1 Introdução



Nos limites da ética: Neo-estoicismo e Razão de Estado no discurso político espanhol seiscentista.

Rachel Saint Williams(

RESUMO: Um dos maiores dilemas que atingiu a prática política européia no período moderno está relacionado à emergência da doutrina da Razão de Estado. É possível afirmar que tal doutrina representa um fenômeno singular na história dos discursos políticos. Neste sentido, nossa problemática está orientada a compreender como a corrente filosófica do neo-estoicismo, em sua vertente política, pôde fornecer uma diversa percepção dos pressupostos básicos que organizavam o entendimento do exercício político e também uma nova base ética para legitimar a práxis governamental do Estado Moderno, estabelecendo uma cisão no paradigma político vigente.

Em 1615 na Espanha, Miguel de Cervantes (1547-1616) escreveu “Desta gloria y desta quietud me vino a quitar uma señora que, a mi parecer, llaman por ahí razón de estado, que quando con ella se cumple, se ha de descumplir con otras razones muchas”[1]. Nesta breve sentença observamos um dos maiores dilemas que atingiu a prática política européia no período moderno, qual seja, o impacto gerado pelas doutrinas da razão de Estado. É possível afirmar que tais doutrinas testemunham um fenômeno singular na história dos discursos políticos, pois mal acabavam de despontar na Itália as discussões acerca da razão de Estado, pode-se verificar a enorme propagação – em um curto espaço temporal, convêm destacar – de tratados, libelos, memoriais, manuais políticos destinados à educação do príncipe e panfletos que abordavam a referida temática. Juristas, diplomatas, conselheiros, ministros, historiadores, literatos e cortesãos empenharam seu labor em definir o que era a razão de Estado e em meditar sobre suas implicações na prática política. Tal fenômeno não ficou restrito ao local que lhe forneceu a primeira elaboração do conceito, a península italiana[2]; pelo contrário alastrou-se por terras francesas, alemãs, portuguesas e espanholas. É claro que quando um conceito alcança tamanha aceitação e propagação, as propostas de interpretação e uso concernentes a ele não são homogêneas, sendo que um dos maiores princípios de diferenciação será sua adaptação ao contexto local no qual estão inseridos.

A peculiaridade das especulações acerca da razão de Estado na Espanha, ou, mais propriamente, na Europa mediterrânea, reside em uma negação que instaura uma dicotomia: “falsa razón de estado” em oposição a “la recta y verdadera”. O jurista português Pedro Barbosa Homem em sua obra Discursos de la jurídica y verdadera razón de Estado[3], fornece já no título alguns indicativos de como serão desenvolvidas em terras ibéricas as teorias sobre a razão de Estado. Em primeiro lugar, a razão de Estado verdadeira é arquitetada em oposição à concepção política esposada por Maquiavel. Em segundo, atesta o valor da justiça, posto que é definida como jurídica. Ambos os princípios estarão presentes em quase todas as obras que versaram a respeito da razão de Estado na Espanha seiscentista. Por fim, demonstra um principio que também será praticamente constante nestes escritos, que consiste em embasar o discurso político na vida de algum personagem histórico. Vale reproduzir a definição de Barbosa Homem da razão de Estado:

La razón de Estado en común se puede definir como una doctrina especial que por medio de varias reglas hace diestro a un princípe, o para mantener en su propia persona los estados que posee, o para conservar en los mismos estados la forma y grandeza original que tienen, o para con aumentos ilustrar o acresentar la antigua masa de que ellos se forman.[4]

De fato esta definição sintetiza a preocupação motora dos tratados que versam sobre o tema: quais meios mobilizar a fim de conservar e aumentar os domínios políticos[5]. Todavia, dentro deste arcabouço, perfilam-se questionamentos destinados à compreensão das finalidades que deveriam orientar a prática política e também interrogações sobre o significado e a natureza do saber político. Assim, surge a principal dificuldade que os tratados se propunham a solucionar: a relação entre ética, política e moral. Poderia a ação política ser julgada de acordo com os princípios da ética e do direito comum? Poderia ser mantida sua subordinação à Lei Divina? Como conciliar as necessidades relacionadas à utilidade pública, aos interesses do Estado Moderno; à potência econômica ou de guerra com os preceitos religiosos apregoados na Contra-Reforma? Estas são as questões. Vejamos agora algumas das respostas formuladas pelos escritores que viveram sob a Monarquia Hispânica e encontraram no neo-estoicismo[6] uma excelente fonte para o tratamento das questões políticas.

