Análise comparativa dos projetos de Inclusão Digital em ...



Análise comparativa dos projetos de Inclusão Digital em Palmas - TO (2, 3, 10, 11, 14)

Maurílio Luiz Hoffmann da Silva[1]

Frederico de Oliveira Palladino[2]

Adriana Cristina Omena dos Santos[3]

Resumo

A partir das iniciativas presentes em Palmas que visam a Inclusão Digital, o trabalho tem por objetivo analisar a eficiência e o funcionamento destes programas. O estudo analisa os projetos existentes nas escolas palmenses que possuem laboratório de informática, sejam elas municipais, estaduais ou federal, como é caso da Escola Técnica. Da mesma forma, também são observadas as lan houses da capital, com o intuito de traçar um perfil de seus visitantes e conhecer quais os usos que eles fazem desta possível forma de inclusão ao mundo digital.

Palavras-chave: Inclusão Digital, Exclusão Digital, Novas Tecnologias, Cibercultura.

Abstract

From all the initiatives we find in Palmas that aim the Digital Inclusion, this work has as an objective to analize the efficiency and the operation of these programs. The study analizes the existent projects in Palmas’ schools that have computer laboratory, wether belonging to the city, state or country, as the case of Escola Técnica. The same way, also are observed the capital lan houses, with a view of drawing a profile of their visitors and know what use they do of this possible way of inclusion to the digital world.

Key words: Digital Inclusion, Digital Exclusion, New Technologies, Cyberculture. Introdução

A partir da crescente importância que o universo digital vem adquirindo na sociedade atual, muitas pessoas e governos estão se preocupando com as conseqüências que a exclusão digital pode causar.

Com o objetivo de oferecer acesso às Novas Tecnologias de Comunicação, surgem os projetos de inclusão digital. No Tocantins, estado jovem, integrante da Amazônia Legal, estes projetos estão começando a se desenvolver em sua capital.

Palmas já conta com um projeto municipal, o qual tem como objetivo principal democratizar o acesso à Informação através de revistas e jornais. Existem escolas em Palmas que possuem laboratórios de informática com acesso a Internet. Existem também projetos do Governo Federal, tais como o ProJovem, o Casa Brasil e o UCA – Um Computador por Aluno, que utiliza notebooks como instrumentos pedagógicos para auxiliar no aprendizado dos alunos.

Além dessas, ainda existem as possibilidades providas pela iniciativa privada, é o caso das lan houses e cybers cafés. Esses pontos de acesso, apesar de não serem gratuitos, também possibilitam a inclusão dos indivíduos ao universo digital.

Essas iniciativas podem diminuir o abismo criado pela exclusão digital e, consequentemente, trazer o indivíduo para viver na Sociedade da Informação.

Sociedade Informacional, Cibercultura e Internet

Observando as mudanças causadas pelo avanço tecnológico no meio social e comunicacional, surgiram novos conceitos e teorias, como o de “Sociedade Informacional”, proposto pelo sociólogo espanhol Manuel Castells (1999) para designar a sociedade atual, onde a informação é tratada em redes digitais.

Acerca deste assunto, diversos observadores e teóricos, entre eles Rosnay (1998) e Lojkine (1999), afirmam que hoje se presencia a chamada revolução informacional, que partindo da retroalimentação e da sinergia de uma série de tecnologias, constitui a “era da informação e do conhecimento” (CASTELLS, 1999).

Essa revolução, nascida na década de 70, afeta todas as esferas sociais, inclusive a comunicação, pois considera como bem mais precioso a informação.

Como destacam Lemos e Costa (2007, p. 36):

Embora o termo seja impreciso e de caráter ideológico a expressão visa descrever as novas configurações socioculturais que foram impulsionadas pela convergência tecnológica, iniciada nos anos 70 e consolidadas nos anos 90, entre a informática, as telecomunicações e os diversos setores produtivos.

Dentre as transformações ocasionadas pela revolução informacional, o surgimento da Internet foi um marco nessa nova sociedade, abrindo um espaço novo e cheio de possibilidades para comunicação, originando conceitos como o de Cibercultura (Lévy, 1999), termo que designa a cultura na sociedade da informação. Um neologismo criado para especificar o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, conceitos e crescimento do ciberespaço, conceituado por ele como um novo meio que surge da interconexão mundial dos computadores. Lemos (2004, p. 52) tentando fazer uma contextualização histórica afirma que “podemos pensar a história do desenvolvimento da tecnologia em três grandes fases: a fase da indiferença (até a Idade Média); a fase do conforto (modernidade) e a fase da ubiqüidade”.

