Empréstimos linguísticos: o debate continua

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empr?stimos lingu?sticos: o debate continua

Emilia Maria Peixoto Farias*

Resumo

As l?nguas encontram nos empr?stimos ling??sticos uma rica fonte de atualiza??o lexical. Essa atualiza??o deve-se principalmente aos avan?os tecnol?gicos e ? busca de novas formas de express?o pelo homem. Nesta perspectiva, os empr?stimos ser?o aqui tratados como fonte enriquecedora dos sistemas ling??sticos n?o podendo, portanto, ser tomados como amea?as ou mesmo elementos nocivos ?s l?nguas receptoras. Este trabalho tem, conseq?entemente, como objetivo principal mostrar que o uso de empr?stimos n?o constitui amea?a a unidade nacional, n?o impede a intercomunica??o entre indiv?duos como tamb?m n?o corrompe a l?ngua nacional. Para darmos conta da tese aqui defendida, baseamos nossos argumentos em Farias (2001), Faraco (2001) e Carvalho (1989).

Palavras-chave: lexicologia; empr?stimos ling??sticos.

Abstract

This work has as its main objective to show that any language can benefit from the process of receiving loan words as a real means of expanding its lexicon. To support our thesis we base our arguments on the following works: Farias (2001), Faraco (2001) e Carvalho (1989).

Key words: lexicology; loan words.

1 Considera??es Iniciais

Iniciamos este trabalho com a f?bula moderna da linguista Adair Pimentel Pal?cio, citada em Carvalho (1989,

p. 6-9), para introduzirmos a no??o do que vem a ser o tema aqui investigado. Conta o referido autor que a ...

"L?ngua Portuguesa convocou todas as palavras para uma Assembl?ia Geral. O motivo foi o veemente apelo que lhe fizeram alguns de seus s?ditos mais fi?is que se vangloriavam de conhec?-la por dentro e por fora.

Ela ia passando faceira em seu gingado natural, engordando uns quilinhos aqui, ao ingerir palavrinhas novas, e emagrecendo acol? como s? acontece ?s l?nguas, que, sendo gulosas por natureza, alimentam-se de gregos e troianos. Mas os s?ditos fi?is interromperam sua marcha normal para reclamar a deforma??o que vinha sofrendo sua bela figura, causada, principalmente, por estrangeiros abomin?veis. A "fremosa senhora", que ? muito vaidosa, concordou com a id?ia.

O planejamento do conclave ficou a cargo dos seus Ministros: os Adv?rbios de Tempo, Modo e Lugar. Lugar determinou que a reuni?o realizar-se-ia na Mans?o Verde-Amarelo, por ser a maior de suas casas, e assim poder acomodar todo mundo. Como Adv?rbio de Modo, que muito mente, disse que estava doente, a forma do conclave ficou meio indefinida.

Houve convoca??o compuls?ria para os formadores da estrutura gramatical como os Artigos, as Preposi??es, as Conjun??es, as Flex?es, os Verbos Auxiliares e outros, todos soldadinhos pequeninos, mas de efici?ncia que se constituem na guarda de sua Majestade.

As flex?es, como se sabe, por serem sufixos, s? t?m um bra?o, o esquerdo. As Interjei??es, coitadas, formam uma classe marginalizada. Ficou determinado que elas se encarregariam dos ohs e ahs durante a sess?o.

As demais palavras foram convidadas, mas n?o estavam obrigadas a comparecer. Assim, os arca?smos decidiram n?o ir, por serem muito velhos.

No momento fixado foram chegando convocados e convidados.

* Doutora em Letras, professora do Departamento de Letras Estrangeiras e do Programa de P?s-Gradua??o em Lingu?stica da UFC. Rev. de Letras - Vol. 30 - 1/4 - jan. 2010/dez. 2011 159

Os prefixos gregos e latinos, todos manetas, chegaram vestidos a car?ter. Os gregos com t?nicas brancas e leves, um ombro descoberto, usavam sand?lias com tiras cruzadas nas pernas. Os latinos, muito romanos, usavam braceletes nos bra?os que lhes restava, o direito, e ? cabe?a traziam coroas de louros. Eles tinham o ar da superioridade que s? o poder consente.

Como s?o altivos esses prefixos ? todos metidos a besta e muito unissex. Tele mantinha um ar distante. O A grego tudo negava, e o latino ora aproximava-se, ora afastava-se e, ?s vezes, tamb?m negava. Anti e Ante chegaram juntos, este ?ltimo precedendo o primeiro, que, como o A grego, acima descrito, tamb?m ? da oposi??o.