Baltasar Álamos de Barrientos foi um importante jurista que ocupou sucessivamente várias posições de peso no governo, através das indicações do Conde-Duque de Olivares, durante o reinado de Felipe IV. Barrientos, um dos primeiros escritores espanhóis a traduzir e comentar o historiador romano Cornélio Tácito, em Tácito español ilustrado com aforismos[7] declara que traduziu Tácito, ilustrado com aforismos e advertências de Estado, porque os ensinamentos do historiador romano são convenientes e indispensáveis para “conservación y aumento desta monarquia”[8]. Barrientos postula a constância da natureza humana como pressuposto básico para sua aproximação científica[9] com as doutrinas da razão de Estado. Tal natureza seria composta de quatro classes de afectos – o temperamento dos homens, a família, o estado ou profissão e a nacionalidade – que podem ser conhecidos através das lições da história. A história reveste-se de grande importância, posto que o conhecimento da natureza humana conduziria ao sucesso nas ações políticas. Segundo o autor, o conhecimento adquirido através dos exemplos do passado faz com que o governante adquira experiência, atributo essencial para sua práxis política. Barrientos conclui afirmando que a política é uma ciência de contingentes, construída sobre a dupla base da experiência própria dos governantes e da experiência alcançada através da história qualificada como “madre de la prudencia política”[10].

Francisco de Quevedo y Vilegas, um dos maiores literatos do Século de Ouro e também um dos grandes adeptos do movimento neo-estóico, é um caso particularmente interessante de um escritor que tratou de forma bastante ambígua da doutrina da razão de Estado, pois se não poupou adjetivos negativos para qualificá-la, se baseou em vários de seus preceitos na formulação de sua proposta política. Em sua obra Política de Dios, Gobierno de Cristo[11], Quevedo pinta um quadro assustador sobre a origem da razão de Estado, filha legítima de Lúcifer, e sustenta que os políticos que crêem nestes preceitos têm por finalidade incutir no mundo a revolta e o dolo. Já em Grandes Anales de Quínce Dias[12], espécie de crônica que narra os eventos ocorridos no período da permuta entre os reinados de Felipe III e Felipe IV, a razão de Estado é aceita como um mal necessário, pois as artes de governar compõem-se de mentiras, hipocrisias e malícias que, todavia, são instrumentos legitimados pela necessidade. Nesta crônica, Quevedo seleciona o formato tacitista para cultivar um modelo historiográfico, cujo mote principal seria o tom moralizante, responsável pela censura dos vícios e exaltação das virtudes; a seleção do modelo estaria, assim, conformando o objetivo da obra. Resta ainda sublinhar que a virtude da prudência exerce um papel central entre as habilidades necessárias aos homens de Estado, nas palavras de Quevedo: “no esta palacio dificultado con asechanzas de la desconfianza celosa, y todo se debe a la prudencia anticipada de su majestad”[13].

Juan Pablo Mártir Rizo pertenceu ao mesmo círculo literário madrileno que freqüentava Quevedo, com quem efetivamente nutriu uma relação de amizade e admiração que pode ser verificada nos memoriais que ambos redigiram em defesa do Patronato de Santiago. Foi autor de uma obra extensa e bastante diversificada. Entretanto, angariou prestígio entre seus contemporâneos devido a seus escritos históricos[14]. Dentre a extensa produção de Mártir Rizo, três obras assumem especial significado para esta pesquisa, são elas: Historia de la vida de Lucio Anneo Séneca Español[15], El Rómulo[16] e Norte de Príncipes[17]. Em Séneca Español, a história seria o meio mais eficaz para melhorar a capacidade política dos homens, assim a imagem de Sêneca construída pelo autor é o bom privado de um rei tirano, ao invés do sábio filósofo. El Rómulo representa uma peça central, pois nele Mártir reconstrói a história da fundação de Roma apresentando a “essência” do poder em seu momento de origem. Recontar a história de Rômulo tinha um valor especial para os escritores do período, não só para Mártir Rizo, mas também para Quevedo que traduziu a obra Il Romulo do diplomata italiano residente na corte madrilena Virgilio Malvezzi. Já em Norte de Príncipes, Mártir dirige seus esforços contra os argumentos de Maquiavel. As armas escolhidas para refutar o florentino são simbólicas: “La defensa de la verdad ha de ser con la razón natural y con la historia”[18]. Não mais a palavra revelada ou a autoridade dos Santos Padres, empenhadas com o mesmo propósito no final do século XVI, e sim a razão e a história serão os instrumentos eleitos pelo autor.