Esta última fase da ubiqüidade, da simulação é, como afirma, a fase da cibercultura. Em outro texto André Lemos afirma que:

Par cyberculture, nous comprenons les relations entre les technologies informationelles de comunication et la culture, émergente à partir de la convergence informatique et télécomunication dans la décennie de 1970 (LEMOS, 2006, p1).

Dessa forma é possível afirmar que a cibercultura nasce da apropriação tecnológica por parte dos indivíduos, que vêem na Internet um grande meio de interação e fonte de informação.

A Internet nasceu de uma rede revolucionária criada pela ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa do Departamento de Defesa Norte-Americano), a ARPANET (CASTELLS, 1999, p. 91).

De acordo com Carral (1998), de um ponto de vista técnico, a Internet é um conjunto de normas e protocolos que permite interoperar os computadores que as respeitam, independente do fabricante da máquina, do sistema operativo em uso ou do meio físico usado para a conexão. Dentre os protocolos mais utilizados destaca-se a dupla TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol), responsável pelo controle de transmissão e endereçamento dos pacotes na rede.

Lemos (2004, p. 123) define o ciberespaço como:

[...] um hipertexto mundial interativo onde cada um pode adicionar, retirar e modificar partes desta estrutura telemática, como um texto vivo, um organismo auto-organizante, um cybionte em curso de concretização.

Para Vilches (2003) a Internet se diferencia dos demais meios de comunicação tradicionais por sua interatividade e extensão, seu surgimento coincide com a época da fragmentação da audiência mundial nos meios de comunicação tradicionais. Diante desse potencial da Internet, Pierre Lévy (1999, p. 167) afirmou acreditar que o ciberespaço se tornaria “o principal equipamento coletivo internacional de memória, pensamento e comunicação”, e de acordo com artigo publicado recentemente, ao que tudo indica suas previsões estavam corretas, visto que grande parte da economia mundial está on-line hoje:

Uma das características da sociedade contemporânea diz respeito ao fato de que as organizações sociais e instituições de todos os tipos (comerciais, educacionais, jurídicas, financeiras, políticas, etc.) têm, agora, extensões no ciberespaço (LEMOS; RIGITANO; COSTA, 2007, p. 16).

Tendo em vista o crescimento e a importância assumida pelas NTICs, principalmente a Internet, cada vez mais têm surgido políticas públicas voltadas para a viabilização do acesso tecnológico por maior parte da sociedade.

Inclusão e Exclusão

Essas iniciativas em geral são tomadas pelo Estado, por organizações não-governamentais (ONGs) e pela sociedade civil organizada, que vêem no acesso tecnológico grande importância para o desenvolvimento social, pois não estar incluído na sociedade em rede está diretamente ligado à dificuldade em obter sucesso em setores importantes da sociedade da informação como, por exemplo, o mercado de trabalho.

Sobre o assunto, Silveira (2003, p. 30) diz que “hoje o direito a comunicação é sinônimo de direito à comunicação mediada por computador”, e Lemos (2004, p.1) reforça afirmando que “participar, ser cidadão hoje, é estar conectado”.

Mas apesar disso, nem todos os projetos de inclusão digital são eficientes. Muitos deles proporcionam o acesso a computadores conectados a Internet e esquecem que “a inclusão deve ser pensada de forma complexa para abranger os capitais social, cultural, técnico e intelectual” (LEMOS; COSTA, 2007, p.41).

Um projeto de inclusão digital deve, portanto, ter como principal finalidade a emancipação tecnológica dos usuários. Não basta apenas permitir o acesso a computadores conectados a Internet, nem tão pouco, ensinar apenas informática. É preciso desenvolver neles o desejo de ultrapassar as limitações existentes e apresentar-lhes os benefícios que o uso da tecnologia pode-lhes proporcionar. Afinal:

As TICs, principalmente a Internet, permitem que uma pessoa não seja apenas consumidora de informações. O que está em jogo com a cibercultura contemporânea é a “liberação do pólo de emissão” (emergência de websites pessoais, software livre, redes P2P, blogs, chats e fóruns, podcast, etc.), a reconfiguração do universo midiático contemporâneo (novos formatos midiáticos) e a conectividade generalizada por meio de redes telemáticas (LEMOS; COSTA, 2007, p.41).

