para a implantação do Sistema de APPCC na indústria sob inspeção federal, alguns requisitos são básicos:

Sensibilização para a Qualidade

O dirigente da empresa deve estar sensibilizado para os benefícios e dificuldades relativos às mudanças de comportamento necessárias ao sucesso, na adoção da gestão pela qualidade em sua empresa.

Comprometimento da Direção da Empresa com o Plano

Para que o Sistema de APPCC tenha sucesso, a Direção da empresa deve estar comprometida com o plano. Esse comprometimento implica conhecimento dos custos e benefícios, decorrentes da implantação do mesmo, incluindo também a necessidade de investimento na educação e na capacitação do corpo funcional com relação ao Sistema de APPCC.

Capacitação

Implica na elaboração de um programa de educação e treinamento nos princípios de APPCC, envolvendo todo o pessoal responsável, direta e indiretamente, pelo desenvolvimento, implantação e verificação (Auditoria Interna do Programa).

Implantação e Execução

A empresa deve fornecer as condições previstas neste Manual para que o Sistema de APPCC seja implantado e cumprido. Os procedimentos de controle da qualidade, baseados no APPCC, devem ser específicos para cada indústria e cada produto.

Responsabilidade

É de responsabilidade da Direção-Geral e do nível gerencial das empresas assegurar que todo o corpo funcional esteja conscientizado da importância da execução das atividades do Programa ou Plano de APPCC. 

 

 

DEFINIÇÕES

Sistema APPCC

É um sistema de análise que identifica perigos específicos e medidas preventivas para seu controle, objetivando a segurança do alimento, e contempla para a aplicação, nas indústrias sob SIF, também os aspectos de garantia da qualidade e integridade econômica.

Baseia-se na prevenção, eliminação ou redução dos perigos em todas as etapas da cadeia produtiva.

Constitui-se de sete princípios básicos, a saber:

1. identificação do perigo;

2. identificação do ponto crítico;

3. estabelecimento do limite crítico;

4. monitorização;

5. ações corretivas;

6. procedimentos de verificação;

7. registros de resultados.

Perigo

Causas potenciais de danos inaceitáveis que possam tornar um alimento impróprio ao consumo e afetar a saúde do consumidor, ocasionar a perda da qualidade e da integridade econômica dos produtos. Genericamente, o perigo é qualquer uma das seguintes situações:

- presença inaceitável de contaminantes biológicos, químicos ou físicos na matéria-prima ou nos produtos semi-acabados ou acabados;

- crescimento ou sobrevivência inaceitável de microrganismos patogênicos e a formação inaceitável de substâncias químicas em produtos acabados ou semi-acabados, na linha de produção ou no ambiente;

- contaminação ou recontaminação inaceitável de produtos semi-acabados ou acabados por microrganismos, substâncias químicas ou materiais estranhos;

- não conformidade com o Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) ou Regulamento Técnico estabelecido para cada produto.

Risco

É a probabilidade de ocorrência de um perigo à saúde pública, de perda da qualidade de um produto ou alimento ou de sua integridade econômica.

Análise de Risco

Consiste na avaliação sistemática de todas as etapas envolvidas na produção de um alimento específico, desde a obtenção das matérias-primas até o uso pelo consumidor final, visando estimar a probabilidade da ocorrência dos perigos, levando-se também em consideração como o produto será consumido.

Ponto de Controle

Qualquer ponto, operação, procedimento ou etapa do processo de fabricação ou preparação do produto que permite controle de perigos. 

Ponto de Controle Crítico (PCC)

Qualquer ponto, operação, procedimento ou etapa do processo de fabricação ou preparação do produto, onde se aplicam medidas preventivas de controle sobre um ou mais fatores, com o objetivo de prevenir, reduzir a limites aceitáveis ou eliminar os perigos para a saúde, a perda da qualidade e a fraude econômica.

Limite Crítico

Valor ou atributo estabelecido, que não deve ser excedido, no controle do ponto crítico.

Desvio

Falha no cumprimento ou não atendimento de limite crítico, denotando este estar sub ou sobrepassado.

Medida Preventiva

Procedimentos ou fatores empregados nas etapas ou processos de produção que visam controlar um perigo à saúde, de perda da qualidade de um produto ou alimento ou de sua integridade econômica.

Monitorização

Seqüência planejada de observações ou medições devidamente registradas para avaliar se um PCC está sob controle.

Ações Corretivas

Ações a serem adotadas quando um limite crítico é excedido.