Diego Saavedra Fajardo, brilhante diplomata murciano, adquiriu o título de bacharel na Universidade de Salamanca após ter completado seus estudos em jurisprudência e direito canônico. Em Idea de un principe cristiano representada en cien empresas[19] dedicada ao sucessor de Felipe IV, Saavedra deixa logo claro que está redigindo um livro sobre as doutrinas da razão de Estado através da utilização dos exemplos dos antepassados do monarca para educá-lo nos melindres da atividade política. Este escrito, porém, não se prestaria à finalidade exclusiva da educação do príncipe, mas também à formação de ministros de Estado e cortesãos advertidos. O autor se apóia em uma ampla gama de autoridades para sustentar suas proposições, entretanto os nomes mais recorrentes são Aristóteles e Tácito. Fica explícita a projeção de Tácito, na seguinte passagem: “... he procurado texer esta tela con los estrambes políticos de Cornelio Tácito, por ser Maestro de Principes”[20]. Para Saavedra, o saber político tinha por base fundamental o exercício da prudência, a política poderia ser descrita como uma técnica cujo conhecimento recairia sobre a experiência pessoal e aquela adquirida através do exame dos reinados precedentes. A prudência atuaria como arbítrio dos ensinamentos legados pelo passado, pois só assim tais conhecimentos poderiam exercer a função reservada à história, ou à “maestra de la política”[21]. Em suma, a política era concebida como uma ciência da prudência governativa. Nos termos do diplomata: “Áncora es la prudencia de los Estados, aguja de marear del príncipe. Si en él falta esta virtud, falta el alma del gobierno”[22].

A sintética exposição das principais características presentes nas obras destes quatro autores sugere que estes escritores, através de uma aguçada percepção das circunstâncias de seu tempo, orientaram seus esforços na busca de regras que tornassem eficaz o objetivo central da razão de Estado: a conservação e o aumento de um determinado domínio político. Todavia, ainda que tal empreendimento não tenha sido feito de maneira uniforme, podemos distinguir uma semelhança nas obras, identificada na utilização de dois conceitos centrais na formação destes discursos políticos: Experiência e Prudência. Como é possível inferir da exposição que viemos delineando, prudência e experiência são conceitos que estão interligados e que, por sua vez, encontram seu terreno de aprendizado no fértil solo oferecido pelos ensinamentos do passado. Vimos também que os autores analisados recorreram, de maneira direta ou indireta, ao historiador romano Cornélio Tácito e é esta escolha que devemos analisar como um dos elementos cabais para a interpretação destes discursos. Esta proposta analítica nos conduz ao processo de instauração do tacitismo[23] na Espanha. Importa-nos enfatizar que o tacitismo se constitui na Espanha a partir da ênfase em seu aspecto político. Os principais tradutores espanhóis de Tácito, entre os quais se destacam M. Sueyro, Barrientos, Antonio Herrera (mesmo tradutor da obra de Botero, Della Ragione di Stato) e Carlos Coloma, não fizeram apontamentos gramaticais com o propósito de melhorar a leitura e a interpretação da obra do historiador romano, e sim entenderam que seu principal dever era comentar a obra a partir do ponto de vista político. Entretanto, seria incorrer em erro igualar o uso político das leituras feitas de Tácito ao tacitismo. Com efeito, o tacitismo deve ser entendido em um sentido mais dilatado, como uma corrente de pensamento político que tem sua base no autor dos Anais, mas que possui outros ingredientes de peso, são eles: o cristianismo, o aristotelismo e o senequismo[24]. Neste momento, entra em cena um personagem que desempenhou um papel crucial na relação do tacitismo com o neo-estoicismo: Justo Lipsio.