Ponto interessante é defendido por Rocha (2005) quando afirma que a inclusão digital não se restringe apenas às ações de ensino de informática, mas tais ações parecem ser pontos de partida para que ocorra apropriação ativa e criativa das novas tecnologias. Essa apropriação para a Comissão de Sistematização do Trabalho de Oficina Digital (CSTOD, 2001) ocorrerá por meio da criação de uma sociedade virtual que facilite o processo de troca de experiências entre as comunidades, e que auxilie o processo de aprendizagem.

Mas, como inclusão pressupõe exclusão, ainda existem aqueles que não possuem acesso às novidades tecnológicas: são os digitalmente excluídos ou “infoanalfabetos”.

Como ensina Sérgio Amadeu da Silveira “a exclusão digital ocorre ao se privar as pessoas de três instrumentos básicos: o computador, a linha telefônica e o provedor de acesso” (SILVEIRA, 2001, p. 18).

Ainda segundo o autor, as conseqüências dessa exclusão podem ser comparadas aos estragos que a fome gera nos primeiros anos de vida de uma criança. Silveira também afirma que:

[...] a exclusão digital impede que se reduza a exclusão social, uma vez que as principais atividades econômicas, governamentais e boa parte da produção cultural da sociedade vão migrando para a rede, sendo praticadas e divulgadas por meio da comunicação informacional. Estar fora da rede é ficar fora dos principais fluxos de informação. Desconhecer seus procedimentos básicos é amargar a nova ignorância (SILVEIRA, 2001, p. 18).

Para Melo (2002, p. 37) algumas propostas inclusivas existentes desconsideram, no entanto, que a “exclusão digital é uma mera projeção da exclusão cultural e tem seu fundamento na exclusão sócio-econômica”. Segundo o autor, para que propostas inclusivas tenham sucesso é necessário saldar a dívida social, educacional e cultural junto às populações de baixa renda. O indivíduo privado desses bens não terá interesse em utilizar a tecnologia para seu deleite cultural e crescimento intelectual.

Como, de acordo com o exposto, o processo de inclusão digital não se restringe apenas às ações de ensino de informática é necessário que tais ações sejam recebidas como apenas pontos de partida para que ocorra apropriação ativa e criativa das novas tecnologias. Deste modo a inclusão digital é algo que depende de ações que vão além de viabilizar o acesso à tecnologia. Posicionamento similar é apresentado por Schwartz (2000, p. 02) quando afirma:

[...] para que essas novas políticas públicas possam se viabilizar é preciso construir não apenas a infra-estrutura física, logística e tecnológica [...] mas induzir a criação de cultura e conteúdo, indicadores e métricas, interfaces, produtos e serviços capazes de fecundar os elos estratégicos: sinapses estruturantes da nossa vida social.

Percebe-se, que o assunto apresenta diferentes possibilidades a serem estudadas. Trata-se de um "processo", que envolve uma série de mudanças e aquisições de competências. É necessário, no entanto, estudar a fundo as propostas inclusivas e acompanhar o desenvolvimento de tais processos a fim de evitar que o mesmo fique estagnado no estágio de acesso à tecnologia, sem que ocorra uma apropriação criativa da tecnologia, que por sua vez, possa gerar qualidade de vida e inclusão à cidadania.

Resultados Parciais da Pesquisa

Neste contexto de mudança social, adequação aos novos meios e acesso à tecnologia como forma de inclusão, cabe observar como tem ocorrido e se desenvolvido a relação dos indivíduos tidos como excluídos sociais com as possibilidades inclusivas disponíveis na sociedade.

Neste intuito tiveram inícios as primeiras etapas do trabalho que consistiu em revisão de literatura e seleção de projetos a serem estudados. Foram realizadas leituras acerca do assunto, inclusive sobre estudo de casos de inclusão a partir de telecentros. O telecentro é um lugar físico, de fácil acesso público que oferece gratuitamente serviços de informática e telecomunicações, onde normalmente são instalados computadores na qual são oferecidos cursos de informática e palestra sobre telecomunicações.

O programa do governo federal “A sociedade da informação – SocInfo” define o termo “telecentro” como as denominações das instalações que oferecem serviços de comunicações eletrônicas para camadas menos favorecidas, especialmente nas periferias dos grandes centros urbanos ou mesmo em áreas mais distantes (Takahashi, 2000, p. 34).

Segundo o autor na maioria dos programas e propostas do governo, a universalização do ingresso aos elementos da Internet é focada basicamente em três frentes sendo elas, a educação pública, informação para a cidadania e montagem de centros de acesso público.