Verificação

Uso de métodos, procedimentos ou testes, executados sistematicamente pela empresa, para assegurar a efetividade do programa de garantia da qualidade com base no sistema de APPCC aprovado.

Plano APPCC

Documento escrito que descreve os procedimentos e os compromissos a serem assumidos pela indústria de produtos de origem animal, através do programa de controle de qualidade dinâmico, fundamentado nos princípios do Sistema APPCC.

Leiaute (Lay-out)

Distribuição física de elementos num determinado espaço, dentro de um ambiente industrial.

Diagrama Operacional

É uma representação gráfica de todas as etapas operacionais, em seqüência ordenada, na elaboração de cada produto.

Fluxograma da Produção

É a esquematização seqüencial e o memorial descritivo detalhando as etapas do processo de elaboração do produto.

Organograma

É uma representação gráfica ou diagrama que mostra as relações funcionais entre os diversos setores da empresa.

Árvore decisória para identificação do PCC

Seqüência lógica de questões para determinar se a etapa do processo é um PCC.

Garantia da Qualidade

Todas as ações planejadas e sistemáticas necessárias para prover a confiabilidade adequada de que um produto atenda aos padrões de identidade e qualidade específicos e aos requisitos estabelecidos no sistema de APPCC.

Controle da Qualidade

Consiste nas técnicas operacionais e ações de controle realizadas em todas as etapas da cadeia produtiva, visando assegurar a qualidade do produto final.

Lote

Uma coleção de unidades específicas de uma matéria-prima ou produto com características uniformes de qualidade, tamanho, tipo e estilo, tão uniformemente quanto possível, identificado de forma comum e única, sempre produzido durante um ciclo de fabricação ou não mais de um período de produção.

Limite de Segurança (ou operacional)

Valor ou atributo mais estreito ou restrito que o limite crítico e que é parâmetro utilizado para reduzir o risco. 

DESENVOLVIMENTO DAS ETAPAS PARA ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE APPCC

O Plano APPCC é desenvolvido por meio de uma seqüência lógica de etapas, assim distribuídas:

1ª ETAPA - Formação da Equipe

2ª ETAPA - Identificação da Empresa

3ª ETAPA - Avaliação dos Pré-requisitos

4ª ETAPA - Programa de Capacitação Técnica

5ª ETAPA - Seqüência lógica de Aplicação dos Princípios do APPCC

6ª ETAPA - Encaminhamento da Documentação para Avaliação pelo DIPOA

7ª ETAPA - Aprovação, Implantação e Validação do Plano APPCC 

 

DESENVOLVIMENTO DAS ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE APPCC

1ª ETAPA - Formação da Equipe responsável pela elaboração e implantação do Plano de APPCC

Dentro de um estabelecimento industrial, o primeiro passo para desenvolver um plano de APPCC é a organização de uma equipe responsável pela sua elaboração e implantação. A referida equipe deve ser constituída de pessoal que esteja familiarizado com os produtos, seus métodos de elaboração e com o estabelecimento produtor. Essa equipe deve ser selecionada cuidadosamente. Seus possíveis integrantes podem incluir: gerente, microbiologistas, compradores, técnicos especializados, capatazes, chefes de seções específicas e operários, coordenados por um responsável técnico do controle da qualidade, devidamente capacitado em APPCC.

Deve-se ressaltar, ainda, que os integrantes da equipe devem ser pessoas com grande poder de convencimento, liderança e capacidade de multiplicação dos conhecimentos obtidos e formadores de opinião, de modo a possibilitar a penetração dos conceitos contidos no programa nos diversos setores do estabelecimento industrial e a facilitar a sensibilização de todo o corpo funcional para a importância desse plano.

2ª ETAPA - Identificação da Empresa

A - Identificação Completa da Empresa

Na apresentação do plano APPCC deverão constar as seguintes informações:

- Nome da empresa responsável (razão social);

- endereço completo (localização, CEP, fone, fax, telex, caixa postal);

- no de registro no SIF;

- categoria do estabelecimento;

- relacionar produtos elaborados;

- destino da produção:

• mercado nacional;

• mercado internacional (países importadores).

B - Organograma da Empresa

A organização do estabelecimento industrial deverá ser apresentada em forma de diagrama, com indicação dos setores que efetivamente participam do desenvolvimento, implantação e manutenção do Plano de APPCC. Na elaboração do organograma, o posicionamento do Setor de Garantia da Qualidade deverá estar diretamente ligado à Direção-Geral da Empresa.

