A folha - European Commission

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Boletim da l?ngua portuguesa nas institui??es europeias

http: //ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine

N.? 48 -- ver?o de 2015

ABREVIATURAS E S?MBOLOS, SIGLAS E ACR?NIMOS -- Equipa Lingu?stica do Departamento de L?ngua Portuguesa ................. 1 SIGLAS: TEND?NCIAS FIRMADAS OU MODAS PASSAGEIRAS? -- Paulo Correia.............................................................................. 5 TEND?NCIAS DA L?NGUA PORTUGUESA: AS IN?CUAS E AS IN?QUAS (I) -- Jorge Madeira Mendes................................................. 9 ENTRE O VER?O E O OUTONO DE 1897 -- Lu?s PL Sabino .......................................................................................................... 11 INCOTERMS 2010 -- Susana Pais.............................................................................................................................................. 16 REP?BLICA CHECA -- FICHA DE PA?S -- Eduarda Macedo; Paulo Correia............................................................................... 18 OS ESTADOS DOS ESTADOS UNIDOS DA AM?RICA -- Paulo Correia .......................................................................................... 21 ESPANHOL E PORTUGU?S: AS DIFICULDADES INESPERADAS (IV.B) -- Augusto M?rias ............................................................... 25

Abreviaturas e s?mbolos, siglas e acr?nimos

Equipa Lingu?stica do Departamento de L?ngua Portuguesa Dire??o-Geral da Tradu??o -- Comiss?o Europeia

O C?digo de Reda??o Interinstitucional apresenta algumas regras gerais para a utiliza??o de abreviaturas e s?mbolos e de siglas e acr?nimos(1). Conv?m, no entanto, explicitar algumas dessas regras e fornecer indica??es complementares para certos casos espec?ficos.

Abreviaturas e s?mbolos

abreviatura -- Grafia que permite economizar o espa?o ou o tempo necess?rios para a escrita de uma palavra, mediante a omiss?o de certas letras; as letras omitidas podem, eventualmente, ser substitu?das por um sinal convencional.(2) s?mbolo -- Representa??o de uma no??o por meio de letras, n?meros, pictogramas ou da combina??o destes elementos.(3)

As abreviaturas, formadas por iniciais, ou por iniciais e um n?mero muito reduzido de letras, s?o redu??es que se pronunciam por extenso.

etc. ? lido etec?tera e n?o etce(4) p. ex. ? lido por exemplo e n?o pex

As abreviaturas caracterizam-se pelo uso de pontos no final das formas reduzidas (indica??o para a leitura por extenso). Ap?s o ponto podem ainda juntar-se, em expoente, letras do final da palavra, que permitam explicitar melhor o significado da abreviatura.

n.? -- n?mero(5) Dr.? -- doutora

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Ex.mo -- excelent?ssimo(6) Na abreviatura de locu??es usa-se, geralmente, um espa?o entre as formas reduzidas(7).

S. Ex.? -- Sua Excel?ncia a. C. -- antes de Cristo V. S. F. F. -- volte, se faz favor

A abreviatura tem acentos caso retome letras acentuadas na forma extensa da palavra.

p?g. -- p?gina m?x. -- m?ximo m?n. -- m?nimo

Nas abreviaturas do latim ou de l?nguas estrangeiras n?o se usa it?lico.

e. g. -- exempli gratia etc. -- et cetera ibid. -- ibidem i. e. -- id est

As abreviaturas terminadas por ponto podem ser seguidas por qualquer sinal de pontua??o, exceto de ponto final.

?......, etc.? (?......, etc..?) ?......, etc.; ......? ?......, etc.?? ?p. ex.: ......?

Sendo necess?rio indicar o plural de uma abreviatura, acrescenta-se um ?s? ou duplica-se a letra quando a abreviatura for uma s? letra.

fig./figs. -- figura(s) n.?/n.os -- n?mero(s)

p?g./p?gs.; p./pp. -- p?gina(s) S. Ex.?/SS. Ex.as -- Sua(s) Excel?ncia(s)

A./AA. -- autor(es)

O C?digo de Reda??o Interinstitucional recomenda que as abreviaturas sejam utilizadas com modera??o.