Palmas é uma cidade nova, capital de um estado jovem formado a partir do antigo norte de Goiás. Aos 19 anos de existência tem cerca de 160 mil habitantes vindos de diversas regiões do país, principalmente norte, nordeste e centro-oeste.

Nela já tem se desenvolvido projetos inclusivos nas escolas públicas e através de telecentros, distribuídos pela cidade com o objetivo de oferecer acesso grátis à população.

No intuito de verificar a funcionalidade dos projetos e esboçar um quadro de inclusão na cidade, foram visitadas escolas e lan houses, onde se identificou a situação dos acessos oferecidos e o uso que a população faz da Internet e da tecnologia.

Foram aplicados questionários a usuários de lan houses de diversas regiões da cidade, desde o centro até as partes mais periféricas, com o objetivo de analisar o nível de apropriação das tecnologias por parte dos usuários. Os 282 participantes entrevistados responderam a diferentes questões que tratavam de temas gerais como idade, sexo e ocupação, e de assuntos mais específicos como com que freqüência vão às lan houses e se nelas obtêm algum suporte.

Foram 49% de homens e 51% de mulheres, e no referente à idade, 5% tinham menos de 12 anos, 22% entre 13 e 16 anos, 34% de 17 a 20 anos, 26% entre 21 e 24 anos e 13% maiores que 25 anos.

Dos entrevistados, 16,5% vão aos cybercafés uma vez por semana, 12,5% duas vezes por semana, 38,5% freqüentam três vezes ou mais por semana, 14,5% a cada 15 dias e 18% não definiram freqüência. No que diz respeito ao tempo em que permanecem nas lan houses, 11% utilizam o computador até 30 minutos, 35 % entre 30 minutos e 1 hora, 31% permanecem entre uma e duas horas e 22% por mais de 2 horas.

Noventa por cento dos entrevistados têm uma conta de email, e a maioria deles nos principais provedores de email do mundo: 14% no Yahoo, 11% no Gmail, e 55% no Hotmail. Quanto à finalidade com que essas pessoas procuram as lan houses, 18% pretendem estudar e digitar trabalhos, 24% para acessar emails, 44% vão aos cybers para navegar aleatoriamente pela Internet, e 14% para jogos on e off-line.

De acordo com o que afirmam nos questionários, 6% dos freqüentadores afirmam ter dificuldades ao operar os computadores, 23% dizem algumas vezes precisar de auxílio, e 71% alegam não ter maiores dificuldades no uso do equipamento. No entanto, segundo as respostas coletadas, 16% das lan houses oferecem suporte técnico àqueles que têm necessidade de ajuda, 66% delas não contam com nenhum auxílio aos freqüentadores, e 16% dos entrevistados desconhecem qualquer forma de ajuda nos cybercafés que utilizam.

No que compete a mudanças significativas após começarem a utilizar as lans, 25% alegam não observar mudança alguma, 22% dizem ter aprendido a usar a Internet, 23% dizem ter encontrado através da Internet, novos amigos, e 22 % afirmam ter mais facilidade na realização de trabalhos escolares. 8% daqueles que responderam ao questionário alegam outras mudanças diversas.

A última questão trata do teor dos sites mais visitados pelos usuários, e de acordo com as respostas obtidas, 18% dos usuários entrevistados utilizam normalmente sites de busca, 19% deles para acessar emails, 20% costumam acessar sites de informação, como noticiários, revistas online e fóruns, e 43% deles acessam sites de entretenimento, como Orkut, sites cômicos entre outros.

A partir dos dados colhidos é possível identificar o perfil dos usuários da Internet em Palmas, muitos deles já têm habilidade com as ferramentas, mas quanto ao uso que fazem dela, não obtêm todos os benefícios dispostos na Internet.

Tendo isso em vista, é possível verificar que a maioria das pessoas que freqüentam lan houses têm feito um uso superficial dos recursos disponíveis. Os dados mostram que apesar de grande parte dos usuários terem facilidade na operação do computador e navegação na Internet, não estão atentos às ferramentas oferecidas, compreendendo apenas algumas funções básicas como a comunicação através de emails, a utilização de sites de busca para conseguir informações já formatadas que sirvam para um determinado propósito, como trabalhos escolares entre outros, e entretenimento, que detém grande parcela dos sites da Internet devido à funcionalidade e dinamicidade oferecidas pela rede.

Além disso, ficam caracterizados dentro das lan houses os interesses alheios às questões sociais, pois a maior parte delas não oferece suporte para que os usuários desenvolvam suas habilidades de uso da Internet ou qualquer outra forma de incentivo ao desenvolvimento dos freqüentadores.