• Definição das funções e atribuições dos membros integrantes do organograma

Na implantação de um plano de APPCC, a clara definição das funções e atribuições dos responsáveis pela elaboração, implantação, acompanhamento e revisão do programa é de fundamental importância, como apresentado a seguir:

• Direção Geral

Responsável da empresa, que deve estar comprometido com a implantação do plano de APPCC, analisando-o e revisando-o sistematicamente, em conjunto com o pessoal de nível gerencial.

• Pessoal de nível gerencial

Responsável pelo gerenciamento dos diversos processos da empresa, incluindo produção, compras, vendas e garantia da qualidade, participando da revisão periódica do plano junto à Direção Geral.

Responsável pela implantação do Plano de APPCC

Subordinado diretamente à Direção-Geral, que deve elaborar¸ implantar, acompanhar, verificar e melhorar continuamente o processo.

É muito importante ressaltar ainda que, na implantação do Plano de APPCC, é fundamental a participação e o envolvimento de todas as pessoas dos diferentes setores da empresa no desenvolvimento do programa. A integração dos setores e a conscientização das pessoas quanto à sua importância é essencial para o sucesso do mesmo.

Visando assegurar a eficiência do Plano, algumas exigências são necessárias:

a) Relativas ao técnico:

- estar motivado para a importância do Plano de APPCC e totalmente comprometido com seus resultados, evidenciados no desempenho de suas funções e atribuições durante a execução de todo o processo;

- possuir experiência comprovada no setor industrial de laticínios e demonstrar conhecimento em conceituação do Plano de APPCC, tecnologia de processamento de produtos lácteos, procedimentos de higiene e sanitização, análise sensorial, noções básicas de microbiologia, métodos de avaliação físico-química e planos de amostragem;

- ter perfil multiplicador, de modo a repassar para outros participantes do corpo técnico todo o conhecimento obtido durante a fase de capacitação (3a etapa);

- ter poder de decisão diante de todos os aspectos técnicos do plano;

- ser o elemento de contato direto para os assuntos referentes ao Plano junto à Direção-Geral da Empresa e ao Serviço de Inspeção Federal;

- ter formação universitária ou técnica compatível com o exercício dessas funções.

b. Relativas à Empresa:

- possibilitar total acesso do técnico à Direção-Geral e prover todo o apoio necessário para a execução de suas atividades;

- promover a capacitação do técnico, comprometendo-se em investir continuamente em treinamentos específicos para o desempenho de suas funções;

- promover eventos de sensibilização de modo a conscientizar o corpo funcional da importância da implantação e desenvolvimento do plano de APPCC.

3ª ETAPA - Avaliação dos Pré-requisitos para o Sistema APPCC

Nesta fase, a equipe de trabalho responsável pela elaboração do plano deverá realizar estudos visando analisar a situação do estabelecimento e traçar a estratégia para alcançar os objetivos finais.

Em verdade, estes pré-requisitos referem-se a aspectos que na maior parte já foram disciplinados pelo DIPOA ou estão em fase de disciplinamento e que, na prática, são controlados nos estabelecimentos sob inspeção federal. A inclusão neste Manual representa tão somente uma chamada com referência a sua importância dentro do Sistema APPCC.

Assim, os seguintes aspectos devem ser analisados:

1. Leiaute (Lay-out) do estabelecimento

O objetivo deste estudo é fazer um diagnóstico da estrutura física existente, sua adequabilidade aos processos dos produtos elaborados, identificando possíveis ocorrências de contaminações cruzadas.

1.1 Recepção

Neste item, a equipe de trabalho deve analisar possíveis alterações das matérias-primas em decorrência do tempo de espera para descarga e da infra-estrutura existente para o desenvolvimento dos trabalhos.

1.2 Estocagem da matéria-prima

No local de estocagem deve-se estudar não só a organização das matérias-primas e as facilidades da realização da inspeção visual, como também as possíveis flutuações de temperatura que possam acarretar prejuízos à qualidade.

1.3 Fase de preparação da matéria-prima

Entende-se por fase de preparação da matéria-prima qualquer etapa do processo industrial em que o produto sofra algum tipo de manipulação.

Nesta etapa, a equipe deve centralizar a atenção na temperatura ambiental, nas possíveis alterações sofridas pelas matérias-primas com relação ao tempo de espera nas diferentes fases tecnológicas da produção, nos equipamentos envolvidos e suas possíveis implicações com a qualidade higiênico-sanitária do produto final.

1.4 Localização dos setores de estocagem de embalagens, ingredientes e aditivos

Também, nestes setores, deve-se atentar para as possíveis alterações sofridas pelos produtos em decorrência de condições inadequadas de estocagem.