No momento certo, todos tomaram seus lugares. A tribuna de honra fora reservada para a nobreza. Latinos e gregos ocuparam-na.

As palavras de origem latina constitu?am a maior parte do plen?rio. As eruditas sentaram-se logo na frente; depois, sentaram-se as populares. Em seguida sentaram-se as multinacionais: empr?stimos franceses, muito perfumados por Dior; ingleses, usando sua melhor gabardina; italianos, quase todos muito musicais; e alem?es, todos muito marciais. Os africanos de diversas regi?es cheiravam ? comida gostosa e coloriam o plen?rio com s?mbolos religiosos. Eu quase esquecia de dizer que, a um canto, estavam A??car, Alcatifa e outros ?rabes de turbante, alguns dos quais representantes da OPEP.

L? em cima, na galeria, instalaram-se os neologismos, as siglas, as abrevia??es famosas. Nos corredores e escadas, sentadas pelo ch?o, estavam as g?rias, bem hippies, mal comportadas como elas s? ? assobiando, conversando, comendo pipoca, mascando chicletes, fumando e botando cinza no ch?o.

Finalmente foi aberta a sess?o. Como L?ngua Portuguesa n?o havia tido a devida assessoria de seu Ministro, Adv?rbio de Modo, n?o sabia bem como encaminhar os trabalhos. Um pouco titubeante, ela come?ou solicitando que quem n?o fosse completamente brasileiro se retirasse. Foi um alvoro?o. Levantou-se todo mundo. S? ficou sentada uma meia d?zia de palavras que, embora nuas, estavam revestidas de muita brasilidade. Eram as de origem ind?gena. Jacar? cutucou Jaguar e ambos riram da mancada da bela senhora.

Percebendo sua precipita??o, L?ngua Portuguesa pigarreou, pediu ordem no plen?rio e reformulou suas palavras, convidando a retirarem-se as palavras que n?o fossem legitimamente vern?culas.

Novamente deu confus?o pela profus?o de elementos que se levantaram, uns conformados, outros protestando veementemente. Alguns at? alegaram ?pertencer ? terceira ou quarta gera??o de aportuguesados e ter compatriotas com muito status, ocupando altos cargos governamentais e pol?ticos e com poder econ?mico incontest?vel.

L?ngua Portuguesa pensou: "assim n?o d?", e resolveu pedir que se apresentassem uma a uma as palavras

estrangeiras para contar sua hist?ria. Assim, ela teria condi??es de julgar.

A primeira a apresentar-se foi X?cara, que disse ser uma nauatl pura, mas n?o sabia bem se do M?xico ou da Am?rica Central (palavras n?o conhecem fronteiras). Disse que vivia bem em seu rinc?o natal, quando um espanhol dela usou e abusou. O mesmo fizeram muitos de seus compatriotas que por ela se apaixonaram. Ent?o, ela saiu de casa para viver com os espanh?is. Mas esses latinos vol?veis logo se cansaram de sua beleza. Como estava longe de casa, ela entrou pela porta do Brasil, onde foi muito bem recebida, e assim foi ficando por aqui. Lembrou at? que causou confus?o na Academia Brasileira de Letras, quando discutiram sua grafia x ou ch. Ent?o ela disse:

"Andei, virei, mexi e parei aqui. Sou t?o vern?cula quanto voc? - Sou um s?mbolo nacional Quem me rejeitar Xicrinha de caf? n?o vai mais tomar"

L?ngua Portuguesa ficou perplexa. N?o se havia dado conta de t?o grande verdade. Concedeu imediatamente vernaculania ? palavra. A aclama??o foi geral.

Quem sabe, talvez dev?ssemos tomar caf? em x?cara com ch.

A? ... Futebol, sempre com bola no p?, deu com o foot na ball e pediu a palavra. Levantou-se muito ingl?s, posudo, com o respaldo do Banco de Londres e da rainha, e com aquiesc?ncia da Sele??o, reinvidicando que j? tinha grafia pr?pria. Que mais lhe faltava? Disse que se fosse banido n?o mais se faria jogo no Brasil.

A gleba de tricampe?es explodiu. Nesse momento, Ludop?dio interveio: "Vieste de longe, oh ingl?s usurpar o meu lugar tal qual fizeste ?s Malvinas E eu, como ? que vou ficar?" Mas ningu?m deu bola pra ele.

L?ngua Portuguesa, perdendo a postura e compostura, quase perdeu tamb?m o rebolado. Ficou nervosa. Em menos de um momento, concedeu vernaculania ? palavra.

