O que é linguagem inclusiva e linguagem neutra? comunicar ...

REDA??O

Texto 1

O que ? linguagem inclusiva e linguagem neutra?

A linguagem inclusiva ou n?o sexista ? aquela que busca comunicar sem excluir ou invisibilizar nenhum grupo e sem alterar o idioma como o conhecemos. Essa linguagem prop?e que as pessoas se expressem de forma que ningu?m se sinta exclu?do, utilizando, para isso, palavras que j? existem na l?ngua. Um exemplo ? algo que escutamos bastante hoje em dia de pessoas que come?am seus discursos ou apresenta??es dizendo "Boa noite a todos e todas". O objetivo a? ? abranger tanto homens como mulheres na conversa.

A linguagem neutra ou n?o bin?ria, embora tenha o mesmo prop?sito de incluir todas as pessoas, apresenta propostas para alterar o idioma e aqui entram, por exemplo, as novas grafias de palavras como as que mencionamos no in?cio deste texto: amigxs, tod@s, todes. Os maiores defensores dessas mudan?as s?o ativistas do movimento feminista e LGBTQIA+, que veem na nossa l?ngua uma ferramenta a mais para perpetuar desigualdades.

. Publicado em 9 de mar?o de 2021. Adaptado.

Texto 2

A l?ngua sob press?o

A linguagem neutra est? no centro de um debate pol?tico que promete ainda gerar muita pol?mica e discuss?es acaloradas. Enquanto se desenvolve como uma demanda de pessoas que n?o se identificam com os g?neros masculino e feminino e ? defendida com ardor por membros da comunidade LGBTQIA+, a proposta vem sendo atacada por grupos conservadores e descartada por gram?ticos. Em 15 estados e no Distrito Federal, deputados bolsonaristas se articulam para proibir o uso da linguagem neutra nas escolas p?blicas e privadas. Em Santa Catarina, um decreto do governador Carlos Mois?s (PSL) j? impede que seja adotada. Os opositores da mudan?a alegam que precisa ser garantido aos estudantes o direito ao aprendizado da l?ngua portuguesa conforme a norma culta e as orienta??es legais de ensino definidas com base nas orienta??es nacionais de educa??o e pelo Vocabul?rio Ortogr?fico da L?ngua Portuguesa (Volp), consolidado pela Academia Brasileira de Letras (ABL). O deputado Cabo Junio Amaral (PSLMG) acusa as palavras sem g?nero de "aberra??o

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lingu?stica".

O que est? em discuss?o ? a cria??o de voc?bulos que n?o sejam masculinos ou femininos e que sejam usados para se referir a gays e l?sbicas, por exemplo. Para isso j? se prop?s que o "a" e "o" fossem substitu?dos nos pronomes, substantivos e adjetivos neutros por "x" ou "@", permitindo que, al?m de "ele" ou "ela", houvesse um pronome pessoal "elx" ou "el@". Outra ideia ? que se utilize o "e" em pronomes indefinidos como "todos" ou "todas", que ganhariam uma terceira forma, "todes".

A ABL (Academia Brasileira de Letras), por?m, que cuida da parte normativa, n?o tem a mesma vis?o, simplesmente porque a estrutura do portugu?s n?o suporta um g?nero neutro, que existia no latim e persiste no alem?o, mas desapareceu nas l?nguas neolatinas. "A gram?tica ? como um edif?cio, voc? mexe na parte externa, que ? a pintura, que s?o as palavras, mas n?o na estrutura, na parte interna", afirma o fil?logo Evanildo Bechara.

A imediata inviabilidade gramatical n?o impede que grupos engajados desenvolvam seus s?mbolos e que a linguagem neutra v? encontrando seus pr?prios caminhos discursivos. Apesar de contrariar as normas, ela est? associada a um debate importante sobre cidadania, inclus?o e diversidade. Mesmo que n?o seja adotada de maneira generalizada, ela pode ser utilizada pragmaticamente e aos poucos por grupos em defesa de sua identidade.

Vicente Vilardaga, 30/07/21. Publicado no site: . Adaptado.

Texto 3

Fran?a pro?be linguagem

de g?nero neutro em escolas

Segundo o Minist?rio da Educa??o, a medida atrapalha o aprendizado dos alunos e prejudica as pessoas com defici?ncia mental

A Fran?a proibiu a linguagem de g?nero neutro em escolas do pa?s. Segundo comunicado emitido em 6 de maio pelo Minist?rio da Educa??o, a escrita inclusiva n?o ? apenas contraproducente ao movimento que visa a combater eventuais discrimina??es sexistas, mas tamb?m prejudicial ? pr?tica e ? inteligibilidade da l?ngua francesa.

"Ao defenderem a reforma imediata e abrangente da grafia, os promotores da escrita inclusiva violam os ritmos do desenvolvimento da linguagem de acordo com uma injun??o brutal, arbitr?ria e descoordenada, que ignora a ecologia do verbo", asseveram H?l?ne d'Encausse, secret?ria da Academia Francesa, e Marc Lambron, diretor da Academia Francesa.

De acordo com o documento, a igualdade entre homens e mulheres deve ser constru?da, promovida e

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garantida pelo pa?s, mas sem sujei??o ? linguagem neutra. "Essas armadilhas artificiais s?o inoportunas e atrapalham os esfor?os dos alunos com defici?ncia mental admitidos no ?mbito do servi?o p?blico", conclui o comunicado.