1.5 Setor de elaboração

O enfoque deve ser dirigido aos riscos de contaminações cruzadas entre matérias-primas e ingredientes destinados a elaboração de produtos com diferente microbiota. O tempo de retenção do produto em processo e a temperatura de manutenção são outros aspectos a serem considerados no controle do crescimento de microrganismos indesejáveis no produto final.

1.6 Setor de embalagem

A embalagem, em alguns casos, pode carrear microrganismos aos produtos elaborados, comprometendo a inocuidade dos mesmos. Também as implicações dos tipos de embalagens na vida de prateleira pretendida para os produtos e as condições de distribuição e exposição no varejo devem ser consideradas, assim como o tratamento a que estas embalagens são submetidas antes do uso.

A temperatura ambiente do setor de embalagem, por questão de conforto dos operários, nem sempre é aquela desejável à proteção dos produtos, propiciando, algumas vezes, o crescimento de microrganismos. Portanto, nesta situação, o curto tempo de retenção dos produtos nesta fase do processo é de suma importância para o controle de germes indesejáveis.

1.7 Estocagem do produto final

É importante considerar, durante a estocagem dos produtos, a compatibilidade dos mesmos com a temperatura de armazenamento recomendada para garantir a qualidade higiênico-sanitária desejável. Outro fator deste mesmo item diz respeito à possibilidade de contaminação cruzada.

1.8 Expedição

Pelas mesmas razões expostas no item 1.6, o trânsito do produto pela expedição deve ser tão rápida quanto possível, evitando-se assim que o mesmo sofra algum tipo de alteração. Da mesma forma, devem ser propiciadas facilidades operacionais visando agilizar o fluxo do produto pelo setor.

2. Manutenção das instalações

Além dos aspectos relacionados com a manutenção das instalações propriamente ditas e suas implicações na higiene ambiental, a natureza do material utilizado na construção de pisos, paredes e teto, considerando a eficiência dos procedimentos de limpeza e sanificação, deve receber especial atenção da equipe responsável pela elaboração e implantação do plano APPCC.

A distribuição dos equipamentos acessórios (redes de água, vapor e frio) na área industrial não deve estar disposta sobre equipamentos utilizados no processamento de alimentos para evitar possíveis fontes de contaminação, principalmente quando são utilizados equipamentos abertos na industrialização dos produtos.

A disposição da rede coletora de águas residuais também deve ser analisada, particularmente quanto à distância entre os ralos, à disposição dos equipamentos e ao fluxo dessas águas.

3. Equipamentos

A natureza dos equipamentos, as características das superfícies que entram em contato com os produtos, a possibilidade de transferência de odores aos alimentos, as facilidades de montagem e desmontagem com vistas aos procedimentos de limpeza, sanificação e as dificuldades para inspeção visual são aspectos a serem considerados visando à elaboração e implantação do plano APPCC.

4. Água de abastecimento

Um dos mais importantes aspectos envolvidos na produção de alimentos é, sem dúvida, a qualidade da água de abastecimento, além do controle da qualidade e quantidade do gelo utilizado. Os aspectos físico-químicos e a qualidade microbiológica, a origem da água utilizada, sua vazão (se for o caso) e a capacidade de estocagem devem ser analisadas com relação às necessidades dos diferentes processos industriais.

5. Saúde dos operários e hábitos higiênicos

Os manipuladores de alimentos são, muitas vezes, responsáveis pela veiculação aos alimentos de microrganismos causadores de enfermidades ao homem. As condições de saúde dessas pessoas, a higiene pessoal (roupas, cabelos, unhas, etc.) e os hábitos higiênicos (antes, durante e após os trabalhos, ao sair e ao retornar ao serviço, após a utilização de sanitários, antes e depois das refeições) são fatores que devem ser considerados com vistas à elaboração do plano. A educação sanitária deve ser voltada à manutenção de hábitos e atividades higiênicas, treinamento sistemático do pessoal e condições de saúde do pessoal.

Os operários devem ser examinados periodicamente por serviço médico e serem certificados como aptos a manipular alimentos.

6. Controle de insetos e roedores

É notório que insetos e roedores podem comprometer a higiene dos alimentos. Assim, o desenvolvimento de um programa de combate a insetos e roedores é outra medida preparatória à implementação do plano APPCC.

Deve constar do plano:

1. memorial descritivo do processo;

2. produtos químicos empregados e seus respectivos antídotos;

3. empresa responsável (no caso de terceiros) e responsabilidade técnica;

4. planta de situação do estabelecimento com identificação dos locais de colocação de produtos (área externa) e armadilhas (áreas internas);

5. modelos de relatórios de controles e providências.