Já quanto às escolas, a realidade é precária como pode ser percebido nos resumos das visitas realizadas que seguem.

Escola Municipal Anne Frank

A Escola Municipal Anne Frank foi visitada no dia 26 de setembro, quando foi constatado que apesar de possuir um laboratório de informática o mesmo estava fechado, pois não havia na escola profissional habilitado para a vaga. Segundo informações da diretora da escola havia antes do fechamento um programa onde os alunos tinham aula de informática básica com o auxílio de uma apostila.

Escola Santa Bárbara

A escola se encontra em uma região periférica da capital. Na visita, realizada no dia 26 de setembro, constatou-se que a escola possuía sete computadores, todos doados pelo Banco do Brasil, e que apenas três deles estavam funcionando e com acesso a Internet. Mesmo em condições precárias, no período vespertino, um jovem da comunidade trabalha, voluntariamente, como monitor.

Escola Municipal Monteiro Lobato

Visitada no dia 20 de setembro, a Escola Municipal Monteiro Lobato se encontrava numa situação parecida com a Anne Frank. A escola possuía 10 computadores, doados pelo governo federal após realização do Programa Nacional de Inclusão de Jovens – ProJovem, mas o laboratório estava fechado porque não havia profissional para trabalhar no local.

Escola Municipal Darcy Ribeiro

No dia da vista, 20 de setembro, a escola estava passando por reformas e estava funcionando, provisoriamente, no Colégio Batista de Palmas. Foram encontradas dificuldades para entrevistas, pois os horários e funcionários estavam divididos. Professores informaram que no prédio antigo o laboratório não funcionava perfeitamente, pois só contava com dois computadores, mas que nas novas instalações estava previstas a ampliação da estrutura e do número de máquinas.

Escola Municipal Antônio Gonçalves

A visita na escola ocorreu em 10 de agosto de 2007. O laboratório da escola já funcionava há um ano. Contava com um total de 10 computadores todos com Internet, sendo que um, o servidor, não podia ser usado pelos alunos. Até o primeiro semestre de 2007 havia dois estagiários pagos pela prefeitura, mas como houve atraso nos pagamentos no segundo semestre o laboratório estava funcionando parcialmente, somente quando requisitado por professores ou alunos.

Escola Municipal Thiago Barbosa

Na data da visita, 10 de setembro, o laboratório estava fechado por problemas elétricos, a rede elétrica da região não é suficiente para alimentar os computadores e o condicionador de ar. O laboratório conta com 10 computadores mais uma impressora a laser, doados pelo Ministério da Educação, também através do ProJovem. A previsão para solucionar o problema da energia era o segundo semestre de 2007, mas como visto em setembro o problema ainda existia.

Escola Municipal Maria Júlia

A escola foi visitada em 10 de setembro. O laboratório contava com 12 máquinas sendo que duas estavam em manutenção. Os computadores foram doados através do programa ProJovem. Existe uma pessoa responsável pelo local e, diferentemente das escolas já citadas, a Maria Júlia abre aos sábados por causa do programa Escola Aberta e ensina informática básica aos moradores da comunidade.

Escola Municipal Vinícius de Moraes

O laboratório da escola Vinícius de Moraes continha 32 máquinas, sendo que destas apenas 15 estavam funcionando. A escola contava ainda com um monitor para ajudar no laboratório. Apesar de que conta com um bom número de máquinas, comparado as outras escolas, o laboratório era utilizado apenas para ajudar na digitação de trabalhos e pesquisa na Internet, não havendo, portanto, um projeto de inclusão na escola.

Escola Municipal Jorge Amado

A escola foi visitada em 05 de dezembro e na ocasião o laboratório contava com oito computadores do programa ProJovem. Os alunos eram divididos em turmas menores para usarem as poucas máquinas.

Centro de Ensino Médio da Vila União

A visita aconteceu no dia quatro de maio. O laboratório contava com dez máquinas, sendo que quatro estavam em manutenção. A comunidade também poderia ter acesso aos computadores desde que agendasse horário.

Centro de Ensino Médio de Palmas

Visitado no dia 26 de abril, o laboratório contava com 15 computadores sendo que apenas 13 funcionavam. Além disso, ele abria apenas durante o dia, o que privava o acesso dos alunos noturnos. Como a maioria dos outros laboratórios este também era usado apenas como apoio pedagógico, não havendo um projeto de inclusão digital.