Os s?mbolos s?o um caso especial de representa??es abreviadas, com um valor geralmente internacional. Exemplos:

unidades(8) km -- quil?metro km? -- quil?metro quadrado kW -- quilowatt mA -- miliampere

moedas -- euro(9)

? -- libra

? -- iuane, iene $ -- cifr?o(10), d?lar

? -- centavo, c?ntimo

matem?tica < -- menor -- menor ou igual -- diferente ? -- vezes -- permilagem

outros

& -- e (comercial)

? -- par?grafo # -- cardinal(11) @ -- arroba(12)

Os s?mbolos, tal como as abreviaturas, leem-se por extenso. Por?m, ao contr?rio das abreviaturas, os s?mbolos n?o s?o seguidos de ponto nem t?m plural gr?fico.

10 kg (10 kg.) 100 km (100 kms) 200 (200 s)

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Siglas e acr?nimos

sigla -- Termo complexo abreviado ou nome formado a partir das letras iniciais dos seus elementos. Uma sigla forma uma sequ?ncia cuja pron?ncia ? alfab?tica, sil?bica ou ambas. Exemplos: CEE, EDP.(13) acr?nimo -- Termo complexo abreviado, formado de letras ou grupos de letras de uma palavra ou sequ?ncia de palavras, que se pronuncia como uma palavra. Exemplos: EPAL, EUROTRA.(14)

As siglas, formadas geralmente pelas letras iniciais de palavras que constituem uma express?o, s?o redu??es que n?o se leem, soletram-se. Escrevem-se, atualmente, sem pontos e/ou espa?os entre as letras, sem acentos e em mai?sculas, independentemente do n?mero de letras(15).

URSS -- u erre esse esse ONG(16) -- ? ene g? UE -- u ? VIH -- v? i ag? CCAMLR -- c? c? ? eme ele erre UNHHSF -- u ene ag? ag? esse efe

Os acr?nimos, formados pela combina??o de letras ou s?labas geralmente iniciais de palavras que constituem uma locu??o, s?o redu??es que se prestam ? articula??o, mesmo que n?o obede?am totalmente ?s regras ortogr?ficas do portugu?s(17). Escrevem-se sem pontos, sem acentos e em mai?sculas, quando o n?mero de letras for inferior a seis.

ACNUR IDICT NATO ONU PIB

De acordo com as regras do C?digo de Reda??o Interinstitucional, os acr?nimos com seis ou mais letras devem escrever-se apenas com mai?scula inicial, seguida de min?sculas(18).

Cnuced Esprit Unesco Benelux (exce??o: CORDIS, a pedido da respetiva dire??o)

Ao contr?rio das abreviaturas, as siglas e acr?nimos n?o t?m plural gr?fico, mesmo quando este ? produzido oralmente(19). N?o se usa o it?lico em siglas e acr?nimos em latim ou em l?nguas estrangeiras.

?Enviaram-me dois DVD e tr?s CD dos EUA.? (d? v? d?s, c? d?s) ?Os PIB de Portugal e Espanha.? (pibes)

O C?digo de Reda??o Interinstitucional recomenda que na primeira cita??o de uma sigla ou acr?nimo seja dada a sua defini??o integral. Nos casos em que se optou pela utiliza??o da sigla inglesa a sigla deve ser definida em portugu?s.

EFTA (Associa??o Europeia de Com?rcio Livre) (European Free Trade Association) FOB (franco a bordo) (free on board) IATA (Associa??o do Transporte A?reo Internacional) (International Air Transport Association) ISO (Organiza??o Internacional de Normaliza??o) (International Organisation for Standardisation) NATO (Organiza??o do Tratado do Atl?ntico Norte) (North Atlantic Treaty Organisation)

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Em alguns casos, os acr?nimos acabam por se transformar em verdadeiras palavras, que podem variar em n?mero e/ou dar mesmo origem a outras palavras. Escrevem-se em it?lico quando n?o est?o adaptadas ?s regras ortogr?ficas do portugu?s.

sida -- de s?ndrome de imunodefici?ncia adquirida --; deprec. sidoso/a(s) ?vni(s) -- de objeto voador n?o identificado --; ovnilogia onusiano/a(s) -- adj. de Organiza??o das Na??es Unidas radar(es) -- de radio detection and ranging --; radarista(s) laser(s) -- de light amplification by stimulated emission of radiation

DGT-PT-LINGUISTIC-TEAM@ec.europa.eu

(1) Servi?o das Publica??es, C?digo de Reda??o Interinstitucional:

Anexo A3 -- Abreviaturas e s?mbolos, ;

Anexo A4 -- Siglas e acr?nimos, ;

10.11. Siglas e acr?nimos, . (2) Instituto de Lingu?stica Te?rica e Computacional (ILTEC), Dicion?rio de Termos Lingu?sticos,

. (3) Instituto de Lingu?stica Te?rica e Computacional, op. cit.,

. (4) Algumas fontes, como o Dicion?rio Aulete, consideram que, em enumera??es, etc. n?o deve ser antecedido de v?rgula,

pois tem o sentido de ?e os restantes? ou ?e outras coisas mais?.

etc. -- Abr. de et cetera. (F?rmula que substitui as enumera??es longas): Ganhou bonecos, bolas, soldadinhos de

chumbo, um jogo de futebol de bot?es etc., .