7. Limpeza e sanificação

A elaboração de um programa de limpeza e sanificação envolve múltiplos fatores relacionados, não só com as instalações e equipamentos, mas também com o tipo de resíduo a ser removido, observadas as especificações e propriedades dos agentes de limpeza e sanificação, freqüência de aplicação e critérios utilizados na avaliação deste plano.

Deve constar do plano a relação dos produtos empregados com as respectivas autorizações de uso pelo DIPOA e, ainda, métodos de controle de limpeza de superfície.

8. Aferição dos instrumentos

A aferição periódica dos instrumentos de controle de temperatura, peso e outros parâmetros relacionados com os padrões de identidade e qualidade dos alimentos constitui-se em outro pré-requisito à implantação do plano APPCC.

9. Qualidade da matéria-prima e ingredientes

Na produção de alimentos, quando se pretende um produto de qualidade garantida, é necessário conhecer não somente a microbiota das matérias-primas e ingredientes envolvidos no processamento, mas também o grau de contaminação destes mesmos componentes.

10. Procedimentos de recolhimento do produto final

No estabelecimento industrial de produtos de origem animal devem existir formas para recolhimento do produto final no mercado de sua destinação, através de um setor ou responsável para assegurar o cumprimento das ações necessárias, caso sejam detectados problemas para a saúde pública, perda de qualidade ou de integridade econômica após a distribuição dos produtos.

Nos programas de recolhimento, alguns requisitos são básicos, tais como:

a) a nomenclatura correta dos produtos;

b) as identificações corretas da data de fabricação, do prazo de validade e das condições de conservação dos produtos;

c) identificação do lote do produto comercializado, que pode ser de um dia ou do turno da produção, desde que seja obtido sob condições uniformes de controle a partir do recebimento da matéria-prima;

d) o controle dos canais de distribuição e comercialização;

e) controle dos registros que devem ser arquivados, ordenadamente, por um período de pelo menos dois anos, após vencido o prazo de validade do produto;

f) é recomendável que seja colocado na embalagem do produto o telefone para atendimento ao consumidor.

11. Procedimentos sobre reclamações dos consumidores e/ou importadores

A Empresa deve ter política e procedimentos para resolução das reclamações dos consumidores e/ou importadores sobre seus produtos. Deve ser mantido um registro de todas as reclamações e das ações tomadas pelo setor competente.

Deve haver previsão dos procedimentos para que, quando uma reclamação gerar dúvidas quanto ao sistema de garantia da qualidade, as atividades envolvidas no processo de elaboração do produto sejam revistas para aplicação de ações preventivas, corretivas e incrementação dos procedimentos de vigilância.

4ª ETAPA - Programa de Capacitação Técnica

Na implantação do plano de APPCC, a empresa deverá garantir condições para que todas as pessoas sejam capacitadas, facilitando a sua participação em treinamentos para a sua correta aplicação. A capacitação deve ser de forma contínua para propiciar atualização e reciclagem de todos os envolvidos.

O conteúdo programático dos treinamentos sobre o sistema de garantia da qualidade, fundamentados no sistema de APPCC para produtos de origem animal, deverá abranger preferencialmente:

a. sensibilização para a qualidade;

b. perigos para a saúde pública ocasionados pelo consumo de alimentos de origem animal;

c. deterioração de alimentos perecíveis;

d. lay-out operacional;

e. programas de higiene;

f. etapas de elaboração e implantação (parte teórica e exercícios práticos na indústria).

5ª ETAPA - Seqüência lógica de Aplicação dos Princípios do APPCC

Nesta etapa estão listados os doze passos que serão necessários à implantação da APPCC. Os passos de 6 a 12 referem-se aos sete princípios básicos do plano.

1º Passo - Reunir a Equipe APPCC, formada nos moldes apresentados na 1ª etapa;

2º Passo - Descrever o produto;

3º Passo - Identificar o uso pretendido e consumidor do produto;

4º Passo - Construir o diagrama operacional;

5º Passo - Verificar, na prática, a adequação do diagrama operacional;

6º Passo - Listar e identificar os perigos, analisar os riscos e considerar as medidas preventivas de controle (Princípio 1);

7º Passo - Identificar os PCCs e aplicar a árvore decisória (Princípio 2);

8º Passo - Estabelecer os limites críticos para cada PCC (Princípio 3);

9º Passo - Estabelecer o sistema de monitorização para cada PCC (Princípio 4);

10º Passo - Estabelecer as ações corretivas (Princípio 5);

11º Passo - Estabelecer os procedimentos de verificação (Princípio 6);

12º Passo - Providenciar a documentação e estabelecer os procedimentos de registro (Princípio 7).

