.:Contos e Historias:.



Naquela noite, Tita esteve à janela com a Avozinha, a pensar em tudo o que tinha visto.

– Foi um dia muito agradável – disse Tita baixinho. – Gosto muito de ti, Avozinha, e do Avô também.

– E eu gosto muito de ti, Tita – disse a Avozinha.

E assim, Tita deu um beijo de boa-noite à Avozinha e foi pé-ante-

-pé para a caminha.

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Dugald Steer

Tita, gosto de ti

Porto, Ambar, 2004

Tita,

gosto de ti

Era uma vez uma ratinha chamada Tita que estava sempre a fazer perguntas.

Felizmente, tinha uma Avozinha que estava sempre a dar respostas e por isso entendiam-se lindamente.

– Avozinha – perguntou Tita um dia – o que é o amor?

– O amor? – riu-se a Avozinha. – Oh, isso é fácil, Tita! Vem dar um passeio comigo e vais perceber logo o que é!

A Avozinha e a Tita foram pela horta fora onde o Avô estava a tratar da terra.

– Chiu! – murmurou o Avô, e apontou em direcção a uma mãe-

-carriça que estava a ensinar os filhotes a voar.

– Tal como tu e a Avozinha me ensinam a fazer coisas! –

sussurrou Tita.

Depois do portão da horta, começava o bosque. Pouco depois de lá chegar, a Tita viu uma mãe-esquilo a partilhar com os seus filhotes algumas das bolotas que tinha escondido num buraco durante o Outono.

– Tal como a Avozinha partilha os seus cozinhados comigo! – exclamou Tita.

Depois de terem passado pelo bosque, chegaram ao prado. A Tita gostava de lá ir, porque podia ver os coelhos fora das tocas, todos atarefados, de um lado para o outro. Mas, hoje, havia um coelhinho que tinha magoado a patinha numa pedra afiada e a mãe-coelho estava deitada à beira dele, a fazer-lhe companhia até ele melhorar.

– Tal como te sentas à cabeceira da minha cama, se eu estiver doente – disse Tita.

Havia um campo perto do prado e Tita viu um cordeirinho que andava a correr de um lado para o outro, cheio de medo de um cão-pastor. Mas, nesse momento, uma mãe-ovelha saiu do rebanho muito apressada e aproximou-se do cordeirinho, que, quando se pôs encostadinho a ela, ficou muito mais sossegado.

– Vês – sorriu a Avozinha – aquela mãe ovelha estava a dizer ao cordeirinho para não ter medo do cão-pastor. Ele está lá para tomar conta deles.

– Tal como tu me dizes para não ter medo, quando estou assustada – disse Tita.

Depois de atravessarem o campo, a Avozinha e a Tita chegaram ao lago dos patos, onde uma ninhada de patinhos fazia “quá, quá” e “ploc, ploc”, numa correria atrás da mãe.

– Aqueles patinhos, um dia, vão crescer, não vão? – perguntou Tita. – Achas que a mamã deles os vai esquecer, quando tiver de tomar conta de outros filhotes?

– Não! – disse a Avozinha. – Ela nunca esquecerá nenhum deles.

– Tal como tu nunca me esquecerás! – disse Tita.

Agora, já estava a ficar escuro e, quando Tita e a Avozinha deram meia-volta para regressar a casa, passaram por um celeiro. Ouviram alguém a piar lá dentro e a Tita foi à porta, dar uma espreitadela. Então, ela viu a mãe coruja a dar muitos beijinhos repenicados aos seus pequenotes, antes de sair, durante a noite.

– Tal como tu me dás um beijinho de boa noite – disse baixinho Tita.

– Sim – concordou a Avozinha. – Embora para as corujas seja um beijo de bom-dia!

E as duas desataram a rir.

Como estava noite, Tita e a Avozinha apressaram-se a chegar a casa e viram o Avô a acenar ao pé do portão.

– Avozinha! – disse Tita. – As coisas todas que vi hoje, se as pusermos todas juntas, ficamos com amor?

– Sabes que mais – disse a Avozinha – acho que tens toda a razão.

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