Por?m, o C?digo de Reda??o Interinstitucional e a maioria das fontes t?m um entendimento diverso.

5.11.2. Direitos de autor e reprodu??o de elementos art?sticos (desenhos, fotografias, etc.),

. (5) O Servi?o das Publica??es utiliza n.o com ?o? min?sculo em expoente, o qual pode aparecer desformatado nalguns suportes da base EUR-Lex. Quando s?o arquivados segmentos na base de dados Euramis, n.o com ?o? min?sculo em

expoente ? desformatado, sendo convertido em ?n.o?, devendo ser reformatado ao reaproveitar-se o segmento num novo

texto! Por raz?es de ordem pr?tica e de harmoniza??o, a abreviatura de n?mero deve escrever-se ?n.??, utilizando o s?mbolo ??? (indicador ordinal masculino) diretamente dispon?vel nos teclados para a l?ngua portuguesa. N?o se deve escrever ?n.o?

(?o? min?sculo em expoente), nem muito menos ?n.?? (???, s?mbolo de grau), ?no.? (?o?, por influ?ncia do ingl?s) ou ?n.o?.

Estas diferen?as gr?ficas, mesmo que ?s vezes dificilmente percet?veis a olho nu, podem causar problemas no processamento autom?tico de textos. Para as ferramentas de ajuda ? tradu??o, incluindo a tradu??o autom?tica, n.?, n.o e n.? s?o tr?s

abreviaturas diferentes, pelo que requerem uma harmoniza??o pr?via nas c?pias das mem?rias de tradu??o ou posterior no

texto traduzido. Na tradu??o autom?tica, estes e outros casos s?o normalizados, pelo que, em princ?pio, os s?mbolos

utilizados s?o sempre os corretos. (6) No Unicode n?o h? carateres espec?ficos para ?d?, ?e?, ?m?, ?r?, ?s?, etc., que possam ser utilizados ao mesmo n?vel dos

indicadores ordinais masculino e feminino. Assim, o ?o? e o ?a? t?m tamb?m de ser utilizados em expoente em casos como L.da (Limitada) ou Ex.mo (Excelent?ssimo) ou no caso dos plurais -- exemplo: n.os, Ex.as. Verifica-se, assim, que a utiliza??o

dos s?mbolos de indicador ordinal masculino ou feminino -- ? ou ? -- constitui uma exce??o not?vel, restringida apenas aos

casos em que estes aparecem isolados no fim da abreviatura. Em todos os outros casos, utilizam-se min?sculas em expoente. (7) Alguns exemplos recolhidos no Dicion?rio Priberam da L?ngua Portuguesa e na Infop?dia da Porto Editora parecem

ilustrar uma nova pr?tica para as abreviaturas de locu??es com mais de uma palavra: quando os primeiros elementos da

abreviatura se encontram reduzidos a uma ?nica letra e n?o est?o separados por preposi??es, ? omitido o espa?o entre os

v?rios elementos da abreviatura. (8) Ver tamb?m ?As unidades e os seus plurais?, in ?a folha? n.? 30 -- ver?o de 2009,

. (9) Curiosamente, depois de as institui??es europeias se terem batido para a cria??o de um s?mbolo espec?fico para o euro nos

teclados de computador, o s?mbolo s? pode ser utilizado em certas situa??es. Est? reservado a quadros e representa??es

gr?ficas ou a obras de divulga??o, devendo o s?mbolo ser colocado ap?s o montante e dele ser separado por um espa?o

protegido.

Ex.: 200

Departamento de L?ngua Portuguesa, Guia do Tradutor 2015,



Nos restantes casos utiliza-se EUR -- o c?digo ISO do euro -- colocado depois do montante.