DESCRIÇÃO DOS PASSOS:

1º Passo - Reunir a Equipe APPCC

A Equipe APPCC deverá ser reunida após sua capacitação técnica para definir todos os demais passos para a implantação do plano.

2º e 3º Passos - Descrição, identificação e uso pretendido do produto

Nestes passos deverão ser providenciadas todas as informações que servem para descrever, identificar o produto e o uso pretendido. Para isto serão utilizados os formulários cujos modelos estão nas FIGURAS 1 e 2.

4º e 5º Passos - Construção e verificação prática do diagrama operacional

O diagrama operacional de cada produto deverá conter todas as etapas do produto, de forma seqüencial, clara e simples.

Deverão acompanhar o diagrama todas as adições feitas antes, durante e após o processamento, bem como informações detalhadas de cada etapa do processo.

Uma vez estabelecido o diagrama operacional, deverá ser efetuada uma inspeção no local, verificando a concordância das operações descritas com o que foi representado. Isto irá assegurar que os principais passos do processo terão sido identificados e permitir ajustes quando necessários com base nas operações verdadeiramente observadas. O diagrama operacional poderá seguir os modelos das FIGURAS 3 (A, B, C e D).

6º Passo (Princípio 1) - Listar e identificar os perigos, analisar os riscos e considerar as medidas preventivas de controle

A análise dos riscos envolve a listagem e identificação dos perigos que podem ocorrer em toda cadeia produtiva, além das medidas preventivas de controle. Uma vez que devem ser considerados todos os aspectos da produção, desde a obtenção da matéria-prima até o produto final, será necessária uma análise para cada estabelecimento e para cada produto elaborado.

Todos os perigos identificados, associados a cada etapa do processo, devem ser listados e sua severidade avaliada (FIGURAS 4, 5 e 6). Os riscos devem ser analisados em relação à sua importância para a saúde pública (considerada a ligação epidemiológica do produto em análise com enfermidades transmitidas por alimentos - ETAs), à perda da qualidade de um produto ou alimento e à sua integridade econômica. As medidas preventivas para controlar os perigos identificados devem ser listadas.

Para a elaboração de um produto de qualidade, é fundamental que os riscos analisados possam ser prevenidos, reduzidos a níveis aceitáveis ou eliminados.

Na análise dos riscos, a equipe responsável pela elaboração e implantação do Plano APPCC deve considerar os seguintes pontos:

- Leiaute (lay-out) do estabelecimento industrial para estudo do fluxo de produção, possibilidade de contaminação cruzada, etc.;

- Formulação: matérias-primas e ingredientes utilizados;

- Técnica de elaboração: práticas de manipulação, programa de higiene;

- Hábitos do consumidor: uso que se espera do produto, baseado na utilização normal pelo consumidor final;

- Consumidor: pode ser o público alvo em geral ou um segmento particular da população (crianças, adultos, idosos, enfermos, estabelecimentos industriais e comerciais, etc.).

Para a análise de riscos, alguns exemplos de perigos podem ser citados:

a) para a saúde pública:

- microrganismos patogênicos ou produtores de toxinas (Salmonella sp, Staphylococcus aureus, E. coli, Bacillus cereus, , Listeria sp, Clostridium sp, etc.);

- matérias estranhas (fragmentos de vidro, metais, madeira, plástico, etc.);

- resíduos orgânicos e inorgânicos: antibióticos, quimioterápicos, metais pesados, praguicidas, etc.

b) para a perda da qualidade:

- deterioração, rancidez, partículas queimadas.

c) para a integridade econômica:

- adição de água, soro, leitelho, etc;

- supressão de um ou mais elementos e/ou substituição/adição de outros. Visando ao aumento de volume ou de peso, em detrimento de sua composição normal ou do valor nutritivo intrínseco.

7º Passo (Princípio 2) - Identificar os PCCs e aplicar a árvore decisória

A análise dos perigos consiste em fazer uma série de perguntas para cada etapa de elaboração do produto, usando como referência o diagrama da árvore decisória para identificação do ponto crítico (FIGURA 7). As perguntas são respondidas em seqüência e formuladas para cada etapa do processo de elaboração.

O primeiro procedimento relacionado com a identificação dos pontos críticos é a elaboração do diagrama operacional do produto, conforme as determinações constantes nos passos de números 4 e 5.