O triunfo desses itens lexicais estimulou outros tantos. Piano levantou-se, liderando seus compatriotas, alguns bem famosos como Chau e Pizza, e reinvidicou para italianos o direito ? vernaculania.

O tumulto que se seguiu foi geral. Saionara, Sputnik, Gar?on e muitas outras palavras, cada qual liderando um contingente de compatriotas, gritaram por greve.

L?ngua Portuguesa ficou atordoada. Viu-se diante de uma guerra sonora t?o calamitosa que, se n?o fosse controlada rapidamente, desencadearia uma mudez conti-

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nental. Muito doidona, enfurecida pela press?o dos s?ditos fi?is e vencida pelos argumentos incontest?veis dos componentes de seu pr?prio corpo, nomeou a Ling??stica por interventora. Esta, embora sob protestos, deu fim ? baderna. P?s os pontos nos is explicando ? mui formosa senhora toda a complexidade de sua estrutura. Ela compreendeu. Sorriu, deu de ombros e, assumindo sua pr?pria natureza, dissolveu a Assembl?ia. Os s?ditos mais fi?is ficaram a ver navios e a L?ngua evoluiu, entrando por uma perna de pinto e saindo por uma perna de pato..."

A partir do que aqui apresentamos, percebemos que o empr?stimo lingu?stico acompanha a hist?ria da l?ngua e, ao contr?rio do que possa parecer, ele ? antes de tudo uma rica fonte de atualiza??o lexical. Vejamos, a seguir, como se caracteriza o empr?stimo.

2 O caso da L?ngua Portuguesa

O l?xico da l?ngua portuguesa tem sua base lexical no latim popular ou latim vulgar. A pr?pria palavra Portugal s? surgiu ap?s a queda do Imp?rio Romano, pois foi no s?culo V d.C., que a antiga forma Portucale foi atestada, sendo a adjun??o da denomina??o de dois burgos: Portu, hoje a cidade do Porto e Cale, hoje a conhecida Vila Nova de Gaia. Por?m, do s?culo V ao s?culo VIII, per?odo que corresponde ? Lusit?nia romana e ao surgimento do Reino de Portugal, este territ?rio passou por duas grandes invas?es, a de tribos germ?nicas e de povos ?rabes, que deixaram dentre outras marcas as contribui??es ainda hoje sobreviventes na l?ngua portuguesa.

2.1 A contribui??o al?gena para a L?ngua Portuguesa

2.1.1 A contribui??o ib?rica e celta

A contribui??o ib?rica e celta, at? o s?culo V, tem dentre os elementos pr?-romanos, ou substrato, termos que podem ser identificados at? hoje como por exemplo: Coimbra, ?vora, Teixos, (nome de ?rvore sagrada dos Celtas), al?m de balsa, arroio, manteiga. N?o podemos nos esquecer das contribui??es bascas deste momento como: bezerro, cachorro, esquerdo e zorra.

2.1.2 A contribui??o germ?nica

Das tribos germ?nicas instaladas no territ?rio portugu?s, duas merecem destaque: os suevos, a partir de 411d.C., e os visigodos, a partir de 585 d.C. O superstrato, ou seja, elementos p?s-romanos de origem germ?nica, podem ser atestados nos seguintes itens: luva, estaca, elmo, roubar, fato (terno), guerra, guisa e os pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste.

2.1.3 A contribui??o ?rabe

Os elementos ?rabes introduzidos no per?odo que vai do s?culo VIII ao s?culo XIII, s?o chamados adstratos e s?o quantitativamente mais representativos. As palavras iniciadas por al- ou a-, indicativos da aglutina??o do artigo ?rabe al ?s palavras, podem ser facilmente identificadas. S?o exemplos deste per?odo: ?lgebra, azeite, a?ougue, a?ude, alface, bairro, aldeia, arroz, alfaiate, algod?o, alfarr?bio, azeite, azeitona, azulejo, javali, mesquinho , oxal? e ref?m.

2.1.4 As contribui??es proven?ais e francesas

A descoberta do caminho de peregrina??o a Santiago de Compostela no s?culo XIII, levou ao surgimento de v?rios mosteiros de ordens francesas e na rela??o de elementos proven?ais podemos incluir: freire, lebr?u, trovador, trovar e alegre. Os elementos de origem francesa incluem: dama, chap?u, chanceler, j?ia, blusa, envelope, mar? como outros termos formados com o sufixo ?age, como: linhagem, selvagem, mensagem.