Lipsio foi considerado o grande expoente do movimento neo-estóico e o artífice da divulgação dos textos de Sêneca e Tácito no período moderno[25]. Seu ideal estóico-cristão objetivou combinar os conhecimentos da história de Roma com a filosofia estóica para fundar uma nova doctrina civilis, que aspirava ser um manual de conduta para o homo politicus. Este ideal encontra-se consubstanciado em sua obra Politicorum siue Civilis Doctrinae Libri Sex[26], quase toda composta por sentenças de escritores da Antiguidade, especialmente Tácito. Lipsio concede um amplo tratamento à doutrina da razão de Estado, mesmo que a expressão não seja utilizada, assim como a exaltação da história como terreno de aprendizado dos ensinamentos políticos. Apresenta o mote da prudência como qualidade essencial aos homens de Estado e trata também das controvérsias relativas ao uso da dissimulação na prática política, apresentando os assuntos do governo pelo duplo prisma da ética e da razão. No Politicorum é expressa uma apologia ao Estado monárquico centralizado e potente, ancorado em forte aparelhagem burocrática. O Estado é celebrado como pilar fundamental dos assuntos humanos, o laço que une as comunidades, a fonte da segurança e do bem comum. Esta perspectiva permitiu ao neo-estoicismo lipsiano ser um notável elemento constitutivo dos discursos políticos espanhóis seiscentistas, pois mantinha a finalidade de aumentar o poder e a eficiência da aparelhagem estatal e exercia também a função de uma atitude filosófica apoiada na razão e na ética.

O tratamento das questões políticas, realizado pelos tratadistas espanhóis no século XVII, reflete um conjunto de mudanças que vinham ocorrendo mais aceleradamente a partir do final do século XVI. Entre os dados fundamentais que os orientam a uma nova percepção da política, destacam-se o debate gerado em torno da concepção da política como uma ciência e a prerrogativa de conciliar as demandas do Estado Moderno com os fundamentos éticos e morais. A adoção de práticas coerentes com os imperativos suscitados pelas demandas da formação e do estabelecimento de uma estrutura como o Estado Moderno tem sua contrapartida no discurso político. Partiremos da concepção de que se os discursos não correspondem exatamente à realidade institucional do poder; tampouco, será desprezível conhecê-los para obter o entendimento efetivo do fenômeno político.

Na perspectiva dos tratadistas espanhóis do século XVII, a máquina do Estado é um sábio artifício[27] cuja direção requer um conhecimento específico. O governo das coisas humanas teria como base fundamental a natureza, sendo que os elementos naturais seriam regidos pela razão; doutrina essencialmente estóica que associa natureza e razão em um universo perfeitamente ordenado. Desta postura frente ao ordenamento social provém a valorização da razão, que no século XVII abrirá as portas para a secularização, cada vez maior, dos assuntos políticos. O homem desta temporalidade encontrava-se diante de um mundo que deveria ser lido e decifrado através da razão e da ciência[28]. Neste sentido, nossa problemática está orientada a compreender como a proposta filosófica neo-estóica pôde fornecer uma diversa percepção dos pressupostos básicos que organizavam o entendimento do exercício político e também uma nova base ética para legitimar a práxis governamental do Estado Moderno, estabelecendo uma cisão no paradigma político vigente.

A seleção dos quatro autores – Barrientos, Quevedo, Mártir Rizo e Saavedra – que pretendemos analisar se justifica como parte de nosso objetivo de avaliar em que sentido é permitido sustentar que o tacitismo político, categoria analítica da historiografia contemporânea, foi um desdobramento do neo-estoicismo. Logicamente não foram apenas nossos quatro escritores os únicos espanhóis que tentaram através do uso político das obras de Tácito, ou do discurso historiográfico baseado no modelo oferecido pelo historiador romano, construir uma nova base ética para a teoria política. Entretanto, em nossa opinião, são eles que explicitam em grau mais elevado a junção do neo-estoicismo com as doutrinas da razão de Estado, porquanto além de utilizarem as mesmas ferramentas inquietaram-se com as mesmas matérias: essência do poder monárquico, educação moral e política dos homens de Estado, valimento, entre outras. Suas trajetórias de vida ocorreram no mesmo recorte espaço-temporal – Madrid da primeira metade do século XVII – e todos estes personagens estiveram de alguma forma associados à corte madrilena e mantiveram relações com o alto círculo de dirigentes do poder monárquico, participando ativamente da vida pública de sua época. A combinação destes elementos torna profícuo realizar a análise das obras destes autores em um constante diálogo, fornecendo a base para uma perspectiva comparativa.