No diagrama operacional do produto serão identificados os pontos onde os perigos devem ser prevenidos, reduzidos ao mínimo ou eliminados (FIGURA 8), pois qualquer perda de controle pode resultar em perigo à saúde pública, perda da qualidade ou quebra da integridade econômica.

A correta identificação de cada PCC pode ser obtida com o auxílio dos formulários cujos modelos são apresentados nas FIGURAS 9 (A e B). A seqüência de passos culmina com a numeração do ponto crítico.

Os perigos que não podem ser controlados no estabelecimento devem ser listados e identificados conforme o modelo da FIGURA 10.

8º Passo (Princípio 3) - Estabelecer os limites críticos para cada PCC

Os limites críticos são os valores que separam os produtos aceitáveis dos inaceitáveis, podendo ser qualitativos ou quantitativos. Como exemplos podem ser citados:

a) tempo; h) concentração salina;

b) temperatura; i) cloro residual livre;

c) pressão; j) viscosidade;

d) pH; l) preservativos;

e) umidade; m) textura;

f) atividade de água; n) aroma;

g) acidez titulável; o) peso líquido.

O estabelecimento desses limites deverá ser baseado no conhecimento disponível em fontes, tais como:

a) Regulamentos e legislação;

b) Literatura científica;

c) Dados de pesquisa oficialmente reconhecidos;

d) Referências de especialistas de indústrias, universidades ou instituições reconhecidas;

e) Experiências práticas com embasamento científico;

f) Normas internas de cada empresa, desde que atendam aos limites estabelecidos na legislação.

9º Passo (Princípio 4) - Estabelecer o sistema de monitorização para cada PCC

A monitorização deve ser capaz de detectar qualquer desvio do processo (perda de controle) com tempo suficiente para que as medidas corretivas possam ser adotadas antes da distribuição do produto.

Os principais tipos de monitorização são: observação contínua, avaliação sensorial, determinação de propriedades físicas, químicas e microbiológicas, sendo necessário estabelecer a freqüência e o plano de amostragem que será seguido.

A monitorização é aplicada por meio de observação, análises laboratoriais ou utilização de instrumentos de medida. Os métodos analíticos devem ser continuamente validados e os instrumentos aferidos e calibrados.

Os procedimentos de monitorização devem identificar:

a) o que será monitorado;

b) como os limites críticos e as medidas preventivas podem ser monitoradas;

c) com que freqüência a monitorização será realizada;

d) quem irá monitorar;

e) plano de amostragem (específico por cada categoria de alimento).

O responsável pela monitorização deve:

a) ser consciente da importância de sua função;

b) dominar a aplicação de técnicas e métodos;

c) registrar precisamente as informações nos formulários específicos.

Depois de estabelecidos os métodos de monitorização, a equipe de trabalho deve elaborar formulários de registros das observações, bem como tabelas ou gráficos para registros dos valores observados. Estes registros devem estar disponíveis para a verificação interna e para o Serviço de Inspeção Federal.

10º Passo (Princípio 5) - Estabelecer as ações corretivas

Quando se constatar um desvio nos limites críticos estabelecidos, serão imediatamente executadas as ações corretivas para colocar o PCC novamente sob controle.

As ações corretivas devem ser específicas e suficientes para a eliminação do perigo após a sua aplicação. Dependendo do produto que está sendo elaborado, as ações corretivas podem ser, por exemplo:

a) recalibrar equipamentos;

b) rejeitar a matéria-prima;

c) reprocessar.

Para cada PCC devem estar estabelecidas uma ou mais ações corretivas, claramente assinaladas, de tal modo que o operador do processo saiba exatamente o que fazer e esteja autorizado a adotá-las.

11º Passo (Princípio 6) - Estabelecer os procedimentos de verificação

Os procedimentos de verificação visam determinar se os princípios do Sistema APPCC estão sendo cumpridos no plano e/ou se o plano necessita de modificação e reavaliação, bem como comprovar o funcionamento do Sistema APPCC e o atendimento da legislação vigente nos aspectos de formulação, padrões físico-químicos e microbiológicos.

A verificação será executada por pessoas da própria empresa, independentes da atividade relacionada com os procedimentos de vigilância, ou por auditores externos, a critério da empresa. A determinação da freqüência dos procedimentos de verificação é da responsabilidade do dirigente da empresa.