2.1.5 A contribui??o espanhola

Os espanholismos, muitas vezes dif?ceis de serem identificados devido ? proximidade com o nosso sistema morfossint?tico, tamb?m contribu?ram para a forma??o da nossa l?ngua. Vejamos alguns exemplos: fandango, tango, hediondo, novilho, castanhola, bobo e saleiro.

2.1.6 A contribui??o italiana

A contribui??o italiana foi bem diversificada. Temos desta origem termos como: piloto, prova, escolha, poesia, soneto, terceto, andante, sonata, mezanino, pedestal, pilastra, colombina, arlequim, favorito, caricatura, al?m de diferentes termos relativos ? culin?ria como: lasanha, pizza, nhoc, talharim, lasanha, risoto, sem falar em mortadela e ricota.

2.1.7 As contribui??es de l?nguas europ?ias n?o-rom?nicas

Neste grupo, inclu?mos contribui??es de diferentes origens, sen?o vejamos:

do alem?o: quartzo, cobalto, kaiser; do holand?s: quermesse; da Escandin?via: n?quel, fiorde, sauna e spa (do flamengo belga); do russo:estrogonofe, esputinique; do ingl?s: bife, rosbife, lanche, pudim, t?nel, rum, esporte; do hebraico atrav?s do latim: Jeov?, Maria, Jac?, s?bado, P?scoa, am?m, messias;

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2.1.8 As contribui??es de l?nguas asi?ticas e africanas

Do continente asi?tico vieram os seguintes itens: nanquim, ch?, tuf?o (chin?s); biombo, bonzo e gueixa (japon?s); bule, junco, sarongue (do malaio); lim?o, cachimbo (do persa). Do continente africano temos: banana, zebra, cacimba, batuque e girafa.

Apenas de posse deste pequeno acervo e somando-se as confus?es referentes ? concess?o ou n?o da vernaculania aos termos j? integrantes do l?xico da nossa l?ngua, vemos que os empr?stimos ling??sticos podem e muito contribuir n?o somente para a forma??o das l?nguas, mas tamb?m para a alimenta??o e realimenta??o de seus acervos lexicais.

3 Empr?stimos lingU?sticos e os equ?vocos do Projeto de Lei n?. 1676, de 1999

O Projeto de Lei n?. 1676 de 1999, de autoria do Deputado Aldo Rebelo (PC do B/S?o Paulo), que "disp?e sobre a promo??o, prote??o, a defesa e o uso da l?ngua portuguesa e d? outras provid?ncias", ao nosso ver, tem como fonte a id?ia purista de uma l?ngua homog?nea, avessa a todo e qualquer elemento de origem al?gena, que aqui possa tornar-se um inimigo externo, extremamente amea?ador da l?ngua como "identidade nacional brasileira unit?ria e monol?tica." (Garcez e Zilles, 2001, p. 26). Se n?o vejamos alguns trechos do projeto:

"Art 2?. ? 2?. ? Academia Brasileira de Letras incumbe, por tradi??o, o papel de guardi? dos elementos constitutivos da l?ngua portuguesa usada no Brasil. Art 4?. Todo e qualquer uso de palavra ou express?o em l?ngua estrangeira, ressalvados os casos excepcionados nesta lei e na sua regulamenta??o, ser? considerado lesivo ao patrim?nio cultural brasileiro, pun?vel na forma da lei; I ? Pr?tica abusiva, se a palavra ou express?o em l?ngua estrangeira tiver equivalente em l?ngua portuguesa;"

A verdade ? que a id?ia de uma l?ngua ?nica, sem qualquer diferen?a ling??stica, sem marcas representativas de diferentes grupos, sem possibilidade de identifica??o de classes individuais e que torna todo brasileiro igual a outro ?, no m?nimo, ing?nua. Essa l?ngua realmente n?o existe!

Parece-nos estranho que essa vis?o de homogeneidade lingu?stica n?o considere as quase 180 l?nguas faladas em territ?rio brasileiro. Nelas inclu?mos as l?nguas das diferentes comunidades europ?ias, asi?ticas e as l?nguas ind?genas tamb?m. (Faraco, 2001, p. 40).

Vale ressaltar que, o alvo maior do projeto de lei parecer ser o combate aos anglicismos, termos origin?rios do ingl?s, principalmente, aqueles de origem americana. Contudo, vale ressaltar que durante quase dois s?culos, aproximadamente durante os s?culos XVIII e XIX e in?cio do s?culo XX, o grande "vil?o" da nossa l?ngua era o franc?s. Neste per?odo, o mundo e n?o somente o Brasil, tinha a Fran?a como modelo de civiliza??o, de l?ngua e literatura. Datam deste per?odo os empr?stimos de termos da moda (god?, evas?, chique); da literatura (mal do s?culo); das artes (art d?co, silhueta, lil?s, matin?); da vida social (restaurante, menu); entre outros. (Carvalho, 1989, p. 53).