Mencionamos, por fim, que este estudo pretende oferecer uma interpretação mais adequada dos discursos políticos espanhóis. A prática política espanhola é paradigmática[29] para a reflexão política européia. Sua literatura política se baseava na existência de uma enorme extensão territorial que, por seu próprio peso, ocupou um dos lugares centrais no discurso político produzido na Europa Moderna. É, portanto, de extrema relevância reconstituir as matizes presentes no discurso político espanhol até meados do século XVII.

BIBLIOGRAFIA

Fontes:

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MÁRTIR RIZO, Juan Pablo. El Rómulo. Madrid: Francisco Martínez, 1633.

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VÁZQUEZ, María Teresa Cid. Tacitismo y Razón de Estado en los “comentarios políticos” de Juan Alfonso Lancina. Madrid: Universidad Complutense de Madrid/ Facultad de Derecho/ Departamento de Filosofia del Derecho, Moral y Política, 2001. (tese de doutorado)

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( Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ.

[1] CERVANTES, Miguel de. Coloquio de los perros Cipión y Berganza. In: Novelas Ejemplares. Madrid: por Don Antonio de Sancha, 1793. p 283- 326. p 313 (Primeira edição: 1615)

[2] Cf. GRANADA, Miguel Angel. La filosofia política en el Renacimiento: Maquiavelo y las utopías. In: Historia de la Ética. Barcelona: Editorial Critica, 1988.

[3] HOMEM, Pedro Barbosa. Discursos de la Iuridica y Verdadera Razon de Estado, formados sobre la vida, y acciones del rey don Iuan el II, de buena memoria, Rey de Portugal, llamado vulgarmente el Príncipe Perfecto. Contra Maquiavelo, y Bodino, y los demás políticos de nuestros tiempos, sus secuaces. Coimbra: Nicolau Carvalho, 1626.

[4] Ibidem, p. 38.

[5] Ver a definição de razão de Estado em: BOTERO, Giovanni. Diez libros de la razón de Estado. Tradução de Antonio de Herrera. Madrid: Luis Sanchez, 1593.

[6] Uma das correntes filosóficas que mais angariou adeptos e obteve grande ressonância no cenário intelectual europeu, especialmente nos séculos XVI e XVII, foi o neo-estoicismo; reaproximação do estoicismo de forma harmônica com o cristianismo. Segundo Ernst Cassirer,o movimento neo-estóico teria raízes múltiplas, todas elas associadas ao desejo de conhecimento humano e teria se desenvolvido especialmente na Espanha e na Itália, sendo perceptível a adoção de alguns de seus preceitos em autores como Luis Vives, Telesio e Cardano. Ver: CASSIRER, Ernest, apud, MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1964.

[7] BARRIENTOS, Álamos. Tácito español ilustrado com aforismos. Madrid: Luis Sánchez, 1614.

[8] Ibidem. p. 05.

[9] Há um extenso debate sobre a pretensão científica da teoria política no século XVII. Ver, por exemplo: MARAVALL, José Antonio. Estudios de Historia del Pensamiento Español: Serie Tercera- El Siglo del Barroco. Madrid: Ediciones Cultura Hispánica, 1984. Cassirer. Ernst. The myth of the State. New Haven: Yale University Press, 1946. FERNANDEZ-SANTAMARIA, José A. Razon de Estado y política en el pensamiento español del Barroco (1595- 1640). Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1986.

[10] BARRIENTOS, loc cit.

[11] QUEVEDO, Francisco de. Política de Dios, Gobierno de Cristo. In: MARIN, Luis Astrana (Estudio preliminar, edición y notas). Obras Completas de Don Francisco de Quevedo y Villegas - Obras en Prosa. Madrid: M. Aguilar Editor, 1941. p. 360 -535.

[12] Idem. Grandes Anales de Quínce Dias. In: MARIN, Luis Astrana (Estudo preliminar, edição e notas). Obras Completas de Don Francisco de Quevedo y Villegas - Obras en Prosa. Madrid: M. Aguilar Editor, 1941. p. 565- 598.

[13] Ibidem, p.576.

[14] Para informações mais detalhadas sobre a biografia de Mártir Rizo, ver: MARAVALL, José Antonio. Estudios de Historia del Pensamiento Español: Serie Tercera- El Siglo del Barroco. Madrid: Ediciones Cultura Hispánica, 1984.

[15] MÁRTIR RIZO, Juan Pablo. Historia de la vida de Lucio Anneo Séneca Español. Madrid: por Juan Delgado, 1625.

[16] Idem. Norte de Príncipes. Madrid: por Diego Flamenco, 1626.