Nos procedimentos de verificação serão observados os seguintes itens:

a) revisão do plano APPCC (pré-requisitos, normas regulamentares, obediência aos princípios da APPCC, etc.);

b) registros do APPCC;

c) adequação das ações corretivas;

d) controle dos PCCs;

e) revisão dos limites críticos;

f) procedimentos de aferição e calibração de equipamentos e instrumentos;

g) amostragem e análises físicas, químicas, microbiológicas e sensoriais para confirmar se os PCCs estão sob efetivo controle;

h) avaliação da execução do plano, sempre que ocorra uma alteração na técnica de elaboração do produto que, nesta condição, terá de ser reavaliado pelo Serviço de Inspeção Federal.

12º Passo (Princípio 7) - Providenciar a documentação e estabelecer os procedimentos de registro

Todos os dados e informações obtidos durante os procedimentos de vigilância, de verificação, resultados laboratoriais, etc., devem ser registrados em formulários próprios de cada estabelecimento industrial e, sempre que possível, resumidos em forma de gráficos ou tabelas. Deve-se registrar, também, os desvios, as ações corretivas e as causas dos desvios. Como exemplos de registros, podem ser citados:

a) Controle de cloração da água de abastecimento;

b) Inspeção de matéria-prima;

c) Tempo e temperatura;

d) Inspeção do produto;

e) Pesagem;

f) Registro dos programas de treinamento de pessoal.

Os registros devem estar acessíveis, ordenados e arquivados durante um período de pelo menos dois anos após o vencimento do prazo de validade dos produtos comercializados.

Os formulários a serem utilizados para os registros deverão compor o Plano APPCC.

6ª ETAPA - Encaminhamento da Documentação para Avaliação pelo DIPOA

Após a elaboração do plano APPCC, a empresa remeterá ao DIPOA, através da representação estadual do órgão, em 2 vias, datilografadas ou em disquete:

- Requerimento ao Sr. Diretor do DIPOA, solicitando análise e aprovação do plano;

- Identificação e organograma da empresa com definições das funções e atribuições dos colaboradores, com apresentação dos currículos do pessoal de nível médio e superior em cargos de chefia;

- Leiaute (lay-out) da indústria;

- Diagrama operacional de cada produto com identificação e descrição dos perigos, dos controles de pontos críticos, com o estabelecimento dos limites críticos, procedimentos de monitorização, das ações corretivas, dos procedimentos de verificação e do sistema de registros (modelo de resumo proposto na FIGURA 11);

- Memorial descritivo de fabricação de cada produto, detalhando as matérias-primas utilizadas, ingredientes, aditivos, fases do processo, equipamentos envolvidos, embalagem, condições de armazenamento, distribuição e condições de exposição no varejo;

- Características do produto quanto ao pH, à atividade de água, à concentração de sal, à umidade, etc.;

- Documentação referente ao cumprimento dos pré-requisitos (3ª etapa).

A documentação, listada anteriormente, será encaminhada ao membro do Comitê Permanente de Avaliação do Plano APPCC (Portaria do MAA n.º.......... de ......./....../......) do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal - SIPA, na Delegacia Federal de Agricultura da unidade da federação onde está localizado o estabelecimento industrial e no qual será implantado o referido programa.

As empresas deverão elaborar o plano genérico de APPCC, constando toda linha de produção de produtos, com cronograma de implantação progressiva de acordo com prioridade estabelecida.

Qualquer modificação do plano deverá ser comunicada oficialmente ao comitê para revalidação. Durante a implantação, a equipe de APPCC do SIPA poderá oferecer esclarecimentos à empresa e propor correções no plano estabelecido.

7ª ETAPA - Aprovação, Implantação e Validação do Plano APPCC

O plano será implantado após a apresentação da documentação e aprovação pelo DIPOA. Após a aprovação, a validação do plano ficará condicionada ao resultado de auditoria específica, liderada por profissionais médicos veterinários pertencentes ao DIPOA.

A primeira auditoria deverá ser conduzida preferencialmente no prazo de 30 dias após a comunicação da implantação do plano por parte da empresa.

Nos casos de não aprovação, o programa será revisto pelo estabelecimento e reavaliado pelo DIPOA.

Uma vez aprovados, os planos terão prazos determinados para implantação, que serão estabelecidos em específico para cada setor (pescados, carne e leite).

Após a aprovação e implantação do plano, o DIPOA exercerá as prerrogativas que lhe conferem os textos legais pertinentes para realizar auditoria no plano de cada estabelecimento. Somente o DIPOA poderá validar e realizar auditorias nos Planos APPCC dos estabelecimentos que fazem comércio interestadual e internacional.

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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria no 58, de 17mai93. Diário Oficial da União, 101: 7228-7232. Brasília, DF.

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