Edilson Salgueiro, 14/05/2021. Publicado no site:

neutro-em-escolas/.

Texto 4 Aula

A linguagem ? uma legisla??o, a l?ngua ? seu c?digo. N?o vemos o poder que reside na l?ngua, porque esquecemos que toda l?ngua ? uma classifica??o, e que toda classifica??o ? opressiva: ordo quer dizer, ao mesmo tempo, reparti??o e comina??o.

J?kobson mostrou que um idioma se define menos pelo que ele permite dizer, do que por aquilo que ele obriga a dizer. Em nossa L?ngua francesa (e esses s?o exemplos grosseiros), vejo-me adstrito a colocar-me primeiramente como sujeito, antes de enunciar a a??o que, desde ent?o, ser? apenas meu atributo: o que fa?o n?o ? mais do que a consequ?ncia e a consecu??o do que sou; da mesma maneira, sou obrigado a escolher sempre entre o masculino e o feminino, o neutro e o complexo me s?o proibidos; do mesmo modo, ainda, sou obrigado a marcar minha rela??o com o outro recorrendo quer ao tu, quer ao vous; o suspense afetivo ou social me ? recusado. Assim, por sua pr?pria estrutura, a l?ngua implica uma rela??o fatal de aliena??o. Falar, e com maior raz?o discorrer, n?o ? comunicar, como se repete com demasiada frequ?ncia, ? sujeitar: toda l?ngua ? uma rei??o generalizada.

Mas a l?ngua, como desempenho de toda linguagem, n?o ? nem reacion?ria, nem progressista; ela ? simplesmente: fascista; pois o fascismo n?o ? impedir de dizer, ? obrigar a dizer.

Roland Barthes. Adaptado.

Texto 5

? dif?cil para uma mulher definir seus sentimentos numa linguagem que ? feita principalmente pelos homens, para expressar os deles.

Thomas Hardy.

O crescente emprego, em nosso meio, da "linguagem inclusiva" e da "linguagem neutra" tem gerado controv?rsia n?o s? nos meios acad?micos mas tamb?m nas esferas pol?tica, institucional, religiosa e em outras. Com base nos textos aqui apresentados, bem como em outras informa??es que considere relevantes, redija uma

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disserta??o em prosa, na qual voc? exponha seu ponto de vista sobre o tema: O emprego tanto da "linguagem inclusiva" quanto da " linguagem neutra" se justifica?

(O texto dever? conter, no m?nimo, 200 e, no m?ximo, 450 palavras digitadas.)

Coment?rios ? Reda??o A Banca Examinadora perguntou: O emprego

tanto da "linguagem inclusiva" quanto da " linguagem neutra" se justifica? Para auxiliar a produ??o do candidato, ofereceram-se cinco textos. O primeiro faz a distin??o entre os dois tipos de linguagem, sendo a inclusiva "aquela que busca comunicar sem excluir ou invisibilizar nenhum grupo e sem alterar o idioma", enquanto a neutra, embora tamb?m seja inclusiva, "apresenta propostas para alterar o idioma, com novas grafias de palavras". O segundo texto traz um embate entre os defensores da linguagem neutra, entre os quais representantes do movimento LGBTQIA+, que lutam por inclus?o e diversidade como formas de assegurar o exerc?cio da cidadania, e autoridades conservadoras que, respaldadas pelos gram?ticos mais renomados do Pa?s, destacam a inviabilidade de alterar a estrutura da l?ngua portuguesa, que "n?o suporta um g?nero neutro". O terceiro texto traz uma not?cia sobre a proibi??o, por parte do Minist?rio da Educa??o da Fran?a, da linguagem de g?nero neutro nas escolas, alegando ser prejudicial ? inteligibilidade da l?ngua francesa, afetando sobretudo estudantes com defici?ncia mental. O quarto texto denuncia a opress?o da l?ngua, classificada como fascista, uma vez que obriga o sujeito a expressar-se de maneira a n?o contemplar a complexidade do neutro, tampouco o afeto, limitando-o ? escolha entre masculino e feminino. O ?ltimo texto destaca a dificuldade encontrada pelas mulheres de expressar seus sentimentos numa linguagem eminentemente baseada nas sensa??es masculinas.

A leitura atenta dos textos apresentados deve ter sido suficiente para permitir que o candidato definisse o pr?prio ponto de vista acerca do assunto. Se enxergasse a causa dos defensores de ambas as linguagens como leg?tima, caberia enfatizar a necessidade de se aprofundar o debate sobre identidade, ainda que ? custa de alterar a norma culta da l?ngua para introduzir formas alternativas ?s tradicionais, pavimentando dessa forma um caminho para a inclus?o nas mais diferentes esferas da sociedade, a come?ar pela escolar.

Caso, por?m, considerasse injustific?vel o emprego tanto da linguagem neutra quanto da inclusiva, o candidato deveria reiterar a tese da "inviabilidade

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gramatical", que n?o contempla, em sua estrutura, a neutralidade de g?nero, al?m do que, sendo modificada, poderia sonegar aos estudantes, em particular deficientes visuais e auditivos, o direito ao aprendizado da l?ngua portuguesa, cujas orienta??es est?o registradas no Vocabul?rio Ortogr?fico da L?ngua Portuguesa (Volp), devidamente consolidado pela Academia Brasileira de Letras.

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