[17] Idem. El Rômulo. Madrid: Francisco Martínez, 1633.

[18] Ibidem, p. 92.

[19] SAAVEDRA FAJARDO, Diego. Idea de un principe cristiano representada en cien empresas. Valencia: por Francisco Cipres, 1675. (Primeira edição: 1640).

[20] Ibidem, p. 07.

[21] SAAVEDRA FAJARDO, Diego. Idea de un principe cristiano representada en cien empresas. Valencia: por Francisco Cipres, 1675. (Primeira edição: 1640), p. 34.

[22] Ibidem, p 125.

[23] É preciso destacar que o tacitismo não é um fenômeno exclusivamente espanhol. Ao contrário, ele se inicia fora das fronteiras espanholas e é graças também à constante circulação de idéias da Europa no período moderno que o movimento ganha força no século XVII na Espanha. María Teresa Cid Vázquez ilustra um panorama abrangente do fenômeno: “que el tacitismo surge a principios del siglo XVI con F. Beroaldo el Joven (1515; 1517 con la colaboración de Alciato), y B. Rhenano (1519, edición comentada por Alciato, 1531, 1533, etc.); se afianza con Bodino, Montaigne, y Guicciardini; a partir de la década de 1580 se consolida; y conoce su máximo esplendor, con Mureto, Lipsio, Paschal, Scott, Botero, Ammirato, Boccalini, y Malvezzi El francés M. A. Mureto y el flamenco J. Lipsio fueron las dos grandes figuras que sentaron las bases del movimiento tacitista europeo”. VÁZQUEZ, María Teresa Cid. Tacitismo y Razón de Estado en los “comentarios políticos” de Juan Alfonso Lancina. Madrid: Universidad Complutense de Madrid/ Facultad de Derecho/ Departamento de Filosofia del Derecho, Moral y Política, 2001. (tese de doutorado) p. 64.

[24] Para informações mais detalhadas sobre as primeiras traduções da obra de Tácito para o castelhano e sobre a instauração do tacitismo como uma corrente de pensamento político, Ver: TIERNO GALVÁN, Enrique. El tacitismo en las doctrinas políticas del Siglo de Oro español. In: Anales de la Universidad de Murcia, curso 1947-48, pp. 895-988. Recolhido em Escritos (1950-1960). Madrid: Tecnos, 1971. p. 11-93.

[25] Cf. ALBUQUERQUE, Martim. Um percurso da Construção ideológica do Estado. A recepção lipsiana em Portugal: estoicismo e prudência política. Lisboa: Quetzal Editores, 2002.

[26] LIPSIO, Justo. Políticas. ECHEVERRÍA, Javier Pena; LÓPEZ, Modesto Santos (Estudo Preliminar e Notas) Madri: Tecnos, 1997.

[27] Cf. MARAVALL, José Antonio. Estudios de Historia del Pensamiento Español: Serie Tercera- El Siglo del Barroco. Madrid: Ediciones Cultura Hispánica, 1984.

[28] Ver CASSIRER. Ernst. The myth of the State. New Haven: Yale University Press, 1946.

[29] Para sustentar tal afirmação recorremos à apreciação que alguns autores contemporâneos realizaram da Monarquia Hispânica e da forma castelhana de exercer a política. Em primeiro lugar, o modelo de príncipe ideal elaborado pelo tão celebrado italiano Maquiavel, não estava baseado em outro monarca que não no rei espanhol Fernando, O Católico. Campanella elaborou um projeto de sociedade universal católica governada pela Coroa Espanhola. Em escritos como os de Guicciardini, que foi diplomata na corte espanhola, apesar das críticas dirigidas a Fernando, O Católico, fica evidente a classificação deste soberano como um monarca que segue os preceitos da razão de Estado. Já Bocallini se coloca abertamente contra a Monarquia Espanhola por acreditar que esta acata em demasia os desígnios da razão de Estado, afirmando que nenhuma nação é tão cauta e tão vigilante como a espanhola. Botero converte a política espanhola em paradigma da boa razão de Estado. Em última instância, não se pode conceber a trajetória das idéias políticas italianas sem levar em consideração a dominação espanhola em várias possessões neste território. Mas não é somente entre os italianos que foram produzidas estas interpretações, pois Jean Bodin, o célebre teórico francês, também caracterizou o homem político espanhol por sua prudência, mesura e engenho.

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