Como n?o poder?amos deixar de mencionar, o inimigo agora em Portugal n?o ? o ingl?s, mas sim o portugu?s do Brasil. Os "brasileirismos" entraram e continuam a entrar no l?xico do portugu?s de al?m-mar. Segundo Bagno (2001, p. 64), "hoje em Portugal, o "invasor" ? o brasileirismo; foi publicado l? em 1983 um livro chamado Est?o a assassinar o portugu?s (...), onde o principal culpado das desgra?as da l?ngua portuguesa s?o as telenovelas brasileiras." Ora, o fluxo e o refluxo de elementos de uma l?ngua para outra est?o diretamente relacionados ?s mudan?as na sociedade. Como afirma Crystal (1987, p. 5),

(...) deter ou controlar uma delas exige deter ou controlar a outra ? tarefa que s? pode ter sucesso numa propor??o muito limitada. A mudan?a ling??stica ? inevit?vel e raramente previs?vel, e aqueles que tentam planejar o futuro de uma l?ngua perdem seu tempo se acreditam no contr?rio ? tempo que seria melhor empregado em imaginar maneiras in?ditas de capacitar a sociedade para aceitar as novas formas lingu?sticas que acompanham cada gera??o.

4 Considera??es finais

Diante de tudo aquilo que aqui foi mostrado, n?o poder?amos terminar nossa apresenta??o sem mencionar o fato de que o referido projeto apresenta alguns aspectos com os quais concordamos. O artigo 2?. traz:

"I ? Melhorar as condi??es de ensino e aprendizagem da l?ngua portuguesa em todos os graus, n?veis e modalidades da educa??o nacional;

III ? Realizar campanhas e certames educativos sobre o uso da l?ngua portuguesa, destinados a estudantes, professores e cidad?os em geral."

IV ? Incentivar a difus?o do idioma portugu?s dentro e fora do Brasil;

V ? Fomentar a participa??o do Brasil na Comunidade dos Pa?ses de L?ngua Portuguesa."

Entendemos que o nosso pa?s precisa de investimentos e esfor?os em pol?tica ling??stica nacional, mas esta pol?tica deve, como citado no documento "Reque-

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rimento dos Linguistas ao Senado da Rep?blica", elaborado por membros integrantes de tr?s associa??es nacionais: ANPOLL (Associa??o Nacional de P?s-Gradua??o em Letras e Lingu?stica), ALAB (Associa??o de Lingu?stica Aplicada do Brasil) e ABRALIN (Associa??o Brasileira de Lingu?stica) e assinado por seus respectivos presidentes, sugerir como diretrizes desta pol?tica aspectos como:

Reconhecer o car?ter multil?ngue do Pa?s e, ao mesmo tempo, a grande e rica diversidade da l?ngua portuguesa que aqui se fala e se escreve;

Promover um combate sistem?tico a todos os preconceitos ling??sticos que afetam nossas rela??es sociais e constituem pesado fator de exclus?o social entre n?s;

Estimular a reformula??o cr?tica das gram?ticas e dos dicion?rios para que, ao registrar a norma padr?o real, o fa?am de forma a facilitar seu ensino e difus?o;

Definir os direitos lingu?sticos do cidad?o.

Refer?ncias

CARVALHO, N. Empr?stimos lingusticos. S?o Paulo: ?tica, 1989. CRYSTAL, D. The Cambridge encyclopaedia of language. Cambridge: CUP, 1987. FARACO, C. A. (org) Estrangeirismos: guerras em torno da l?ngua. S?o Paulo: Par?bola, 2001. FARIAS, E. M. P. A linguagem da moda no portugu?s contempor?neo. Tese de Doutorado. Recife: UFPE, 2001. FARIAS, E. M. P. A neologia por empr?stimo no vocabul?rio da moda. In.: Atas do CIFEFIL. Rio de Janeiro: UERJ, 2001. WALTER, H. A aventura das l?nguas no ocidente: origem, hist?ria e geografia. S?o Paulo: Mandarim, 1997.

Documentos Consultados Projeto de Lei n?. 1676 de 1999. Requerimento dos Lingu?stas ao Senado da Rep?blica.

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