Colégio Estadual Dom Alano

O colégio Dom Alano recebeu, em agosto de 2007, 400 notebooks do projeto UCA – Um Computador por Aluno, do governo federal. Além de conseguir atender todos os alunos de cada turno (em média 300) os computadores funcionam com sistema operacional Linux, o que contribui para diminuir o monopólio da indústria de software.

Escola Técnica Federal de Palmas

A ETF-Palmas possui 170 computadores divididos em 8 laboratórios, além de 6 computadores na biblioteca para pesquisas e mais 12 na sala dos professores. O projeto de inclusão digital da Escola Técnica já certificou mais de 1.100 pessoas nos quatro anos de existência, entre alunos, servidores e comunidade. Outro ponto positivo é que os monitores dos cursos são, geralmente, alunos do curso técnico em Informática e usam a monitoria para descontar horas do estágio curricular obrigatório para a formação.

É possível notar, portanto, que os projetos de inclusão digital existentes na capital tocantinense, em sua maioria, deixam a desejar, não contribuindo para o uso emancipatório das tecnologias. Muitos laboratórios estão esquecidos, fechados, seja pela falta de infra-estrutura, seja pela falta de funcionários especializados e capacitados. Os que funcionam são geralmente subutilizados, limitando as atividades às pesquisas a sites com conteúdos prontos, não incentivando o desenvolvimento do conhecimento na rede.

Cabe salientar que o projeto desenvolvido na Escola Técnica Federal de Palmas, apesar de usar softwares proprietários, é um dos que mais se destaca. Nele, as aulas são ministradas por monitores alunos da própria instituição, os quais, além de desenvolvem um trabalho voluntário em prol da sociedade, ainda tem as horas descontadas do estágio obrigatório. O projeto da ETF-Palmas está completando cinco anos e já certificou aproximadamente 1.200 pessoas.

Considerações Finais

O fato de que o contato com a tecnologia em si não é suficiente para equacionar problemas de exclusão fundamentados na dívida social, educacional e cultural junto à população de baixa renda, é que se estabeleceu como prioridade avaliar a relação dos indivíduos com as possibilidades tecnológicas e de inclusão digital presente em Palmas – TO.

Há que ressaltar o caráter multidisciplinar inerente ao campo da comunicação somado à produção teórico-empírica acerca da Inclusão digital no Tocantins, Estado novo, inserido nas especificidades da Amazônia Legal, tem sido pouco explorada pelas escolas de comunicação locais. No entanto, com a criação da Universidade Federal do Tocantins, um novo momento surge, ampliando os espaços de debates e troca de informações. Além disso, o contexto social atual demanda novas posturas a serem efetivadas, sobretudo, pelas instituições de ensino superior públicas. Neste sentido o trabalho tem como objetivo articular recursos humanos, financeiros, tecnológicos e culturais para pautar o desafio da inclusão digital, concentrando o foco de atuação na análise da promoção de conexões entre universidades, redes públicas de ensino fundamental e médio e organizações comunitárias em áreas de alta concentração de baixo poder aquisitivo.

As deficiências implicadas na concepção e realização da inclusão digital em Palmas têm gerado um equívoco no que concerne à eficiência dessas iniciativas. Não só o mau funcionamento dos laboratórios disponíveis nas escolas e a falta de assistência aos usuários, que caracterizam condições impróprias para o desenvolvimento de conhecimento dentro das Novas Tecnologias, mostram as falhas nesses programas, mas também a questão conceitual.

O maior equívoco se encontra na raiz da idealização das iniciativas inclusivas, pois os objetivos por elas pretendidos não compreendem capacitar o usuário a utilizar ao máximo as ferramentas disponíveis na Internet, desenvolvendo a capacidade de se comunicar e interagir, não somente aperfeiçoando seu próprio conhecimento como também contribuindo para a construção de um discurso conjunto que igualmente se desenvolve e atinge os demais usuários.

Diante disso, o que é oferecido como inclusão digital deixa os beneficiados estagnados no uso básico dos recursos, privando-os das possibilidades interativas, que são a maior característica da Revolução Informacional.

Assim, os programas, ao tentar identificar problemas em sua eficiência, se atem somente a questões operacionais, não tratando da inclusão real e completa, que possa realmente beneficiar os usuários palmenses.

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[1] Técnico em Informática pela Escola Técnica Federal de Palmas e acadêmico do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins.

[2] Acadêmico do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins.

[3] Professora na Faculdade de Artes, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Mestre e Doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e-mail: acomena@usp.br

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