Ex.: um total de 30 EUR

Servi?o de Publica??es, C?digo de Reda??o Interinstitucional,

. (10) Na realidade, o s?mbolo $ ? o s?mbolo do d?lar. Oficialmente, o s?mbolo cifr?o grafa-se com duas barras verticais

paralelas, mas n?o existe um s?mbolo Unicode espec?fico. ? atualmente utilizado para indicar valores em:

? escudos cabo-verdianos 20 00

? reais

R 20

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? pesos chilenos

20

(11) Talvez por influ?ncia das redes sociais de microbl?guingue, o nome cardinal come?a a ser substitu?do, erradamente, pelo

ingl?s hashtag. Na realidade, hashtag significa marcador ou etiqueta (tag) cardinal (hash) e consiste numa palavra-chave

antecedida pelo s?mbolo #. (12) ? interessante notar que foi dado o nome arroba ao s?mbolo @ utilizado em endere?os de correio eletr?nico, popularizado

cerca de duas d?cadas antes do Twitter. Ser? que, hoje, esse s?mbolo seria designado por at, em ingl?s? (13) ILTEC, op. cit., . (14) ILTEC, op. cit., . (15) Devem evitar-se siglas com mais de seis letras. (16) No Brasil ? um acr?nimo, pronunciado ?ongue?. (17) Dois casos not?veis:

a) Mercosul -- acr?nimo de Mercado Comum do Sul (leia-se mercossul e n?o mercozul)

b) Na vers?o original do Tratado de Lisboa, ao quadro institucional constitu?do pelo Banco Central Europeu e pelos bancos

centrais nacionais dos Estados-Membros da Uni?o Europeia que adotaram o euro correspondia a grafia Eurossistema,

derivada do nome comum formado por prefixa??o euro+sistema, dobrando o s por motivos de pron?ncia. Na vers?o

retificada, adotou-se o acr?nimo Eurosistema (que, por?m, se deve ler eurossistema e n?o eurozistema). (18) A observa??o dos conte?dos das bases IATE (terminologia) e Euramis (mem?rias de tradu??o) revela que esta regra ?

raramente observada nos textos em portugu?s das institui??es europeias. Igualmente, a consulta de dicion?rios portugueses

revela que essa regra n?o ? observada (excetuam-se os dicion?rios brasileiros). Assunto a discutir numa eventual revis?o do

C?digo de Reda??o Interinstitucional? (19) Veem-se frequentemente plurais como ?CD's? ou ?DVD's? em que se faz uso do ap?strofo. Esta part?cula nunca forma o

plural, nem em portugu?s nem, muito menos, em ingl?s (onde indica o possessivo).

Siglas: tend?ncias firmadas ou modas passageiras?

Paulo Correia Dire??o-Geral da Tradu??o -- Comiss?o Europeia

?Desde o advento do manuscrito, a pr?tica das abrevia??es (em sentido amplo) se vem incrementando.

No passado elas podiam ser consideradas mais ou menos est?veis e comuns (abreviaturas) ou mais ou

menos epis?dicas (abrevia??es).

Desde o s?culo XIX, por?m, apareceram tr?s grupos amplos que, em conjunto, podem ser chamados

redu??es ou braquigrafias:

a) redu??es tradicionais mais ou menos fixas (V., por voc?, V.M., por Vossa Merc?, Sr., por Senhor),

chamadas abreviaturas;

b) redu??es feitas especialmente para uso em certa obra especializada (abrevia??es); e

c) redu??es convencionadas internacionalmente, ditas s?mbolos (nesse sentido pertinentes), como ? o

caso das usadas no sistema metrol?gico internacional ou na qu?mica, etc. (e que se caracterizam por

terem uso de letra mai?scula com valor especial, mas sem ponto-final redutor nem indica??o de

flex?es). Mas, j? do s?culo XIX para c?, os nomes intitulativos designativos de associa??es, sociedades,

empresas, companhias, firmas e afins passaram tamb?m a ser objeto de redu??es, tal como antes j? se

fazia, em trabalhos eruditos, com os t?tulos de obras de refer?ncia (dicion?rios, enciclop?dias, etc.),

quando repetidamente citados. (...)?

Academia Brasileira de Letras, Redu??es(1)

O uso de siglas parece fascinar os autores de muitos textos -- dentro e fora das institui??es europeias. O fasc?nio ? t?o grande que, frequentemente, as siglas s?o apresentadas no texto ou numa tabela de siglas mas depois n?o se utilizam mais no documento. Por vezes, parece que o uso das siglas -- palavras em mai?sculas no meio de um texto maioritariamente em min?sculas -- representa apenas uma simples t?cnica de descongestionamento da mancha gr?fica (ou, para descongestionar, DMG(2)).

Para al?m deste facto ?bvio, a observa??o das siglas utilizadas em obras de refer?ncia, nas mem?rias de tradu??o Euramis ou nos meios de comunica??o audiovisuais permite detetar algumas tend?ncias firmadas ou modas passageiras (ou talvez n?o).

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